Discurso durante a 211ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários sobre as eleições para Prefeito e Vice, no município de Feijó, no Acre, no próximo domingo.

Autor
Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Geraldo Gurgel de Mesquita Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Comentários sobre as eleições para Prefeito e Vice, no município de Feijó, no Acre, no próximo domingo.
Publicação
Publicação no DSF de 17/11/2009 - Página 59451
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • ANUNCIO, RENOVAÇÃO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, MUNICIPIO, FEIJO (AC), ESTADO DO ACRE (AC), MOTIVO, CASSAÇÃO, PREFEITO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CRIME ELEITORAL, REPUDIO, DECISÃO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, LANÇAMENTO, CANDIDATURA, APREENSÃO, CONTINUAÇÃO, IRREGULARIDADE, REGISTRO, VISITA, GOVERNADOR, AMEAÇA, POPULAÇÃO, EXTINÇÃO, BOLSA FAMILIA, OCORRENCIA, PERSEGUIÇÃO.
  • DEFESA, CANDIDATO, COLIGAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), SUPERIORIDADE, APOIO, OPINIÃO PUBLICA.
  • ELOGIO, INDEPENDENCIA, ATUAÇÃO, JUSTIÇA ELEITORAL, ESTADO DO ACRE (AC), LEGALIDADE, CASSAÇÃO, MOTIVO, CORRUPÇÃO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, EXPECTATIVA, REFORÇO, ATENÇÃO, IRREGULARIDADE, CAMPANHA ELEITORAL, INDICIO, AMEAÇA, CONCLAMAÇÃO, ORADOR, POPULAÇÃO, REPUDIO, INTIMIDAÇÃO, LIBERDADE, VOTO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, caro amigo Senador Paim, venho, como de hábito, do interior do Acre: estive em Feijó neste final de semana.

            Feijó vive uma particularidade jamais vivida no Estado: uma eleição atípica para a prefeitura daquele bonito município. Como eu tive oportunidade de informar à Casa, recentemente dois prefeitos ligados ao PT, no meu Estado, foram cassados por corrupção eleitoral. Anteriormente, outro já havia sido afastado da prefeitura. Há processos envolvendo outros prefeitos do PT. Situação curiosa essa, denota um certo modus operandi preocupante. E a coisa é mais preocupante ainda quando...

            Em primeiro lugar, eu acho que o PT e a Frente Popular deveriam estar com vergonha de ver um prefeito seu afastado por corrupção eleitoral. Deveriam ir à praça pública pedir desculpas à população de Feijó.

            Mas, ao contrário disso, lançaram mais uma vez uma candidata. Nada tenho contra ela e nem a conheço pessoalmente, mas, em torno da candidatura dela, voltam as ameaças à população do candidato que particularmente apoiamos, candidato consagrado da outra vez pelas urnas, que só não tomou posse porque a eleição foi roubada. É o ex-Vereador Dindim do PSDB. O meu Partido apresentou o candidato a Vice-Prefeito - o também ex-Vereador Pelé. São duas figuras públicas no Município de Feijó da maior integridade, do maior compromisso com a população de Feijó e estão, mais uma vez, empenhados numa candidatura com largo apoio popular, mas se vendo às voltas, mais uma vez, com uma campanha sórdida, uma campanha virulenta.

            Imagine, Sr. Presidente, que o Governador do Estado perdeu o tempo dele para ir a Feijó ameaçar a população, dizendo que se a candidata da Frente Popular não for vencedora, o Programa Bolsa Família será extinto do Município. Olhem que coisa vergonhosa é isto: um Governador de Estado perder tempo com uma ameaça ridícula como esta.

            O Bolsa Família é um programa federal, não cabe ao Prefeito dar seguimento a ele ou extingui-lo, fazer ou deixar de fazer alguma coisa em relação a ele. Isso é ridículo, para não dizer grosseiro com a população de Feijó, que não merece um tratamento desses. Há demissões de pessoas que trabalhavam em empresas que prestavam serviço ao Município, por serem pessoas que - numa cidade do interior, logicamente, todo mundo se relaciona com todo mundo, todo mundo é amigo - trabalhavam numa empresa que presta serviço à prefeitura. Elas foram demitidas porque eles intuíram que poderiam votar no candidato Dindim. Eu repito, Senador Paulo Paim, que teria vergonha de me apresentar de novo com uma candidatura. E, se fizesse, primeiro pediria desculpas à população pela coisa desastrada ocorrida no Município de Feijó.

            Há evidências, há fatos de movimentações no mínimo suspeitas nessa curta campanha eleitoral. Há ameaças a simples garis da cidade. Que coisa mais triste, que coisa vergonhosa ameaçar um gari de demissão, a ponta mais frágil de uma administração municipal, caso vote no candidato da oposição.

            Já vi muita coisa acontecer no meu Estado, mas a esse nível, confesso, ainda teria que viver para ver. Uma vergonha! A população de Feijó, em pesquisas realizadas, oferece uma ampla margem de intenção de voto, uma diferença grande do candidato Dindim, do PSDB, em coligação com o PMDB, meu Partido, uma ampla diferença. Mas é preocupante a atitude do PT, da Frente Popular, dos partidos que formam a Frente Popular naquele Município. A campanha é a campanha do terror, a campanha é a campanha da cooptação, e sei lá por meio de que artifícios e com que argumentos. De repente, um grande empresário de Feijó, que militou na oposição até um dia desses, anuncia o seu embarque na candidatura dessa moça que é candidata do PT; e não se sabe que tipo de argumento o convenceu. É muito curioso, é muito complicada a coisa.

