Discurso durante a 217ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Manifestação em defesa dos aposentados e pensionistas, trazendo reportagem publicada no jornal O Estado de S.Paulo, de 19 do corrente, intitulada "Governo tenta evitar mudança na aposentadoria". Registro da participação de S.Exa. no programa nacional do Partido Social Cristão, realizado ontem.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Manifestação em defesa dos aposentados e pensionistas, trazendo reportagem publicada no jornal O Estado de S.Paulo, de 19 do corrente, intitulada "Governo tenta evitar mudança na aposentadoria". Registro da participação de S.Exa. no programa nacional do Partido Social Cristão, realizado ontem.
Aparteantes
Geraldo Mesquita Júnior, Paulo Paim, Pedro Simon.
Publicação
Publicação no DSF de 21/11/2009 - Página 60599
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, CONDUTA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), DEFESA, RELEVANCIA, PROGRAMA, PARTIDO SOCIAL CRISTÃO (PSC), REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, PROGRAMA NACIONAL, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, TELEVISÃO.
  • DEFESA, APOSENTADO, PAIS, COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, TENTATIVA, GOVERNO, IMPEDIMENTO, MELHORIA, REAJUSTE, APOSENTADORIA.

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            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Osvaldo Sobrinho, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros que nos assistem aqui no Parlamento ou que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado, Senador Pedro Simon, V. Exª, sem dúvida nenhuma, foi uma bênção que Deus colocou na vida como fonte de inspiração de fazer política. Outros, também. Petrônio Portella foi um deles. Eu convivi, eu menino fui pinçado por Petrônio Portella. Ele dizia certas coisas que eu nem entendia, Senador Pedro Simon. Uma delas: “não agredir os fatos”. Ele repetia isto: “não agredir os fatos”. Hoje eu entendo. Naquele tempo... Uma que eu aprendi, eu estava do lado dele quando fecharam este Congresso porque ele teve a altivez e, com o seu caráter de piauiense, fez votar um projeto sobre mudança do Judiciário que não agradava aos militares, e Geisel mandou fechar este Congresso. Eu estava do lado dele. Então, veio a imprensa e indagou. Ele só respondeu o seguinte: “Este é o dia mais triste da minha vida”. Pedro Simon, os canhões ali atrás, os militares com atos institucionais, e Petrônio disse essa frase. Essa frase que saiu daqui, atravessou, foi lá, e eles recuaram. Aí eu aprendi que a autoridade, Pedro Simon, é moral. E ele me ensinou outra coisa que ouvi ele dizer: “Só não muda quem se demite do direito de pensar”. E eu já sabia do filósofo Descartes: “Penso; logo, existo”. E tivemos de mudar de Partido.

            O PMDB não é aquele MDB de Pedro Simon. Não é mais! De Ulysses, encantado no fundo do mar. Com coragem... Ulysses disse: “Faltando coragem, faltam todas as outras virtudes”. Um Partido em que Ulysses, em 74, sem a mínima condição, se lança candidato a Presidente da República para despertar a Nação. Mil novecentos e setenta e quatro! Oitenta e quatro, noventa e quatro, dois mil e quatro, trinta e cinco anos depois, um Partido que tinha conquistado o País e que ganhou as últimas eleições diz que não tem candidatos, não tem homens. Saí porque eu achava que eu podia dizer que eu sou, que eu estou preparado e que não me envergonho de nenhum ato na minha vida.

