Discurso durante a 208ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Breve comentário acerca do episódio, repercutido internacionalmente, em que a estudante universitária Geisy Arruda foi hostilizada por colegas, por estar trajando uma minissaia. Repúdio àqueles que não entendem o novo perfil da sociedade.

Autor
Valter Pereira (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Valter Pereira de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
FEMINISMO.:
  • Breve comentário acerca do episódio, repercutido internacionalmente, em que a estudante universitária Geisy Arruda foi hostilizada por colegas, por estar trajando uma minissaia. Repúdio àqueles que não entendem o novo perfil da sociedade.
Publicação
Publicação no DSF de 12/11/2009 - Página 58350
Assunto
Outros > FEMINISMO.
Indexação
  • REPUDIO, OCORRENCIA, AGRESSÃO, ESTUDANTE, MULHER, MOTIVO, VESTUARIO, UNIVERSIDADE, DESRESPEITO, LIBERDADE, EXPULSÃO, VITIMA, IMPUNIDADE, AUTOR, VIOLENCIA.
  • COMENTARIO, OCORRENCIA, SOLIDARIEDADE, UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES (UNE), MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), IMPRENSA, ENTIDADE, FEMINISMO, DIREITOS HUMANOS, DECISÃO, UNIVERSIDADE, REVOGAÇÃO, EXPULSÃO, PROTESTO, MANUTENÇÃO, PUNIÇÃO, TRANSFERENCIA, ALUNO, EDIFICIO, OBJETIVO, ISOLAMENTO, IMPORTANCIA, MANIFESTAÇÃO, REPUDIO, LEGISLATIVO, DEFESA, LIBERDADE, DEMOCRACIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. VALTER PEREIRA (PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na verdade, eu quero fazer um breve comentário sobre um episódio que hoje ocupa grandes espaços na mídia, é discussão em várias reuniões, vários fóruns, na universidade, fora dela, nos sindicatos, nos movimentos feministas. É sobre uma minissaia brasileira que fez um longo trajeto, percorreu numerosos países e alcançou até uma nação mulçumana. Estou falando, na verdade, de um episódio grotesco: a humilhação, o constrangimento a que foi submetida a estudante Geisy Arruda, por seus colegas, em razão de ter ousado de ter tido coragem de ir à universidade vestindo uma minissaia.

           E isso, Sr. Presidente, se tivesse acontecido em uma escola de ensino fundamental e médio, já teria por si só trazido uma polêmica, porque a minissaia está incorporada à cultura do povo brasileiro e faz parte de todos os costumes da escola, dos clubes e de todos os ambientes públicos.

           Portanto, se lá, em um escola, em um estabelecimento de ensino fundamental ou ensino médio, já causaria espécie, imagine como compreender isso no interior de uma universidade, onde o espírito acadêmico é moldado pelo respeito às liberdades públicas, pelo acatamento às preferências de cada um?

           O constrangimento a que a jovem foi submetida foi de tal ordem que ela teve que se valer de proteção policial para deixar o estabelecimento de ensino.

           Por incrível que pareça, Sr. Presidente, a jovem que fora agredida moralmente e até ameaçada fisicamente acabou sendo expulsa. Aqueles que provocaram o constrangimento, aqueles que promoveram a humilhação dela ficaram imunes, não sofreram nenhum tipo de reprimenda.

           Então, um fato inusitado: de repente, aquele que é o algoz passa a ser a vítima e a vítima passa a ser o algoz.

           O fato, todos nós acompanhamos, ganhou a mídia e provocou uma generalizada reprimenda à universidade.

            Eu me lembro de declarações de diretores da UNE até o Ministro da Educação, de contrariedades manifestadas por entidades de direitos humanos e movimentos feministas, todos em solidariedade à estudante Geyse Arruda, em razão dos constrangimentos a que ela se submetera. Em função dessa reação, o que fez a universidade? A universidade recuou! Recuou e tornou sem efeito a expulsão que havia aplicado àquela jovem. Mas hoje, ao ler os jornais, deparo-me com um novo recuo da universidade. Decidiu a direção que a jovem deveria ser punida, sim. Não com a expulsão porque, na verdade, essa medida já havia sido revogada, mas com a mudança do prédio. No mesmo campus universitário, isolaram a jovem em outro prédio.

            Ora, Sr. Presidente, uma medida como essa significa o quê? Que subsistiu a uma retaliação, que subsistiu a uma punição. Apenas mudou de forma, porque o preconceito, a discriminação ocorreu no momento em que a universidade impôs a remoção da jovem, a segregação da aluna, da acadêmica.

            Falando aqui, Sr. Presidente, com a maior franqueza, tem que se reconhecer que a atitude machista reflete uma cultura e ali reflete a cultura dessa universidade que se confirmou, que se impôs. É claro que nós, que fazemos parte do Parlamento brasileiro, onde a legislação toda que tem sido escrita vai na direção de repudiar quaisquer formas de humilhações, de violações aos direitos humanos, de constrangimentos às pessoas, temos que manifestar o repúdio quando se pratica um atentado contra esses valores.

            Portanto, Sr. Presidente, na verdade, a minha fala, nesta noite, é só no sentido de promover este repúdio àqueles que não estão conseguindo entender o novo perfil da sociedade e minha solidariedade àqueles que, ainda, num país democrático e liberal como é o nosso, têm de conviver com essas formas de opressão.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/11/2009 - Página 58350