Discurso durante a 186ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro de participação em jantar, ontem, no Palácio do Planalto, quando foi firmado compromisso com o PMDB de apoio à candidatura da Ministra Dilma Rousseff, tendo S.Exa. salientado que estão em curso alianças políticas com outras legendas. Análise da situação econômica brasileira em comparação com outros países. (como Líder)

Autor
Aloizio Mercadante (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Aloizio Mercadante Oliva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. ECONOMIA NACIONAL.:
  • Registro de participação em jantar, ontem, no Palácio do Planalto, quando foi firmado compromisso com o PMDB de apoio à candidatura da Ministra Dilma Rousseff, tendo S.Exa. salientado que estão em curso alianças políticas com outras legendas. Análise da situação econômica brasileira em comparação com outros países. (como Líder)
Aparteantes
Antonio Carlos Valadares, Eduardo Suplicy, Valdir Raupp.
Publicação
Publicação no DSF de 22/10/2009 - Página 54011
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • IMPORTANCIA, ENCONTRO, FORMALIZAÇÃO, ACORDO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC DO B), PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT), PARTIDO REPUBLICANO (PRE), PARTIDO REPUBLICANO BRASILEIRO (PRB), PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB), COMPROMISSO, APOIO, CANDIDATURA, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • AVALIAÇÃO, EFICACIA, RESULTADO, ECONOMIA NACIONAL, AUMENTO, NUMERO, EMPREGO, VENDA, AUTOMOVEL, PASSAGEM AEREA, VALORIZAÇÃO, AÇÕES, BOLSA DE VALORES, REFORÇO, MERCADO INTERNO, RETOMADA, CRESCIMENTO ECONOMICO, RECUPERAÇÃO, SALARIO MINIMO, DISTRIBUIÇÃO DE RENDA, IMPLEMENTAÇÃO, BOLSA FAMILIA, LEI ORGANICA DA ASSISTENCIA SOCIAL (LOAS), REPASSE, VERBA, POPULAÇÃO CARENTE, REDUÇÃO, SITUAÇÃO, EXCESSO, POBREZA, AMPLIAÇÃO, CLASSE MEDIA, OBTENÇÃO, BRASIL, PRESTIGIO, RECONHECIMENTO, AMBITO INTERNACIONAL, IMPORTANCIA, INDEPENDENCIA, PODERES CONSTITUCIONAIS, RESPEITO, LIBERDADE DE EXPRESSÃO, MANIFESTAÇÃO, CRIAÇÃO, VAGA, ENSINO SUPERIOR, ENSINO PUBLICO, GARANTIA, BOLSA DE ESTUDO, UNIVERSIDADE PARTICULAR, FILHO, TRABALHADOR, QUANTIDADE, ESCOLA TECNICA FEDERAL, UNIVERSIDADE FEDERAL, RELEVANCIA, ATUAÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), CONSTRUÇÃO, REFINARIA, REGIÃO NORDESTE, ESTALEIRO, DESCOBERTA, PETROLEO, RESERVATORIO, SAL, INVESTIMENTO, MODERNIZAÇÃO, AUTONOMIA, SETOR, ENERGIA ELETRICA, SUPERIORIDADE, RESERVAS CAMBIAIS, SUPERAVIT, RECEITA, EMPENHO, PRESERVAÇÃO, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, ATENÇÃO, UTILIZAÇÃO, FONTE ALTERNATIVA DE ENERGIA.
  • COMENTARIO, RESULTADO, PESQUISA, COMPROVAÇÃO, SUPERIORIDADE, POPULARIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, BRASIL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


           O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem, participamos de um jantar no Palácio do Alvorada com o Presidente Lula, a convite dele, onde estava a Ministra Dilma, as principais lideranças nacionais do PMDB e as principais lideranças nacionais do Partido dos Trabalhadores.

           E firmamos um compromisso histórico. O PMDB, as lideranças que estavam lá, Ministros, líderes de bancada do Senado, da Câmara, Presidente do Senado e da Câmara assumiram um compromisso público formal de apoio à candidatura da Ministra Dilma e disseram que têm grande convicção de que vencerão a convenção partidária por ampla margem.

           O PMDB e o PT são os dois partidos mais votados nas últimas eleições para o Parlamento. Isso dá uma qualidade muito grande complementar, pela força das prefeituras, Prefeitos do PMDB e do PT, Vereadores, Vereadoras, Deputados Estaduais, Federais, Senadores.

