Discurso durante a 218ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas ao Governador Wellington Dias, do Piauí, pelo anúncio da construção de dois aeroportos internacionais e pelas promessas feitas em campanha, de construção de cinco hidrelétricas no Rio Parnaíba e de ferrovias, no Estado.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. HOMENAGEM.:
  • Críticas ao Governador Wellington Dias, do Piauí, pelo anúncio da construção de dois aeroportos internacionais e pelas promessas feitas em campanha, de construção de cinco hidrelétricas no Rio Parnaíba e de ferrovias, no Estado.
Publicação
Publicação no DSF de 24/11/2009 - Página 61049
Assunto
Outros > ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. HOMENAGEM.
Indexação
  • CRITICA, CONDUTA, GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), QUESTIONAMENTO, CONSTRUÇÃO, AEROPORTO INTERNACIONAL, LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, PARALISAÇÃO, ATIVIDADE, AEROPORTO.
  • QUESTIONAMENTO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL, GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), EXCESSO, CONSTRUÇÃO, USINA HIDROELETRICA, AUSENCIA, CONCLUSÃO, FERROVIA.
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, JORNAL, O DIA, AUMENTO, VIOLENCIA, ESTADO DO PIAUI (PI).
  • CONVITE, EDUARDO SUPLICY, SENADOR, VISITA, TEATRO, MUNICIPIO, TERESINA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), ELOGIO, GESTÃO, PREFEITO, INVESTIMENTO, CULTURA.
  • LEITURA, NOME, PESSOAL, ACADEMIA, MEDICINA, ESTADO DO PIAUI (PI), ELOGIO, IMPORTANCIA, ENTIDADE, COMPROMISSO, ETICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Eduardo Suplicy, que preside o Senado da República neste instante, é bom, porque V. Exª revive os momentos em que presidia a Câmara Municipal de São Paulo.

            A vitória política de Eduardo Suplicy deveu-se unicamente por isso. Ele foi vereador. Eu sei que ele é de família tradicional poderosa, industrial.

            O avô de Eduardo Suplicy foi um dos homens mais poderosos da indústria paulista e consequentemente do Brasil, mas a sua grandeza foi quando ele, com a sua humildade, se candidata a vereador de São Paulo. E ele atingiu a presidência da Câmara e foi um presidente que usou de austeridade. E aí o povo de São Paulo o reconheceu, e isso é importante. Hoje mesmo observei, lendo um dos jornais, que é ainda o que o povo brasileiro espera do seu Presidente da República. Está ouvindo Suplicy? O primeiro item é honestidade, depois vem competência, depois vem liderança. O apoio ao próprio presidente é pouco significativo. A exigência primeira é honestidade. E V. Exª cresceu aí quando, com a sua austeridade, moralizou a Câmara Municipal de São Paulo.

            Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, como todos nós já falamos aqui, todos nós vamos ao nosso Estado. Interessante. Eu acho que a verdade é o fundamental, é o que cria. Eu entendo, sei que o Partido do Governo está aí, mas abusam da mentira.

            Eu nunca vi se mentir tanto neste País e no meu Estado, no Piauí. Talvez queiram buscar inspiração lá naquele comunicador, Goebbels, que escreveu que uma mentira repetida se torna verdade.

            Mas, lá no meu Piauí, que é governado pelo PT, em que votei em 94, tanto no Luiz Inácio como no Governador, eu nunca vi se mentir tanto. Aliás, Alvaro Dias, é o seu nome, o Governador lá é Dias também, mas não é seu parente não. V, Exª está livre de tão distante. Mas lá eles tratam o Governo de Dias de Mentira. E Pegou. Pegou: Dias de Mentira.

            Então, tem um jornal aqui, este jornal gosta muito de Governo, O Dia, mas tem uma nota aqui, de um jornalista - este jornalista, não sei por quê, até de vez em quando bate em mim - mas é pequenininho. Mas a verdade vem - está ouvindo, Alvaro Dias? -, não adianta comprar toda a imprensa poderosa do Brasil e dos Estados.

