Discurso durante a 210ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas à decisão da Câmara de adiar a votação do projeto que beneficia os aposentados.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Críticas à decisão da Câmara de adiar a votação do projeto que beneficia os aposentados.
Publicação
Publicação no DSF de 14/11/2009 - Página 59255
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • CRITICA, ADIAMENTO, VOTAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, PROJETO DE LEI, BENEFICIO, APOSENTADO, REPUDIO, NEGLIGENCIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Fernando Collor, que preside esta sessão de sexta-feira, 13 de novembro, Parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros que nos assistem aqui no Parlamento e que nos acompanham pelo extraordinário sistema de comunicação do Senado da República.

            Presidente Collor, quero fazer minhas as palavras do Líder maior do Piauí, Heráclito Fortes com relação à Eco 92. V. Exª - é aquilo que eu disse - teve a visão de futuro. Olha, naquele tempo, eu mesmo era São Tomé, embora tenha sido professor de biologia, de fisiologia e medicina, além de haver lido o pai do meio ambiente. O pai do saber foi Sócrates, o da minha medicina, Hipócrates; o da política Platão, Aristóteles; Sófocles disse que “muitas são as maravilhas da natureza, mas a mais maravilhosa é o ser humano -. Então, eu estudei biologia - este é um País sério -, e V. Exª também.

            Naquele tempo a educação até poderia ser elitizada, mas os colégios eram muito bons. As ordens religiosas se dedicavam ao ensino. A nossa geração, quase toda, é fruto do saber de irmãos Maristas, Salesianos, Jesuítas, Nóbregas, e a escola pública era o Colégio Pedro II. Heráclito, V. Exª se lembra do Colégio Pedro II? Então, lá se irradiava saber.E havia um livro do Professor Valdemiro Potti, talvez V. Exª entenda, biologia geral, botânica e zoologia. Era a coisa mais linda quando ele, nesse livro de biologia geral, ele tratava sobre ecologia, o meio ambiente.

            Mas V. Exª representou bem essa geração estudiosa do Brasil competente e preparado. V. Exª instalou a Eco 92. Foi um negócio assim, não é como hoje que a gente imagina esse Twitter e não sebe nem como funciona. E foi uma beleza. Eu estava lá, era prefeitinho, orgulhoso, porque foi bonito.

            Talvez tenha sido isso que garantiu o Panamericano, talvez. Padre Antonio Vieira disse, Presidente Collor, que um bem é sempre acompanhado de outro bem. Então, talvez aquele congresso do Rio de Janeiro tenha sido o fator mais importante para termos uma os Jogos Olímpicos e a Copa de 2014. O senhor fez uma copa do mundo de preocupações dos estudiosos do meio ambiente em 1992. Foi uma beleza! O Heráclito é muito atento a essas coisas. Então, a nossa homenagem.

            Mas eu vou falar que nós somos os pais da Pátria, nós somos preparados. Eu não sei como os outros entraram aqui, mas eu acreditei, eu entrei aqui acreditando em Deus. E hoje eu sou do partido de Deus, o Partido Social Cristão, que é o Filho de Deus, que disse: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”: o trabalho. Eu trabalhei muito, Collor. Eu acredito que o estudo busca sabedoria, que vale mais do que ouro e prata. O amor constrói a maior instituição que é a família. Está ali o Cristo, o chefe do meu partido, o Partido Social Cristão. Deus botou seu Filho, não o desgarrou, em uma família. Atentai bem! Meditai bem, brasileiros! Não desgarrou o Cristo: a Sagrada Família. E Rui Barbosa está ali e ele teve a sabedoria de dizer: Pátria, Luiz Inácio, é a família amplificada.

            Presidente Collor, é com tristeza que vejo essa instituição. Aqui, vivemos numa barbárie. Presidente Collor, isso é uma barbárie; isso é uma barbárie! Não é sociedade mais não, e isso foi de agora.

