Discurso durante a 208ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Anúncio de que votará contra a entrada da Venezuela no Mercosul. Manifestação em defesa dos aposentados e pensionistas de todo o País e da CPI da Previdência.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL. POLITICA EXTERNA. POLITICA SOCIAL. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Anúncio de que votará contra a entrada da Venezuela no Mercosul. Manifestação em defesa dos aposentados e pensionistas de todo o País e da CPI da Previdência.
Publicação
Publicação no DSF de 12/11/2009 - Página 58269
Assunto
Outros > ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL. POLITICA EXTERNA. POLITICA SOCIAL. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, DECISÃO, TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL (TRE), ESTADO DO PARA (PA), ACOLHIMENTO, PEDIDO, INTERVENÇÃO, GOVERNO ESTADUAL.
  • DECLARAÇÃO DE VOTO, OPOSIÇÃO, INGRESSO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, PERIODO, MANDATO, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, MOTIVO, DITADURA.
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, ANUNCIO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DOAÇÃO, TELEFONE CELULAR, BENEFICIARIO, BOLSA FAMILIA, FAVORECIMENTO, ELEIÇÕES.
  • REPUDIO, ATUAÇÃO, SUSPEIÇÃO, CORRUPÇÃO, DEPUTADO FEDERAL, RELATOR, OBEDIENCIA, EXECUTIVO, OBSTACULO, TRAMITAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, PROJETO DE LEI, FAVORECIMENTO, APOSENTADO, APRESENTAÇÃO, PARECER CONTRARIO.
  • APRESENTAÇÃO, REQUERIMENTO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL, ESPECIFICAÇÃO, ERRO, ALEGAÇÕES, DEFICIT, SUPERIORIDADE, EMPRESA, DEVEDOR, CONTINUAÇÃO, INADIMPLENCIA, IMPUNIDADE.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje, eu poderia falar do pedido aprovado pela Justiça Eleitoral do meu Estado, o Tribunal Regional Eleitoral, na votação dos Desembargadores do Estado do Pará, que, por 21 votos a 1, aceitaram o pedido de intervenção no Estado. Com muita preocupação, recebi essa notícia hoje, pela Internet, divulgada nos sites de todos os jornais paraenses. É uma preocupação, porque não desejamos isso para o Estado do Pará. Mas preferimos deixar o assunto para outra oportunidade, até mesmo para que possamos, no decorrer do dia de hoje, obter mais notícias sobre essa preocupante intervenção que, possivelmente, ocorrerá no meu Estado.

            Eu poderia também, Senador Mão Santa, falar sobre a entrada da Venezuela no Mercosul, tão comentada durante a semana, tão propalada, principalmente pelos comentários feitos pelo Presidente-Ditador Chávez, que ameaça a Colômbia de uma guerra. Sr. Presidente, quero deixar bem claro a V. Exª, que é meu amigo, à Nação brasileira e ao meu Estado que, enquanto Hugo Chávez, o ditador, for Presidente da Venezuela, votarei contra a entrada da Venezuela no Mercosul. Declaro antecipadamente meu voto desta tribuna, Sr. Presidente. Quando chegar a hora da discussão da entrada ou não da Venezuela no Mercosul, estarei aqui nesta tribuna, mostrando o porquê de eu ser contra a entrada da Venezuela no Mercosul.

            Poderia eu falar também, Sr. Presidente, das notícias veiculadas nos jornais dizendo que o Presidente Lula vai doar telefone celular a todas as famílias que recebem Bolsa Família. Isso dá um pronunciamento de horas e horas e horas e horas. Mas, vou falar sobre os aposentados. Vou deixar esses assuntos para outro dia.