            Hoje, Alvaro Dias, é muita coragem a gente mentir, não vai a lugar nenhum. O Hitler foi. Eu sempre digo: a ignorância é audaciosa. Está ouvindo, Alvaro Dias? Quem disse isso foi meu professor de cirurgia, Mariano de Andrade. Muito respeitado. A ignorância é audaciosa. A massa que assumiu os poderes, ô Cristovam, é essa, a ignorância. Estudaram pouco, não se prepararam, não conhecem e começaram a mentir. Mas hoje... Aquilo deu certo para o Hitler, mas não para o mundo. Deu certo para ele porque ele ganhou muitas eleições lá, foi forte, foi poderoso. Mas naquele tempo só tinha a rádio dele. Então, o Goebbels mentia, estava mentindo mesmo, e a Europa toda se apavorava. A rádio era deles...

            Cristovam Buarque, um dos livros mais interessantes que eu acho é de um tal de Alvin Toffler. Em 1980, o que ele disse... Achei que ele era até idiota. Foi me dado esse livro por um professor, Cândido de Ataíde, um médico... Ele disse que o mundo tinha três ondas. A primeira foi a que engrandeceu. Fixou-se no campo e criou... Deixou de ser nômade, atrás de alimento feito doido. Pescando, ficou. Foi a onda rural, o homem do campo. Produziu, criou, plantou. Isso dez mil anos da história da humanidade. Depois, nascida na Inglaterra, na civilização, foi a onda industrial. O homem saiu do campo. As indústrias se fixaram nas cidades grandes, nas capitais. Ele passou a querer morar nas cidades para ter a segurança do emprego, porque a maioria estava na indústria. Essa onda foi uns 400 anos. Mas em 1980...

            Suplicy, V. Exª é um homem estudioso. Quer dizer, não estou dizendo... Estou dizendo que... Está vendo? O Mercadante é um homem competente, capaz. O Delcídio Amaral é muito inteligente. O PT tem gente, mas tem uma grande massa de aloprados, ignorantes, incompetentes. Vixe Maria! Aí é que é o negócio. Aí é a diferença que eu mesmo pensei que não era. Tem mais joio do que trigo, viu, Eduardo?

            Então, eles não entenderam isso. Aí, começaram a mentir, a mentir, a mentir... E o do Piauí ficou “Dias de mentira”.

            Então, outro dia eu estava discursando e perguntei ao Demóstenes quantos aeroportos internacionais havia em Goiás. Atentai bem... Demóstenes, um homem todo rígido no Direito. Aí o Demóstenes disse que não tem nenhum. Goiás, aqui, o grande Goiás, produtor, pai e mãe de Brasília: nenhum!

            Aí esse Governador mentiu, mentiu e disse que há dois no Piauí. Só mentira! O maior é na minha cidade. Mas acontece que ele dispõe de todas os jornais, de todas as televisões, porque é ele quem paga e só paga se colocarem as palavras dele, que quase sempre são mentirosas. Eu nunca vi um homem mentir tanto na minha vida!

            Por isso que o Heráclito se enfezou, Suplicy! Não foi com você, não. O Heráclito trazia umas denúncias e você vinha com umas cartas mentirosas dele. Aí o homem teve aquelas reações.

            Mas o homem mente muito! Então, na minha cidade de Parnaíba não tem vôo é de jeito nenhum. Mas eu digo aqui e ele bota... O País todo pensa que tem. Ele chega bota na televisão, bota no jornal, circula... Mas, nesse jornal, aqui, Roda Viva, Robson Costa. Robson Costa: a verdadinha pequena é que vale. Não adianta muita coisa, quase sempre mentira.

            Olha que os jornais do Piauí gostam de governo, por necessidade, a não ser o de um muito rico que tem lá, Diário do Povo, porque o homem vive na China, vende peça de moto, é mais rico que o Estado, tem o melhor hotel, o jornal, e ele não está nem aí. Mas os outros... Eu compreendo as dificuldades, eu já fui Governador.

