Discurso durante a 216ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários a matéria publicada pela Agência Brasil a respeito do crescimento da dívida pública brasileira. Leitura de emails recebidos por S.Exa.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários a matéria publicada pela Agência Brasil a respeito do crescimento da dívida pública brasileira. Leitura de emails recebidos por S.Exa.
Publicação
Publicação no DSF de 20/11/2009 - Página 60518
Assunto
Outros > SENADO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, SENADO, PROMOÇÃO, DEMOCRACIA, CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, QUESTIONAMENTO, CRESCIMENTO, DIVIDA PUBLICA, PRECARIEDADE, SITUAÇÃO, SAUDE, REPUDIO, CORRUPÇÃO.
  • CRITICA, EXECUTIVO, JUDICIARIO, DESCUMPRIMENTO, LEGISLAÇÃO, FIXAÇÃO, SALARIO, PROFESSOR, QUESTIONAMENTO, VALOR, LEITURA, MENSAGEM (MSG), INTERNET, REPUDIO, SITUAÇÃO, APOSENTADO, REGISTRO, IMPORTANCIA, IDOSO, FAMILIA.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, ANTONIO CARLOS MAGALHÃES, EX SENADOR, PROPOSIÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), JUDICIARIO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside esta sessão, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiras que nos assistem no Parlamento e nos acompanham pelo Sistema de Comunicação do Senado, acabamos de ver a beleza da democracia.

            Senador Demóstenes Torres, o povo, insatisfeito com o absolutismo simbolizado por l’Ètat c’est moi, resolveu dividir o poder. Então, se hoje temos democracia, agradeçam ao Senado da República, que nós representamos.

            Divisão de poder e alternância de poder.

            O Demóstenes provou o que é divisão de poder e nós garantimos a alternância de poder. Este País ia ficar igualzinho a Cuba, igualzinho ao seu filhote Venezuela, ao menino do Equador, ao índio da Bolívia, ao padre reprodutor do Paraguai, à Nicarágua e à confusão de Honduras. Fomos só nós, aqui... O Senado impediu isso. Nós íamos marchar direitinho.

            Aqui, o Demóstenes traz o que é a democracia.

            Mitterrand, lá onde nasceu essa democracia, Paim, e que governou por 14 anos - foram duas reeleições -, moribundo, Osvaldo Sobrinho, com câncer, escreveu, num livro, “Mensagem aos Governantes”. Um poder deve fortalecer os outros. Atentai bem! Ele era executivo. Essa foi a mensagem de Mitterrand.

            Eu quero dizer para o Brasil que o País deve muito a Antonio Carlos Magalhães. Eu sei que ele foi Prefeito da Bahia, que ele foi Governador, Ministro, foi um bom executivo, mas, como Parlamentar, olha, ele teve coragem!

            Aparentemente, o poder mais débil somos nós. E não somos. Nós temos a sabedoria, devemos ter. Nós somos os pais da Pátria. A sabedoria vale mais que ouro e prata. O Executivo tem o poder, ele tem o dinheiro, ele tem o BNDES, o Banco do Brasil, ele tem a Caixa Econômica, nomeia.

            O Poder Judiciário é o poder punitivo. Ele cassa, ele prende, amedronta a imprensa. Ele não tem coragem, mas nós devemos ter a sabedoria.

            Antonio Carlos Magalhães teve a coragem de nos ensinar o que é uma democracia, Suplicy. Ele fez uma CPI do Judiciário.

            Eu recordo, para não esquecermos: a justiça é divina. Foi Deus quem entregou a Moisés as leis. Foi o Filho de Deus que bradou, no Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”. Mas ela não é feita por Deus e nem por Jesus, não, mas por homens, muitas vezes fracos, muitos outros corruptos.

            Antonio Carlos Magalhães fez a CPI do Judiciário. Que coragem, hein, Mozarildo? V. Exª, Mozarildo, é um homem corajoso.

            Eu dou esse testemunho, mas eu não tenho nada, o filho dele é até Senador, não está aqui. A CPI do Judiciário mostrou os “lalaus” da vida. Juiz “lalau”, aí, que é sinônimo.

