Discurso durante a 214ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato das atividades de uma professora "D. Isolina" que ministra aulas em uma ilha no litoral do Paraná para três crianças. Exposição de visitas feitas por S.Exa. a diversos municípios paranaenses e as necessidades e demandas das comunidades visitadas.

Autor
Osmar Dias (PDT - Partido Democrático Trabalhista/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Relato das atividades de uma professora "D. Isolina" que ministra aulas em uma ilha no litoral do Paraná para três crianças. Exposição de visitas feitas por S.Exa. a diversos municípios paranaenses e as necessidades e demandas das comunidades visitadas.
Publicação
Publicação no DSF de 19/11/2009 - Página 60171
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • IMPORTANCIA, ATIVIDADE, PROFESSOR, ENSINO, COMUNIDADE, PROXIMIDADE, MUNICIPIO, GUARAQUEÇABA (PR), ESTADO DO PARANA (PR), COMPROMISSO, CIDADANIA, FUTURO, SOCIEDADE.
  • DESCRIÇÃO, VISITA, ORADOR, MUNICIPIO, NOVA ALIANÇA DO IVAI (PR), PARANAVAI (PR), UMUARAMA (PR), ESTADO DO PARANA (PR), ATENÇÃO, REIVINDICAÇÃO, POPULAÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, CONSTRUÇÃO, HOSPITAL, AMBITO REGIONAL, POSSIBILIDADE, ESTAGIO, ALUNO, CURSO SUPERIOR, MEDICINA, UNIVERSIDADE ESTADUAL, AUMENTO, SEGURANÇA, REGIÃO, FRONTEIRA, INCENTIVO, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, MELHORIA, QUALIFICAÇÃO, FORMAÇÃO PROFISSIONAL, JUVENTUDE.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Mão Santa, Srs. Senadores, a gente se emociona quando fala para um plenário tão cheio assim.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - O Senado da República se atualizou: V. Exª está falando para o Brasil todo, através de uma televisão, de um sistema de televisão dos mais bem acreditados no País, de uma rádio FM e AM ondas curtas e será transmitido pela Voz do Brasil e pelos nossos jornais.

            O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - E aí está nossa comunicação real: rádio, televisão, jornais. E tem a Internet. E é sobre isso o que eu quero falar. Quero falar sobre a diferença do mundo real que é noticiado pelo rádio, que, aliás, me ajuda a divulgar o meu trabalho aqui, assim como a televisão, pela TV Senado, porque a gente não tem muito espaço para falar na televisão no meu Estado. Mas não estou reclamando, não; estou apenas registrando. Além desses, há a Internet, que é muitas vezes usada para prestar serviços e que está muito longe do mundo real.

            Senador Mão Santa, sei que V. Exª anda pelo Brasil inteiro e, com toda certeza, não existe um Município do Estado do Piauí que V. Exª não conheça. Assim sou eu: não há um Município do Paraná que eu não conheça. Aliás, não há uma comunidade do Estado do Paraná que eu não conheça. Eu ando muito, ando muito de carro, e posso observar o meu Estado, as suas mudanças, as diferenças que existem entre as regiões e vou a pequenas comunidades. As pessoas perguntam por que o Senador vai a um lugar onde vivem doze famílias. Eu fiz isso. Na quinta-feira passada, fui à comunidade de Fátima, que fica perto do Município de Guaraqueçaba, no litoral do Paraná, numa ilha chamada Superagui. Lá vivem doze famílias.

            Fui lá para conhecer a história de uma pessoa, porque essa história tem a ver com uma palavra que eu cultivo muito, que é compromisso. Quando as pessoas assumem um compromisso, elas têm que cumpri-lo. Eu fui lá conhecer a história de uma professora chamada Isolina, Senador Mão Santa, que, todos os dias, apesar de estar aposentada, atravessa um canal, no mar, de barco, para ir até à comunidade de Fátima - isso leva uma ou duas horas, dependendo de como está o mar - para dar aula para três crianças. Eu fui lá para saber por que ela se empenha tanto para ensinar para três crianças: uma tem idade já para o quarto ano, outra tem idade para o terceiro e a outra, para o segundo.