            Mas ele deixou escapar aqui uma coisa muito interessante: “Às moscas”. Atentai bem! No jornal O Dia. Eu já escrevi nesse jornal. Coronel Miranda, amigo do meu pai, tem o mais histórico... Então, Robson Costa: “Às moscas. Não duvidem se ela quiser todos os voos internacionais para o Maranhão, deixando o aeroporto de Paranaíba do jeito que ele está: às moscas”. E o pior: aí o Governador culpa a Governadora do Maranhão porque quer levar voo internacional. Não tem nada de ver, não. A Roseana está no papel dela de guerreira. Mas o fato é que, nessas entrelinhas, fizeram isso aqui para atacar a Governadora. Jorra a verdade. Eu sempre disse: não tem nada. Acabou. Não tem vôo nenhum. Não tem nem teco-teco.

            Outro dia, ô Eduardo Suplicy, eu citei aqui o Dr. Alcenor Candeira Filho. Ele foi meu chefe lá no INPS. Eu era cirurgião. Ele é duro, ele é advogado, ele é... Ele é Secretário do Município de Paranaíba, cujo Prefeito é aliado ao Governador e do PT. Mas ele é desses intelectuais bravos. Ele fez um verso que é a coisa mais linda, que o aeroporto de lá só serve para urubu, para passarinho, para andorinha, para gavião, que não tem avião. Só tem avião no Governo de “Dias de mentira”.

            Interessante que sempre teve. Eu fui Governador e no meu Governo tinha, mas no dos outros também tinha. O ruim mesmo é esse Governador. É só mentira: “Não, vou botar internacional.” Agorinha mesmo ele está viajando. Mas o homem mente tanto que é desconectado da coisa.

            Eduardo Suplicy, sabe por que eu o larguei? Eu votei nele. Você sabe disso. Era Lula lá e Mão Santa cá, em 1994. Sabe como foi? São José do Peixe. Aí eu o acompanhei. Eu tinha inaugurado lá um aeroporto. Aí fomos lá e ele falou. Eu estava ao lado do Deputado Federal Marcelo Castro, que é do PMDB, ligado a eles. Está bem aqui na Câmara. Eu estava, para dizer a verdade.

            Aí, quando o Governador subiu assim... Ele estava com um mês de Governo. Eu estava do lado, apoiando-o. Quando ele subiu - olha para cá, Eduardo Suplicy! -, eu olhei do lado e ele disse “vou construir cinco hidroelétricas no rio Parnaíba”. Ô Suplicy, eu tenho noção das coisas, eu estudei muito, eu meu preparei. Cinco hidrelétricas! Eu disse: “O homem é um animal mentiroso, doente”. Cinco?!

            O Deputado Marcelo Castro está bem aí, é ligado a ele, é do PMDB, está lá no Governo, do lado. Então, estou dizendo a prova. Cinco hidrelétricas! Olha, o Piauí tem uma banda de uma hidrelétrica, na cidade de Boa Esperança de Guadalupe. Foi sonhada por Juscelino, foi concretizada por Castello Branco e aquele engenheiro do Ceará, César Cals, era o engenheiro da... Tinha um Deputado, Milton Brandão, de Pedro II, com as emendas... Mas a eclusa nunca foi concluída. Por isso, o rio Parnaíba, que foi navegável no sul, deixou de ser. Então, eu tinha votado nele, porque pensei assim: o Luiz Inácio vai ganhar e vamos ter chance, vamos crescer, é uma grande oportunidade. O homem disse cinco hidrelétricas. Aí eu já fiquei... Ninguém sabe quem é pai dele. Rapaz, cinco hidrelétricas! Isso no rio Parnaíba.

