Discurso durante a 191ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da extinção do IBAMA. Críticas ao Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, pela políticas adotadas em relação à Amazônia, assim como à Governadora do Pará, Ana Júlia Carepa.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Defesa da extinção do IBAMA. Críticas ao Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, pela políticas adotadas em relação à Amazônia, assim como à Governadora do Pará, Ana Júlia Carepa.
Publicação
Publicação no DSF de 29/10/2009 - Página 55413
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, DESPREPARO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE (MMA), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), FALTA, ESTRUTURAÇÃO, FISCALIZAÇÃO, DESMATAMENTO, REGIÃO AMAZONICA, AGRAVAÇÃO, SITUAÇÃO, FECHAMENTO, INDUSTRIA, MADEIRA, AUMENTO, DESEMPREGO, MUNICIPIOS, ESTADO DO PARA (PA), ESPECIFICAÇÃO, MUNICIPIO, BREVES (PA), ALTAMIRA (PA), TAILANDIA, PARAGOMINAS (PA).
  • COMENTARIO, DIVULGAÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), RELATORIO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), COMPROVAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, GRUPO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ESPECIFICAÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DO PARA (PA), RECEBIMENTO, PROPINA, EMPRESARIO, COMERCIO, MADEIRA, FACILITAÇÃO, ILEGALIDADE, CORTE, TRANSPORTE, MADEIRA BRUTA, REGIÃO.
  • COMENTARIO, SUPERIORIDADE, DESMATAMENTO, ESTADO DO PARA (PA), DEFESA, NECESSIDADE, EXTINÇÃO, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, venho a esta tribuna, Senador Colombo, para mostrar o equívoco do nosso Ministro do Meio Ambiente. A nossa região, a região da Amazônia, a região do Estado do Pará foi extremamente prejudicada com as ações postas pelo Ministro Minc, do Meio Ambiente. Cheguei a pensar - e acho que estou certo - que o Ministro não bate bem da cabeça; que o Ministro é estabanado; que o Ministro não é sério; que o Ministro é incompetente, Senador Cafeteira. E aqui estão os dados da incompetência do Ministro Minc.

            O Ministro Minc chegou à Amazônia - acho que nunca tinha ido à Amazônia - e mandou fechar tudo que foi madeireira; mandou fechar as indústrias do meu Estado e disse que o desmatamento na Amazônia ia diminuir.

            Eu vim a esta tribuna, Senador Jarbas Vasconcelos, chamei-o de Tio Patinhas - porque ele é daquelas pessoas iguais ao Tio Patinhas -, disse que ele era um louco, que ele não sabia o que estava fazendo, nem dizendo, e está aqui a verdade. Estão aqui as novas pesquisas dos institutos especializados nesta matéria, mostrando que o desmatamento na Amazônia aumentou em 157%, batendo todos os recordes.

            Ei, Ministro, V. Exª é ou não é burro, Ministro? É ou não é burro, Ministro? Ministro, o Ibama deveria ser extinto. O Ibama não tem capacidade para fiscalizar nada, Ministro. A primeira iniciativa de V. Exª era fechar o Ibama.

            Aliás, Presidenta, até o Presidente Lula, numa entrevista na TV Globo, disse: “Vamos criar outro instituto, porque o Ibama não tem mais condições de fiscalizar nada”. É um órgão viciado, todos os brasileiros sabem disso. É um órgão altamente despreparado, viciado, sem nenhuma estrutura para fiscalizar o desmatamento de uma Amazônia.

            Vou a Breves, a maior cidade da Ilha do Marajó: fecharam todas as madeireiras; se deixaram algumas abertas, foram duas ou três, no máximo. Onze mil desempregados!

            Vim à tribuna, e disseram: “Aquele Senador é a favor do desmatamento”. É mentira. Sou tradicionalmente contra o desmatamento, mas a maneira incompetente como se age dói na alma de cada um. É visível a maneira errada e a incompetência com que se fazem as coisas.

            Depois, minha Presidenta, que acabou aquele dinheirinho das indenizações, do seguro-desemprego, veio a miséria. Estão lá 11 mil desempregados na miséria. Na sexta-feira, um ato público, todos colocando luto e dizendo assim: “Olhe, Ministro, o que o senhor fez com a gente!”.

