Discurso durante a 189ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o estado do Hospital Universitário Getúlio Vargas, pertencente à Universidade Federal do Amazonas, unidade de referência que, no momento, está sucateado e sem dinheiro até para a compra de medicamentos. Homenagem à cidade de Manaus, pelo transcurso dos seus 340 anos de fundação.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE. HOMENAGEM.:
  • Preocupação com o estado do Hospital Universitário Getúlio Vargas, pertencente à Universidade Federal do Amazonas, unidade de referência que, no momento, está sucateado e sem dinheiro até para a compra de medicamentos. Homenagem à cidade de Manaus, pelo transcurso dos seus 340 anos de fundação.
Publicação
Publicação no DSF de 28/10/2009 - Página 54721
Assunto
Outros > SAUDE. HOMENAGEM.
Indexação
  • GRAVIDADE, PRECARIEDADE, FUNCIONAMENTO, HOSPITAL ESCOLA, UNIVERSIDADE FEDERAL, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), FALTA, EQUIPAMENTOS, SUSPENSÃO, CIRURGIA, INSUFICIENCIA, RECURSOS, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), COBRANÇA, GOVERNO FEDERAL, URGENCIA, PROVIDENCIA, VALORIZAÇÃO, SAUDE PUBLICA.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIO, MANAUS (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM), DEPOIMENTO, VIAGEM, JUVENTUDE, ORADOR, DESCOBERTA, ORIGEM, CULTURA.
  • ANALISE, PROBLEMA, SEGURANÇA PUBLICA, TRANSPORTE, CAPITAL DE ESTADO, ELOGIO, ESFORÇO, POPULAÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, ESPECIFICAÇÃO, POLO INDUSTRIAL, COMENTARIO, GESTÃO, ORADOR, EX PREFEITO, SUPERIORIDADE, INVESTIMENTO, SANEAMENTO URBANO, DETALHAMENTO, QUALIDADE, BAIRRO, CULTURA, PATRIMONIO TURISTICO.

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            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Muito obrigado, meu prezado Senador Mão Santa, Presidente desta sessão.

           Sr. Presidente, antes de mais nada, vou ler um pequeno pronunciamento e depois vou falar de Manaus.

           O Hospital Universitário Getúlio Vargas é unidade de referência em Manaus. Agora é o estabelecimento hospitalar que está sendo sucateado, sem dinheiro até para compra de medicamentos. Não é só. A infraestrutura do hospital é precária, a maioria dos equipamentos não funciona e, por isso, estão suspensas as internações para cirurgia.

           O Getúlio Vargas pertence à Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que faz o melhor que pode para dar conta do recado, mas a jurisdição é do Ministério da Educação, que não tem liberado recursos suficientes para atendimentos mínimos.

           A situação preocupa. Segundo matéria publicada pelo jornal A Crítica, o que há, por enquanto, é apenas uma promessa do responsável pela gestão dos hospitais do MEC, Celso Araújo, que pretende visitar o hospital, no início de novembro, em data ainda não marcada. Foi o que ele anunciou à Deputada Federal Rebeca Garcia, da Bancada do Amazonas. E pelo relato da reportagem do jornal amazonense, a Deputada, que procurou o MEC, esteve, como eu também já estive, no hospital e ficou impressionada com o abandono visível em qualquer dependência daquela importante unidade de saúde do meu Estado. Tudo fica mais triste, quando sabemos que os médicos são do melhor nível e o corpo funcional todo é excelente. Falta é apoio do Governo Federal.

           Há informações igualmente de deficiências em praticamente toda a rede de hospitais universitários em todo o País. O problema, portanto, não se localiza apenas no Estado do Amazonas; é geral e exige uma definição federal.

           O problema é grave e reclama providências urgentes - eu repito - do Governo Federal. O que não pode é deixar que esse estado de abandono chegue ao caos total, comprometendo a dignidade e a cidadania do povo da minha terra.

           Sr. Presidente, eu ouvi ainda há pouco o belo pronunciamento do Senador Jefferson Praia sobre os 340 anos de Manaus. São 340 anos de civilização. É um milagre uma civilização de 340 anos no coração da selva amazônica. O aniversário de Manaus é no dia 24 de outubro, que neste ano caiu em um sábado.