            O pior é o seguinte. Depois - eu só vi no jornal, porque não estive presente -, ele foi passar... Teresina é uma cidade mesopotâmica: tem o rio Parnaíba e o rio Poti, que vem do Ceará, esse que encheu... Aí ele andou dizendo que ia fazer - para levar o Alberto Silva - um plano... Alberto Silva, um homem bom. Quem está livre de ser enganado? Era do meu Partido e passou a apoiar eles, até me abandonou. Quem é que está livre, Augusto Botelho, de ser enganado? Ele disse para o Alberto Silva que, em sessenta dias, ia botar os trens para funcionar de Parnaíba a Luís Correia. Quinze quilômetros em planície. Em quatro meses, ele ia botar de Parnaíba à capital, obra simples, viável, até um mestre de obras faz, porque é uma planície, não tem montanha. Eu mesmo acreditei, o Presidente lá dizendo. E o Alberto Silva, que está no céu - ele morreu há pouco - foi enganado. Viu, Augusto? Acreditou porque o Alberto Silva sempre dizia “sou um engenheiro político”. Ele era engenheiro da ferrovia. O primeiro emprego dele foi na ferrovia, no Rio de Janeiro, engenheiro ferroviário. Então, encantado e tudo e puf, foi logo lá... O homem largou... Olha, está terminando o governo, já terminou, só tem dívida para pagar, e mentira... Eu sei o que é fim de governo, já fui Prefeito e governo. O Luiz Inácio... E veja agora o que é fim de governo.

            Então... Rapaz, ele não trocou um dormente. Tu sabes o que é dormente, Augusto? Lá tem ferrovia no teu... Não tem, não? Pois é aquele pau que segura o ferro. Rapaz, os bichos...

            Eduardo Suplicy, tu foste lá no litoral, tu viste. Não trocou um dormente. Eu pensei que ele tinha todas as condições para fazer, não é, o Luiz Inácio? O Alberto Silva sabia tudo de engenharia, engenheiro ferroviário.

            De cinco hidrelétricas, ele inventou uma. Essa eu não estava na solenidade. Mas li no jornal. O homem vai fazer... Só mentira. E o aeroporto, aquela confusão que deu.

           Nem o Heráclito teve culpa nem V. Exª, Eduardo, teve culpa, não. Foram me perguntar. Porque o Heráclito trouxe a verdade. Aí ele mandou uma carta mentirosa - você não conhecia -, Dias de mentira. Eu não conheço uma pessoa - tenho 67 anos - que mente assim descaradamente, irresponsavelmente.

            Agora ele foi... Não foi acompanhado com o Lula. Acho que o Luiz Inácio já desconfiou que ele mente muito. É interessante. Ô, Suplicy, preste atenção! Não tenho nada contra esse Luiz Inácio, não. Votei nele. Uma vez, ele me pegou - conhecia ele e já tinha votado - e disse: “Senador Mão Santa, tome conta do meu menino”. “Meu menino” é o Governador lá. Mas eu fugi, eu desisti, porque o menino é travesso, o menino é mentiroso. Como é que vamos tomar conta de um negócio desse? O Luiz Inácio pegou na minha cabeça e disse: “Rapaz, ajude. Você é mais experiente. Tome conta do meu menino”. Mas ô menino mentiroso, danado, travesso. É porque ele não sabe. Não dava para tomar conta. Não dava. Eu desisti e fui embora. Mas, espere aí.

            Então, está aqui: “Às moscas, dois aeroportos internacionais”. Em Goiás, não tem nenhum.

            Vou fazer uma pergunta aqui. Ô, Eduardo Suplicy, V. Exª, austeridade e verdade, em São Paulo, na Grande São Paulo, há quantos aeroportos internacionais? Quantos há em São Paulo?

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco/PT - SP) - Em São Paulo, há o aeroporto...

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Internacional. Só conheço o de Guarulhos, onde pego avião.

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco/PT - SP) - Aeroporto Internacional de Guarulhos, André Franco Montoro, e também...

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Tem internacional? Eu só pego em Guarulhos. Por isso, fiz a pergunta. Em Goiás, não há nenhum. São Paulo, ele está com dificuldade. Eu me lembro do Aeroporto Internacional de Guarulhos.