            Um dos heróis da minha geração, médico como eu: “Se és capaz de tremer de indignação por uma injustiça, és companheiro”. Che Guevara. “Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás!” E um dos dias mais tristes - aquele foi do Petrônio - da minha vida foi quando vi o Partido aclamar V. Exª para ser candidato a Presidente da República - eu estava do seu lado -, e o Garotinho, um bom homem, recuar pelas dificuldades que teve, V. Exª aceitar, aclamado por todo o PMDB... Foi uma emoção, porque eu estava do seu lado, e V. Exª disse: “Eu aceito, Mão Santa. É meu ofício”. Aí, eu disse: “Pedro, nós temos de prestigiar Garotinho, porque ele já recuou, vem de lutas, não é?” E fomos... Petrônio disse: “Este é o dia mais triste da minha vida”. E o dia mais triste da minha vida no PMDB - e olha que eu já enfrentei muitas dificuldades políticas - foi quando nós fomos lá na direção executiva... e não quero nem rememorar aquilo que fizeram com V. Exª. É comparável à humilhação que Cristo sofreu. V. Exª foi massacrado. Eles não permitiram o direito de V. Exª ser candidato, de disputar uma convenção. Se, com Cristo, utilizaram um companheiro para traí-lo, que fraquejou diante do dinheiro; homens de mãos sujas, presas, algemadas, aqueles covardes utilizaram para atingir V. Exª.

            Eu também vi que a minha cabeça ia ser oferecida como a de São João Batista, lá no meu Piauí. Iam oferecer a minha cabeça, como a de São João Batista. Salomé, a sua filha, que dançava, fez para os Herodes do Governo, do Partido PMDB. Aí Deus, que é bom Pai, iluminou-me e eu fui para o Partido Social Cristão. E confesso aqui que estou muito feliz.

            O Partido Social Cristão me encanta, primeiro porque está ali o Cristo. Eu acredito no Deus, no Cristo. Meu nome é cristão: Francisco.

            Ontem era o Dia da Bandeira, e eu sei que a bandeira do Brasil é bonita, a do Piauí é bonita, mas mais bonita é a bandeira de Francisco, em que está escrito: “Paz e Bem”.

            Osvaldo Sobrinho, nós entramos nesse, e hoje é o Partido que mais cresce no Brasil. Geraldo Mesquita, se não é quantitativamente, qualitativamente o é. Então, um Partido tem que ter sabedoria política. Lendo aquele livro A Mistificação das Massas pela Propaganda Política, de Serge Tchakhotine, que foi traduzido pelo nosso Miguel Arraes, vemos que o político tem que ter um símbolo, um slogan, um programa e uma doutrina. A Mistificação das Massas pela Propaganda Política, de Serge Tchakhotine, traduzido por Miguel Arraes.

            Então, este Partido tem um símbolo, que está aqui, o peixe. Peixe nos lembra Cristo alimentando os companheiros famintos, lembra Pedro, o pescador. E eu, mais atual, lembro ao Brasil que peixe lembra Juscelino Kubitschek. Não tem aquela música “como pode um peixe vivo viver fora da bacia”? Não tenho esse dom artístico, mas me faz lembrar Juscelino.

            Este Partido tem um slogan: fé, a fé que move a montanha, ética na democracia. Ética é, como a Heloísa Helena dizia aqui - eu nunca vi se definir tão bem -, vergonha na cara. Quantas vezes ouvimos a Heloísa Helena dizer isso? Na democracia, esse regime que acabou com o absolutismo, a divisão do poder e a alternância do poder, por que nós lutamos.

            Este Partido tem um programa que é a minha cara. O programa, atentai bem, Pedro Simon... Eu sou professor de Biologia e de Fisiologia, sou médico.

            Esse negócio dos ambientalistas, que vão todos aí pra acompanhar, é velho, como a sabedoria que tem o seu pai, que é Sócrates, que ensinou a humildade: “Só sei que nada sei”. A nossa política, Platão, Aristóteles; a minha medicina, Hipócrates; a farmácia, Galeno.

            Quero dizer, Simon, que esses ambientalistas têm um pai, Sófocles. Não é de agora isso. Eu sempre digo que a ignorância é audaciosa. Isso foi um professor de cirurgia, Mariano de Andrade, que me ensinou. Sófocles disse que muitas são as maravilhas da natureza, mas a mais maravilhosa é o ser humano.

            Eu tive um companheiro, um médico bom, decente, correto. Eu não sei se V. Exª estava aqui. Ele foi Governador do Piauí e foi Senador. Morreu no primeiro discurso. Tombou aqui, Pedro Simon. Era Dirceu Mendes Arcoverde. Só fez um discurso. Teve um derrame. Por isso que eu sento aqui. Dirceu Mendes Arcoverde. No primeiro discurso - e nós já fizemos mais de mil. Eu fui Deputado Estadual - nunca quis, nunca desejei ser - para ajudar o Dirceu. Era contra o Alberto Silva. Na minha cidade. É o destino. Ele tombou aqui e eu só discurso desse lado. No primeiro...