            Então, a democracia, ô Sobrinho, é para um Poder olhar para o outro e frear o outro. Agora, nós ouvimos o Demóstenes dando um freio. E, agora, eu vou dar o meu freio também, no Luiz Inácio. Eu vou ter, é!. É Por isso que é bom, é gostoso.

            Os Poderes têm de ser equipotentes, um olhando o outro, freando o outro. Desse equilíbrio é que nasce, floresce a beleza da democracia, não da subserviência.

            Demóstenes mostrou altivez aqui, freou o Judiciário, porque nós temos mais sabedoria, nós somos mais preparados. É! Por isso chamam-se os Senadores de os pais da Pátria.

            Moisés, que recebeu a lei, era o homem da lei, tinha os Dez Mandamento, de repente, viu que não era obedecido e quis largar tudo. Os bezerros de ouro, as riquezas atraiam e ele ouviu a voz de Deus: “Busque os mais velhos, os mais experimentados e eles lhe ajudarão a carregar o fardo do povo.” Aí, surgiu a idéia do Senado: os mais velhos e os mais experimentados. Somos nós.

            Então, há o poder do dinheiro, material, do Executivo, o poder punitivo da Justiça e o poder da sabedoria. E, agora, vocês ouviram o Demóstenes frear.

            Por isso, a primeira coisa que fez o Chávez foi fechar o Senado, ali, e deu no que deu.

            Eu conheço a história de Cuba. Dizem que tem democracia lá. E ele tem, também...Ô, Mozarildo, você conhece Cuba? Ele tem mais de 90%. Eu andei lá, nas ruas. Está ouvindo Sobrinho? Mais de 90. Eu fui ao Parlamento de lá. Tem 300: “Ah, aqui não tem partido, mas a gente elege.” Quanto foi a eleição? Trezentos, Fidel Castro e 300, o irmão dele. Trezentos! É, estão vendo? Aqui é confuso.

            Eleição aqui no Senado é um negócio que só Deus sabe o que dá.

            Então, queria dizer que o Fidel, 90%; o Hitler tinha 96%. Ô Suplicy, 96%. Lá tinha um chefe da comunicação, o Goebbels, que dizia que “uma mentira repetida se torna verdade”, e aí haja mentir. Tinha até as galinhas carcarejadoras, que eram só anunciando obras que fariam no livro Mein Kampf, e o Hitler tinha 96%. O Hitler ia com três mil soldados - a imprensa era dele - e o Goebbels dizia: “Lá vai Hitler com 20 mil soldados”. Aí era todo mundo recuando. Deu no que deu.

            Aqui parece “Alice no País das Maravilhas”, ô Zambiasi: o Lula ...- , ele está quase um Padre Cícero -. Mas tudo é mentira. Nós podemos dizer; nós devemos dizer, agora, devemos provar, só para dar um freio. Principalmente eu, que sou do Partido Social Cristão, Partido de Jesus, que dizia: “De verdade em verdade eu vos digo”. Então, primeiro, tudo mentira. Emprestamos dinheiro para Banco Mundial, para BID, para o BIRD , tudo mentira.

            Senador Osvaldo Sobrinho, atentai bem, o que diz sobre a dívida brasileira - tudo mentira, e aí o povo acredita -:

Bem ao contrário do que se tenta incutir no imaginário popular, a dívida pública brasileira só cresceu nos últimos anos. Segundo matéria publicada pela Agência Brasil, a dívida brasileira aumentou 25 vezes, de 1995 a 2009, chegando a R$1,8 trilhão.

            Geraldo Mesquita, você sabe escrever este número: R$1,8 trilhão? A gente não via falar nisso não! Agora é trilhão. Olha aí a verdade da gente. Eu não sei nem escrever esse número. Tu sabes, Pedro Simon - ô Pedro Simon, está escutando aí o telefone -, escrever R$1,8 trilhão.

Só a dívida externa cresceu 80%. E para piorar ainda mais a situação do País das novelas e dos carnavais, um novo relatório do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior aponta queda de 27,8% nas três categorias de produtos de exportação comercial brasileiros. Já as importações registraram queda ainda mais acentuada: 31,3% a menos do que no mesmo período de 2008. Mas a gastança politiqueira (...) do pior governo da história não para, pelo contrário, aumenta.