           Eu quero falar um pouco de Manaus. O meu pai se elegeu a Deputado Federal, a Capital era no Rio de Janeiro, eu fui para lá menino, com os meus irmãos e tive o cuidado de não perder a referência. Então, nas minhas férias, sempre que podia eu ia um pouco para Manaus ou ficava as férias todas lá. É bem verdade que eu terminei ficando com um pequeno círculo de amigos, freqüentava sempre os mesmos lugares, até que um dia, jovem, adulto já, podendo fazer mais coisas pela minha própria vontade, pelo meu próprio arbítrio, fiz uma viagem inesquecível. Eu senti saudade do meu Estado.

           Eu sai de ônibus do Rio de Janeiro passei por Presidente Prudente, em São Paulo. De lá fui para Mato Grosso do Sul, onde fiquei um dia ou dois - não me lembro. Depois desci para Mato Grosso, onde fiquei um dia ou dois. Depois, fui para Rondônia, numa época de garimpo, uma Rondônia perigosa, garimpo de cassiterita, onde fiquei mais um dia ou dois. Peguei um barco, daqueles a que se chama de recreio, aquele em que se ata a rede, e desci o rio Madeira até Humaitá, que me acolheu por dois dias. Ninguém me conhecia, fiz questão de também não dizer de quem era filho. Ali fiquei exatamente como eu queria: olhando os costumes que eram estranhos aos meus, até pela minha criação fora, no Rio de Janeiro, os costumes da minha gente. Era um chamamento da terra, uma coisa sem explicação racional. Inclusive quando se sabe que fiz diplomacia e quem faz diplomacia se prepara para sair do país. Naquele momento, eu queria fazer diplomacia, mas eu estava sendo puxado por uma força muito estranha do destino para dentro da minha terra. E fui.

           De Humaitá, desci para Manicoré, noutro barco, com rede, a mesma história. De Manicoré, onde, conversando com um pastor evangélico, uma conversa muito amena, vi um pôr-do-sol imperdível, que não esqueci até hoje - e olhem que o pôr-do-sol na minha terra é muito bonito. Depois desci no barco da família Holanda, onde quem mandava era, visivelmente, a Dona Piririma Holanda - estava lá o marido dela, mas quem mandava no barco era ela -, que me protegeu como se eu fosse filho dela. Eu tinha o cabelo muito comprido, usava rabo de cavalo e cheguei a ser um pouco hostilizado, enfim, essas tolices que temos de enfrentar com personalidade. Ela me acolheu, deu-me da melhor comida, tratou-me como filho mesmo. Eu desci de Manicoré para Novo Aripuanã e de lá fui até a terra dela, Borba. Lá era o destino do barco.

           A Cidade de Borba II ou III, uma coisa assim. Hoje o Prefeito de Borba... Não adianta dizer o nome porque na cidade onde ele é muito querido - é um grande prefeito - conhecido como “Careca Holanda”. É Careca Holanda, e pronto. O Careca hoje sabe... Nós temos uma ligação, até porque não consigo não gostar dele; ele gosta muito de mim, até por essa ligação espiritual que houve entre mim e a avó dele - uma senhora boa que me acolheu com tanta fraternidade como se eu fosse filho dela. De lá tomei outro barco para Nova Olinda. Um dia ou dois depois, peguei outro barco para Manaus. Fiquei uns dias em Manaus. Revi amigos. Aí peguei um barco - uma viagem inesquecível - de Manaus para Belém. Cheguei no estreito de Breves, onde menininhos de oito anos, nove anos, sete anos, em canoas muito pequenas, chegavam ao barco - que era um barco grande, um barco em homenagem ao tio do Senador Jefferson Péres, o nome do barco era Leopoldo Péres; um barco grande, quase um navio - e pediam comida. Era um costume, Senador Tuma, eles chegavam perto do barco e pediam comida, qualquer coisa que se jogasse: biscoito, o que fosse. Era impressionante a rapidez com que um deles mergulhava e pegava tudo. Às vezes não deixava nem a comida jogada cair na água; até dinheiro - jogavam algumas moedas - ele era capaz de pegar. Era impressionante a habilidade dessas pessoas que controlavam, como adultos, uma canoa que seria perigosa para qualquer um de nós manejar. De lá peguei a Belém-Brasília - passei pela transamazônica antes. De ônibus vim até Brasília, onde fiquei uns dias - não como filho de Senador, mas como um estranho. Eu queria conhecer as cidades satélites e as conheci.