           Além disso, nós avançamos e praticamente consolidamos as alianças com o PCdoB, um partido que sempre esteve conosco em todas as circunstâncias históricas, um partido que tem demonstrado uma grande lealdade e tem sido um grande parceiro na construção do que é hoje o Governo Lula.

           Conquistamos o apoio do PDT, Partido Democrata Trabalhista, de Leonel Brizola, que chegou a ser vice do Presidente Lula nas eleições de 1998, depois que eu tinha sido em 1994.

           Temos praticamente consolidado o apoio com o PR e com o PRB. E tenho grandes convicções de que ainda consolidaremos as alianças com o PP e com o PSB de Ciro Gomes. Temos respeito à candidatura de Ciro Gomes. Ele foi Ministro do Presidente Lula, um Ministro extremamente importante, inclusive na obra da transposição do rio São Francisco. Tem todo o direito de ser candidato à Presidência. Mas eu tenho as minhas convicções de que ele estará conosco, no mesmo palanque, na mesma campanha, apoiando, nesse momento da história, a Ministra Dilma Rousseff.

           Com essa aliança, teremos uma estrutura partidária inigualável. Um tempo de televisão que nenhuma outra candidatura teve na história recente do País. E será muito importante o tempo de televisão, porque poderemos mostrar o Brasil que nós construímos ao longo desses sete anos, mostrar este País que hoje é uma referência histórica. O Brasil mudou de patamar no Governo Lula. Mudou em todos os aspectos mais importantes da vida da sociedade.

           A economia brasileira nunca esteve numa situação tão favorável. Hoje, apesar da grave crise financeira internacional, onde Estados Unidos, Europa e Japão continuam em recessão e em crise, o Brasil sai na frente, o Brasil sai atraindo investimentos. O Brasil bateu recorde de geração de empregos para o mês de agosto na história do IBGE: 253 mil empregos em setembro, o melhor índice deste ano. Batemos recorde, em setembro, em venda de automóveis: 307 mil veículos. Batemos recorde de aumento nas passagens de aviões: 30% a mais que setembro do ano passado neste mês de setembro. A Bolsa de Valores já teve, de abril a outubro deste ano, 67% de valorização das ações.

           Isso tudo mostra a pujança da economia brasileira. A retomada de um crescimento que se deve a um mercado interno forte, porque o ambiente externo ainda é muito difícil e muito adverso.

           Estamos caminhando, portanto, como poucas nações podem neste momento, crescendo para dentro, crescendo porque nós geramos 2,5 milhões de empregos de 2007 para cá e geraremos 1 milhão de empregos até o final deste ano. Porque geramos emprego, porque recuperamos o salário mínimo com uma política continuada, que atinge 18,5 milhões de trabalhadores, porque fizemos o Bolsa Família e a Lei Orgânica da Assistência Social e aumentamos em R$20 bilhões o repasse aos mais pobres. E, pela primeira vez na história do Brasil, uma grave crise econômica que nos atingiu no final do ano passado não aumenta a pobreza, não aumenta a concentração de renda. Ao contrário, diminuímos a pobreza, tiramos 32 milhões de pessoas de uma situação de extrema pobreza ou de estarem abaixo da linha da pobreza. Dezessete milhões de pessoas ascenderam a uma condição de classe média.

           Esse Brasil é hoje reconhecido internacionalmente. Quando tivemos o prestígio e o reconhecimento que tivemos em todos os fóruns internacionais? Estão aí a conquista da Copa do Mundo, a conquista da Olimpíada. É o reconhecimento do mundo a este País, que tem democracia. Aqui temos um Presidente - e as pesquisas vão mostrar o sentimento que está nas ruas - que tem mais de 80% de apoio do povo. E não tem terceiro mandato. Aqui tem alternância de governo, pluralidade, respeito à liberdade de expressão e de manifestação. Os Poderes funcionam com independência.

           Somos criticados, somos atacados, somos muitas vezes injustiçados por importantes veículos de comunicação. Mas é melhor que seja assim na democracia do que tentar fechar veículos, como acontece em países da América do Sul, ou tentar cercear a liberdade de expressão.