            Mas no governo dele, Geraldo Mesquita, o programa era a promoção do homem. O Sófocles, o Dirceu, e agora o meu Partido tem um programa: o ser humano em primeiro lugar. Que beleza! Que coincidência!

            Pedro Simon, aí nós vamos para a doutrina, segundo Serge Tchakhotine, o autor do livro traduzido por Miguel Arraes.

            Pedro Simon, eu sempre achei ridículo esse negócio de Direita e Esquerda. E ninguém nunca me ouviu falando que sou da Direita ou sou da Esquerda. Nunca! Isso pertenceu à história do Parlamento inglês, monárquico, com os conservadores sentados na direita ou na esquerda, e nós pouco temos a ver com isso. Lembra-me muito o Exército que eu fiz. Marcha! Direita volver! Esquerda volver! Guarda de trânsito.

            A doutrina é a nossa, Pedro Simon, é a doutrina cristã. Essa é a minha doutrina. Essa é a que nós vivemos. Essa é a que nós temos vivido. Essa é que teve saída. É no Livro de Deus, Pedro Simon. Atentai bem, o que é que fez Jesus, que está ali?

            Falou-se aqui em fome. Paim, mas é o meu Partido. Alimentar os famintos. Não foi isso que Jesus, o nosso líder, fez? Dar de beber a quem tem sede. Vestir os nus. Assistir aos doentes. Quem os assistiu mais do que eu? Visitar os presos. Falar, mas fazer obras.

            Cristo é seguido. Cristo falava. Falava como Pedro Simon, bem demais. Era um pega pra gente fazer um concurso de oratória entre o Cristo e Pedro Simon. O Cristo, em um minuto, fez o discurso mais bonito, com 56 palavras: o Pai Nosso.

            Cada vez que balbuciamos, nós nos transportamos destas terras aos céus. E ele não tinha, como nós temos, esse sistema de comunicação: a televisão, a rádio AM, Ondas Curtas, FM, Voz do Brasil. Mas ele subia as montanhas e dizia “bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”, mostrando que a justiça é divina, e lhes serão fartas. Mas nós temos que entender que ela é feita por homens, muitas vezes fracos e algumas vezes corruptos. Então, é isso.

            Mas Cristo, Pedro, nos deu o exemplo, que um daqueles seus seguidores, o Tiago, deixou escrito: “Fé sem obra já nasce morta”. Cristo fez obra. Ele era seguido porque falava e fazia obras: fez cego ver, aleijado andar, mudo falar, surdo ouvir, tirou o demônio dos endemoninhados, limpou os leprosos, multiplicou alimentos, peixes, pães, vinho. Na festa daquilo que é mais importante, na constituição de uma boda, de um casamento, que tem uma família, que aí está destruída, e a desgraça e a barbárie de nossa sociedade, a destruição da família...

            Então, nós estamos nesse Partido, e esse Partido ontem fez o seu programa, Pedro Simon. Eu estava lá, em defesa, como Cristo, do fraco, do velhinho, do avô, do aposentado. E olha a vergonha aqui, Pedro Simon: eu apareci no seu programa nacional. Mesmo sendo um cristão novo, eles me deram a oportunidade. Olha a vergonha aqui. Paim, olha aqui o jornal Estado de S. Paulo; Michel Temer, Luiz Inácio, olhem aqui o Estado de S. Paulo. Um quadro vale por dez mil palavras. Que vergonha! Olha os nossos velhinhos aqui. O Paim foi lá. No chão, os velhinhos mendigando, esmolando o que lhes é de direito.

