A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, primeiro, quero agradecer ao Senador Casagrande pela gentileza da permuta. Tenho quase certeza de que o assunto vai ser o mesmo, Senador Casagrande. Nós dois estamos muito envolvidos na preparação da posição que o Brasil deve levar à Conferência de Copenhague, a COP-15. Eu tenho certeza de que V. Exª também deverá se pronunciar nessa mesma linha.

            Mas, antes de falar da preparação da Conferência de Copenhague e das questões do aquecimento global, eu não posso deixar de fazer pequenas referências ao aquecimento eleitoral, porque aqui já tivemos pronunciamentos da Oposição, as matérias todas dos jornais, muitas críticas, questionamentos a respeito de antecipação de campanha. E é interessante, porque se colocam, se enxergam e se visualizam determinadas questões e se deixam de ver e de enxergar outras. Por exemplo, o Governador de Minas Gerais e o de São Paulo, Aécio Neves e Serra, têm percorrido o Brasil, têm ido para vários eventos que também podem ser considerados antecipação de campanha. Em Santa Catarina, nós temos recebido, até com muita frequência, esses dois Governadores de Estados tão importantes.

            Além disso, houve uma notícia que não pode deixar de ser registrada: a Assembléia Legislativa, a pedido do Governo do Estado de São Paulo, terminou de mudar a Constituição para que a Sabesp, a empresa de saneamento, possa fazer propaganda fora de São Paulo. A Sabesp, a Companhia de Saneamento de São Paulo, vai fazer propaganda em todo o Brasil, às custas do Erário, dos contribuintes paulistas, e o argumento é a título de incentivo ao turismo.

            Então, querem fazer críticas? Ótimo. Vamos fazer, então, no patamar, avaliando todos os comportamentos que estamos tendo de Governadores e de pré-candidatos, que estão aí em campanha também bastante aquecida.

            Agora, o que eu gostaria de trazer aqui, em nome até da Presidência da Comissão de Mudanças Climáticas, que tenho a honra de presidir no Congresso, é que está havendo essa preparação para a Conferência de Copenhague. Lá teremos a oportunidade de assumir compromissos, e espero que efetivamente todos os países assumam os compromissos com a redução da emissão do CO₂, do gás carbônico. Tomara que possamos minimizar os efeitos do aquecimento e até as consequências que o aquecimento já vem provocando no clima, na natureza, com episódios de que, infelizmente, Santa Catarina tem sido um grande palco, um palco de tragédias, em consequência de fenômenos extremos.

            E tudo tem que trabalhar, todos nós temos que estar convencidos de que é de suma importância não aumentarmos, em mais de dois graus centígrados, a temperatura da Terra, em relação à era pré-industrial até o final deste século. Isso é fundamental para que possamos ter um planeta em condições de continuar sobrevivendo, para que as populações possam continuar se desenvolvendo, sendo a natureza colocada de forma adequada.

            Por isso, a posição que o Brasil vai levar tem que ser ofensiva, tem que ser instigante, tem que ser, eu diria até, de provocação, tendo em vista as condições de o Brasil ter uma das maiores coberturas florestais, de ter uma das maiores reservas de água doce do planeta, de termos uma matriz energética altamente renovável, o que não ocorre na grande maioria dos países. Portanto, o Brasil tem condição de ter essa posição instigante, provocativa, de forçar inclusive um acordo correto na COP 15.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Mas não podemos, em hipótese alguma, imaginar que devemos ter uma posição ingênua: o Brasil assumir compromissos, assumir metas sem que os demais também o façam, inclusive na medida, Senador Casagrande, da responsabilidade que têm e tiveram com o comprometimento do planeta, com o volume de emissões que praticaram e continuam praticando, em níveis elevadíssimos.

            Portanto, o Brasil tem que ter a posição, tem que esticar, tem que instigar, mas não pode se antecipar, não pode apresentar nada que não seja correspondente com o compromisso dos demais países, principalmente dos países mais desenvolvidos, de ponta em termos tecnológicos e industriais.

            Para concluir, a Comissão Mista de Mudanças Climáticas está terminando os seus trabalhos. Nós deveremos ter, nos próximos dias, a apresentação do parecer preliminar do nosso Relator, o Deputado Colbert Martins. Vai ser um momento muito importante para que nós possamos ter a posição dessa que é uma das mais importantes comissões do Congresso Nacional, pelo trabalho, pelo tema e pelo momento que estamos vivenciando. E muitas outras comissões, muitas outras instituições estão debatendo este assunto, o que é muito importante que venha a acontecer.

            Eu queria encerrar com uma notícia extremamente interessante que está hoje na mídia internacional. Foi publicada hoje, no jornal londrino The Guardian, uma matéria que destaca que a autoridade reguladora de publicidade daquele país vai investigar a campanha de TV do governo britânico sobre as alterações climáticas, depois de receber centenas de denúncias acusando de provocar alarmismo e de enganar o público.

            Essa campanha do governo britânico teve um custo de 6 milhões de libras e marcou uma mudança no tom de marketing do Governo em torno do tema emissão de CO₂.

            Portanto, ao mesmo tempo em que o assunto é relevante, é importante, essa notícia também mostra a importância de estarmos atentos para que o alarmismo não tome conta no sentido de adotarmos medidas que possam vir em prejuízo, principalmente, volto a dizer, em prejuízo de um País que, como o nosso, preservou as suas florestas, enquanto tantos outros dizimaram as suas; de um País que tem uma matriz energética absolutamente diferenciada da de todos os outros países, porque é renovável, na sua grande maioria; e um País que tem a condição de cumprir determinados compromissos, mas não de forma ingênua, sem que outros países também assumam as suas responsabilidades devidas.

            Era isso, Sr. Presidente.

            Agradeço pelo prolongamento por mais alguns minutinhos.

Modelo1 5/18/246:02