            Senador Geraldo Mesquita, vamos meditar um pouquinho, vamos supor que V. Exª me dá dinheiro e chega até mim e diz: “Mário Couto, você está desamparado, não está trabalhando. Vou lhe dar, todo o mês, uma bolsa-dinheiro”. Passa um tempo, passa um tempo, passa um tempo, e V. Exª volta até mim e me diz: “Mário Couto, resolvi agradá-lo mais. Estamos a menos de um ano das eleições, este é um período pré-eleitoral, e preciso fazer minha candidata Dilma, que não está decolando, está com quinze pontos percentuais há muito tempo e não passa disso. Então, Mário Couto, quero garantir seu voto, quero garantir seu voto. Eu já lhe dou dinheiro e, agora, quero lhe dar um telefone celular”. Aí, eu agradeço ao Geraldo Mesquita e pergunto-lhe: “V. Exª me dá bolsa-dinheiro, V. Exª me dá telefone celular, mas não me dá condição de saúde, de segurança, de educação, de transporte, de portos, de aeroportos, para que eu possa viver socialmente!”. Aí V. Exª reconhece que não me dá dignidade de vida, mas V. Exª passa a cantar aquela música daquela novela: “Você não vale nada, mas eu gosto de você”. Não é isso, Geraldo Mesquita? Aí se canta esta música: “Eu sei que você não vale nada, mas eu gosto de você. Você me dá dinheiro e telefone celular. Então, eu gosto de você e vou votar na Dilma”.

            Mas não vou falar desse assunto hoje, meu grande amigo Senador Mão Santa. Vou falar daquela novela que já estamos acostumados a ver toda semana na Câmara, principalmente agora que o projeto do Senador Paulo Paim está lá. É a novela “O Rei que massacra os aposentados deste País”. Essa é a novela. O ator dessa novela é o Deputado Federal João Carlos Bacelar; esse é o ator dessa novela.

            Meu querido ex-Vice-Presidente da República, quanto eu o admiro pela sua postura, Senador Marco Maciel! Quanto o admiro pela postura de V. Exª! Digo a V. Exª, Senador, que, enquanto este País viver na submissão do Poder Executivo - quando digo “este País”, quero me referir a esta Casa, porque representamos a população deste País, representamos este País -, enquanto se conviver com essa submissão, não vamos chegar a lugar algum neste País. Sabemos que esta Casa é submissa. Sabemos que aquela Casa é submissa. A ordem que vem do Planalto é seguida religiosamente, maltrate quem maltratar, massacre quem massacrar. A submissão é muito clara no Parlamento brasileiro.

            Esse Deputado está obedecendo a uma ordem da Presidência da República e não tem como negar isso. Ele está envolvido em processos de corrupção e está amparado pelo Governo, para que nada lhe aconteça. Ele tem cargos públicos e só vive com verbas públicas. Se não lhe derem essas verbas, ele não tem capacidade de ser Deputado na vida. Por isso, é submisso. E sabemos que essa submissão - V. Exª, que é historiador e grava tudo nessa mente maravilhosa, também sabe disto - vem do tempo de César, em 58 a.C. No Senado Romano, quando Cícero defendia a independência do Senado, a República e a democracia, estavam lá aqueles que obedeciam a César. E Cícero sofreu muito com isso, a população romana sofreu muito com isso. Olhem, contem 2009 mais 58. Há quantos anos a submissão permanece na face da Terra?

            Senador Mão Santa, as máscaras estão caindo. O cara se esconde sob a proteção do rei até o momento em que aparece um problema desse nível, em que a população de aposentados, com mais de vinte milhões neste País, é massacrada. Aí colocam aquele Deputado e dizem: “Olhe, esse aí já tem um conceito ruim, mas ele é corajoso, ele é corajoso!”. Dizem isso, para não dizer que ele é cínico, porque isso não é coragem, é cinismo! “Dá para ele que ele resolve.” Lá vai ele ser o Relator de uma matéria para derrubar os velhinhos desta Nação que sofrem tanto! Mas ele não pode negar, ele não pode negar! É o que deve acontecer hoje naquele plenário novamente.

            Ao se ver, como vi, Senador Presidente, esse Deputado João Carlos Bacelar... Alô, Bahia! Bahia querida, grave esse nome! Sabe-se que 10% da população são aposentados. João Carlos Bacelar é o nome do homem. Gravem o nome desse homem. Vinguem-se dele, aposentados! Vinguem-se dele! Massacrem-no nas urnas, aposentados! Esta é a única força que vocês têm hoje: o voto na mão. Massacrem-no! Deem a resposta para esse Bacelar da vida!