           Nós estamos construindo esse caminho de mudança do Brasil, essa ascensão histórica do Brasil, esse reconhecimento de todas as lideranças mais importantes do planeta hoje do que representa a trajetória do Presidente Lula e a qualidade deste Governo. 

           É por isso que PMDB, PDT, PCdoB, PR, PRB - e tenho minhas convicções de que o PSB também estará conosco, Senador Antonio Carlos Valadares... Concedo um aparte a V. Exª.

           O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - Senador Aloizio Mercadante, V. Exª faz o registro de uma reunião realizada entre lideranças do Partido dos Trabalhadores e do PMDB, com a participação do Presidente Lula. Considero fundamental que os partidos da base se entendam com um projeto que visa a transformar o Brasil - como já está transformando - num país respeitado, interna e internacionalmente. O Brasil hoje é um país diferente e tem que dar seu exemplo a partir de suas lideranças maiores, responsáveis por esse projeto que deu certo, que baixou a inflação, que levantou a geração de empregos, que afinal transformou nosso País hoje num espelho para todo o mundo. De forma que V. Exª tem razão quando fala dos benefícios proporcionados por esse projeto comandado pelo Presidente Lula. Mas também tenho certeza, como tem V. Exª - e lá no PSB sou um deles que luta por isto -, de que o PSB marchará ao lado desse projeto do Presidente Lula. Tenho o maior respeito pela liderança, pelo nome e pela competência que representa a figura do Deputado Federal Ciro Gomes, do Estado do Ceará. Logicamente, seu nome está aí colocado, mas, no momento exato, no momento das decisões, o PSB não faltará. Não tenho a menor dúvida disso e das suas altas responsabilidades na condução desse processo político. Eu tenho participado, como Líder do PSB, de reuniões do Diretório Nacional do PSB e o que tenho observado é que não há um projeto individualista, propugnando a Presidência da República como um projeto pessoal. O que existe é a preocupação da permanência dessa causa em defesa do Brasil, em defesa de uma economia sustentável, fazendo com que os mais pobres saiam da sua situação de miséria e de humilhação e passem a integrar as classes mais altas, participando, assim, do desenvolvimento do nosso País. Portanto, trabalho nessa direção, Líder Mercadante. Dentro do PSB, todo mundo sabe. Eu sou um aliado do Presidente Lula e não é de agora. Participei de quatro eleições do Presidente, até que cheguei à vitória que todo o Brasil aplaudiu e ainda hoje aplaude.

           Estarei na linha de frente em torno dessa causa para apoiarmos um candidato ou uma candidata que represente a unidade de nosso bloco político, esse bloco político que tem aprovado tantos projetos importantes aqui no Senado, na Câmara dos Deputados, e que tem impulsionado o desenvolvimento do nosso País.

           O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Senador Antonio Carlos Valadares, quero dizer de público que, em todas as lutas que nós tivemos aqui no Senado - e não foram fáceis esses sete anos -, talvez tenha sido o embate mais difícil, porque não somos maioria, nós fomos construindo a cada projeto uma maioria possível, mas V. Exª sempre esteve do lado nos momentos bons e ruins, em todas as horas ao longo dessa trajetória.

           E, com a intervenção de V. Exª, eu me lembro de um tempo em que nós éramos apenas um sonho de partido e uma aspiração de mudar o Brasil. Eu com o Presidente Lula estivemos várias vezes lá em Recife, conversando com o saudoso Miguel Arraes, que era Governador do Estado, pedindo o apoio dele em 1989. Miguel Arraes demorou a se decidir, aguardou até o último momento, mas disse: “Lula, nós estaremos com você na campanha de 89”. Aquela campanha histórica, campanha que apaixonou o Brasil, em que nós mobilizamos a sociedade. O PCdoB, PSB e PT faziam a Frente Brasil Popular.

           Vinte anos depois, nós governamos este País, amadurecemos, tivemos que abdicar de algumas aspirações, porque o tempo, a história, a correlação de forças não permitiram, mas os valores essenciais nós sustentamos: o valor da distribuição de renda, o valor da inclusão social. Quem hoje pode dizer... E os indicadores sociais estão aí - 60 anos de IBGE: a maior distribuição de renda da história do Brasil aconteceu nesses cinco anos! A inclusão social de milhões de família, com o Bolsa Família, que foi tão combatido aqui nesta Casa e que está permitindo às famílias terem a dignidade de colocar o filho na escola e melhorar minimamente a sua renda! O salário mínimo; o ProUni; mais do que dobramos as escolas técnicas federais, o ensino profissionalizante, que a elite deste País não valoriza, porque o seu filho vai estudar numa universidade particular, mas, para o filho do trabalhador, a escola técnica profissionalizante é o caminho para o mercado de trabalho, e são excelentes escolas.