            Há quem diga que o PT e a Frente Popular apostam que a Justiça Eleitoral não irá anular duas vezes o mesmo processo eleitoral. E que por conta disso, estão fazendo e desfazendo. Há notícias de mala preta, de mala branca. Agora, as atitudes são em praça pública, as ameaças ostensivas. Nunca vi uma coisa dessas. Ameaças ostensivas de que o mundo vai acabar, de que a população de Feijó ficará sem o Bolsa Família, sem outros programas, que o Governo do Estado virará as costas ao Município caso o Vereador Dindim seja eleito.

            Acho que isto configura até crime: um Governador de Estado dizer uma coisa desta. Além de ser falta de respeito, eu acho que configura crime inclusive.

            Portanto, eu queria trazer ao conhecimento da Casa antes que alguma coisa trágica aconteça. Uma eleição dessa natureza pode ser tomada de novo, como foi a outra. A outra foi tomada, foi roubada, tanto assim que a Justiça Eleitoral cassou o Prefeito. As provas eram tão evidentes, tão contundentes que a Justiça Eleitoral do meu Estado não teve o que fazer a não ser cassar o Prefeito. E aqui eu rendo as minhas homenagens à Justiça Eleitoral do meu Estado, que, numa postura de independência, decidiu, conforme a prova dos autos, decidiu conforme a lei, porque, não se iluda quem está me ouvindo, a pressão para que a Justiça decidisse de outra forma talvez tenha sido grande. Por isso as nossas homenagens à Justiça Eleitoral do meu Estado.

            E trago esta informação à Casa com muito pesar. Gostaria de estar dizendo que, em que pese a anulação do processo eleitoral por compra de voto, por corrupção eleitoral, a coisa dessa vez está ocorrendo com a maior lisura, mas não está, não está. Embora haja ameaças grosseiras e outros fatos, não posso aqui ser leviano e apontá-lo porque não tenho provas, só tenho indícios, informações. E a coisa está rolando. E aí a população se socorre com quem, vai procurar quem?

            É triste uma organização política, que um dia já sinalizou para o Estado com a perspectiva de mudança de hábito, de costumes, de práticas e de procedimentos, hoje ser levada, hoje ser obrigada a se valer de recursos como estes: ameaças, corrupção eleitoral. Será que não há outra maneira de se vencer uma eleição? É triste! É triste e preocupante!

            População de Feijó, aqueles que estão me ouvindo, não se deixem intimidar, apesar de estarmos lidando com pessoas que fazem com que nos preocupemos,

            É justa a preocupação da maioria das pessoas que moram em Feijó. É justíssima a preocupação daqueles que estão enfrentando um processo eleitoral que começa a se mostrar da forma com o outro ocorreu, desigual, desonesto - eu diria.

            Mas é preciso resistir. É preciso darmos uma lição a essas pessoas de que a prática democrática deve se sobrepor a qualquer outra, de que o respeito à opinião, à manifestação das pessoas é regra que deve ser consagrada. As pessoas não podem ser ofendidas no seu direito de decidir. As pessoas não devem ser ameaçadas para fazer ou deixar de fazer alguma coisa.

            Que democratas são esses? Democratas autoritários, truculentos - truculentos! -, que batem no peito e se chamam de democratas, mas que, na essência, por dentro, são truculentos, perseguidores, vingativos. Que coisa triste uma organização política enveredar por um caminho como esse para tentar sobreviver politicamente. Busquem a sustentação popular, busquem o prestígio com ações concretas, decentes, sérias, e a população os acompanhará.

            Mas não é assim, não assim. Essa é uma prática escusa. Essa é uma que violenta a integridade moral da população de Feijó. Peço aos meus conterrâneos e às minhas conterrâneas que estão em Feijó que deem uma nesse povo, que recolham, que guardem seus receios, seus medos. É bom que tenham medo mesmo porque essas pessoas intimidam mesmo. Essas pessoas causam medo e pavor, mas sustentem esse medo, esse pavor, por mais um pouquinho de tempo. A eleição ocorrerá no próximo domingo. Vamos dar uma lição nessas pessoas! Vamos fazê-las engolir tanta arrogância, tanta truculência! Que Deus proteja a população de Feijó, a população do meu Estado. Que a gente consiga tomar uma decisão soberana, seja ela qual for, mas num clima e num ambiente de tranqüilidade. Para que isso? É covardia ameaçar pessoas humildes, pessoas simples, pessoas que por estarem tão ocupadas com a própria sobrevivência, o dia a dia, não têm, por vezes, o discernimento de perceber que isso é um engodo, que é uma empulhação. Empulhação é o nome desse processo. Empulhação. São pessoas que se dizem democratas, mas agem como trogloditas, truculentos, violentos, ameaçadores, perseguidores e vingativos.

            Que Deus ilumine a consciência de homens e mulheres de Feijó, para que o resultado de domingo seja uma grande lição nessas pessoas que esqueceram por completo como se atua politicamente, como se conquista uma população, e partiram para a sofreguidão do poder pelo poder. Que deus ilumine a consciência e o tirocínio das pessoas de Feijó, que, domingo, repito, escolherão o novo Prefeito, o novo Vice-Prefeito. Eu aqui dou o meu testemunho quanto ao Dindim e quanto ao Pelé. Dindim é candidato a Prefeito; Pelé é candidato a Vice-Prefeito. Eu, aqui, dou o meu testemunho da honestidade, da lisura desses dois homens públicos e do entusiasmo e do desejo deles de fazerem o melhor por Feijó.

            Presidente, muito obrigado pelo tempo concedido.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/11/2009 - Página 59451