            Há pouco, eu dizia que o senhor passou austeridade, o senhor passou comando. Naquela época, eu era prefeitinho - comparativamente falando, seria como se o senhor fosse um general, e nós, lá, tenente - e havia hierarquia, disciplina, o senhor passou isso. Não havia essa barbárie não. Não havia. Eu fui Governador logo depois, e andava sozinho, a pé, no meio de Teresina, fazendo cooper. Certa vez, era domingo, você sabe o que é isso, talvez V. Exª tenha influenciado a todos nós, porque o senhor fazia cooper por aí, colocava uma camisa e saía. Então, talvez influenciado, a gente nem sabe, eu também fazia cooper, e saía, Presidente Collor, da minha casa de praia, no Coqueiro, para ir para uma praia popular, que é a Atalaia, a uns 10 quilômetros. E aquele negócio de andar com um homem do lado é chato, eu gosto de andar é com a Adalgisinha. Mas acordava de madrugada, eles faziam a inauguração rumo norte, aí eu amanhecia domingo lá na casa da praia. Eu saía de madrugada, a pé, os seguranças ainda dormiam, sozinho, que é bom, pela praia. V. Exª sabe bem disso porque é lá das Alagoas. Lembro-me de que, um dia, eu estava na praia, já na popular, depois de ter andado uns 10 quilômetros, e fui jogar voleibol, quando me chamaram e me perguntaram se eu era mesmo o Governador do Piauí. “Se não me tiraram, ainda sou”. Eu estava lá, jogando. Convivi com a família de Ciro Gomes, porque eles são ali de Sobral, e lá não tem praia, então, eles iam tomar banho de mar lá.

            Mas a gente andava assim. Isso eu fiz nos seis anos, dez meses e seis dias em que governei o Piauí. E quando não podia fazer esse cooper, que é como se chamava na época - em Teresina é um calor em novembro, dezembro, outubro - então eu saía às 11 horas da noite do Palácio, porque Teresina é quente, e ia para a casa do Governador, dava uns 10, 12 quilômetros. Eu ia só com um amigo, Carlos Augusto, o meu “Chalaça”. Não tem aquele? É um ajudante de ordem. O pessoal chamava dos ônibus. E às vezes eu saía da avenida principal, por curiosidade mesmo, adentrava os bairros. Outro dia que eu governei o Estado. E agora o País explodiu aí, de repente. Isso foi agora, Luiz Inácio, estou dando um testemunho.

            Vou lhe dar mais um, Luiz Inácio. E o Presidente Collor é do Nordeste, tem esse mesmo costume. Nós somos muito parecidos, cristãos. É aquele negócio do velório, sentinela, solidariedade, de noite, passa a noite, é gente de todas as classes. Outro dia, Presidente Collor, eu cheguei em Teresina, e morreu um aí, quase seis horas. Eu disse: “Adalgisa, de noite a gente vai passar lá no velório”. Aí eu fui. Quando cheguei: “E o velório?” “Não, nós enterramos.” “Como enterraram? O homem não morreu às 17 horas?” “Mas nós enterramos logo, antes de escurecer, porque um vizinho aqui foi fazer um velório, entraram lá e roubaram até os sapatos, a roupa do defunto.” Isso está no Piauí, no Brasil todo é essa barbárie. Isso não é assim não. Luiz Inácio, ninguém pode enganar.

            Não vou falar em primeiro mundo. Do primeiro mundo quem deve falar é o Collor. Quem deveria ir era o Collor. É o meu protesto. Está no hino do Piauí: “Piauí, terra querida filha do sol do Equador, pertencem-te a nossa vida, nosso sonho, nosso amor!” Na luta, teu filho é o primeiro que chega. Foi o Heráclito, V. Exª é que deve ir para Copenhague. Vou lhe dizer por quê: V. Exª é um sujeito de cultura, lembro-me de Rui Barbosa que está ali. Por que ele encantou a todos? Ele encantou a todos porque, na hora lá, ele falou em francês, que era a língua universal, foi lá para a Inglaterra, no exílio, com o Marechal de Ferro - este é que era duro! -, o Floriano. Ele foi lá e encantou a todos. V. Exª é poliglota, é o pai da Eco 92. Então, a idéia é do Heráclito, que veio do Piauí, é o primeiro que luta, V. Exª tem que estar presente. E vimos a participação, V. Exª fez uma Subcomissão aqui, nesta Casa, sobre aquecimento global. Então, o mérito é de V. Exª, que tem meu voto. Vou passar, com o Heráclito, a exigir que nos represente em Copenhague.