           E daqui eu voltei para o Rio de Janeiro, onde eu morava. A partir desse dia, mudou a minha visão sobre a minha terra, porque eu tinha toda uma vida construída fora e não pensava, obviamente, em um dia disputar eleição pelo Amazonas, nada. Estava longe de mim isso; estava perto de mim a ideia de que eu não podia me manter afastado dos costumes, das raízes. As raízes e os costumes são fundamentais.

           Então, Sr. Presidente, digo isso porque gosto de Manaus como ela é. Manaus não é um idílio. Ela é também a Manaus da insegurança pública, dos sequestros relâmpagos, de muitas mortes, de crime organizado, de muita omissão das autoridades de segurança.

           Sabemos que, na Colônia Oliveira Machado, há boca de droga. Fico espantado como é que se sabe disso e não vai lá acabar. Se sabe, vai lá acabar. Se sabe quem é, vai lá e acaba com essa história.

           A Manaus dos pedintes, a Manaus dos desesperados, a Manaus de prostitutazinhas de 12 anos, 13 anos, 14 anos, nas ruas das cidades, em bairros nobres do Estado, como o Bairro Vieira Alves. Escureceu, aquelas criaturinhas aparecem à mercê de degenerados e vendem seus corpos como forma de alimentar muito menos do que o corpo, alimentar uma alma torturada, porque praticamente são todas viciadas em drogas, enfim. Mas é também a Manaus bonita do pôr-do-sol inesquecível, é a Manaus da gente cordial que recebe o estrangeiro e o forâneo muito bem. É a Manaus que cresceu, a despeito de tudo.

           (O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Peço a V. Exª um pouco de tolerância.

           É a Manaus que cresceu, apesar de tudo. É a Manaus que hoje é a maior cidade do Norte do Brasil.

           É a cidade que hoje apresenta talvez o maior volume de serviço. E olhem que há uma rivalidade meio boba, meio tola, meio infantil entre Manaus e Belém. Eu não tenho isso. Adoro Belém. Não perco um Círio. Neste ano, perdi. Mas procuro não perder um Círio quando não é ano de eleição. É a festa religiosa mais extraordinária que pode existir neste País. Não sei se dá para comparar no mundo alguma coisa com ela. É algo que emociona, porque há a trasladação na véspera, o Círio no dia e, depois do Círio, tem-se de ir à casa de algum amigo. Costumo fazer isso na casa do Flexa Ribeiro. Reúno-me com minha família e a família dele. É como se fosse um Natal, porque o Natal do paraense é o Círio, uma festa emocionante. Há uma rivalidade boba a que não dou importância. Essa rivalidade só teria se sentido se fosse no futebol. De outro jeito, é absolutamente tolice tocarmos para frente algo que só nos separa quando deveria unir as duas civilizações em busca de dias melhores para o povo.

           Há a Manaus que tem viadutos modernos, hotéis de luxo, o povo trabalhador, aquela mão de obra significativa e muito competente do distrito industrial. É a Manaus que, quando chegamos a uma LG e perguntamos, em cada mil, qual é a perda de televisores na linha de montagem, dá de goleada na mão de obra coreana, que é treinada, preparada, competente e capaz - aquela do distrito industrial. Então, é a Manaus dos contrastes. É a Manaus que tem a mansão e a casa miserável. É a Manaus que tem pouco saneamento.

           Como Prefeito, fiz mais saneamento do que qualquer Prefeito ou, quem sabe, muitos deles somados. Na verdade, não se fazia saneamento antes da minha gestão como Prefeito de Manaus. Diziam que eu enterrava obra e que estaria enterrando voto. Mas minha carreira política está indo muito bem, obrigado. Até, pejorativamente, apelidaram-me de Prefeito Tatu, porque fiz mais de 500 quilômetros de drenagem na cidade. Digo que não é nenhum insulto, pois é um bichinho limpo. Pior se fosse rato. Manaus tem que se livrar é dos ratos, e não dos tatus. Se ser tatu é construir saúde embaixo da terra e não estar olhando voto nem obra que aparece, nada desnecessário, nada de fachada, enfim...