O Brasil já deve 1,8 trilhão de Reais!

            Essa é a realidade. Isso é o que vamos pagar. Nunca antes se mentiu tanto neste País: os “Gabboels”. Sabem o que é isso? A ignorância é audaciosa.

            Pedro Simon, em 1980, um sábio professor americano escreveu um livro chamado A Terceira Onda (Alvim Toffler). A primeira onda da humanidade foi a agricultura. O povo se fixou no campo por 10 mil anos.

            Depois, veio a indústria: a segunda onda; 400 anos nas cidades grandes. E viria a terceira onda, que é a desmassificação da comunicação. É o que nos salva hoje; é o que eles não sabiam. Não é mais como no tempo de Hitler, que o que ele dizia estava dito - só ele tinha um rádio. Hoje vemos os portais, os blogs, os twitters. Desmassificou. E a verdade vem. Hoje, para ser mentiroso, como Goebbels mentia por Hitler, precisa ter coragem, porque houve uma desmassificação na comunicação. E aqui está a verdade. Daí o provérbio: “É mais fácil tapar o sol com uma peneira do que esconder a verdade”.

            Uma dívida de R$1,8 trilhão. Cadê o Mercadante para desmentir isso?

            Eu era do PMDB de vergonha - está aí o Pedro Simon que chamava o partido de MDB. Lembra-se de Ulysses Guimarães, encantado no fundo do mar? Ele dizia: “A corrupção é o cupim que corrói a democracia”.

            Osvaldo Sobrinho, eu nunca vi tanto cupim neste Brasil.

            Geraldo Mesquita, olha o Portal GI. Diz a imprensa: “Brasil ocupa o 75º lugar no ranking da corrupção”.

            Continuamos corruptos, mas muito corruptos.

            Ulysses já pregava que a corrupção é o cupim que corrói a democracia. Então, isso não é o país das maravilhas.

            Osvaldo Sobrinho, na minha infância ouvia o nosso poeta Olavo Bilac dizer: “Criança, não verás nenhum país como esse”. Não podemos dizer isso. É muito corrupção, é muita mentira.

            Eu diria o seguinte: o Brasil é o 75º na corrupção. Eles a mediram. Isto é sério. Várias entidades a mediram. A nota atribuída vai de 0 (países vistos como muito corruptos) a 10 (considerados pouco corruptos). O primeiro lugar em honradez é a Nova Zelândia, com a nota 9,4. A Somália, o maior corrupto, com a nota 1,1. O Brasil obteve nota 3,7. Essa é a verdade. Somos o País da mentira e da corrupção. São os números que indicam isso.

            Vejam V. Exªs o e-mail que eu recebi ontem, que diz:

Caro Senador, estou assistindo seu pronunciamento nesse momento, e gostaria que V. Exª alertasse o Ministro da Saúde quanto as cirurgias pelo SUS.

            Saúde, aqui? Isso é uma mentira! Ela é boa para quem tem dinheiro, para quem tem plano de saúde, ...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Diz ainda o e-mail, Osvaldo Sobrinho: “Tais como, catarata, que aguardo já há um ano e meio na lista de espera.”

            Isso tudo é uma farsa. A saúde está muito boa para quem tem dinheiro. A medicina está avançada. Eu tenho 43 anos como médico cirurgião. Mas só para quem tem dinheiro e plano de saúde. Essa pessoa diz que está há um ano e meio pedindo nas filas, choramingando na lista de espera.

            Diz ele:

Pois saiba V. Exª que sou diabético, hipertenso, estou de auxílio-doença já há quase um ano. E para fazer a cirurgia particular custa R$3 mil cada vista, (...)

            Deve ganhar uma ninharia. O povo está ganhando tudo... Como vai pagar?

            Assina o e-mail Danilo Moreira Miranda, de Poço Fundo - MG.