           Criamos uma rede única de universidades federais. Nunca se criaram tantas vagas no ensino superior público e gratuito como está sendo feito no Governo do Presidente Lula - 500 mil vagas do Prouni, escolas particulares com bolsa de estudo para o filho do trabalhador! O aluno da escola pública vai ter direito a ascender a essas condições.

           São essas mudanças. Projetos estruturantes, como a Petrobras fez com as novas refinarias no Nordeste; como a retomada dos estaleiros. A construção naval no Brasil estava completamente abandonada, e diziam que nós não tínhamos competitividade e eficiência para fazer navios. Estão aí plataformas, navios sendo produzidos, gerando emprego, reativando e construindo novos estaleiros. Estão aí as descobertas da Petrobras, uma empresa que houve quem quisesse privatizar no passado, mudar o nome da empresa. A Petrobras, hoje, é a oitava empresa do mundo e será, nos próximos cinco ou seis anos, a segunda ou a terceira mais importante da economia mundial; a empresa líder da América Latina; a empresa líder do Brasil; uma empresa que está investindo US$174 bilhões nos próximos cinco anos; empresa que é o orgulho deste País e que descobriu o pré-sal, uma riqueza fantástica que vai mudar a história econômica do Brasil!

           O pré-sal representa mais do que o dobro de reservas. Nós estamos dobrando as reservas cambiais que tínhamos, as reservas de barris de petróleo: 16 bilhões de novas reservas. Investimento, modernização, autonomia, independência energética. O etanol, está aí uma biomassa. O Brasil dando exemplo de competência nesse desafio da sustentabilidade. Nós não vamos abdicar das fontes alternativas de energia e vamos usar com competência as descobertas do pré-sal.

           É por isso, Senador Suplicy, que a gente anda por este País e vê por que o Presidente Lula tem 80% de apoio. É por isso que lá fora ele é, hoje, o Chefe de Estado mais popular que as pesquisas apresentam; não tem Presidente dos Estados Unidos ou Presidente da França. As lideranças mais importantes do mundo dizem, olham para o Brasil com a grandeza deste momento histórico, econômico, social, político, de uma política externa soberana. Perdemos aquele complexo de uma inserção subalterna, de um país que veio de um passado colonial. O Brasil hoje se coloca como uma grande Nação.

           Forçamos a constituição do G-20, as vinte principais economias do mundo, para enfrentar a crise, e não apenas o G-8, em que o Brasil não tinha sequer assento. Agora, não; nós estamos lá, no fórum de decisão, com muita coisa a dizer, porque superamos a crise com muito mais competência do que os países mais ricos do mundo.

           Por isso distribuição de renda, crescimento, inclusão social, democracia, participação, liberdade, a capacidade que nós tivemos de conviver com a crítica, com as críticas injustas, com os ataques que nós sofremos sistematicamente, porque é difícil encontrar uma análise; e esses indicadores e o reconhecimento deste momento na história e uma parte importante do que a gente vê nos veículos de comunicação. Mas o povo reconhece nas ruas.

           Essa andança, essa passagem que o Presidente Lula teve pelo Vale do São Francisco, em cinco Estados que ele percorreu, o povo se concentrando, se manifestando, apoiando, se associando a este momento, vendo as obras estruturantes... Sei que a Oposição ficou nervosa com o episódio, mas eu acho que é um equívoco. É um equívoco, porque... Qual é a alternativa? O Presidente vai se licenciar para fazer isso só? Não. Ele quer governar, mas ele nunca deixou de andar pelo Brasil. Nunca deixou! Nos momentos mais difíceis, ele ia para as ruas. A história dele é diferente. Ele não é um presidente de gabinete. É um Presidente que quer ouvir o povo, quer dialogar com o povo, quer conversar com o povo, quer sentir o povo, porque ele veio dali. E é esse o compromisso histórico e a diferença do seu mandato, do seu perfil.