           Então, quando eu olho Manaus, eu olho Manaus com os meus lugares, as minhas pessoas, o meu povo. Uma cidade extremamente volúvel, quando se trata dessa questão do voto. Ela costuma surpreender, ela costuma fazer exatamente o que ela quer e dar um susto naqueles que se julgam donos dela, como numa época eu me julgava dono dela. Hoje, não; hoje, eu sei que não. Hoje eu sei que Manaus é uma mulher muito caprichosa, muito sedutora e que, de vez em quando, surpreende os seus amantes. Eu mesmo já fui surpreendido, como já fui muito acarinhado por ela.

           Então, todo aquele que imagina que Manaus é um curral eleitoral está enganado; todo aquele que imagina que Manaus vai com ele está enganado; todo aquele que imagina que Manaus define as coisas antes está enganado. Manaus tem que ser seduzida. Ela é que seduz, em primeiro lugar. As pessoas dizem que quem bebe água do rio Negro - e esse foi o caso do Senador Romeu Tuma - não deixa de ir lá mais. E muita gente bebe e fica lá. Nós temos hoje uma miscigenação muito interessante. O elemento nordestino, que veio trazer a sua bravura e a sua capacidade de desbravar, para se juntar ao elemento indígena, que é o que compõe basicamente os nossos antepassados.

           E agora, com a Zona Franca de Manaus, nós temos a beleza do elemento que vem do centro-sul do País para formar já uma outra cidade, já uma outra fisionomia. Vejo uma juventude muito bonita, muito saudável: aquela que pode se alimentar, aquela que pode estudar bem, aquela que pode praticar esportes. Vejo uma juventude muito brava: aquela que resiste às drogas, que resiste ao desemprego, que luta pelo emprego.

           Em outras palavras, Senador Jefferson Praia, ouvi o discurso de V. Exª, um discurso bonito, um discurso se referindo a uma matéria muito bonita que saiu no jornal Em Tempo, um encarte, algo que devemos guardar, que eu vou guardar em meus arquivos, mas sobretudo a minha Manaus, Presidente Mão Santa, é a dos poetas. É a Manaus de poetas, de artistas plásticos, é a Manaus que tem uns bairros que só entende sendo manauara. Por exemplo, um bairro que criei como Prefeito, o Jorge Teixeira, em homenagem a um grande Prefeito que Manaus teve, embora meu adversário político. Mas há bairros que não são mais bairros. A Praça 14 de Janeiro fica no centro da cidade, é o reduto de São Benedito, o reduto dos negros de Manaus. Lá é que se faz uma procissão bonita de São Benedito, puxada pelas lideranças negras do Estado. Manaus é uma cidade que...

           (O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

           O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Peço um pouco mais de tempo de V. Exª porque estou concluindo.

           Manaus é uma cidade que tem um bairro chamado Praça 14, que, olhando bem, vê-se que não é bairro porque está no centro. Mas o orgulho do bairro Praça 14, que tem lá sua escola de samba, que é belíssima, que já homenageou o meu pai, e eu já desfilei nela, escola de samba Vitória Régia, faz com que eles não aceitem que se diga que a Praça 14 é centro; é bairro.

           Há o bairro Presidente Vargas. Nós forçamos a barra, e o carteiro fica numa luta danada com o povo, O grande homem que é Getúlio Vargas foi homenageado; alguém disse assim “vai ser agora o bairro Getúlio Vargas”. Pronto! Mas as pessoas que tem mais de 40 anos, todas, chamam-no de bairro da Matinha.

           Trocaram o nome de Boulevard Amazonas para Boulevard Álvaro Maia. É outra via muito importante da cidade, e o povo insiste em chamar de Boulevard Amazonas. Os mais novos estão acostumados a chamar de Boulevard Álvaro Maia. Os mais velhos chamam de Boulevard Amazonas, porque é a tradição.

           E assim temos os recantos que povoam muitos sonhos meus, povoam as minhas delícias. É a cidade onde eu moraria se eu tivesse que parar com a atividade pública. Porque lá, repito, estão muitas das minhas pessoas. Eu não deixaria nunca de ir ao Rio de Janeiro, que é a minha segunda cidade, onde tenho também tantos amigos, tantas lembranças queridas, enfim.

           E quero dizer mais, Senador Jefferson Praia. Existe a pequena Aparecida, que é mais do que centro - aquilo é centro -, mas o morador de Aparecida se sente do bairro da Aparecida. Não adianta. É desse tamanhinho, e Manaus é uma coisa imensa, mas é bairro de Aparecida. Não diga que é centro, porque não é bem recebido. É bairro de Aparecida.