            Comerás o pão com o suor do teu rosto! Essa é a mensagem de Deus, para que os governantes propiciem trabalho. E esses velhinhos trabalharam, trabalharam, trabalharam, trinta, quarenta anos! O nosso Luiz Inácio - eu sei que foi uma infelicidade o acidente - trabalhou muito pouco. Perdeu um dedo e se aposentou. E esses velhinhos aqui, Pedro... Eu sei disso. Eu tenho 43 anos como médico, eu trabalhei muito, muito, muito, muito, Luiz Inácio. Era o Pelé fazendo gol, o Roberto Carlos cantando, o Dom Helder celebrando missa e eu operando os pobres numa Santa Casa.

            Olha os velhinhos aqui, Pedro Simon, sem moral e sem dignidade. Mas não é imoral só do Luiz Inácio, é nossa também, é do Poder Judiciário. Mas foi feito um contrato, foi feito um contrato. Onde estás, ó Justiça? Eles trabalharam quarenta anos, sonharam, fizeram compromissos com seus filhos, com seus netos, com as suas famílias.

            Ô, Pedro Simon, a barbárie que nós devemos é porque foi destruída no Brasil a família, o avô é muito importante na família, o avô é a cumeeira.

            Luiz Inácio, V. Exª que é o “cara”... Olha o que o Barack Obama disse no seu primeiro livro: “eu seria um maconheiro se não fossem meus avós”. E esses maconheiros que estão aí, esses da cocaína que estão no nosso Brasil, os do crack, tudo isso é porque os avós foram enfraquecidos por este Governo, foram assaltados, foram roubados, foram explorados, foram garfados, foram capados, como se diz no Piauí.

            É um direito líquido, eles fizeram contrato e pagaram. Os de 20 salários mínimos estão recebendo dez; os de dez, cinco; os de cinco, dois. Eles sonharam viver com as suas mulherzinhas, com as suas “adalgisas” a felicidade; comprometeram-se com os netos, com os filhos a pagar a faculdade, melhorar a sua vida e a ajudá-los. E eles não podem, porque nós tiramos.

            O Governo não é só o Luiz Inácio, nós estamos na democracia, somos nós também. E a Justiça? A Justiça, a Justiça... Poder nada. Nós somos instrumentos da democracia. Essa é a verdade. Essa é a vaidade. Por que esse Ministério Público, fajuta, por que também não aciona? Por que ele não tem coragem de raciocinar que a Previdência se comprometeu com um contrato? Não existe isso no mundo. Está ali o Paim, que é do Partido dos Trabalhadores, esse negócio de fator, redutor de Previdência não existe. Essa vergonha é nossa. Nós temos que apagar agora.

            Com a palavra Pedro Simon. Depois, Paulo Paim.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Eu não nego, Senador, que é estranho o sentimento que eu estou sentindo neste momento com relação a V. Exª. A Casa sabe do carinho e do afeto que tenho por V. Exª. V. Exª é uma biografia realmente que merece o respeito da sociedade brasileira. Eu insisti muito para que V. Exª não saísse do PMDB. Eu estou sentado aqui, agora, aqui, nesta sexta-feira vazia, completamente vazia...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS. Fora do microfone.) - Estou sentado aqui na cadeira de Líder.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Nunca nós tivemos nesses anos um Líder tão bom como neste instante agora.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Não há ninguém. Então, eu estou sentado aqui. Não sei por que eu fecho os olhos e me lembro da época do que representava o Líder do MDB. Lembro-me da época em que nós, eu, o Líder do Governo, 1º Vice-Presidente do MDB, o Secretário-Geral do MDB, o que o nosso Partido representava. Tentei, me esforcei no sentido de mostrar o ridículo do Piauí, do MDB em permitir que V. Exª saísse, num acordo ridículo e absurdo, já que os acordos não permitiriam a V. Exª sequer a garantia da vaga da recondução ao Senado. V. Exª seria o candidato natural à eleição, pela terceira vez, de Governador, mas não lhe permitiram uma vaga no Senado. E V. Exª saiu do Partido. E eu lamentei muito, mas vejo V. Exª falando agora sobre os ideais de um Partido jovem, novo, e perguntando-me, com certo deboche: Senador Pedro Simon, há quanto tempo V. Exª não participa do programa nacional do PMDB? Eu disse: desde que essa equipe está lá, desde que essa gente tomou conta do Partido, estou fora. Sou considerado uma persona non grata. E V. Exª me respondeu: pois é, pois eu entrei no Partido ontem, faz 15 dias, e já participei do programa nacional do Partido; no primeiro programa nacional do Partido em que entrei, eu já era o principal personagem. Mas vejo V. Exª falando sobre o programa do seu Partido, sobre a história, sobre a biografia.