            O homem, ao ler seu parecer, tremia. Vi a mão trêmula dele. Ele sabia que ali estava praticando uma desgraça com a população de aposentados do País. Ele sabia que aquele ali chamado Cristo estava vendo a postura dele, de massacre aos aposentados deste País. Mas ele é covarde, ele não tem coragem para dizer “não” ao Presidente da República. Ele não tem coragem! E teve ainda o cinismo de dizer que a avó dele tinha ligado para ele pedindo para que ele relatasse a favor dos aposentados, porque ela queria ser beneficiada. Meteu a própria avó nas condições que ele faz com o Governo, nos acertos que ele faz com o Governo!

            A novela deve prosseguir hoje, Senador Mão Santa. Hoje é o dia marcado para que se votem novamente os projetos do Senador Paim. Não acredito, Senador, não acredito, mas devem fazer novamente um acordo, e a ordem deve ser a seguinte: “Não quero saber de aposentados. Que morram! Prefiro dar empréstimos a países como a Venezuela, de Hugo Chávez; como a Bolívia, de Evo Morales; como Cuba; como Angola. Prefiro dar dinheiro para esses países, mas não quero regularizar a situação, não quero dar o direito dos aposentados brasileiros. E sou eu, Lula, que prometi durante a campanha dar esse direito aos aposentados, que prometi regularizar a situação dos aposentados, que digo isso”. Mostra sua verdadeira face de horror - a face de horror - aos aposentados deste País! Hoje, a novela se repete lá.

            Srªs e Srs. Senadores, neste momento, estou dando entrada no requerimento da CPI da Previdência. Talvez, nos últimos tempos, essa seja a única CPI que tenha conseguido 37 assinaturas nesta Casa, e ainda faltam quatro, garantidas. Sei que terei muito trabalho. Quero dedicar meu esforço, minha dignidade e meu suor aos velhinhos deste País. Lutarei por vocês enquanto estiver aqui. Sei que vão querer tirar as assinaturas daqui, mas não acredito que os Senadores deixem isso acontecer. Sei que vão demorar a indicar os nomes para que essa CPI funcione. Sei de tudo o que pode acontecer, Nação brasileira, mas não desistirei.

            Vou dar entrada, Senador Mão Santa, daqui a pouco, nesse requerimento da CPI da Previdência. Quero que V. Exª possa ler o documento da CPI, Senador Mão santa. Quero que V. Exª, que tem demonstrado tanto respeito pelos velhinhos brasileiros, possa nos ajudar a saber se a Previdência é deficitária como dizem mesmo. Mentira, Senador Mão Santa! Mentira! A Previdência não é deficitária. Mas o que quero mais mostrar aqui, Nação brasileira, é quais são as empresas que devem à Previdência? A Caixa Econômica Federal deve à Previdência. Os Correios e Telégrafos, Nação, devem à Previdência. E dizem que a Previdência não tem dinheiro para dar o reajuste dos aposentados.

            Essa CPI vai esclarecer isso. Essa CPI vai mostrar isso à Nação. Com o funcionamento dessa CPI, toda semana, estarei nesta tribuna mostrando o que aconteceu lá, mostrando à Nação brasileira quais são as empresas que devem. Por que aquelas de iniciativa privada não pagam? Sabem por que não pagam? Porque, quando se está próximo das eleições, precisam delas. “Não, não mexam naquela ali, porque, naquela ali, eu tenho um amigo e, próximo das eleições, vou precisar dele.” É assim o nosso País. É assim que funcionam as coisas no nosso País, chamado Brasil querido.

            E, hoje, isso está mais escandalizado. Hoje, todo mundo pode. Hoje, não pega nada com ninguém. Senador Marco Maciel, responda-me só uma pergunta, para eu descer desta tribuna: de todas as denúncias de corrupção de que V. Exª nos últimos tempos ouviu falar ou sobre as quais leu em jornal, de todas, desde a daquele Waldomiro - aí sim, seguiu uma imensidão de corrupção -, quem está condenado? Ninguém! Nenhum! Nenhum! E termina o Governo Lula, ninguém viu, ninguém vê, ninguém é culpado.

            Você não vale nada, Presidente Lula, mas eu gosto de você.

            Senador Mão Santa, muito obrigado.


Modelo1 4/20/247:40



Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/11/2009 - Página 58269