           Getúlio Vargas o povo chama de Matinha. É o costume popular. A melhor tacacazeira, para uns, está na 24 de Maio com a Eduardo Ribeiro; para outros, é a tacacazeira não sei de onde. Há uns peixes maravilhosos que são servidos em lugares quanto mais parecidos com boteco melhor, para que se possa conhecer e entrar na alma do povo de Manaus.

           Em outras palavras, quando penso na homenagem à minha cidade, quero pensar em seus defeitos e nas suas qualidades, nas suas vicissitudes.

           Acabei de falar na deficiência do sistema de saúde do Estado; na educação, que não tem se classificado bem no Enem; no desemprego, que é alto; nos problemas que vão surgindo e que vão se avolumando: o transporte coletivo é um problema gravíssimo, o trânsito em Manaus chega às raias do insuportável. É necessária uma intervenção viária, e disse-me que essa é a sua intenção, a de fazê-la, o Prefeito de Manaus, Dr. Amazonino Mendes. Mas é preciso intervenção pesada no trânsito da cidade, com novas vias ou com novas modalidades de transporte para que Manaus possa deixar fluir as pessoas de um lado para outro. Quase que Manaus fica inconstitucional, com as pessoas não podendo exercer livremente o direito de ir e vir. Você marca uma reunião do outro lado da cidade... Eu moro na Ponta Negra. Se eu tiver que ir à Suframa para tratar de qualquer assunto, é mais ou menos isto: eu tenho que sair muito cedo para chegar lá, dependendo da hora de partida da minha casa.

           Mas, com tudo isso, é a minha cidade, é o meu lugar; ou seja, é uma cidade cujos defeitos eu conheço todos, porque eu a dirigi e eu tenho mania de correr pelas ruas, andar de bicicleta pelas ruas, e vejo os defeitos da cidade: falta de drenagem, falta de saneamento, falta de investimento, e que o transporte não está bem. Agora, por outro lado, alguma coisa muito irresistível me leva para lá, e eu aprendi a conviver com ela.

           Em algum momento, eu, vaidosamente, me achei dono dela. Ela me disse que eu não era, mas hoje eu percebo que sou um filho muito querido dela, pelas manifestações que recebo nas ruas e pela forma como Manaus me trata. Então, hoje, humildemente, eu me coloco assim: “Poxa vida, jamais vou dizer para essa mulher, nem em pensamento, que sou dono dela, porque essa é voluntariosa, essa não tem dono, realmente não tem dono. É uma mulher bonita, sedutora, com suas mazelas, mas com uma enorme e inesgotável capacidade de emocionar”.

           Muito obrigado.

 

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SEGUE NA ÍNTEGRA DISCURSO DO SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO

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            O SR. ARTHUR VIRGILIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, o Hospital Universitário “Getúlio Vargas” era unidade de referência em Manaus. Era. Agora é um estabelecimento hospitalar sucateado, sem dinheiro até para a compra de medicamentos.

            Não é só. A infra-estrutura do hospital é precária, a maioria dos equipamentos não funciona e, por isso, estão suspensas as internações para cirurgia.

            O “Getúlio Vargas” pertence à UFAM, portanto sob a jurisdição do Ministério da Educação, que não tem liberado recursos suficientes para atendimentoS mínimoS.

             A situação preocupa e, segundo matéria publicada pelo jornal A Crítica, o que há, por enquanto, é apenas uma promessa do responsável pela gestão dos hospitais do MEC, Celso Araújo, que pretende visitar o hospital “no início” novembro, em data ainda não marcada. Foi o que ele anunciou à Deputada Rebeca Garcia, da bancada do Amazonas na Câmara dos Deputados.

            Pelo relato da reportagem do jornal amazonense, a Deputada, que procurou o MEC, esteve também no Hospital e ficou impressionada com o abandono, visível em qualquer dependência daquela importante unidade de saúde do meu Estado.

            Há informações também de deficiências iguais em praticamente toda a rede de hospitais universitários do País.

            O problema é grave e reclama providências urgentes do Governo Federal. O que não pode é deixar que esse estado de abandono chegue ao caos total.

            Era o que tinha a dizer.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/10/2009 - Página 54721