            V. Exª e eu sabemos que é difícil sair dessa teoria para a prática, mas pelo menos V. Exª tem o direito de ter a utopia de defender um belíssimo programa. Triste de mim que não tenho o direito de ter nem a utopia de um Partido que tem força, que tem poder, o maior Partido do Brasil, que, no entanto, abdica do direito de ser um Partido. V. Exª disse bem naquela reunião, quando, entre Garotinho, Rigotto e todo mundo, depois de uma prévia cheia de discussão, se chegou à conclusão - e insistiram - de que o candidato a Presidente a República seria eu. Todos aceitaram. Aí o Sr. Jader Barbalho foi o encarregado de desmontar minha pretensão ou qualquer pretensão de candidatura a Presidente da República. E o MDB, que chegou a fazer uma prévia para indicar candidato e, depois de se unir em torno de uma candidatura - no caso, a minha -, não deixou sair convenção. O MDB não fez convenção. Fez prévia, mas não fez convenção e não participou da eleição para Presidente. Nessa última, não apoiou nem o PSDB nem o PT, porque não reuniu a convenção. Se tivesse feito convenção, ganhava a candidatura própria. Amanhã, sábado, estarei em Curitiba numa reunião de lideranças do MDB convocadas por vários diretórios estaduais, tendo à frente o Governador Requião, do Paraná. Nós vamos tentar, mais uma vez, exigir a reunião do MDB Nacional, e o Requião aceitará a indicação, porque o problema do MDB é que nós temos vários candidatos que podem ser candidatos a Presidente da República, mas fica naquela: é tu, é Requião, é Governador do Rio, é Jobim, não sei o quê. Não! Amanhã, o Requião aceita levar o seu nome à convenção, e quero ver o que o Partido vai fazer. O que o Partido, que tem o maior número de Deputados, Estaduais e Federais, maior número de Vereadores e de Prefeitos, maior número de Governadores e de Senadores; que, na última eleição, fez seis milhões de votos do que o partido que entrou em segundo lugar, quando um Congresso espetacular, com reuniões de lideranças do Brasil inteiro, quando lançar candidato a Presidente da República uma figura com a dignidade, com a correção e com a seriedade do Governador Requião e ele disser que aceita, quero ver o que vai fazer o MDB nacional. Mas eu felicito-o e não nego que vejo V. Exª, quem diria, com uma certa inveja, inveja cristã, de ver como V. Exª se adaptou. Aqueles que imaginavam que V. Exª, excluído do MDB, de uma eleição que tem um candidato a Governador, um candidato a Presidente da República, dois candidatos a Senador...

             (Interrupção do som.)

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS. Fora do microfone.) ... não queriam lhe dar uma legenda, e V. Exª está aí, no seu horizonte, olhando pra frente, de cabeça erguida, com o programa de um Partido, realmente, excepcional. É utópico V. Exª sonhar em levá-lo ao poder, cá entre nós, como é utópico eu, Pedro Simon, querer levar, com essa gentinha que está aí, o PMDB ao poder. Mas é muito bom V. Exª ter tranquilidade, ter serenidade, ter paz de espírito para ter essa utopia. Sim, como dizia Luther King, sonhe! V. Exª é campeão de audiência da TV Senado; com V. Exª, aumentará o número das pessoas que também sonharão. E, quem sabe, chegaremos lá!

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Agradeço, Pedro Simon. E quero que V. Exª continue sendo nosso Líder aqui. Eu queria...

            O SR. PRESIDENTE (Osvaldo Sobrinho. PTB - MT) - Senador Mão Santa, como V. Exª sempre nos ensina aqui, o melhor discurso do mundo...

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Foi feito em um minuto.

