Discurso durante a 212ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem à memória do Professor Hélio Gracie.

Autor
Jefferson Praia (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: Jefferson Praia Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à memória do Professor Hélio Gracie.
Publicação
Publicação no DSF de 18/11/2009 - Página 59539
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ATLETA PROFISSIONAL, PROFESSOR, ENSINO, DESENVOLVIMENTO, TECNICA DESPORTIVA, LUTA, CONTRIBUIÇÃO, DISCIPLINAMENTO, AUMENTO, CONFIANÇA, ALUNO, RESPEITO, ADVERSARIO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. JEFFERSON PRAIA (PDT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, bom-dia a todos.

            Quero inicialmente parabenizar o Senador Arthur Virgílio pela iniciativa desta homenagem que fazemos ao grande Mestre Hélio Gracie. Cumprimento toda a Família Gracie, cumprimento Rickson Gracie, já que sou um dos - ele não sabe disso - seus fãs.

            Minhas palavras vão ser breves. Eu apenas quero dar aqui um rápido depoimento. Não tive oportunidade de praticar jiu-jitsu. Mas hoje estamos homenageando o jiu-jitsu brasileiro, uma referência mundial e, é claro, homenageando as artes marciais.

            Tive a oportunidade de treinar um pouco o judô, e comecei a treinar porque apanhava na rua. Eu era criança e, em todas as vezes que saíamos, havia uns garotos mais danados, mais levados, os mais brigões. A minha mãe nos criou, eu e mais dois irmãos, mais dentro de casa, estudando, cobrando muito. Todas as vezes em que íamos à escola, alguém começava a criar problemas, e chegávamos em casa tendo levado alguns murros; levávamos algumas peias. E foi dessa forma, então, foi esse o primeiro motivo pelo qual conversei com o meu pai para que eu e meus irmãos fôssemos, à época, treinar judô. Tive como mestre lá, em Manaus, o Professor Noguchi, que me deu as suas impressões, que me deu as suas orientações. E, mais à frente, tive oportunidade também de treinar com uma grande figura, mestre que também esteve no Estado do Amazonas, chamado Tetsuo Fujisaka. Então, Senador Arthur Virgílio, em 1976, cheguei até a faixa roxa e tive aí um pouquinho de preparo para ser campeão amazonense.

            Mas esse não é o ponto principal da minha fala. O ponto principal é: o que aprendi ao praticar a arte marcial? Acredito que hoje percebemos isso nos diversos depoimentos, quando ouvi, por exemplo, a fala do Rickson Gracie, que é o impacto que traz para a sua vida praticar arte marcial. Uma das coisas que aprendi, Senador Magno Malta, foi a cair e a levantar. Então, quem pratica arte marcial, leva uma queda e levanta, ou para derrubar o adversário, ou para cair de novo, mas levanta. Então, aprendi isso.

            A vida da gente tem momentos bons e maus, em que você cai, mas você tem que levantar para continuar em busca do seus objetivos. Portanto, tornei-me uma pessoa persistente, nunca fui de desistir dos objetivos. E, na arte marcial, nós aprendemos a ser persistentes. Você pratica a arte marcial e vai em busca de um objetivo: ser campeão na sua categoria. E, é claro, nos primeiros momentos, o resultado é este: a medalha que se ganha. Mas aquela preparação por que você está passando - e aqui percebo diversos alunos e os mestres nos passam isso - é uma preparação para a vida. Com isso, você vai, como disse muito bem o Rickson Gracie, vencendo o medo, porque a grande questão na vida dos seres humanos é como você pode vencer o medo.

            Esse é um exercício diário, um exercício que você faz o tempo inteiro. E na prática da arte marcial, nós aprendemos a dar esse passos na direção do enfrentamento do medo. Quem pratica arte marcial, quem praticou arte marcial, dificilmente vai fugir de qualquer desafio que tenha pela frente, em qualquer área que entrar. Na área de que estiver participando, no mercado de trabalho ou em qualquer desafio que tenha na sua vida, jamais vai deixar de ir à luta, de buscar alcançar o seu objetivo, porque aprendeu a enfrentar esse medo. O medo que têm, por exemplo, aqueles que são empresários: “Faço um investimento ou não faço um investimento?” O que praticou arte marcial é mais ousado. Ele vai analisar todos os aspectos, mas, se quer dar um passo maior no seu empreendimento, ele não tem tanto medo quanto aquele que não praticou arte marcial.

            E, para concluir, Senador Arthur Virgílio, nós aprendemos, acima de tudo, a respeitar os nossos semelhantes. Então, com a arte marcial, você respeita o próximo, você considera o outro tanto quanto você. Você sabe que aquela pessoa precisa ter um respeito tão grande quanto você tem por si mesmo. E é essa a grande coisa das artes marciais. É dessa forma que vejo o jiu-jitsu no nosso País.

            Para finalizar, quero parabenizar todos os professores. No jiu-jitsu também, Rickson, nós somos idealistas. Você é um idealista. É aquele que faz por amor, por um ideal. Não tem, na sua atividade, como finalidade-fim ganhar dinheiro, mas faz por amor, por ideal, por acrescentar alguma coisa às pessoas.

            Tenho certeza que nas academias, com todos os mestres que estão aqui, o maior prazer, ao final, é ver os seus alunos bem treinados, avançando na direção de terem uma vida melhor.

            Portanto, parabenizo todos: o Senador Arthur Virgílio pela iniciativa; toda a família Gracie; nosso mestre Hélio Gracie, que está em bom lugar. Toda a obra que ele fez, ao longo de sua vida, foi de preparar melhores seres humanos em nosso País e no mundo.

            Muito obrigado. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/11/2009 - Página 59539