            Mas eu queria dizer aqui, Presidente Collor, sobre esse negócio de aposentado. Olha, está errado o Presidente Luiz Inácio, atacou-lhe assim uma soberba. É, está errado, está errado. E sou o pai da Pátria aqui, eu sou, eu me sinto, eu me preparei, está ouvindo? O Pedro II, que citamos, ficava na antessala do Monroe, no Rio de Janeiro. Deixava a coroa e o cetro e vinha ouvir os senadores. Está vendo, Presidente Collor? E eu quero dizer que o Presidente está errado: ele está cercado de aloprados por todos os lados. Daí eu quis entrar aqui simbolizando tudo, a verdade. Deus escreve certo por linhas tortas, para os que são São Tomé. Focalize aí o Pedro Simon. Pode focalizar!

            Por que eu saí do PMDB? Eu confesso aquilo que pedi e o que eu fiz. Eu posso confessar. Não me envergonho de nenhuma ação minha como médico. Aliás, sou agradecido, porque o povo pobre, agradecido, colocou-me o aposto de mão santa. Eu não sou mão santa, mas sou filho de mãe santa, terceira franciscana como Pedro Simon.

            Mas, focalize! Sabe qual foi o meu pedido no PMDB? Está aí o Mercadante. O PMDB vai garantir a governabilidade? Muito bem, é lógico, nós queremos a governabilidade. Só foi um. Mercadante, esse negócio de ministro, bote um que simboliza todos nós: leve o Pedro Simon para o Ministério que o PMDB e o Brasil já estarão satisfeitos. Eu não pedi boquinha para mim não, viu, Pedro Simon? Eu não pedi boquinha para mim, lugar no Piauí, nomeação, mensalão, nada não. O pedido que eu fiz foi esse. Está ouvindo, Pedro Simon? Está aí o Mercadante. E ele achou que... Aí, vetaram. Os aloprados devem ter vetado. O nome de V. Exª não ia a Copenhague, são coisas que a gente...

            Sim, mas eu queria falar a Pedro Simon, que adentra aqui, sobre esse negócio de aposentado. “Comerás o pão com o suor do teu rosto”, mensagem de Deus. Para os governantes, propiciaram trabalho, Pedro Simon, e os velhinhos e idosos aposentados obedeceram a Deus. Obedeceram, obedeceram! Trabalharam, trabalharam, trabalharam. Trabalharam dez, vinte, trinta, quarenta anos.

            Luiz Inácio, ouça-me: eu sou o pai da Pátria. Eu sou mais preparado do que V. Exª. V. Exª é o Presidente e eu quero ajudá-lo. Eu sou Senador da República.

            Atentai bem, Pedro Simon. Eu conheço essa gente. Eu me formei em Medicina em 1966. Já havia trabalhado muito quando eu me formei, Pedro Simon. Fui professor de cursinho, de Biologia. Eu fiz o CPOR. Eu fui plantonista do Pronto-Socorro, ganhava dinheiro pelo Prefeito. Em 1966, eu já tinha uma experiência. Fui professor monitor de Fisiologia. Prenderam o professor - na revolução, diziam que o professor era comunista -, e eu o substitui. Quando eu sai, eu já sabia um bocado de coisa. Depois, fui fazer pós-graduação.

            Presidente Fernando Collor, tudo o que você imagina em Medicina eu tenho, todos os títulos. V. Exª vem de uma família abastada e eu também. O meu avô tinha dois navios e uma indústria lá no Rio. O senhor é meio carioca porque é de todo o Brasil, não é? Nasceu onde?

            O SR. PRESIDENTE (Fernando Collor. PTB - AL) - (Fora do microfone) - No Rio de Janeiro.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - No Rio de Janeiro. E estudou aqui em Brasília, não é? Só falta tomar um banho no mar do Piauí.

            Mas o meu avô, no Piauí, mudou o nome do sabão da família.

            De Moraes, para Dacopa; e a gordura de coco, ele mudou para Dunorte. Era Moraes. Ganhou da gordura de coco Carioca.