             O SR. PRESIDENTE (Osvaldo Sobrinho. PTB - MT) - Eu lhe dou mais um minuto.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Vamos encerrar. Mas a gente tem que agradecer, senão fica como mal-educado, não é, Pedro Simon? Mas, digo, Osvaldo Sobrinho, como o poeta Gonçalves Dias, de Canção do Exílio: “Meninos, eu vi”. Meninos, vi Requião candidato a Presidente, e foi recusado. Já votei nele em uma convenção. Itamar, símbolo da austeridade, e Pedro Simon.

            “Meninos eu vi”. Por isso, essa nossa decepção. E, no Piauí, vi oferecerem minha cabeça, como foi oferecida a de João Batista aos Herodes do poder. Paulo Paim, um minuto para terminar. Hoje é dia, você sabe, do Zumbi dos Palmares. Então, não podemos negar ao melhor da raça negra do mundo, que se chama Paulo Paim, o Barack Obama nosso.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Fico com Zumbi, que já ficou legal. Senador Simon, nunca me esqueço do Décio de Freitas, que, quando me elegi ao Senado - ele já faleceu, V. Exª o conheceu, escritor gaúcho -, disse: “Vai ter um Zumbi agora no Senado”. Então, fico com o Zumbi, que fica legal. Senador Mão Santa, quero cumprimentá-lo pelo pronunciamento, o conjunto da obra. Quando V. Exª mostra a capa dos jornais daquela noite dos aposentados, lá na Câmara, naquele corredor gelado, eram 200 aposentado. Passei a noite lá com eles. Vi a fibra, a raça, a coragem, Senador Simon, Senador Mesquita, Senador Casagrande. 

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Não foi assistir ao filme com eles?

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Não, não, não. Não teria sentido! Eu, que falo tanto dos aposentados, ia assistir a um filme, enquanto os aposentados dormiam nos corredores frios da Câmara dos Deputados? E eles diziam para mim o seguinte: “Senador Paim, não temos nada a perder. O nosso salário é um salário miserável! Vamos posar hoje aqui [e ficaram até o meio-dia do outro dia] e voltaremos quantas vezes for necessário.” Felizmente o assunto avançou, pelo menos no campo da...

            (Interrupção do som.)

            (O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Vou concluir, Senador. Vai haver uma reunião em São Paulo, na segunda-feira, com todas as centrais, todas as confederações, e a Cobap volta à mesa de negociações, na busca de garantir o aumento real dos aposentados e também o fim do fator. Foi V. Exª quem relatou a matéria nas comissões e fez um belíssimo trabalho. Quero cumprimentá-lo, Senador Mão Santa. Se há esse debate hoje, na Câmara, é porque V. Exª foi agente direto desse processo. O Senador Geraldo Mesquita Júnior relatou a matéria referente ao salário-mínimo e a esse reajuste real. Acho que o Senado cumpriu a sua parte.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - SR) - Presidente, se o Paim me permite, acho que podíamos fazer - e está na hora de fazer - uma discussão da maior importância. O Ministro da Fazenda diz que teu projeto quebra o Brasil. Acho que devíamos colocar essa discussão entre o Paim e o Ministro da Fazenda. Quebra ou não quebra? Acho que o Paim está certo; não quebra, mas ele diz que quebra. Seria uma boa discussão se esse debate ocorresse frente a frente. Teu projeto quebra o Brasil ou não quebra o Brasil?

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Não quebra. E eu me socorro da jornalista e economista Ana Amélia, lá do meu Rio Grande, que fez esse desafio ao Ministro. A Ana Amélia fez um belo trabalho - e tem feito quase todos os dias. A Ana Amélia diz que o que quebra o País é a corrupção, é o desmando, é o desvio do dinheiro da Previdência, é não atender as propostas dos aposentados para garantir a esses homens e mulheres o salário miserável que eles estão recebendo, porque, se não mudar a lei, o salário vai despencar. Eu queria aqui, de público, que a Mesa registrasse inclusive o artigo escrito pela economista e jornalista Ana Amélia, que fez uma defesa deste Senador, Senador Paim. V. Exª disse que ela é nossa colega; e que bom que ela seja, porque ela fez uma defesa num artigo como eu nunca tinha visto na imprensa brasileira.