           Por isso, a hora em que o Presidente Lula... Senador Suplicy, eu fiz todas as campanhas presidenciais, estive em todas as campanhas, desde 1982. Estou há trinta anos com o Presidente Lula. Mas, na hora em que ele começar a se despedir desse povo, vai ser uma grande comoção nacional. Um grande sentimento de vazio vai percorrer o coração do povo brasileiro. Vamos sentir isso nos comícios. Quando for o último comício do Lula, na hora em que ele estiver indo embora para casa, vamos ver a grandeza dessa obra que nós construímos, que vai ficar para sempre na história do Brasil. A Oposição sabe o que estamos dizendo e, por isso, está insegura, por isso está nervosa. Porque ela sabe o que está acontecendo no coração do povo e o que vai significar o movimento social e popular que vai se levantar em torno da candidatura da Ministra Dilma para dar continuidade à obra do Presidente Lula.

           Por isso, estou muito seguro, Senador Augusto Botelho, da obra que fizemos, da contribuição que fizemos, do momento que o Brasil atravessa e da competência com que administramos. Não que não tenhamos errado. Erramos muito

           na política. Nosso Partido cometeu erros. Outros partidos, também. Erramos no Governo. E só erra quem faz. E quem faz muito erra. Mas o balanço deste Brasil, o balanço que o mundo reconhece, o balanço que as pesquisas de opinião demonstram revela 80% de apoio do povo. Aqueles que sobem o dia inteiro aqui só para criticar e atacar o Governo não chegam a 9% da população. E, se continuarem com esse discurso raivoso, sectário, não reconhecendo o que as ruas, o que o Brasil, o que a história apresentam, vão ficar cada vez mais isolados e mais inseguros.

           Eu acho que nós precisávamos de uma agenda debatendo projetos para o Brasil, discutindo alternativas de política, porque é isso que falta no debate da Oposição hoje.

           De qualquer forma, cada um escolhe seu caminho. E eu tenho certeza da consistência, da beleza que nós construímos, essa estrada de mudança e de crescimento do País.

           Eu queria ouvir um aparte de V. Exª, Senador Suplicy, e depois concluir, pois o Senador Zambiasi está inscrito e deve evidentemente falar o mais brevemente possível o nosso querido Senador do Rio Grande do Sul.

           Senador Suplicy.

           O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Aloizio Mercadante, quero cumprimentá-lo. V. Exª pôde testemunhar este encontro de ontem do Presidente Lula e da Ministra Dilma com a direção do PMDB, e, pelo que nos relata, houve ali um entendimento, agora com um caráter mais formal de decisão, pelo que, inclusive hoje, a Liderança do PMDB também aqui registrou, no sentido de que o PT, o PMDB e outros partidos, como o PcdoB, que estão na base do Governo, resolvem assim caminhar juntos com respeito à sucessão presidencial de 2010. Tendo em conta o reconhecimento dos méritos da Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que, como coordenadora dos esforços do Governo do Presidente Lula, seja no que diz respeito ao Programa de Aceleração do Crescimento, ou a toda essa estratégia, por exemplo, da exploração do pré-sal, seja no que diz respeito a toda área de infraestrutura, como a coordenação dos esforços na área da saúde, da educação e assim por diante.

           Todos chegamos a um consenso de que há méritos da parte da Ministra Dilma Rousseff para que seja aceita a sugestão. Inclusive, eu próprio, como Senador do Partido dos Trabalhadores, transmiti à Ministra Dilma como avalio que ela está muito bem preparada para levar adiante essa difícil missão. É importante essa constatação, o reconhecimento que podemos observar em todo o País, por onde andamos, de que as coisas estão melhores e, inclusive, como - em que pese essa crise econômica internacional que abateu praticamente todas as economias do mundo - foram enfrentadas pelo Governo do Presidente Lula de maneira a minimizar os seus efeitos e, de logo, estarmos, felizmente, caminhando no sentido de uma recuperação, já com, por exemplo, a criação de oportunidades de empregos formais em nível recorde no último mês, para este ano, e, portanto, com perspectivas muito positivas de crescimento dos investimentos nas mais diversas áreas e com as notícias, seja da escolha do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas de 2016, seja da escolha do Brasil para sediar a Copa de 2014 - perspectivas que estão entusiasmando as pessoas. V. Exª, que conhece tão bem Heliópolis, saiba que participei, há três domingos, de uma corrida de 6.300 metros, na favela de Heliópolis, no domingo seguinte à decisão anunciada de que o Rio de Janeiro sediará as Olimpíadas. Pois, Senador Aloizio, ali havia como que um sentimento, um contentamento, naqueles jovens, naquelas pessoas de todas as idades que participavam daquela prova de atletismo já pensando, com entusiasmo, em como será bom que todos os jovens estejam se preparando para aqueles jogos. Então, há um sentimento que se espalha, de esperança, de coisas boas para o nosso Brasil. Por isso, cumprimento V. Exª.

