O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Para encaminhar. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, cumpro aqui o doloroso dever de pedir não só a homenagem ao ex-Senador Alberto Silva como também apresentar um requerimento suspendendo os trabalhos, na tarde de hoje, em sua homenagem. Faço isso contando, com certeza, com o apoio dos companheiros Senadores João Vicente Claudino e Mão Santa, que não se encontram em Brasília, mas, com certeza, são solidários com essa dor que toma conta de todo o Estado do Piauí no dia de hoje.

            O ex-Deputado Federal, ex-Senador, ex-Governador do Piauí, nesses três postos por duas vezes, como também ex-Prefeito da sua cidade natal, Parnaíba, e Deputado Estadual, uma vez, Alberto Silva foi um homem que marcou, nos últimos 50 anos, a história política e administrativa do Estado do Piauí, um homem com a cabeça e o pensamento bem além do seu tempo e da sua geração. Foi sempre um renovador.

            Governador do Piauí por duas vezes, na década de 70, quando do seu primeiro mandato, fez a maior administração que a história administrativa do Piauí tem notícia. Naquela época, num período de governo, ele conseguiu asfaltar - fato inédito para o momento que vivíamos - uma estrada ligando Luiz Corrêa no extremo litoral nosso, o Norte ao extremo Sul da cidade de Corrente.

            Essa obra, Senador Geraldo Mesquita, abriu o Piauí para o mundo, tirou o Piauí do acanhamento. E uma das maiores obras de Alberto Silva, na realidade, foi a mudança de mentalidade que ele conseguiu impor ao piauiense, que vivia àquela época acanhado, sem projeto, sem perspectivas e, muitas vezes, inclusive sendo vítima de deboche em noticiário nacional. Alberto mudou a imagem do Piauí e essa estrada iniciada e concluída na sua gestão foi o suporte que o Piauí precisava para sair, por exemplo, de 40 mil toneladas de produção de grãos para um milhão e duzentas comemorada este ano.

            Alberto Silva foi um administrador criativo e, acima de tudo, dinâmico. Era um pesquisador nato, era um homem que defendia com muita convicção as suas teses, sabia sonhar; sonhava muitas vezes o sonho impossível, mas não se desanimava e sempre acreditava que poderia concluí-lo.

            Foi esse mesmo Alberto Silva que como Presidente de uma Empresa Brasileira de Transportes Urbanos deu início àquela época a uma inédita pesquisa em busca de alternativas para o uso de combustíveis. Já àquela tempo ele se preocupavas com a falência e com o esgotamento dos combustíveis fósseis. Naquela ocasião, empreendeu uma pesquisa tendo por base uma matriz muito comum no sertão nordestino, um arbusto chamado mameleiro. Fez uma pesquisa que comprovou ser aquele arbusto um grande produtor de óleo diesel, embora não houvesse quantidade suficiente para alimentar a demanda nacional. Mas a iniciativa abriu a perspectiva de pesquisa nesta área.

            Alberto Silva era um desbravador, era um homem que tinha suas idéias e as defendia com muita convicção e muita tenacidade.

            Eu quero neste momento de profunda tristeza para o Estado do Piauí, que conviveu, durante todo esse período com essa extraordinária figura de homem público, desejar aos piauienses voto de sentido pesar.

            Eu, Senador Mário Couto, iniciei minha vida pública no Estado do Piauí exatamente ao lado de Alberto Silva, a convite dele. Eu morava em Pernambuco - estudante em Pernambuco - quando ele me fez um desafio de ajudá-lo na tarefa de promover uma renovação política no Estado naquela época. Participamos de lutas memoráveis, umas perdemos, outras ganhamos, mas Alberto Silva, como nós o chamávamos na intimidade, era um corretor do otimismo. Fazia da derrota patamar para construção de grandes vitórias.

            Foi Senador da República e voltou ao Governo do Estado em 1986. Tivemos divergências políticas, mas as divergências políticas não abalaram, em nenhum momento, a amizade fraterna que mantivemos ao longo da vida. Nós nos reaproximamos e fomos amigos até agora, no seu falecimento.

            Alberto Silva era um homem que aqui no plenário do Senado sustentava com muita segurança teses revolucionárias, sempre voltadas, por exemplo, volto a repetir, para a procura de alternativas que substituíssem os combustíveis fósseis.

            Homem ligado à estrada de ferro, engenheiro que foi, inclusive diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil, acreditava muito naquele meio de transporte como uma solução econômica para o País. E lutou até o fim, pelo menos para ver restabelecida a estrada ligando Luis Correia a Teresina, essa estrada que a gente tanto debate aqui no dia a dia do Senado e do Congresso, por sabermos ser ela da maior importância para a economia daquele Estado.

            Tinha um amor especial e dedicação toda peculiar a sua querida Parnaíba, a qual lhe viu Prefeito por duas vezes, ao lado de outra extraordinária figura também já falecida, seu irmão João Silva Filho, que foi também Prefeito da Parnaíba por três vezes. É esse Alberto Silva que nos deixa agora perto de completar 92 anos, mas cercado de projetos para 10, 15, 20 anos.

            Portanto, eu me associo aos piauienses, mas quero de maneira muito especial levar a minha solidariedade a Dª Florisa Silva, sua esposa, ao lado dos filhos, genros, netos, enfim, de todos aqueles que puderam compartilhar de maneira mais próxima da sua vida durante todo esse fértil período de atuação em benefício do Piauí e do Brasil.

            Alberto Silva foi também Conselheiro da República e mostrava-se muito frustrado de não poder ter exercido, na sua plenitude, aquela atividade que talvez tivesse, em determinado tempo, em alguns momentos de crise, sido da maior importância para o aconselhamento dos dirigentes brasileiros.

            Por fim, Sr. Presidente, faço esse registro, na certeza de que a memória de Alberto será, por todo o Piauí e também pelo Brasil, venerada, admirada e, acima de tudo, homenageada por tudo que fez ao longo do tempo que passou aqui entre nós.

            Muito obrigado.