O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Pela Liderança da Maioria. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, pelo segundo ano consecutivo, o Senado Federal promoveu o seu prestigiado Concurso de Redação entre estudantes brasileiros matriculados nos dois últimos anos do Ensino Médio nas 17 mil escolas estaduais e distritais.

            Trata-se de iniciativa das mais louváveis da Secretaria de Relações Públicas desta Casa, cujo objetivo vai além da mera distribuição de prêmios para os alunos e as escolas participantes. Seu fulcro principal está na conscientização dos jovens sobre a importância da educação e do exercício pleno da cidadania em nosso País.

            Sob o tema “Muito prazer, sou cidadão de uma República chamada Brasil”, os estudantes foram instados a refletir sobre o significado do Estado Democrático de Direito e do que representa ser um cidadão de fato nos dias atuais.

            E o nível das redações escritas, Sr. Presidente, surpreendeu pela sofisticação dos argumentos utilizados pelos estudantes e pelo elevado grau de consciência política apresentado pelos concorrentes. Tal condição não só nos enche de esperança como nos dá a certeza de que, paulatinamente, a qualidade da educação pública de nosso País vai retomando o seu patamar histórico.

            Faço tal avaliação, Srªs e Srs. Senadores, tomando como exemplo a brilhante jovem Dagriane Cácia Zanchetta, aluna da Escola Estadual de Buritis, Rondônia, e autora da redação finalista do meu Estado de Rondônia. Sob o título “Uma República Injusta”, Dagriane expõe em seu texto, com uma maturidade admirável e demonstrando pleno domínio da língua portuguesa, as desigualdades ainda existentes no Brasil e a necessidade de mudarmos essa situação pelo exercício consciente da cidadania.

            Quem lê a arguta redação de Dagriane, Sr. Presidente, pode constatar, em suas palavras, o vigor e a vontade de agir, tão característicos do frescor da juventude. Em seus argumentos, muito bem construídos e expostos, percebe-se com clareza a força da educação como ferramenta indispensável de conscientização, de crescimento pessoal e na consolidação do próprio Estado Democrático de Direito.

            Dagriane, hoje, é um exemplo para todos os estudantes de Rondônia - e por que não dizer do Brasil - e de toda a Amazônia, com suas condições mais difíceis e precárias de infraestrutura educacional. Ao se classificar como finalista do concorridíssimo concurso promovido pelo Senado Federal, a promissora estudante de Buritis demonstrou que nossos jovens talentos estão espalhados por todo o nosso País, sem qualquer distinção de raça, cor ou origem.

            Quero aqui, mais uma vez, parabenizar a Secretária de Relações Públicas desta Casa pela feliz iniciativa de promover o concurso e dizer que o povo de Rondônia espera que mais e mais “Dagrianes” surjam para orgulhar o nosso Estado e provar a inteligência criadora da nossa juventude.

            Quero ainda parabenizar a diretora da escola de Buritis, Rondônia, Professora Fabiana Santos Silva e também todo seu corpo docente e discente, principalmente os professores e professoras dessa escola brilhante, de uma cidade, Sr. Presidente, que eu criei quando Governador. Eu ouvi V. Exª falando outro dia da tribuna que criou não sei quantas, 50...

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Eu criei 78 cidades no Piauí.

            O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO) - Mas o Piauí é mais antigo do que Rondônia, que tem 52 cidades. Dessas, eu, quando Governador, criei 11. Entre essas 11 está a cidade de Buritis, de onde saiu a Dagriane, vencedora do concurso de redação do Senado Federal.

            É com muito orgulho, portanto, que falo da cidade de Buritis, uma cidade nova, já com 50 mil habitantes. É praticamente do tamanho da cidade de onde eu saí, da qual fui Prefeito por duas vezes, Rolim de Moura. Lá fui Prefeito por dois mandatos; de lá saí Governador e cheguei a Senador. Lá é o meu domicílio eleitoral. Buritis é uma cidade bem mais nova e já está do tamanho de Rolim de Moura.

            Sr. Presidente, eu gostaria de, rapidamente, em não mais de dois minutos, ler a redação da Dagriane, que recebeu hoje a homenagem do Senado Federal.

            O título da redação é: “Uma República Injusta”.

Somos cidadãos de uma sociedade brasileira que ainda é injusta, é inegável dizer que houve progressos.

Os indicadores sociais como analfabetismo, mortalidade infantil e graus de instrução melhoraram significativamente nos últimos anos, embora ainda estejam distantes do ideal. O desemprego, contudo, é um problema cada vez mais sério nos grandes centros urbanos.

A concentração de renda, que já era um problema sério durante o regime militar, alcançou proporções absurdas. O Brasil é um dos países onde há uma das maiores diferenças entre ricos e pobres, causa de inúmeros conflitos sociais.

Como resolver esses problemas, como tornar um país justo e democrático?

Para mudar um país, é preciso mudar seus cidadãos. Torná-los conscientes de seu potencial, das suas capacidades, investir em educação e na formação do indivíduo. Quando a maioria da população tiver consciência de seu poder, será mais fácil mudar o país e conseguir importantes conquistas.

O indivíduo que receber uma boa formação moral, ética, que tiver uma boa educação, acesso à informação, à cultura, terá condições de refletir sobre a situação do país e questionar as injustiças e as desigualdades. Saberá cumprir seus deveres e exigir seus direitos de cidadão para construir um país melhor.

Ser cidadão de uma República chamada Brasil é amar e respeitar a nossa Pátria.

            Essa foi a redação da Dagriane, da escola de Buritis, Rondônia, vencedora do prêmio do concurso de redação do Senado Federal.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.

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