           O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Senador Suplicy, eu queria concluir, dizendo duas coisas. Primeiro, eu me lembro, militante do PT, fazendo campanha para V. Exª: “Vote Suplicy. É diferente de tudo o que está aí”. Uma campanha histórica! E era totalmente diferente: com a sua formação, com a sua história, com a origem de família, professor da FGV, com todas as possibilidades, as facilidades que a vida podia lhe oferecer, lá, quando ninguém acreditava nesse projeto, V. Exª fez aquela opção. Lá atrás, quando era um punhado de sonhadores, sindicalistas, intelectuais, militantes.

           Eu me lembro, no Colégio Sion, que V. Exª já era Deputado Estadual, um dos poucos que acreditou na nossa legenda, nas lideranças operárias e, nesses 30 anos, foi absolutamente coerente de que lado estava, de que lado da História.

           Às vezes, no Partido, tem gente que pergunta por que em muitos momentos V. Exª questiona o Governo ou os erros. Eu, particularmente, tenho um imenso respeito. Mesmo que, às vezes, não o acompanhe e tenha outras responsabilidades, tenho imenso respeito. Então, nesse momento em que lhe atacam pela ousadia, pela forma ou por uma brincadeira que, talvez, não deveria ter acontecido, eu faço questão de defender V. Exª.

           Recebi, hoje, uma carta belíssima do Diretório Municipal e Estadual do Piauí, em defesa da honra, da história, da competência e da dedicação que V. Exª deu a este País. Portanto, nesses 30 anos, eu sou testemunha de sua militância. Nesses sete anos de Governo Lula, eu sou testemunha da sua participação e da sua contribuição inestimável em todos os momentos.

           Devo a minha campanha para Senador muito à sua participação. V. Exª andou por aquele Estado inteiro comigo e, juntos, ajudamos a levantar a nossa militância. Estou aqui, hoje, juntamente com V. Exª, podendo participar dessa gestão.

           Então, eu queria dizer, publicamente...

           O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - E quero lhe dizer que estarei firme na sua campanha no próximo ano, desde já.

           O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Obrigado, Senador Suplicy.

           Quero concluir, Senador Raupp, dizendo que foi muito importante o jantar de ontem. Efetivamente, o PMDB começou a apoiar o Governo Lula aqui no Senado. No primeiro Governo Lula, foram algumas Lideranças daqui que se expuseram e sustentaram o apoio ao Presidente Lula. Foi muito difícil a gente trazer a Bancada da Câmara e o Partido como Partido. Entre essas Lideranças que ajudaram a construir essa aliança, V. Exª sempre esteve nesse campo. Sempre sustentou, como Líder da Bancada, essa posição equilibrada, serena. Sabia o que representava esse projeto.

           Ontem, ouvi as principais Lideranças do PMDB dizerem o seguinte, lá no jantar com o Presidente Lula: “Bom, nós somos um Partido que teve uma contribuição decisiva para a democracia. Nós estamos vivendo um momento de democracia plena no Brasil.” E nós somos um Partido que sempre levantou a bandeira social e a do desenvolvimento econômico, que é uma das bandeiras mais importantes do PMDB. E, hoje, nós estamos realizando essas bandeiras no Governo do Presidente Lula. É por isso que nós vamos estar juntos com a Ministra Dilma e vamos estar juntos nessa campanha.

           V. Exª tinha de estar naquele jantar de ontem. Infelizmente, a mesa era pequena, só foram convidados, mas que tinha seu assento, sua cadeira, tinha, porque essa aliança foi construída com a participação decisiva de V.Exª.

