Discurso durante a 209ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso, em 5 de novembro, dos 27 anos do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, de Roraima. Anúncio da construção de um novo hospital em Roraima.

Autor
Augusto Botelho (PT - Partido dos Trabalhadores/RR)
Nome completo: Augusto Affonso Botelho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ESTADO DE RORAIMA (RR), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Homenagem pelo transcurso, em 5 de novembro, dos 27 anos do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, de Roraima. Anúncio da construção de um novo hospital em Roraima.
Aparteantes
Eduardo Azeredo, Gerson Camata, João Tenório.
Publicação
Publicação no DSF de 13/11/2009 - Página 58400
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ESTADO DE RORAIMA (RR), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, HOSPITAL, MATERNIDADE, MUNICIPIO, BOA VISTA (RR), ESTADO DE RORAIMA (RR), RELEVANCIA, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, ASSISTENCIA MEDICO-HOSPITALAR, PARTURIENTE, RECEM NASCIDO, CRIANÇA, SAUDAÇÃO, SERVIDOR.
  • ANUNCIO, EMPENHO, GOVERNO ESTADUAL, INICIO, CONSTRUÇÃO, HOSPITAL, REGIÃO OESTE, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE RORAIMA (RR), ATENDIMENTO, BAIRRO, SUPERIORIDADE, NUMERO, POPULAÇÃO CARENTE.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            O SR. AUGUSTO BOTELHO (Bloco/PT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Mão Santa, para nós, esse não foi um problema, pois sabíamos da importância do tema e do momento de ele ser discutido.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no dia 5 de novembro, a única unidade pública de referência de Roraima, o Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, completou 27 anos. A comemoração foi intensa durante toda a semana, com uma programação voltada para a valorização dos servidores e da comunidade.

            Nos últimos meses, Sr. Presidente Mão Santa, a maternidade passou por mudanças que estimularam os funcionários e o trabalho em equipe. Reformas e novos equipamentos melhoraram a estrutura de atendimento ao público e, consequentemente, a participação dos servidores nas atividades desenvolvidas dentro da unidade.

            A maternidade de Boa Vista é composta por 205 leitos, que atendem a população roraimense e pessoas que vêm dos países vizinhos, como Guiana e Venezuela, pois ela é a única unidade desse porte na região, especializada em Ginecologia, Obstetrícia e Neonatologia. Para atender a essa demanda, nosso hospital possui dezenove incubadoras, oito das quais recém-adquiridas, bem novinhas, com as últimas tecnologias.

            Somente no ano passado, nosso hospital maternidade realizou 27.853 atendimentos médicos. Desses, 7.727 foram partos normais e cesarianos, ou seja, nasceu aproximadamente esse mesmo número de crianças no meu Estado, pois mais de 95% dos partos em Roraima são realizados, tradicionalmente, na maternidade de Boa Vista. Foram realizadas 1.486 cirurgias, entre as de portes pequeno, médio e grande, e 16.973 atendimentos de urgência, de emergência.

            Neste ano, o Hospital Materno Infantil ainda participa de ações como a mobilização para a conquista do selo Município Aprovado, do Unicef, parte do programa nacional Agenda Criança Amazônia, trabalhando os indicadores da saúde infantil, como aleitamento de qualidade e vacinação.

            Também em outubro, a maternidade aderiu a outro protocolo, da rede Renospe, que atua na diminuição dos indicadores de mortalidade perinatal, um dos grandes problemas em relação à mortalidade infantil no País. Roraima tem todo interesse em diminuir os índices, pois a Região Norte, infelizmente, sempre é mencionada negativamente nesse quesito.

            Nossa maternidade possui um banco de leite, que coleta leite materno para distribuir aos bebês prematuros, temos uma sala de vacinação eficiente, fazemos os testes do pezinho e da orelhinha e temos espaços destinados ao Mãe-Canguru, um programa em que as mães cuidam dos recém-natos prematuros. Há ainda um cartório dentro da unidade, para emissão de certidão de nascimento dos recém-nascidos. Só se a família não quiser mesmo é que a criança não sai da maternidade já portando seu registro de nascimento.