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco/PT - SP) - Não, e o Aeroporto de Viracopos também.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Não, eu acredito. Eu estou dizendo São Paulo, só para a gente chegar lá.

            Agora, no Piauí, ter dois internacionais, é fazer todo mundo de idiota, de besta, de imbecil. Goiás não tem nenhum internacional. Olha, Buenos Aires, ali, tem um internacional, o outro já é civil. ...espalhou no mundo e todo mundo pensa, e não tem. Parnaíba é minha cidade, eu gostaria.

            Agora, eu era menino, Eduardo Suplicy, nós temos mais ou menos a mesma idade, não é, não? Sei não.

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco/PT - SP) - Meia oito eu tenho.

             O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - É? Eu só tenho 41, porque eu só considero os de casado com a Adalgisa. Antes eu era uma pedra, um pedaço... Mas é o seguinte, quero te dizer uma coisa: quando eu era menino - está ouvindo, Alvaro Dias? - a gente ia para o Rio de Janeiro, saía lá de Parnaíba quando era menino. O aeroporto foi feito por João Paulo dos Reis Velloso, que foi ministro da revolução, e, antes disso, ele pegava. Tinha a Panair - você lembra? Heim, Eduardo Suplicy? Panair, Aerovias, Aeronorte, AeroBrasil, tinha um bocado, até a Taba, tinha Paraense Transportes Aéreos. Aí a sigla, Augusto Botelho, Senador lá pelas bandas do Pará, era PTA, a turma dizia: “Prepara a Tua Alma”. Porque de vez em quando caía um avião. Mas eu sei que passava a vida - AD, não tem o AD? Então tem o PTA. AD é Alvaro Dias. Senador, aí caía muito, e a gente ia pingando: o avião saía de Parnaíba, Fortaleza - era bom porque aprendia Geografia, não é? - Teresina, Fortaleza, passava lá por Natal, Recife, João Pessoa, ia aprendendo essas capitais todas. Chegava a Salvador, aí Salvador, parava. Aí eram quatro horas de vôo. Era lento. O Douglas, DC-3. A gente chegava de tardezinha. Olha, não tem mais nem teco-teco. Se tivesse, era bom.

            Eu tô morto de sono, porque eu fui lá para Parnaíba, e a gente veio de carro, para pegar de madrugada o avião. Não tem nem teco-teco. E o bicho bota que tem internacional.

            E outro, em São Raimundo Nonato. Foi aquele que deu o imbróglio aí do meu amigo Eduardo, e o Heráclito contando a verdade, porque não tem mesmo, não tem linha, não tem avião. Agora, tem nos jornais, nas mentiras, no diabo, porque o diabo mente. Tem em todos os jornais isso aí. Mas aqui escapou.

            Às moscas. Aí falando que... Internação. “Deixando o aeroporto de Parnaíba do jeito que ele está: às moscas”. Esse jornal apoia o governo, mas apoia muito! Então, não adianta hoje se mentir.

            Mas o Alvin Toffler, ta vendo, Alvaro Dias? Ele disse que a terceira onda é essa dessa zorra da comunicação. Ia ter a desmassificação da comunicação. E é verdade! Ele já provava que todos os jornais do mundo estão diminuindo o número. O número, os de Londres, de Paris, o número de exemplares. Mas é que estão aparecendo outros pequenininhos. E aí você entrou nesse negócio de portal, nesse negócio de blog, nesse negócio de twitter, que eu vi o pessoal falar e pensava que era um instrumento musical.

            Então, não adianta mentir, porque isso aí está no mundo. As emissoras, o Hitler falava, e só tinha uma rádio dele lá na Alemanha... Aí pronto. Agora, é rádio comunitária. Então, não adianta. Eles mesmos se desfazem. Então, está aqui: às moscas.

            Ô, Robson Costa, meus parabéns! Não sei se você queria essa atenção, mas você fez eu provar para o Brasil que, quando o povo na rua está chamando o homem de “Governo Dias de Mentira”, hein! V. Exª, nas pequenas linhas, botou atestado.

