Discurso durante a 201ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do mestre Verequete, o "Rei do Carimbo".

Autor
José Nery (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/PA)
Nome completo: José Nery Azevedo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA CULTURAL.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do mestre Verequete, o "Rei do Carimbo".
Publicação
Publicação no DSF de 04/11/2009 - Página 56595
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MUSICO, ESTADO DO PARA (PA), IMPORTANCIA, MUSICA, CULTURA, REGIÃO, REITERAÇÃO, SOLICITAÇÃO, MINISTERIO DA CULTURA (MINC), INCLUSÃO, DANÇA, AMBITO REGIONAL, PATRIMONIO CULTURAL, BRASIL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Mão Santa, dirijo-me à Mesa para requerer um voto de pesar pelo falecimento do músico paraense Augusto Gomes Rodrigues, o popular Mestre Verequete.

            Requeiro, nos termos regimentais, nos termos dos arts. 218 e 221 do Regimento Interno do Senado Federal, e de acordo com as tradições da Casa, a inserção em ata de voto de pesar pelo falecimento do músico e símbolo da cultura popular brasileira Augusto Gomes Rodrigues, o inesquecível Mestre Verequete, ocorrido no dia de hoje, na capital paraense. Requeiro ainda que esse voto de pesar seja levado ao conhecimento da família, com as devidas condolências.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a cultura de nosso País, sem dúvida, está de luto. Mestre Verequete faleceu na tarde de hoje em Belém, capital do Estado do Pará, aos 93 anos de idade. Augusto Gomes Rodrigues, o Mestre Verequete, é a maior expressão artística do carimbó, que é um símbolo das nossas músicas de raiz, tradicionais no Estado do Pará.

            Nascido no Município de Quatipuru, em 1916, na região bragantina, no nordeste do Pará, Verequete, desde muito cedo, mergulhou no caudaloso rio das encantarias e das mais legítimas manifestações da arte do povo paraense, a partir da extraordinária síntese originada do encontro entre a cultura dos povos originários e a secular força espiritual das populações afrodescendentes.

            Considerado, Senador Mão Santa, o Rei do Carimbó, ele gravou doze discos e três CDs ao longo de décadas de profícua produção artística. Essa trajetória, construída em luta permanente contra todos os obstáculos, resultou em sua consagração como o maior símbolo da cultura de nossa terra.

            Mestre Verequete teve sua obra, sua poesia e seu trabalho resgatados e reconhecidos em vários momentos de sua trajetória, principalmente durante o Governo do ex-Prefeito de Belém Edmilson Rodrigues, que valorizou, de forma extraordinária, a cultura popular, apoiando e fazendo com que Mestre Verequete estivesse presente em vários eventos e atividades culturais da Prefeitura de Belém, sendo aquela experiência de governo popular responsável por apresentar, de forma incisiva, a contribuição de Mestre Verequete à cultura e à música popular paraense, em especial o carimbó.

            No momento em que falece Mestre Verequete, Senador Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, creio que devemos fazer homenagem à sua luta, à sua dedicação. Mestre Verequete, Senador Paulo Paim, era poeta e compositor que não sabia ler, mas que, ao compor, colocava a musicalidade, para, depois, o violonista adaptar e criar a música. Mestre Verequete é um exemplo, na região do nordeste paraense, sobretudo na região de Bragantina, de artistas que compõem, de compositores de música de dom. Assim, são eles tratados.

            Então, neste momento, Sr. Presidente, deve ser fortalecida e, finalmente, implementada pelo Ministério da Cultura, diante da campanha que se faz, movida por vários artistas e por muitas pessoas do nosso Estado do Pará, a iniciativa de que o carimbó seja considerado patrimônio imaterial da cultura brasileira. Creio que essa é uma iniciativa muito importante que o Ministério da Cultura pode protagonizar, homenageando, de forma decisiva, alguém que é símbolo da luta, da resistência, da cultura popular. O inesquecível Mestre Verequete, na verdade, é símbolo de tudo isso neste Brasil tão rico e tão diverso. Sua música, surgida no seio do próprio povo, pontificou como testemunho, a um só tempo, de seu sofrimento cotidiano e de sua indestrutível resistência por um mundo de justiça e de igualdade.

            Nada mais justo, Sr. Presidente, que esta Casa deixe registrado, em seus Anais, a devida homenagem a esse grande paraense e amazônida, artesão genial das manifestações que conferem identidade e vigor ao povo brasileiro, ao povo paraense.

            Agradeço a V. Exª.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/11/2009 - Página 56595