            Seguindo as exigências do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar, do Ministério da Saúde, Senador Gerson Camata - já lhe cedo um aparte -, o Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth criou, no início de julho, o Grupo de Trabalho Humanizado, que trabalha em prol de ações que contribuam para um melhor atendimento à saúde, desenvolvendo e avaliando projetos de humanização na maternidade.

            Cedo um aparte ao Senador Gerson Camata, com todo prazer.

            O Sr. Gerson Camata (PMDB - ES) - Eu queria cumprimentar V. Exª. Primeiro, vejo que essa maternidade tem muito do seu desvelo e do seu cuidado como médico e é um modelo para o mundo, porque já tem tudo. Emite até certidão de nascimento; a criança já sai de lá registrada. Cumprimento V. Exª pela belíssima cidade que é Boa Vista. Essa maternidade deve ser o reflexo daquela cidade, limpa, bem planejada, bem urbanizada, dedicada ao esporte e integrada à natureza. A Avenida Beira-Rio é um exemplo do que todo prefeito deveria fazer nas cidades brasileiras que estão colocadas à beira de um rio, pois serve para o lazer, serve como divertimento e serve para a prática de esportes. Fiquei impressionado naquela noite em que encontrei V. Exª lá, vindo do Haiti, exatamente com o nosso Senador Eduardo Azeredo. Tínhamos visto tanta pobreza, tanto abandono, tanto desleixo com o ser humano, mas, ao chegarmos lá, encontramos uma bela cidade no interior do Brasil. Eu imaginava que lá houvesse alguns índios, algumas tabas, mas o que vi foi uma maravilhosa cidade, uma belíssima cidade. E, aí, perguntei ao motorista: “Eu queria conhecer uma favela”. Ele falou: “Não existe ainda, não”. E tomara que nunca haja favela ali. Então, cumprimentos a V. Exª!

            O SR. AUGUSTO BOTELHO (Bloco/PT - RR) - Obrigado.

            O Sr. Gerson Camata (PMDB - ES) - Fiquei impressionado com a beleza, com o planejamento e com a limpeza da capital de seu Estado, Boa Vista. Quero cumprimentar os que foram prefeitos, os que foram governadores, todos aqueles que contribuíram para transformar aquela cidade num ponto turístico do centro da América do Sul. Percebi que tantos os venezuelanos quanto os guianenses correm para lá para fazer suas compras e para se divertir. Muitos já têm, ali, casas como se fossem de veraneio ou de férias, dada a beleza da capital do seu Estado. Cumprimentos a V. Exª e aos seus coestaduanos!

            O SR. AUGUSTO BOTELHO (Bloco/PT - RR) - Muito obrigado, Senador Gerson Camata. Realmente, nós nos orgulhamos da nossa cidade. Ela foi planejada, como o Senador Mão Santa falou. É uma das capitais planejadas. Nossas ruas são muito largas e boas para o motorista correr, mas há uma desvantagem nisso, porque o índice de acidentes de trânsito é muito alto. Estamos trabalhando para tentar educar a população, para conseguir reduzir os acidentes. Mas o que faz haver acidentes lá também é que, tradicionalmente, sempre se usa muito motocicleta em Roraima. Nos outros Estados, é de 15%, no máximo 18%, o percentual de motocicletas. Em Roraima, chegam a 30% as motocicletas. Todo mundo tem motocicleta em Roraima - quase todo mundo a tem.

            Também estou homenageando a maternidade, porque, realmente, trabalhei lá desde o dia de sua fundação. Meu pai, um dos primeiros médicos de Roraima, Sílvio Botelho, capixaba, seu conterrâneo, foi um dos que fez a primeira maternidade em Boa Vista. Era o Departamento de Assistência à Maternidade e à Infância, coisa antiga, que funcionou por muitos anos, até que foi substituído por essa maternidade. Lá há a tradição de maternidade ser uma coisa boa e bem limpa, desde o tempo das Irmãs. Da antiga, cuidavam as Irmãs da Consolata. Dessa, agora, quem cuida são os trabalhadores do Estado, concursados muitos deles - a maioria é de concursados.