            Mas eu não fui empresário, não. Fui foi médico mesmo. Eu não tenho... Eu busquei a sabedoria, que eu acho e acredito que vale mais que ouro e prata. Mas, quando eu quero ensinar o Presidente, é porque eu sei. Eu trabalhei - sou aposentado já como médico cirurgião - numa Santa Casa de Misericórdia. Lá, no Rio Grande do Sul, tem uma Santa Casa. O Pedro Simon sabe bem. Ele ajuda. No seu Estado tem Santa Casa, Collor? No meu, tem. Eu tomei conta de uma, ajudando os pobres, de manhã, de tarde, de madrugada, baleado, esfaqueado, mulher que não paria, dava anestesia raqui. Trabalhei muito.

            Olha, outro dia, eu fui ver o meu contracheque - porque eu fiz um pronunciamento, aí a Adalgisa estava e mandou na hora - e dá três mil e pouco. Deus é bom para mim que me botou aqui no Senado, com o povo dele. Mandou o povo votar em mim, e eu estou aqui. Mas só para dizer.

            Agora, o Luiz Inácio, em verdade, em verdade, eu vos digo... Pedro Simon, é por isso que a fantasia é melhor. Vou lhe dar isso, vou lhe dar bolsa celular, vou lhe dar uma moto. Daqui a pouco é aquela Suzuki. Fantasia, porque a verdade, a vida real é dura.

            Então, eu vou lhe dizer a verdade, Luiz Inácio. De verdade em verdade, eu vos falo - não era assim que Cristo falava? Eu sou desse partido do Jesus: Partido Social Cristão -, Vossa Excelência trabalhou muito pouco, Presidente Luiz Inácio. Vossa Excelência teve o privilégio de pegar um partido organizado e de ser aluno do Senai. Eu conheço o que é o Senai. A Federação das Indústrias do Piauí foi toda criada pelos meus familiares. O Presidente é meu irmão. Eu conheço bem o Senai. É uma organização ímpar, extraordinária. Depois, eu fui médico do Sesi. Diretor. Eu formei... O Senai é uma escola técnica de alto padrão. Eu não sou industrial, não tenho nem preciso do voto dessa gente.

            Então, Luiz Inácio, Vossa Excelência nasceu em um país organizado. Vossa Excelência foi aluno do Senai. Tem escolas técnicas extraordinárias, que eu conheço, e conheço bem. O nome da escola do Senai é José Moraes Correa, meu tio e padrinho, lá no Piauí. Eu peguei uma escola do Senai, fiz um convênio com o meu irmão, que é Presidente da Federação das Indústrias, e a transformei na primeira Faculdade de Engenharia da Universidade do Estado.

            O Senai, ô Luiz Inácio... Vossa Excelência foi privilegiado. O Senai é uma boa escola, eu conheço. Eu trabalhei no sistema, como médico do Sesi, Diretor Médico. Visitei o seu Estado, que tem um Sesi organizado, para instalar o do Piauí.

            Então, Luiz Inácio, Vossa Excelência foi um felizardo. Este País era organizado. O Senai... Vossa Excelência pegou um País tão organizado que pouco trabalhou, muito pouco, e se aposentou.

            País organizado! E, agora, os velhinhos que eu vejo, Pedro Simon...

            Pedro Simon, foi Deus quem lhe mandou aqui. A presença de V. Exª é um símbolo. V. Exª é o Rui de hoje. Pedro Simon...

            Presidente Collor, o período revolucionário fez uma grande coisa, que foi dar ao trabalhador rural um ganho. Eu sei, Luiz Inácio. Eu era médico daquela gente. A Santa Casa recebia uma verba do Funrural e eu liderava todos os médicos. Ô Pedro Simon: “Ninguém mexe, esta é para a Santa Casa, para a estrutura, para funcionar”. E eu trabalhei. Talvez esse aposto de Mão Santa tenha sido dado em gratidão por esses pobres. Não, vinha uma verba global. Por isso que os hospitais eram melhores, Luiz Inácio. Todos faziam convênio com o Funrural e vinha um x em dinheiro. Vamos dizer, hoje, uns R$200.000,00, para a minha Santa Casa. Médico nenhum mexe. O provedor, o Seu Coimbra, sabe o que significa. Nós tínhamos outros ganhos, e eu liderava o grupo médico. Eu via o trabalhador rural, eu os atendia. Sei bem o que são os velhos. Olha, por muito tempo...