            Será que esse Ministro maluco, será que esse Ministro incompetente... Não tenho medo, não. Ouviu, Ministro? Não tenho nenhum receio de que V. Exª possa fazer qualquer coisa contra a minha pessoa. Vim para cá para dizer a verdade e o que penso, Ministro. Penso que V. Exª é incompetente. Penso, Ministro. Penso que o seu partido é o principal causador do desmatamento na Amazônia, e vou ler aqui. Vou ler aqui, Ministro.

            Será que V. Exª não sabe de tudo isso, Ministro? Sabe, sim. V. Exª sabe, Ministro. V. Exª fecha os olhos. V. Exª quer aparecer. V. Exª vai à Amazônia, sobe nos troncos das árvores do mato e pede para ser fotografado. V. Exª tem mania, é um desequilibrado, V. Exª quer aparecer, todos os dias, na imprensa.

            V. Exª vai lá e desemprega 11 mil pessoas, para aparecer nas televisões, Ministro. No fundo, no fundo, V. Exª sabe o que acontece - o que aconteceu no desmatamento da Amazônia e o que vem acontecendo.

            Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é ele que diz, Ministro, e não adianta V. Exª questionar, não.

            Agora, Ministro, vou ler e vou recordar alguma coisa aqui, para que V. Exª sinta o que fez com aqueles que trabalhavam dignamente para criar os seus filhos, colocando nas suas testas o suor digno, Ministro. V. Exª fez de todos eles uns abandonados, uns desempregados, uns sofredores, sem saber quem estava certo e quem estava errado. Fechou tudo, colocou a farinha no mesmo saco e não quis saber quem trabalhava certo ou quem trabalhava errado. Só quis se exibir.

            Revista Veja. Vou ler um pouquinho, para o Ministro saber o que toda a população brasileira sabe, Senador, querido, Tião Viana, das históricas dos desmatamentos da Amazônia. Tem recente. Vou ler todas elas aqui. Semana a semana, vou ler uma. Peguei a mais antiga para ler e mostrar à população brasileira quem é o responsável pelo desmatamento da Amazônia; se não é o PT! Se não é o PT!

            Olhem aqui: revista Veja, de 2006 - desde lá. Eu vou pegar desde lá, de 2006 para cá. Revista Veja:

Assessora de Ana Júlia Carepa [atual Governadora do Estado do Pará, naquela época, Senadora da República, vinha aqui nesta tribuna dizer que era séria, vinha aqui nesta tribuna mostrar moralidade, Srªs Senadoras e Srs. Senadores] movimentou R2 mil em propina.

Um acordo político livrou a Senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) de ser uma das indiciadas pela CPI da Biopirataria, que listou um grupo de petistas acusados de receber propina de madeireiros [Ministro olha aqui, Ministro!] para facilitar corte ilegal de madeiras no Pará.

            Senador Flexa, aí os nossos irmãos do Marajó, os marajoaras queridos, passam fome, desempregados, porque o Ministro quer, porque o Ministro deseja. E olhem quem desmata a Amazônia!

            Vamos mais, vamos mais um pouquinho; vamos ler a Veja, só para recordar. Tem outras irregularidades que vou mostrar aqui - viu Ministro, para mostrar que V. Exª não é sério, para mostrar que V. Exª é incompetente ou se faz de incompetente?

            A reportagem está na edição dessa semana da revista Veja, de 2006. Vou ler pequenas partes da reportagem:

O relatório da CPI, segundo a revista, aponta que o gerente executivo do Ibama, Marcilio Monteiro [este rapaz era, na época, casado ou era o ex-marido da Senadora Ana Júlia Carepa], indicado pela senadora, facilitava o esquema. Uma assessora de Ana Julia Carepa teria movimentado R$ 2 milhões em contas bancarias. O valor é dezesseis vezes mais alto do que a renda anual que Maria Joana declarou à Receita Federal [...].