            Muito obrigado pelo aparte, Senador Gerson Camata, e muito obrigado pelo elogio à minha cidade. V. Exª está divulgando nossa cidade. Precisamos divulgar mais nosso Estado. Todo mundo pensa que, em Roraima, tudo é cheio de mata e de floresta e que desmataram tudo. Quando olham nossos campos, que chamamos de lavrados, as pessoas dizem: “Derrubaram a mata toda aqui?”. Não, não, naquilo nunca houve mata, sempre foi plano. Como a gente vê a Praia da Costa e o mar lá, a gente vê nosso lavrado. Vê-se, até se perder de vista, o céu se encontrando com a terra.

            O objetivo, que tem sido, paulatinamente, alcançado, é o de proporcionar aos usuários um contato maior com os programas sociais e com os serviços oferecidos no hospital, assim como o de informar também quais atendimentos devem ser realizados na maternidade e quais atendimentos devem ser de competência dos postos de saúde.

            Quero parabenizar todos e todas que fazem parte da equipe do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth. Quero parabenizar todos os trabalhadores da saúde, todos os trabalhadores que trabalham dentro da saúde. Sempre considerei que a pessoa que limpa o hospital, que limpa o chão do centro cirúrgico, faz parte da equipe de saúde. Se ela não fizer bem seu trabalho, vai prejudicar a saúde, mas, quando a pessoa faz bem seu trabalho, ajuda a diminuir o índice de infecção, a obter mais sucesso nos procedimentos cirúrgicos, nas cesáreas e na recuperação dos recém-nascidos.

            Sr. Presidente, a esta Casa e aos telespectadores que nos assistem e aos que nos ouvem pela TV Senado, principalmente à minha gente de Roraima, quero comunicar que, em breve, iniciaremos a construção de um novo hospital em Roraima. Vai ser um hospital na zona oeste da cidade, perto dos bairros mais populosos da cidade e mais distante do Hospital Materno Infantil e do Hospital Geral de Roraima, que são os dois hospitais públicos do meu Estado que recebem as pessoas. Há o Hospital Infantil também, mas o Hospital Infantil fica um pouco mais próximo desses bairros todos da zona oeste da cidade, a parte da cidade que está fora do plano piloto inicial da cidade.

            Para começar a construção do hospital, já estão disponíveis R$16 milhões há 22 meses. O Governo do Estado é que vai fazer esse hospital, e, neste ano, teremos mais R$15 milhões para completar a obra, para ele se tornar um hospital de 150 leitos. Tenho trabalhado arduamente para tirar esse hospital do papel. Tenho tido dificuldades, mas não desisto, e vamos conseguir fazer um hospital no meio das pessoas mais necessitadas da minha cidade.

            Esse novo hospital oferecerá sessenta leitos para partos, para a Obstetrícia, setenta leitos para a Clínica Médica, seis para as Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) e oito leitos para a Unidade Neonatal. Além disso, haverá banco de leite, possibilidade de se realizarem partos mais humanizados, porque eles vão ser feitos dentro de uma tecnologia nova para partos, em que os partos poderão ser feitos no próprio apartamento, com a presença de familiares, seja o marido ou quem for designado pela paciente para acompanhar o parto. Também haverá serviços de apoio diagnóstico nesse hospital.

            Concedo o aparte ao Senador Azeredo, que também esteve em Roraima. Cedo-lhe, com prazer, o aparte.

            O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Exatamente. Apenas quero deixar meu testemunho da impressão boa que nos deixou a cidade de Boa Vista. Evidentemente, essa preocupação com a questão de saúde é correta, porque aquela é uma cidade que se está encaminhando muito bem. Portanto, a questão da saúde é fundamental. Já que estamos falando em saúde, quero, aqui, fazer um comentário sobre o que aprovamos hoje na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional: a doação do Brasil a Moçambique, portanto, uma ajuda humanitária, para a construção de uma fábrica de medicamentos contra a Aids naquele país, um país de língua portuguesa, um país pobre. Meus cumprimentos ao Governo Federal por essa iniciativa, que considero da maior importância! O Ministro Temporão pediu-me que transmitisse a todos os membros da Comissão o seu agradecimento pela forma rápida como que a Comissão aprovou a matéria. Seguramente, essa é uma atuação que nos une a todos. O número de órfãos em decorrência da Aids que nos foi apresentado por Moçambique são assustadores: quinhentos mil órfãos. Esse número me marcou muito por ser extremamente expressivo. V. Exª é médico, e, nesta oportunidade em que V. Exª faz seu pronunciamento sobre saúde, quero lembrar a importância dessa atuação do Brasil junto a Moçambique.