            E V. Exª merece respeito, Presidente Collor. Eu lhe respeito não é porque não... Respeito porque V. Exª merece. V. Exª foi Presidente e eu Prefeito. Mas quero dizer por quê. Porque eu sei, o Funrural... Esse apelido de Mão Santa foi quando botaram um posto do Funrural no Maranhão, em Tutóia, Barro Duro, para homenagear o diretor da minha Santa Casa. Luiz Inácio, esse homem morreu com 94 anos. Na véspera, eu taquei no peito dele a medalha da Renascença, a Grã-Cruz. Ele morreu pouco depois, medalhado. Operou, o Dr. Cândido de Almeida Athayde, até os 94 anos de idade, porque o aposentado tem que trabalhar para ter dignidade.

            Pois é. E era para eu representar esse Dr. Cândido. Eu acho que ele tinha medo de um teco-teco do Maranhão. Aí, eu, chegado do Rio de Janeiro, fui, com um anestesista e uma freira, e na hora das inaugurações, muito jovem, vindo do Rio, um pós-graduado, bebendo cervejinha, o churrasco, o tira-gosto... Acaba a bebida para ir à inauguração e, na hora, um dos oradores, Presidente do Sindicato, não sabia o meu nome, sabia era o do Dr. Cândido Almeida de Athayde, o Diretor de quem eu estou falando, que fez o parto de João Paulo dos Reis Velloso. Aí ele disse: “Esse doutor, esse doutor...” - ele não sabia o meu nome, sabia era o do Dr. Cândido, que ele esperava, e eu o representando -, “doutor da mão santa, que me operou, e eu estou aqui”. Chegou em uma rede, naquele tempo era rede, e ele era do Funrural.

            Mas chegou o dinheiro para os velhinhos do campo, e os velhinhos distribuíram para os seus familiares, os seus netos, Pedro Simon. O Presidente Collor merece respeito porque, quando ele chegou lá, ele mandou dar salário-mínimo para esses velhinhos. Não era o salário-mínimo, era a revolução. Eu acompanhei e vi: as famílias todas, eles ajudavam, os velhinhos, os aposentados do Funrural.

            A nossa sociedade está uma barbárie, porque a família está destroçada. Ontem, eu conversava com o que foi líder no Senado, Ney Maranhão, admirando que ele ficou com V. Exª, e ele me convencendo a ir à China. Eu nunca fui, não tive oportunidade. Conheço, assim, de estudo. E ele dizendo que o valor da China, a grandeza, Pedro Simon, é a família. É a família! A família no nosso País, Luiz Inácio, Vossa Excelência está destroçando.

            Rui Barbosa, que está ali, Pedro Simon... Pedro Simon, este Senado é grandioso. A Pátria é a família amplificada. E a nossa família está arrasada. O avô é o instrumento mais importante da família. Eu digo isso... Eu sei, ele não tem culpa, ele não tem culpa, ele não teve o avô. Mas o meu foi muito bom, acabei de lhe dizer. Nunca me faltou um livro para estudar. Meu avô...

            V. Exª é fruto de Lindolfo Collor... Não era seu avô? Ao meu também devo muito, muito. Eu sei, o Presidente aí... Lamento, mas o meu... Eu nunca me esqueço, eu esperava, no meu aniversário, ele era o primeiro que chegava com um dinheirinho. Com aquele dinheiro, eu ia passar umas férias felizes em São Luís do Maranhão, na casa dos avós paternos.

            Então, o avô é muito importante.

            O seu foi, Pedro Simon? Você conviveu com o avô?

            Os avós do nosso Brasil estão enforcados, estão arrasados, estão acabados, estão humilhados pelo Governo que está aí. É, é, Presidente Collor, essa é a verdade. Os velhinhos cumpriram o que Deus mandou: trabalharam, trabalharam, trabalharam, trabalharam, trabalharam, trabalharam. Cinquenta anos, Luiz Inácio! Fizeram um contrato, Luiz Inácio, conosco.

            Poder Judiciário, você está muito fraco. Meu líder, do meu partido, Jesus, subiu e disse: “Se és preterido pela Justiça, terás o Reino do Céu”. Mas os velhinhos querem, e estão sendo perseguidos. Isso é caso de Justiça.

            O Governo não é só o Executivo. Somos nós. É um olhando para o outro, um freando o outro. E esse Poder Executivo está errado.