            Ontem, em pronunciamento, eu dizia que é uma vergonha, e que nós não temos de denunciar Alice no País das Maravilhas não! Eu vi aqui este Congresso varar a noite, estudar, pesquisar, Pedro Simon, para fazermos um teto, um piso para a professorinha, de R$960,00.

            Que País é este, que Poder Executivo é este, que Poder Judiciário é este que ainda não se cumpre essa lei aprovada aqui: teto? Que País é este? Que Poder Executivo e que Poder Judiciário é esse? Novecentos e sessenta reais. E pergunto: quanto ganha um desembargador?

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - A Corte, o Juiz? E a professorinha para a qual foi feita a lei, R$960,00. Não anda, elas não recebem. Esta é a verdade.

            Então, ela ouviu.

Estou enviando uma foto minha e da minha diretora.

Boa tarde, Sr. Senador.

Venho, através deste e-mail, dar-lhe os parabéns, pois estava eu em minha casa procurando por um canal de TV e, quando apareceu na tela o canal da TV Senado, o seu discurso chamou a minha atenção, pois sou educadora há seis anos e espero o piso, o tão propalado piso pelo Luiz Inácio. Tenho apenas 24 anos e não tenho mais condições de lecionar, pois nos deparamos com uma salário miserável e com uma política de ensino que tira toda a autonomia do educador e a passa para o educando, deixando a escola uma zona. Hoje em dia, na rede pública, aluno não respeita mais professora. Há um descaso muito grande em torno do novo plano de ensino.

Gostaria que o senhor me informasse melhor sobre o piso, se realmente vai entrar em vigor no início de 2010...

            Esse piso, que foi aprovado aqui e que o Poder Executivo e o Judiciário não cumprem. Então, não é o país das maravilhas, é o país da mentira.

Desde já, quero agradecer o seu discurso e quero dizer que senti firmeza nas suas palavras. É de um governo assim que nós, professores, médicos, dentistas, enfim, o funcionalismo público precisa.

Meus parabéns.

            E não iria mais... É cheio de e-mail. Iria parar para o seguinte: os aposentados. Que vergonha! Que vergonha o país da mentira. Velhos, idosos honrados, que fizeram um contrato, trabalharam 40 anos. O nosso Presidente Luiz Inácio - eu não vou dizer que foi feliz - trabalhou muito pouco! Acidentou-se, perdeu um dedo e aposentou-se. Agora, os nossos velhinhos, nossos idosos, nossos avós, trabalharam muito, muito e muito. E aí inventaram um fator redutor da aposentadoria. Fizemos um contrato para eles ganharem 20 salários. Os de 20 estão ganhando 10; os de dez, cinco; e os de cinco, dois. Os velhos, a cumeeira da instituição sagrada da família, sofridos, desgastados, fizeram compromissos, sonhos de ajudar os filhos, os netos, no estudo e na doença, e não o podem fazer porque nós, governo, capamos suas aposentadorias. Ai, eles estavam fazendo vigília, sendo humilhados aqui, enganados, na Câmara Federal. O Paim, que é do Partido dos Trabalhadores, fez as leis. Eu fui o seu relator, defendi a lei do Paim, fiz ser aprovada na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, na Comissão de Justiça, de Direitos Humanos, de Assuntos Sociais. Defendi aqui a lei do Paim, que está lá na Câmara, onde o Presidente da República domina. Quando passou aqui, ele disse que havia 300 picaretas. Acho que ele falou uma verdade. Está lá. E os velhos humilhados, angustiados. Os prejuízos são tão grandes, tão grandes, tão grandes. E o velho é a cumeeira da instituição sagrada da família, Sobrinho.

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - O maior líder, meus jovens, do mundo moderno hoje é Barack Obama. No seu livro, em que conta a sua vida, ele diz assim: se não fossem os meus avós, eu seria um maconheiro. Então, avô é importante, é a cumeeira, é o teto da instituição sagrada que é a família. Por isso que a família desmorona, porque o Governo enganou os velhinhos aposentados, os avós.

            Então, essa é a verdade, não estamos como a Alice dizia , no país das maravilhas, estamos vivendo no país da mentira.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/11/2009 - Página 60518