            O SR. AUGUSTO BOTELHO (Bloco/PT - RR) - Muito obrigado, Senador Azeredo. Inclusive, fizemos uma votação muito sensibilizados ali, porque, segundo seu relatório, trezentas mil pessoas são portadoras do vírus em Moçambique, e o governo só tem capacidade de tratar quarenta mil. Nós, brasileiros, que temos, graças a Deus, uma cobertura completa dos portadores do vírus da Aids, estamos contribuindo também para evitar que nossos irmãos da África morram, que as crianças fiquem órfãs. Quinhentas mil crianças órfãs representam mais do que a população do meu Estado. Esse é o número de pessoas que ficam sem os pais.

            Concedo o aparte ao nobre Senador de Alagoas João Tenório.

            O Sr. João Tenório (PSDB - AL) - Senador Augusto Botelho, hoje, V. Exª, em dois momentos, teve a oportunidade de manifestar, primeiro, seu conhecimento sobre o tema saúde e, segundo, ou em primeiríssimo lugar, sua grande preocupação com os assuntos que dizem respeito a essa questão. Pela manhã, na reunião da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, V. Exª nos deu uma explicação, uma pequena aula a respeito do que tratávamos - estávamos discutindo em termos técnicos -, o que, sem sombra de dúvida, foi um instrumento de convencimento para todos nós que ali estávamos da importância daquele projeto e do porquê deveríamos aprová-lo, da maneira que foi aprovado, com a velocidade que foi aprovado. E, agora, nesta tarde, V. Exª, recorrentemente, volta ao tema de saúde, o que faz com que entendamos que essa é sua grande preocupação. V. Exª não se afasta desse tema, que, sem sombra de dúvida, é um dos temas mais sérios e mais graves que envolve a sociedade brasileira. Ontem, tive a oportunidade de aqui dizer que a alimentação, hoje, em função da queda de preços dos produtos agrícolas, em função dos altos níveis da tecnologia que começou a ser usada e dos programas sociais estabelecidos no País, deixou de ser um problema, deixou de ser uma praga, como o era há 20, 25 ou 30 anos. Hoje, há outras pragas. Ontem, eu citava aqui a questão da insegurança. E, hoje, eu gostaria de citar a questão da saúde. A saúde brasileira é uma coisa muito séria e muito grave. A participação de V. Exª em todos esses eventos, em todos esses momentos, fazendo uma defesa veementemente, com todo o seu conhecimento de causa e com toda a sua vontade de fazer, faz com que V. Exª se torne, sem sombra de dúvida, um Senador indispensável para a análise e condução desse tema nesta Casa. Muito obrigado.

            O SR. AUGUSTO BOTELHO (Bloco/PT - RR) - Muito obrigado, Senador João Tenório. Sou de uma família da saúde. Meu pai foi médico e tenho dois irmãos médicos. Agradeço as palavras a V. Exª.

            Faço-lhe, agora, um convite público: não se esqueça de que Roraima é um local onde há grandes condições de produzir energia, bioenergia. V. Exª, como um dos grandes produtores e um dos mais entendidos do assunto nesta Casa, não se esqueça de que Roraima está aberta, apesar de alguns problemas ambientais, que serão contornados. Quando aprovarmos nosso levantamento geodésico, geoeconômico, conseguiremos, com certeza, a autorização para produzir álcool no nosso Estado.

            Encerrando, Sr. Presidente Mão Santa, devo dizer que, de acordo com as últimas informações do Ministério da Saúde, que está em contato com o Governo de Roraima, responsável pela execução da obra, o hospital deve começar a ser construído em breve. Haverá um hospital também na área oeste de Boa Vista, próximo dos necessitados, onde existe um maior número de pessoas.

            Graças a Deus, no nosso Estado, não há favelas! Agora, com o Programa Minha Casa, Minha Vida, vamos melhorar as condições habitacionais das pessoas que moram de forma mais precária, se Deus quiser!

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Era o que tinha a dizer.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/11/2009 - Página 58400