            Fizemos um contrato. Os velhinhos pagaram anos, anos, anos, anos. Pressão sempre houve. V. Exª pegou também. Houve uma história, defasou em 147% - que era muito pouco na época, a inflação chegava a 80%, 100% por mês.

            Todos procuraram atualizar. E aí estão os velhinhos.

            Criou-se um monstro. Não existe, neste mundão que o Aerolula já percorreu sessenta vezes, não existe fator redutor da aposentadoria. Não existe.

            Este Senado é forte por isso. A imprensa não dá nada não, só dá palmas para o Luiz Inácio. Por isso é que esta televisão tem audiência, porque é a verdade. A imprensa vale pela verdade que diz. Então, o que temos a dizer dos aposentados é que isso não existe.

            Um deles, do Partido dos Trabalhadores, sindicalista, faz uma lei e me busca para ser Relator. Enfim, está andando neste Congresso uma, da qual fui Relator, que enterra de vez esse fator, que é uma ignomínia, uma vergonha, um roubo, um assalto, um castramento. Pessoas que passaram trinta, quarenta anos descontando sobre vinte salários mínimos estão ganhando dez; quem ganhava dez está ganhando cinco; quem ganhava cinco está ganhando dois.

            Ô Presidente Collor, e aí? Aí é que a nossa família se acabou.

            Eu quero dizer aqui que eu, Senador Mão Santa do Piauí, pai da Pátria - posso falar como Cícero, que dizia: “O senado e o povo Roma”, e eu digo: o Senado e o povo do Brasil exigimos apagar essa nódoa, essa vergonha, essa ignomínia. Não existe.

            E aprovou-se ela, a lei de que fui Relator. Na CAE, convenceram-se os Senadores, na CCJ e na Comissão de Direito Humanos. Aqui, por unanimidade. Foi ali para aquela Casa e fica naquela vergonha.

            É o seguinte, Presidente Luiz Inácio, Vossa Excelência teve instantes de coragem e de verdade quando passou por ali e disse que aquela Casa tinha trezentos picaretas. Ô Pedro Simon, nós podemos fazer uma contagem, uma CPI para saber quantos picaretas existem, se o número aumentou, se diminuiu ou se permanece o cálculo do Luiz Inácio. Vou já dizer.

            E aí foram para lá. São três projetos. Esse, para enterrar o redutor; um que nós recontamos para resgatar o que estava defasado, dezesseis vírgula pouco por cento. Sua Excelência o Presidente Luiz Inácio, inspirado por aloprados, vetou, e este Congresso não tem a grandeza... O que avacalha é isto. E eu estou aqui é para ensinar. Eu fui prefeitinho no tempo que V. Exª... A Câmara Municipal de Parnaíba, ô Pedro Simon, vetou coisa minha, e eu não estou aqui diminuído. Eu governei o Estado do Piauí, os Deputados vetaram, e eu não estou diminuído. Eu me curvei ao jogo democrático, ao Poder Legislativo, à lei. Esse negócio de não poder derrubar veto, isso é que envergonha o Congresso, isso é que apodrece o Congresso. Derrubaram o meu, Luiz Inácio, e eu estou aqui, tranquilo, acreditado, respeitado, até amado. Porque aonde eu chego agora é negócio de tirar retrato, dar autógrafo. Eu já estou duvidando que eu dou mais do que esse Roberto Carlos. É! Por esta coragem, por esta verdade, por seguir o Pedro Simon.

            Pedro Simon, e aí? Está aqui a desgraceira: os velhinhos... E eu vou dizer isso. Amigo, a gente tem pouco. Outro dia eu vi V. Exª fazendo uma análise, eu estava do seu lado. Mas eu quero dizer um. Eu conheço muita gente. Eu conheço o Senado todo. Eu conheço muitos da Câmara. Eu espero que eles apaguem esse negócio de picareta, tendo coragem diante do Natal, a festa do nascimento do nosso líder Jesus. Que eles apaguem esse negócio de picareta!

            Ô Michel Temer, V. Exª está é lascado, não vai ser é nada do que pensa servindo este Governo.