            São Raimundo Nonato, aí foi aquela confusão. Ele mandou uma carta que tinha uma linha de avião Bandeirante - não sei o nome desse bicho aí. O Heráclito é que entende mais de avião do que eu. Petrolina, São Raimundo Nonato e Teresina. E o meu amigo, decente e honrado, Suplicy foi ler a carta. Não tem nada! Tudo é mentira, tudo é mentira e tudo é mentira!

            Olha, Floriano é uma grande cidade do Piauí. Eu fiz lá um aeroporto. Aí eu fiz o campus universitário de lá, há 15 anos. E os estudantes são livres, eles comemorando - ta vendo, Alvaro Dias -, e me convidaram lá. Foi na véspera que fiz a primeira reunião e tomei posse no PSC no Piauí. Então, quando cheguei no aeroporto de Teresina, num avião de carreira, já havia um táxi. Eu disse: agora vamos embora para Floriano direto, de noite, porque tenho que voltar de manhã para a reunião. Não é porque eu dei a palavra para os estudantes que estavam lá e iam terminar as festividades deles. Não, o aeroporto está todo quebrado, não tem mais, não tem é nada.

            Então, é isso que temos que lamentar.

            Aí peguei outro jornal lá, e tinha: Estrada do Sul. Isso foi ontem, no jornal Diário do Povo, do homem lá rico, que anda pela China; é o que vende mais peças de moto no Brasil. Graças a Deus tem esse Damásio; é mais rico que o Governador, que o Governo, que o Estado. Esse Damásio tem um jornal só mesmo... Esse é livre. Bota aí... Bota este discurso...

            O jornal O Dia deu uma verdade, eu gostei: “Assaltos em ônibus”. O povo está apavorado. Lá no Piauí estão assaltando - negócio de arrastão em bar, velório de velho... Morreu, enterra logo porque, se ficar de noite, vem um arrastão, tiram os sapatos dos velhos nos velórios - é um rolo. Mas em ônibus agora é a mania. Está lá o povo apavorado. Em Teresina! Isso foi agora, isso é uma barbárie. Isso é pior do que a gripe do porco, e se expandiu essa barbárie, essa violência. Estava lá no jornal. Fiquei apavorado.

            E o seguinte: esse negócio de apagão! Isso é uma vergonha. Aí eu vi que nós do Nordeste estamos lascado, porque apagão é todo dia - estamos até nos acostumando. É todo dia lá no Piauí. Agora, deu um apagãozinho aí... Aí botam um nome bonito: blecaute, não sei o quê. Rapaz, mas lá a gente está é lascado! É apagão: apagou a luz, apagou a vergonha, apagou a moral. É um governo montado... Como a democracia, no tripé Legislativo, Executivo e Judiciário, lá é: mentira, corrupção e incompetência. Tanto é que o José Serra está perdendo feio lá nas pesquisas; surgiu o Prefeito de Teresina e disparou lá.

            Então, nós queríamos dizer o seguinte: o povo do Piauí é bravo, tem muitas coisas para elogiarmos. Participei, primeiro... O Prefeito de Teresina é do PSDB e disparou nas pesquisas para Governador do Estado. É um médico. Ele fez um espaço cultural - quer dizer, não há só desgraça no Piauí, não; o povo é bom, os prefeitos todos estão trabalhando muito. Fez um espaço cultural: pegou um mercado velho no centro do cajueiro e transformou no Palácio da Música.

            Eduardo Suplicy, estou lhe convidando. Ele é do PSDB, mas V. Exª vai pela musicalidade. Vamos levar o Supla para lá. Elcinéa Santos, José Reis e o Prefeito Sílvio Mendes. É uma coisa linda. V. Exª aceita que o Supla se apresente lá? É um negócio de primeiro mundo. Era um mercado velho. Há duas orquestras sinfônicas.

