Discurso durante a 200ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre a presença do Brasil na reunião do G-20, que se realiza esta semana em Pittsburgh, nos Estados Unidos, com um dos melhores históricos de recuperação econômica posterior à crise que abalou os mercados mundiais.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Considerações sobre a presença do Brasil na reunião do G-20, que se realiza esta semana em Pittsburgh, nos Estados Unidos, com um dos melhores históricos de recuperação econômica posterior à crise que abalou os mercados mundiais.
Publicação
Publicação no DSF de 31/10/2009 - Página 56358
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • COMENTARIO, REUNIÃO, GRUPO, PAIS INDUSTRIALIZADO, PAIS EM DESENVOLVIMENTO, IMPORTANCIA, POSIÇÃO, BRASIL, RECUPERAÇÃO, CRISE, DEFESA, ORADOR, REFORMULAÇÃO, SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL, EXIGENCIA, PARTICIPAÇÃO, PROCESSO, DECISÃO, ORGANISMO INTERNACIONAL, DISTRIBUIÇÃO, PODER, BANCO MUNDIAL, FUNDO MONETARIO INTERNACIONAL (FMI), COMBATE, EXCESSO, GRATIFICAÇÃO, EXECUTIVO, INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, NECESSIDADE, AMPLIAÇÃO, DEBATE, GARANTIA, ESTABILIDADE, ECONOMIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, com um dos melhores históricos de recuperação econômica posterior à crise que abalou os mercados mundiais, o Brasil chega à reunião do G-20, grupo que reúne os países ricos e também as economias emergentes, munido de credenciais mais do que suficientes para apresentar propostas e fazer cobranças. O encontro, que se realiza esta semana, em Pittsburgh, nos Estados Unidos, é o terceiro desde o início da crise, que começou em setembro do ano passado.

            O contexto em que ele ocorre é um pouco diferente daquele de um ano atrás. Há sinais evidentes de recuperação das Bolsas de Valores, e os índices de desemprego nos Estados Unidos e Europa, antes em franca aceleração, começam a reverter a trajetória, ainda que lentamente. A produção industrial estabilizou-se ou passou a crescer em alguns países, os bancos voltaram a levantar capital.

            Nada garante, entretanto, que em breve a economia leve outro tombo, se não forem tomadas providências sérias para modificar o sistema financeiro e também para garantir aos países emergentes, entre os quais Brasil, Rússia, Índia e China, maior participação no processo decisório em organismos internacionais.

            Como o foco da reunião deve deslocar-se das medidas destinadas a combater a crise para a reforma do sistema financeiro, tornando-o mais seguro, é hora de o Brasil exercer sua recém-adquirida influência, reivindicando, por exemplo, a concretização da reforma do FMI, o Fundo Monetário Internacional, em que as decisões são controladas quase que exclusivamente pelos países ricos.

            Com razão, o presidente Lula disse temer que, à medida que a crise econômica vai ficando para trás, todos se conformem com a situação vigente, o G-20 não vingue e prevaleça novamente o G-8, o grupo dos 8 países mais ricos. Mas não faltam especialistas para os quais o Brasil deve

            persistir em seu objetivo de defender a reorganização da distribuição de poder no Banco Mundial e no FMI.

            Para o presidente, os progressos alcançados no combate à retração econômica contrastam com a persistência de muitas indefinições. O fato é que o temor de que o G-20 desapareça parece ter pouco fundamento. Nos últimos tempos, as reuniões do G-8 se ampliaram, com a participação das chamadas potências emergentes. O fato incontestável é que o grupo dos 8 países mais industrializados - Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão, mais a Rússia - já não consegue sustentar sozinho o sistema econômico e financeiro mundial.

            Os países emergentes, entretanto, devem fazer o possível para evitar que a reunião de Pittsburgh se concentre num único tema, o das excessivas gratificações pagas aos executivos das instituições do setor financeiro. O presidente do falido banco Lehman Brothers, por exemplo, recebeu 484 milhões de dólares em salários, bônus e ações, entre 2000 e 2008.

            A julgar pelas declarações dos ministros da área econômica dos países da União Européia, que alcançaram um raro consenso, haverá uma batalha com os Estados Unidos para acabar com os bônus milionários que persistem em sobreviver, mesmo no universo pós-crise.

            É positivo que essa prática absurda termine, mas a discussão em torno do tema não deve desviar a atenção de outras questões urgentes, como as que interessam ao Brasil e aos demais emergentes. Afinal, fomos nós que conseguimos sair primeiro da crise. Devemos aproveitar o momento de confiança em alta para fazer com que nossa voz seja ouvida nesta e em outras reuniões com o propósito de debater reformas destinadas a construir um sistema financeiro mais estável. Um sistema à prova de aventureiros irresponsáveis como os que fizeram a economia norte-americana mergulhar numa das maiores crises de sua história, arrastando consigo as de outros países.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/10/2009 - Página 56358