            Olha, quero lhe ensinar uma. Aliás, o Barack Obama disse - li os dois livros dele, o melhor é aquele em que ele conta a vida - só o seguinte, Presidente Collor: “Eu não sou um maconheiro, por causa dos meus avós”. Claro que ele teve pai e mãe, um bocado de dificuldades, mas ele foi educado. E quero dizer aqui que sou melhor avô do que pai. Porque pai, eu trabalhava muito, Pedro Simon. Chegava de madrugada. Os meninos foram educados pela mãe, Adalgisa. Trabalhava muito, muito, muito. Todos que eram esfaqueados, baleados, abalroados, eu ia... E os netos, eu já estou aqui, e aqui é uma vida mais mansa, já dá para estar atento.

            Então, os nossos velhinhos fizeram compromissos, acreditando no compromisso do Governo brasileiro: pagar a bolsa de estudo do filho em uma faculdade, do neto; ajudar um genro, em uma doença, com o remédio. E eles não puderam cumprir. Porque o nosso Governo tungou, capou - é como se diz lá no Piauí mesmo -, castrou, roubou mesmo, o termo é esse. Um contrato! Ô Presidente! Então, ainda está na família. O neto não respeita, não acredita e chama o avô de mentiroso, o que não é. Mentiroso, falso, covarde, ladrão é o Governo. É, não paga a aposentadoria, que está reduzida.

            Vou contar um fato: um quadro vale por dez mil palavras. Rotary Club. Pedro Simon, eu, muito novo, fui convidado para entrar num clube de serviço. Quem não vive para servir não merece viver. Passei a chamá-lo de padrinho - quando lhe convidam é padrinho. Aliás, em toda sociedade da minha cidade e do Piauí que ele ia: “Meu afilhado! Meu afilhado!”. Vou dar só um quadro para você ver a verdade. O melhor homem que conheci - conheci esses Senadores todos, conheço muita gente; tenho 67 anos -, o melhor homem que conheci foi Presidente do SESC/Senac. Tinha um status, aposentadoria, compromisso. Aí eu recebi um telefonema: suicidou-se. É, o melhor homem que conheci está no céu. Deus não vai julgar por um instante, mas por uma vida toda. Mas não é possível! Foi governador, foi Presidente do Sesc, a esposa dele estava internada, 60 anos de casados - imagino isso, agora que tenho 40! -, a Adalgisinha dele lá, e ele não pôde pagar o hospital.

            Presidente Collor, viu, viu o que está acontecendo com os velhinhos? Eles planejaram, eles sonharam com base em número certo, eles assumiram compromissos, status. Como compreender que um homem que foi tudo, que criou as maiores instituições, foi presidente da Federação do Comércio, não teria dinheiro para pagar! E o hospital botou para fora.

            Esse negócio de dizer que está bom, Collor, que a medicina é avançada! Eu sei, eu sou o Mão Santa, eu sou médico. Era o Pelé fazendo gol, Dom Hélder celebrando, Roberto Carlos cantando e eu operando numa Santa Casa. Que ela é avançada, ela é. Eu sei o que é a medicina. Eu trabalhei com Adib Jatene, com Zerbini, no início. Ela é boa para quem tem dinheiro e para quem tem plano de saúde. Para nós, Senadores, que nos oferecem: “Não quer ir para São Paulo, não, fazer um check-up?”, a gente bonzinho. Mas para o pobre...

            Pois o melhor homem que eu conheci se suicidou porque não tinha dinheiro para pagar a internação de sua esposa. Esse é o retrato de todos os aposentados do Brasil.

            Pedro Simon, O Globo: “Governo segura votação de reajuste de aposentado”. Isso é uma vergonha! O Boris Casoy podia dizer. Agora, eu posso aqui... para me tirarem daqui...

            Olhem para cá: “Pré-sal adia acordo para aposentado”.

            Isso é uma vergonha, Pedro Simon!

            Luiz Inácio, o que é que aposentado tem a ver com pré-sal? Só se Vossa Excelência está pensando em tirar o sal para salgar os defuntos que estão morrendo aí, com fome, famintos, sem remédio e sem coisa...

            Então, essas são as nossas palavras.

            Michel Temer, V. Exª está errado. Eu trabalhei pela sua eleição para Presidente. V. Exª não vai chegar a lugar nenhum. Esse negócio que eles pensaram aí, esses aloprados, porque Luiz Inácio diz que gosta de ser eleito... Que não faz greve...