            (Interrupção do som.)

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - O Senado estava certo quando aprovou os dois projetos, tanto o fim do fator quanto o reajuste real dos aposentados. Quanto ao Ministro Mantega, ele é meu amigo. Acho que ele fez uma brincadeira que acabou tendo repercussão, porque ele sabe que um reajuste miserável para os aposentados não vai ter impacto negativo nas contas da Previdência. E os números que estão no Siafi da Receita Federal, do Ministério da Fazenda, do Ministério da Previdência é que me dão a garantia de que o impacto vai ser praticamente zero. Chego a dizer que esse reajuste de 5% para o aposentado é como se fosse um grão de areia no oceano. Obrigado, Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Agradeço e incorporo todas as palavras do Paim ao meu pronunciamento. Digo que me orgulho de, nesse calvário dele de luta, de restituir a dignidade aos velhinhos, aos aposentados, ser o Cirineu dele.

            Com a palavra - eu não podia negar; ontem, foi o Dia da Bandeira, e a melhor...

            (Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Fora do microfone.) - ... bandeira da justiça aqui é Geraldo Mesquita Júnior.

            Então, uma homenagem à bandeira da Justiça, que ele representa.

            O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Senador Mão Santa, eu estava ouvindo aqui, assim como o Senador Simon, o seu discurso, a sua saída do PMDB, algo que se lastima até hoje, lá no Acre, inclusive. Eu encontro as pessoas, e elas comentam: “Senador, como é que o PMDB permitiu que o Senador Mão Santa saísse?” E contei as circunstâncias; contei da tibieza, contei da pusilaminidade daqueles que, de forma subserviente, preferem perder um companheiro como V. Exª a se impor como um grande Partido, que é o PMDB. Quero dizer a V. Exª que, é claro, minha participação na sua campanha seria algo inexpressivo, mas estou aqui me comprometendo...

            (Interrupção do som.)

            O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - ...de público, a pelo menos ir lá, no Piauí - vou encontrar tempo, porque teremos campanha no Acre também -, subir no seu palanque e dar o testemunho da sua atuação nesta Casa, do que V. Exª representa, o que sua presença aqui representou esse tempo todo.

            É o mínimo que posso fazer em termos de gratidão pelo privilégio de ter convivido com V. Exª durante esse tempo todo aqui, de ter aprendido com V. Exª. Aprendido o quê? Aprendido a ser homem, aprendido a ter dignidade, aprendido a não rastejar, aprendido a não ser subserviente. Aprendido a não ser subserviente, porém, respeitoso, como V. Exª o é. Resistente! Isso é o que aprendi...

            (Interrupção do som.)

             O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC.) ... com V. Exª. Aprendi isso tudo no convívio com V. Exª. O mínimo que eu poderia fazer... Eu não diria nem em retribuição a isso, mas em consideração ao que V. Exª representou este tempo todo para o Senado Federal, para o Brasil e para o Piauí. É ir lá ao seu Estado. E vou! Estou aqui me comprometendo e vou cumprir. Vou lá subir no seu palanque e, no mínimo, dizer para os piauienses o que aprendi com V. Exª, o que V. Exª representa para o Brasil, para o Senado Federal e a importância do seu mandato para o Piauí. E isso eu vou fazer; pode escrever no seu caderninho.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Agradecemos essas palavras.

            Quero dizer que não é assim, não. V. Exª e sua esposa, Helena, conquistaram minha cidade e o Piauí no pouco período em que passaram lá.

            Para terminar, agora, vai de Cristo mesmo! Agora, é a palavra. Está lá na Bíblia o nosso sim, sim; não, não. Agora é a de Cristo, em um minuto. Termino como Cristo disse. Ele disse: “Eu vim ao mundo não para ser servido e, sim, para servir.” Estou no Partido Social Cristão, Pedro Simon, não para ser servido, mas para servir ao Partido, à Democracia, ao meu Piauí e ao Brasil! 


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