            Eduardo Suplicy, eu andava lá em Santiago, que é uma terra cultural - o Juca Chaves diz que é a maior civilização das Américas -, aí vi um negócio desses e entrei, para ver com a Adalgisa. Era uma dessas orquestras sinfônicas, gente como o quê. Ah, se aqueles indivíduos todos votassem na gente! Eram muitos músicos. Há duas na Prefeitura. E eu vou lhe dizer: não sou musicista, não entendo, mas é muito agradável, e não vi ser inferior à de Santiago, não.

            Então, o Prefeito de Teresina, com o seu Palácio de Cultura, com sua equipe, o Presidente da Câmara e o povo estão de parabéns. Teresina ganhou um Palácio da Música. Quero convidar o Supla para se exibir lá, no novo teatro. E o Piauí, nem tudo é isso. O Piauí - está ali o Augusto Botelho e ele sabe disso - é um dos Estados em que a Medicina é mais desenvolvida. E é mesmo!

            Lá eu os deixei, quando Governador. Eles faziam o transplante cardíaco. Mas não foi por mim, não. Eu vou explicar. Teresina... Ó, o doente sai de lá, em negócio de saúde, ele está lascado; se eles não derem jeito lá, não dão em lugar nenhum, não. Eu sou médico e do bom, aqui. Era o Pelé jogando futebol, fazendo gol, o Roberto Carlos cantando e eu operando numa Santa Casa.

            Mas vou dizer por quê. Você vai entender. E ele sabe do Nordeste. Não vai muito doente lá do Amapá pra Teresina? De Tocantins, do Ceará, do Maranhão todo. Vou dizer por quê. Quando Getúlio assumiu, ele teve apoio nos tenentes, principalmente aquele Carlos Prestes. Então, quando ele assumiu, tomou o Governo, disse que na eleição havia corrupção, ele colocou os tenentes em tudo que era capital pra ser interventor, governador nomeado. E no Piauí não deu certo o Tenente Landry Sales, aí ficou um médico: Leônidas Melo. Viu, Augusto Botelho? Entendeu? Aí que foi a sorte.

            Pneumologista - naquele tempo havia muita tuberculose - do Rio de Janeiro. Com a sua visão de saúde, de pneumologista, na época, ele fez um grande hospital para a época: diziam “elefante branco”. E colocou o nome do homem: Getúlio Vargas. Então, nasceu um hospital gigantesco lá em Teresina. O Maranhão passou a vir todo e se relacionou. E um bem nunca vem só, como disse Padre Antônio Vieira.

            Aí vem um Clidenor de Freitas, que foi o Diretor do Ipase, fez o primeiro hospital psiquiátrico, e, na oftalmologia, João Orlando. Então, ele se desenvolveu muito. É muito desenvolvido.

            E fui a um evento que mostra a grandeza do Piauí. Está aqui a revista; ela tem a Academia de Medicina. A última vez, estava lá o Presidente Nacional, Pietro Novellino, descendente de italiano - é ali perto do Santos Dumont, no Rio de Janeiro, é a mais antiga, e eu vou levar o Paim lá. Já prometi que vou levar todos os médicos. A última vez que eu fui, nacional, foi quando Pinotti, o Deputado Pinotti foi incorporado, ingressou. Eu tinha uma amizade, uma admiração. Ele me convidou, o Presidente Sarney foi, e eu acompanhei o Presidente Sarney, no começo do mandato. Então, o mais interessante, que vou levar, que tem para o Paim, o primeiro fundador dessa Academia Nacional de Medicina, que é a mais antiga, no Rio de Janeiro, era um morenão, parece um Paim, um preto assim. Tem um quadro lá, e eu recordava. Vou pedir ao Presidente que me dê o retrato daquele homem que eu vi. É preto ele. Estudou por lá e foi o fundador. Dom João VI com ele lá; tem um retrato daquelas pinturas grandes. Eu pedi: me dê um retrato dele para eu mostrar para o Paim, para acabar com essa história de que a raça negra sempre é...