            Eu vi! A imprensa não diz, não; não tem coragem, não. Só fazem o errado. A imprensa não diz, não diz. Isso a gente sabe. Eu vi. Eu li. Eu sou do Nordeste. “Meninos, eu vi”, Gonçalves Dias, I-Juca Pirama. “Meninos, eu vi”. Eu vi a cena mais feia. Isto, sim. Isto é que é vergonhoso no Congresso, o que eu vi aqui de mais feio. Eu saí aqui estimulado para acompanhar o projeto. Telefonei. E, com autoridade de Presidente, que ocupava Michel Temer, ele botou... E eu cheguei lá. Fiquei orgulhoso do meu partido, o Partido Social Cristão. O Líder falou, Hugo Leal, dizendo que o partido jamais podia negar o seu apoio aos velhinhos injustiçados, humilhados, arrasados. E aí ele citou que eu estava adentrando... Aqui parece o Maracanãzinho; lá é o Maracanã, é grandão. Pedro Simon, “meninos, eu vi”. Eu não vi nenhum... É tanta revista neste Brasil, é tanto jornal, é tanto fotógrafo! Olha lá, está tirando... Devia estar tirando era lá essa fotografia. Presidente Collor: “meninos, eu vi” (Gonçalves Dias). Atentai bem. Aí o Hugo Leal diz: “vai adentrando”. Bateram palmas pelo nosso comportamento. Aí, aquela advertência: não pode aclamar, pode-se chamar a polícia do Congresso, esvaziar as galerias... As ameaças costumeiras aos velhinhos, viu Pedro Simon?

            Aí foi falar o Vaccarezza. Vagareza! Até o nome é devagar. Por isso é que esse bicho não anda. É até um rapaz bom, é médico lá de São Paulo. Eu vi, Pedro Simon! Que pena! Não tem uma fotografia! Eu não vi uma. Deviam tirar é lá. Aí, aquela advertência, de que os velhos não poderiam aplaudir, torcer, não é? Aí, quando o Vaccarezza foi defender o indefensável, Pedro Simon, ó Deus, ó Deus, ó Deus! Que nunca aconteça isso comigo. Prefiro perder tudo. Pedro Simon, aí eu vi o Vaccarezza falando em nome do Governo, defendendo o indefensável. Os velhinhos dignos, responsáveis, que trabalharam, trabalharam e trabalharam, obedecendo a lei de Deus, só puderam fazer uma coisa: deram as costas. As costas! Eu, aqui, no Maracanã, olhando bem aí.

            Pedro Simon, isso nunca lhe aconteceu. Que Deus me faça também nunca merecer isso! Os velhinhos, com a sua força, com a sua dignidade, com a sua coragem, só tiveram uma reação, Pedro Simon: viraram as costas para a voz do Governo.

            Então, esta Casa é para isso. Advirto e acredito: ele botou para votar, mas não dá mais para esperar.

            Rui Barbosa, que está aí, disse: “Justiça tardia é injustiça manifesta”. Está tardando demais. Ficam com essa enrolada de pré-sal aqui!

            O Presidente Collor é Presidente da Comissão de Infraestrutura. Esta é uma Casa de gente preparada: não tem nada a ver com sacrifício, com humilhação, com sofrimento.

            Ó Deus, ó Deus, ó Deus, que antes do Natal venham umas bênçãos de coragem para os Srs. Deputados Federais para que apaguem aquele apelido de trezentos picaretas e venham a ser a esperança de justiça para os nossos velhinhos!

            A maior estupidez é perdermos a esperança. E eu vim aqui com coragem, mas com essa esperança! Aí, sim, quando Rui fez a lei, e a Princesa assinou, a aos escravos, jogaram flores nos parlamentares. Aí, sim, os velhos idosos irão jogar suas orações. Enganam-se aqueles que pensam que eles não influenciam.

            Barack Obama não pensou assim, Barack Obama, que diz que ele é o cara. Luiz Inácio, atentai bem, quando Barack Obama chegar a saber desse genocídio dos nossos velhinhos, ele pode terminar a frase e dizer: é o cara, mas é o cara de pau que acabou com os velhinhos do Brasil!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/11/2009 - Página 59255