Apesar do esforço do Partido dos Trabalhadores em abafar as investigações, conseguimos desmontar um dos mais escabrosos casos de corrupção na área ambiental do país’, avalia o presidente da CPI, o deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PMDB-SP). O relatório da CPI pede ao Ministério Público o indiciamento de sete pessoas, cinco delas ligadas ao PT [por desmatamento ilegal na Amazônia!].

            Era uma Senadora da República, hoje Governadora do Estado do Pará, quem desmatava ilegalmente a Amazônia. Sabem quanto foi o aumento do desmatamento no meu Estado, só no Estado do Pará? O Estado do Pará foi o recordista no desmatamento - já foi terminar: 577 km2 de desmatamento. E adiantou desempregar tantas pessoas, Senador? Adiantou fazer a barbárie que fizeram no Município de Breves, Altamira, Tailândia, Paragominas e outros?

            Hoje são, meu Senador, mais de 100 mil pessoas desempregadas por falta de planejamento desse maluco Ministro.

Fundadora do PT no Pará, Ana Júlia é conhecida por seu envolvimento com os movimentos sociais e a causa dos sem-terra da Amazônia. Embora um acordo costurado entre parlamentares tenha poupado Ana Júlia e seu ex-marido de um pedido de indiciamento no relatório, a investigação da CPI esbarrou em uma série de indícios comprometedores para a dupla. Logo no início das investigações, a comissão recebeu de um sindicalista da região a denúncia de que parte da propina paga pelos madeireiros para conseguir autorizações [ilegais] para o desmate e o transporte ilegal de madeira era depositada em contas bancárias de uma assessora da senadora [de Ana Júlia Carepa][...].

            Esse é o desmatamento ilegal da Amazônia, Ministro. Prenda a Ana Júlia Carepa! Peça o impeachment da Ana Júlia Carepa. Está mais do que comprovado.

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Já vou descer.

            Senador Flexa Ribeiro, eleição passada: fui visitar a região do Marajó, Breves. Cheguei a Breves, havia o descontrole emocional de quantos faziam política ali contra o PT. E eu queria saber, Senador, porque aquele descontrole emocional.

            Aí veio a denúncia. A cada plano de manejo que recebia um candidato do PT, esse candidato vendia o plano de manejo ao madeireiro, que depositava na conta R$200 mil para a campanha do PT. Agora, Senador!

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Esse negócio da Ana Júlia Carepa não é de hoje.

            O que mais entristece, o que mais choca, o que mais afirma a minha convicção de que não vale a pena, neste País, trabalhar pela dignidade, pela moralidade é ver um Ministro despreparado desempregar tantas pessoas no meu Estado. Onze mil em Breves, Senador Flexa. E por aí vai! V. Exª conhece tanto quanto eu. E o Ministro dizendo: “Fechando as madeireiras todas, o desmatamento para”. Aumentou em 157%, Senador Flexa Ribeiro! E não sou eu que estou dizendo, é o instituto especializado, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), provando que esse Ministro é despreparado.

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Sem planejamento, chega lá, batendo em todo mundo, metralhadora em punho, metralhadora, igualzinho à época da ditadura militar, igualzinho à época da ditadura militar! Metralhadora em punho, fechando as madeireiras, achando que todos eles eram corruptos e ilegais, quando não eram. Não tinha ilegalidade? Tinha. Esses, sim, fecham; esses, sim, prendem. Mas não podem colocar todo mundo no mesmo saco.

            Presidente Lula, vou lhe fazer um pedido ao descer da tribuna: troque esse Ministro, Presidente. Reformule o Ibama, Presidente. Construa outro órgão, Presidente, para fiscalizar isso. Esse Ministro não tem capacidade, Presidente. Troque-o, Presidente. Troque-o pelo bem do nosso País, pelo bem do mundo, pelo bem da Amazônia. O mundo clama que a Amazônia não seja desmatada.

            Não queremos ver os nossos irmãos paraenses famintos, morrendo de fome, desempregados, com filhos, com suas famílias abandonadas. Faça isso, Presidente! Tome uma atitude de imediato. Reformule o Ibama e troque esse Ministro aloucado.

            Muito obrigado, Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/10/2009 - Página 55413