            Eu fui e eles foram. Mas eu sou orgulhoso de ser piauiense e médico. É a quinta Academia Nacional de Medicina. Existe a Associação dos Médicos Piauienses, existe o Conselho Regional e o Sindicato. Todos eles são bons, mas Academias são poucas. O Piauí foi a quinta, para você ver a grandeza científica médica. Vocês estão vendo? São 27 Estados, pois a nossa completou 35 anos, e eu fui a essa festa. Eles são preocupados com a ética. Vamos dizer, você, se fosse médico, estaria lá no Piauí.

            Eu quis agora entrar, primeiro tem uma disputa. Eu sou muito franco, eu tenho muito medo. Eu gosto de disputa para o povo, porque eu me lembro de Juscelino Kubitschek. Você se lembra? Juscelino...

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco/PT - SP) - Senador Mão Santa, permita-me. Uma vez que V. Exª atribui-me a gentileza de presidir os trabalhos nesta tarde, enquanto V. Exª fala, como Membro da Mesa, eu preciso informar - V. Exª faria o mesmo - que V. Exª está na tribuna há 33 minutos.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Vou encerrar.

            O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco/PT - SP) - Como há outros oradores inscritos, eu gostaria apenas... V. Exª, melhor do que eu, saberá, com bom senso - e com a tolerância que a mim cabe exercer também -, considerar os demais oradores.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - E, nesses trinta e tantos minutos, muitos eu gastei sabiamente fazendo a retrospectiva do brilho de V. Exª como Presidente da Casa. Mas vou encerrar. Eu vim para fazer essa homenagem.

            Então, está aqui uma das revistas. Havia várias, eu não trouxe. Lançaram esta revista, são 35 anos. Eu queria só ler o nome dos homens que são... Ele, lá, está em São Paulo. A do Piauí foi há 35 anos, Augusto Botelho.

            Isso é um troço para vocês fundarem. É a quinta. Não entrei ainda porque tem uma disputa, e tenho medo dessas coisas. Vocês se lembram de Juscelino Kubitscheck? Foi para a Academia de Letras. Estava tudo certo, mas, em um golpe político, ele perdeu a vaga que estava certa.

            Então, é o seguinte. Está aqui a revista Sthetos, Órgão oficial da Academia de Medicina do Piauí. Tem o Conselho Consultivo. O editor responsável é o Luiz Ayrton Santos Junior, e o Conselho Editorial, Gisleno Feitosa, Mendes Filho etc...

            Eu queria apenas dizer aos líderes médicos: cuidem da ética, da pesquisa, da moral. É uma Academia como tem no Rio de Janeiro.

            Presidente: Luiz Ayrton Santos Junior.

            1º Vice-Presidente: Pedro Leopoldino Ferreira Filho, já foi reitor.

            2º Vice-Presidente: Benício Parentes de Sampaio, já foi Senador. Foi o substituto do... Ele já foi secretário.

            Secretário Geral: Gisleno Feitosa. Vai ser presidente.

            1º Secretário: Paulo Sério Cortellazzi. Ele é cirurgião cardiovascular. Filho de David Cortellazzi.

            2ª Secretária: Sonia Maria dos Santos Carvalho.

            Tesoureiro: Roberval Sales Leite.

            Bibliotecário: José Nazareno Pearce de Brito.

            Conselho Fiscal:

            Membros efetivos: Anfrísio Neto Lobão, que foi reitor e é do Tribunal de Contas; Gerardo de Aguiar Chaves, neurologista; David Delphino Cortellazzi.

            Suplentes: Livio Parente e Joaquim Vaz.

            Então, eu queria um homenagem. A programação... pelo adiantado... não quero... Mas quero dizer que o Piauí agiganta-se, principalmente com esse pessoal da área médica, que, ao longo dos anos... E entendo que a minha força política foi como a dos outros governadores. A classe médica é mais forte do que qualquer partido. E, se eu e outros governadores médicos - houve dezenas - chegamos lá, foi pela força e o prestígio da... A eles a nossa admiração e os nossos parabéns.

            Ao Senador Educado Suplicy, o muito obrigado pela tolerância.


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