            Em uma salinha de uma casa, ela dá aula para essas crianças. E ela estava muito feliz dizendo que agora também os adultos vão querer receber as aulas. Eu perguntei por que ela faz aquilo. Aquilo que parece um sacrifício para algumas pessoas é, para ela, um grande prazer.

            A Dona Isolina vai lá porque ela, como professora pública, mesmo ganhando um salário mínimo em relação ao que ela fez durante a vida, um salário inferior muitas vezes ao que ela recebeu por prestar serviços à sociedade, ela disse: eu consegui estudar três filhos meus na universidade, morando aqui na ilha, morando aqui, eu consegui, dando aula, e eu preciso retribuir isso à sociedade, que me proporcionou essa alegria de ver três filhos meus estudando.

            E eu perguntei: mas o que é que a senhora ensina?

            A primeira coisa que eu ensino é cantar o Hino Nacional. Chego cedo, atraco o meu barco, desço, os alunos, perfilados, cantam o Hino Nacional. Mas perfilados em três; é uma fila pequenininha, numa pequena ilha, e os alunos também pequenos, todos crianças, cantando o Hino Nacional.

            Depois, eu ensino o que é ser cidadão. Eu ensino Aritmética, Português, Geografia, tudo, mas a minha aula não fica só nisso, porque eles têm que aprender direitos e deveres de cidadãos. Cidadania é o que ela vai lá oferecer àquela gente.

            Dona Isolina me emocionou, a sua história, porque ela realmente tem um compromisso com o futuro da nossa gente. Ela tem um compromisso que é um exemplo, um exemplo para quem ainda não aprendeu que precisa cumprir compromisso. Ela dá esse exemplo: cumprir compromisso com a sociedade. Ela está lá cumprindo.

            E aí eu disse a ela: a senhora tem algum pedido para me fazer? Ela falou: tenho sim, se o senhor um dia for governador deste Estado, faça uma escola, uma sala de aula só, para mim está bom, aqui na ilha. Uma sala de aula é o que ela pediu, não para ela; para as pessoas que vivem ali.

            Eu saí de lá, Senador Mão Santa, pensando o seguinte: por que todas as pessoas não são assim? Por que todas as pessoas não cumprem o seu compromisso e não se dedicam à sociedade, para construir uma sociedade melhor?

            E fui para Nova Aliança do Ivaí, o menor Município do Estado do Paraná; 1.377 habitantes tem aquele Município. Mas eu fui lá, seguindo o exemplo da dona Isolina, para dizer às pessoas que vivem em Nova Aliança do Ivaí que, para mim, Nova Aliança do Ivaí e Curitiba, que é a maior cidade do Paraná, os cidadãos que vivem nas duas cidades têm direitos iguais. O cidadão que vive em Nova Aliança do Ivaí ou o cidadão que vive em Curitiba devem ter do Estado a mesma atenção, porque têm os mesmos direitos. Pagam impostos e, por isso, têm os mesmos direitos e são cidadãos.

            De lá fomos para Paravanaí; depois, para Umuarama, para ouvir a comunidade de cada cidade, de cada região, sobre aquilo que eles pensam ser mais importante para construir uma região melhor para todos, um Estado melhor para todos.

            Falei aqui ontem do conflito que pode ocorrer entre moradores daquela região e alguns índios Xetá. E não vou entrar mais neste assunto porque ontem já o esgotei. Mas lá, Senador Mão Santa, as pessoas me disseram: nós não queremos que o governo do Estado ou que alguém venha aqui para dizer que é candidato a Governador, prometendo coisas que não vai cumprir depois. O que nós queremos é compromisso. E as pessoas querem compromisso porque sabem que compromisso deve ser cumprido. Palavra dada deve ser cumprida.