           O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - V. Exª está de parabéns pelo seu pronunciamento. Quero dizer que o PMDB sempre teve responsabilidade para com a Nação. Se o PMDB apóia o Governo do Presidente Lula é porque o Governo está dando certo. Se estivesse tudo errado, certamente o PMDB não estaria lá, mas a aliança do PMDB com o Governo do PT, do Presidente Lula tem dado certo. O Brasil foi o último país a entrar na crise e o primeiro a sair. Hoje, eu ouvi, aqui, vários Senadores falando da condução errada da política econômica do Governo, mas não está errada. O mundo todo está elogiando, hoje, a política econômica do Governo Lula, do Brasil, porque vai crescer. Eu li, há poucos dias, no jornal Valor Econômico e na Folha de S. Paulo, que um ex-Ministro do Governo passado, do Governo Fernando Henrique, que tinha feito uma previsão de crescimento de 5% do PIB no próximo ano, 2010, e já a estava reestimando e subindo para 6%. Se o Brasil vai crescer 6% no ano que vem é porque a política econômica do Governo está dando certo. Esse ex-Ministro é, nada mais nada menos, o Mendonça de Barros, que tem uma empresa de consultoria e trabalha na área financeira também, que é um crítico do Governo - é bom que se diga que é um crítico do Governo atual - e está estimando o crescimento do PIB para o ano que vem em 6%. Se essa aliança está dando certo, o PMDB deve continuar apoiando o Governo. É isso que, nessa reunião de ontem - eu não estava lá - deve ter sido discutido, essa linha de parceria, de aliança para o bem do País. O PMDB esteve sempre ao lado das grandes lutas democráticas do País, nas “Diretas Já”, combatendo a ditadura, lutando pela redemocratização do País, e isso aconteceu. Parabéns a V. Exª.

           O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Agradeço, Senador Raupp, e termino dizendo o seguinte: hoje, nós temos mais de US$230 bilhões em caixa de reservas cambiais e um superávit comercial, neste ano, de mais de US$25 bilhões. Nunca tivemos isso na história do Brasil.

           Hoje, o que nós temos em caixa de reservas cambiais é mais do que a dívida externa brasileira. A dívida pública caiu de 57% do PIB para 44% do PIB depois de todo esforço fiscal do Governo para sair da crise, desonerando. Hoje, a crítica da Oposição é: “Ah, está caindo a receita de impostos.” Viviam fazendo critica, aqui, porque a carga tributária estava muito alta. Por sinal, de forma irresponsável, tiraram a CPMF, que era um instrumento indispensável, nesse momento, para financiar a saúde e fiscalizar a sonegação de impostos. Podiam ter reduzido a alíquota, mas não devia ter acabado o imposto, como foi feito.

           É verdade, caiu a receita, porque tivemos recessão e porque o Governo desonerou automóveis, eletrodoméstico, construção civil, teve de aumentar o investimento e o gasto, como o mundo inteiro fez. Só que o déficit público americano é de 12,7% do PIB e a nossa dívida toda é de 44%. O que eles estão fazendo de dívida em um ano é um terço do que nós temos de dívida. E nós vamos ter superávit primário no Brasil, o que nenhum país do mundo - da Europa, os Estados Unidos, o Japão - consegue fazer.

           Então, mesmo sob o ponto de vista fiscal, o nosso desempenho é muito bom. A taxa de juros é a menor da história; vamos crescer, seguramente, 5% no ano que vem; batemos o recorde de emprego, no mês de agosto, da história do IBGE. Em setembro, o maior índice de emprego do ano: 253 mil. Batemos recorde com venda de automóveis - histórica da indústria automotiva - no mês passado; aumentamos em 30% a venda de passagens; a bolsa cresceu 68% de abril a outubro.

           Então, é um momento de retomada de crescimento e, sobretudo, enfrentamos a crise, combatendo a pobreza e aumentando a distribuição de renda.

           Por isso, Sr. Presidente, quero dizer que ontem foi um dia histórico. Acho que aquele jantar selou uma aliança fundamental PT/PMDB, junto com o PCdoB, PDT, PR, PRB, PSB. Tenho absoluta convicção de que faremos uma grande aliança política, que é exatamente do tamanho do que é este Governo e do que é esta Nação, para vencer de novo, com a Ministra Dilma, para dar continuidade a este Governo, corrigir o que está errado, melhorar o que está bem feito, mas sustentar esse caminho que o mundo inteiro reconhece de prestígio do Brasil, de liderança do Presidente Lula e de distribuição de renda com crescimento sustentável e democracia.

           Muito obrigado.


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