            E lá fomos nós, então, ouvir a população. O que eles querem? Querem um hospital regional em Umuarama e região. Não há como não assumir compromissos com uma região que proporciona tanto ao Estado produzindo alimentos, já é o segundo polo moveleiro do Paraná, e precisa desse compromisso. As pessoas que estão lá têm os mesmos direitos das que vivem em outras regiões. E elas precisam de um hospital regional, junto com o curso de Medicina da universidade estadual, que lá tem um braço. Se nós juntarmos isso, nós vamos proporcionar um atendimento à região muito melhor. Curso de Medicina com estudantes de Medicina fazendo estágio no hospital regional, e o hospital regional se transformando, portanto, no hospital universitário.

            Lá em Umuarama eu ouvi também que há necessidade de mais segurança. É uma cidade perto da fronteira. E eu vejo que o Exército Brasileiro deve cumprir a sua missão de uma forma mais efetiva, lá na fronteira, fortalecendo a guarda da fronteira, porque o grande problema hoje é o ingresso das drogas e das armas. Se nós temos esse problema, não há como fazer de forma diferente. Polícia Federal e Exército devem fortalecer a fronteira, guardar mais a fronteira; e até a Polícia Militar deve ter o batalhão especial, que já foi implantado pelo atual Governo e que precisa ser ampliado, com pessoas qualificadas, treinadas para exercer aquela missão na fronteira. Aumento de efetivo, tudo bem.

            Deve-se aumentar o efetivo também na região de Umuarama, mas creio que o prefeito Moacir, de Umuarama, junto com o Deputado Fernando Scanavaca, estão dando um exemplo que pode ser seguido por todos os Municípios do Paraná e estará no nosso projeto. No projeto prioritário ao Estado do Paraná estará a educação em tempo integral. A escola em tempo integral é uma bandeira do nosso Partido e vai ser uma realidade no nosso Estado, um dia, se Deus quiser.

            Eu acredito, também, que, quando viajo pelo Estado, eu tenho a oportunidade de ver como anda o processo de exploração da nossa principal atividade, que é a agricultura. E vi que, naquela região noroeste, como em todas as regiões, nós não podemos admitir que tenha sido interrompido um trabalho que fizemos, quando fui Secretário de Agricultura, de preservação dos recursos naturais; de recuperação do solo, das microbacias, preservando o solo, preservando a água.

            E pensei que é possível, Senador Mão Santa, a gente compensar aqueles produtores que preservam uma mina d’água, uma fonte d’água em sua propriedade, porque a água que eles estão preservando não é para eles e para a família deles; é para o futuro, para as famílias que virão, para as famílias que vivem na cidade.

            Eu, às vezes, fico muito triste e decepcionado quando vejo algumas pessoas que, exercendo cargos públicos, dizem que a obrigação de preservar é só daquele produtor. Não. A obrigação de preservar o meio ambiente é de toda a sociedade, inclusive do Poder Público, que, muitas vezes, joga esgoto sem tratar no rio. E V. Exª, como médico, sabe qual o problema que isso traz, as consequências disso. E esse esgoto jogado no rio sem tratamento vai contaminando os rios, poluindo as águas, que não podem mais ser servidas para os animais e muito menos para o ser humano.

            Então, se nós queremos o meio ambiente preservado, é preciso fazer o tratamento do esgoto que hoje está sendo jogado sem esse tratamento. E é um percentual alto, porque não é possível condenar um produtor se ele fez a mata ciliar e se, dentro dessa mata ciliar, corre um rio podre, poluído pelos esgotos que saem dos centros urbanos, que precisam ter responsabilidade também na preservação do meio ambiente e dos recursos naturais.

            Senador Mão Santa, há mais de 30 anos eu ando no meu Estado, todos os finais de semana, percorrendo as regiões, mas cada vez que vou aprendo mais. Eu aprendo que aqueles jovens que têm oportunidades prosperam. O exemplo de um jovem com quem conversei, que começou devagarinho. Ele, trabalhador, de repente, instalou uma empresa, e essa pequena empresa contratou um funcionário, dois e hoje tem 22 funcionários, já está exportando. E ele me disse: nós vamos dobrar as exportações no próximo ano. Para ele, não houve crise; houve trabalho, competência, visão de futuro de instalar um negócio que lhe deu prosperidade e possibilidade de dar emprego a outras pessoas.

            E aí uma coisa que me deixou sensibilizado. Em Umuarama, as pessoas me disseram: nós temos que formar, qualificar os jovens. O ensino médio deveria ser todo técnico. Não sendo, deve ter núcleos de capacitação, profissionalização no Estado, porque, muitas vezes, o problema do desemprego não reside mais na falta de vagas, mas, sim, na falta de qualificação dos jovens. Se nós dermos oportunidade aos jovens de se qualificar, se nós dermos oportunidade aos jovens de se especializar numa profissão, eles vão prosperar e não vão pensar em se desviar pelo caminho torto da droga, da criminalidade, da violência, que hoje é a grande preocupação da sociedade brasileira.

            Então, Sr. Presidente, para mim, tem sido um aprendizado, para mim tem sido uma lição de vida, todos os dias dos finais de semana, poder conversar com comunidades, muitas vezes distantes dos centros urbanos, mas lá uma pessoa humilde me dá uma idéia que, às vezes, pode se transformar num projeto. Estamos conversando e ouvindo muito a população. A sabedoria da população tem que ser utilizada pelo homem público, Sr. Presidente, porque a gente não está aqui para representar interesses de grupos. Muitas vezes as pessoas se candidatam até porque estão atendendo a interesses de meia dúzia de pessoas, que querem usar aquele eleito para tirar proveito daquele cargo para o qual se elegeu. Não fomos eleitos para representar grupos; fomos eleitos para representar a sociedade. E seja qual for o cargo para o qual venhamos a ser eleitos, temos que atender aos interesses de toda a população, indiferentemente do segmento que representa, indiferentemente da classe social a qual pertença. Temos que respeitar toda a sociedade.

            Sr. Presidente, meu Estado é agrícola. Sou agrônomo, pertenço à classe dos produtores rurais. Tenho muito orgulho disso, mas tenho muito orgulho do meu Estado, que é privilegiado: temos mar, temos portos, temos solo fértil, temos um clima diferente em cada região, temos uma gente trabalhadora, temos até calcário para melhorar a qualidade do nosso solo, temos água sobre o solo, temos água embaixo do solo com o aquífero Guarani, com o aquífero Karst, temos uma riqueza imensa.

            Vou repetir o que disse meu companheiro Zezão, de São Luiz, um distrito lá de Londrina. Ele disse assim: “O Paraná é um orgulho para mim; o Paraná é um orgulho para todos nós. Esse Estado bem administrado aguenta a Nação.”

            E tenho um sonho, Sr. Presidente, de que o Paraná possa arrancar de todas essas riquezas potencial turístico.

            V. Exª já foi a Foz do Iguaçu; viu a beleza que é lá. V. Exª já deve ter ido a Vila Velha; viu a beleza que é lá: o Canyon Guartelá; o nosso litoral; o turismo rural, que cresce, tirando daí serviços, renda.

            Sr. Presidente, isso dá uma confiança imensa no futuro do meu Estado, uma confiança imensa em acreditar que a gente que construiu esse Estado até agora vai continuar construindo um Estado cada vez melhor.

            Tenho muito orgulho, Sr. Presidente, de representar o nosso Paraná aqui, no Senado Federal. Um Estado especial. Para mim, o melhor Estado do País.

            Obrigado, Sr. Presidente.


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