Discurso durante a 219ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reflexões acerca das recentes visitas de Chefes de Estado ao Brasil, apoiando a postura do Presidente Lula e salientando a importância de o Estado brasileiro manter relações diplomáticas com os mais diversos países do mundo.

Autor
João Pedro (PT - Partido dos Trabalhadores/AM)
Nome completo: João Pedro Gonçalves da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • Reflexões acerca das recentes visitas de Chefes de Estado ao Brasil, apoiando a postura do Presidente Lula e salientando a importância de o Estado brasileiro manter relações diplomáticas com os mais diversos países do mundo.
Publicação
Publicação no DSF de 25/11/2009 - Página 61542
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • ANALISE, EFICACIA, POLITICA EXTERNA, BRASIL, IMPORTANCIA, CONDUTA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MANUTENÇÃO, RELAÇÕES DIPLOMATICAS, DIVERSIDADE, PAIS, MUNDO, ESPECIFICAÇÃO, ISRAEL, IRÃ, PALESTINA, FRANÇA, VENEZUELA, REFORÇO, LIDERANÇA, BUSCA, ENTENDIMENTO, VIABILIDADE, PROTOCOLO, ALTERAÇÃO, CLIMA, COMPROMETIMENTO, PROJETO, NATUREZA SOCIAL, NATUREZA ECONOMICA, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil, nesses últimos dias, recebeu visitas importantes do ponto de vista de presidente de países que pouco visitam o Brasil, mas por conta da realidade internacional. Mas eu quero dizer aqui, Sr. Presidente, da visita do Presidente de Israel que há poucos dias esteve no Brasil e visitou esta Casa, o Congresso Nacional e encontrou-se com o Presidente Lula; da mesma forma que visitou o Brasil o Presidente da Autoridade Palestina.

            São lideranças que pouco visitam, não só o Brasil, mas a própria América Latina. Está visitando a América Latina o Presidente do Irã. E, evidentemente, nós precisamos compreender essas visitas, primeiro do ponto de vista de um Estado democrático, que é o Brasil, de receber presidentes de países. Evidentemente, que você não precisa concordar com a opinião dessas lideranças e de políticas dessas lideranças. E, claro, que a democracia permite a divergência, a concordância, a discordância. Em um Estado como o Brasil... Nessas visitas - a última do Presidente Ahmadinejad, do Irã - quero destacar primeiro a postura do Presidente Lula e, segundo, do Brasil como nação, como estado democrático de direito, como liderança internacional. Um País que tem essa pujante economia, um País que é respeitado internacionalmente, tem assento importante na ONU, o Brasil não pode prescindir, abrir mão de ter uma relação com os países - quero aqui chamar a atenção - do oriente médio, países mulçumanos. E se tem um país na América Latina que pode exercer esta liderança é o Brasil, por conta da sua população, pela sua economia, sua história, por conta da estabilidade política que tem o Brasil, por conta da estabilidade econômica que tem o Brasil, por conta desta economia interna que o Brasil tem, mas por conta da articulação internacional que o Brasil faz num momento de crise, de um País que tem um Presidente com uma capacidade política invejável; e que precisamos destacar essa capacidade política de agregar forças, que é o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

            Estou refletindo porque você lê articulista, ouve articulista e algumas manifestações da sociedade - que eu respeito -, por exemplo, contrária a opiniões do Presidente Ahmadinejad.

            E está correto o protesto do ponto de vista dessa pluralidade que o Estado brasileiro, a sociedade brasileira tem. Está correto. Agora, nós não podemos é achar que o Brasil não pode ter uma relação com o Irã, um país da maior importância no mundo mulçumano, um país com quase 60 milhões de habitantes. Isso pode ser novo para o Brasil, mas nós precisamos intensificar a relação do Brasil com países com culturas como o Irã, extremamente diferenciada. Eu penso que é nova essa relação, mas é um novo importante, fortalece o projeto internacional do Brasil de ter uma relação cultural, uma relação cientifica, uma relação econômica, não só com o Irã, mas estou generalizando, a importância da relação internacional, da relação que o Brasil deve manter com culturas diferentes, com países importantes, pequenos, médios e grandes países.

            Então, estou fazendo esta reflexão para concordar com a política externa do Governo do Presidente Lula. Quero aplaudir a política internacional do Presidente Lula. E nós estamos vivendo, no âmbito internacional, um momento muito particular. O Brasil hoje é ouvido e, mais do que ouvido, o Brasil é respeitado internacionalmente pelo que faz internamente. Mas quero destacar aqui, por conta desse Presidente extremamente habilidoso, sério e competente na construção de entendimentos no sentido de construir posicionamentos, como por exemplo Copenhague.

            Nós precisamos sair de Copenhague com um protocolo que possa dignificar o ser humano. Nós precisamos superar, no âmbito internacional, o fracasso de Kyoto e ter um entendimento internacional em Copenhague, principalmente dos Países como os Estados Unidos e a China. E o Brasil exerce essa liderança de sairmos de Copenhague com um protocolo factível, viável, mas comprometido com um novo projeto social, econômico e ambiental. E o Brasil joga esse papel.

            Amanhã, o Presidente Lula estará se deslocando para Manaus, com uma agenda de inaugurar o gasoduto, uma obra importante da Petrobras na Amazônia. Em seguida à inauguração, que será na parte da manhã, nesta próxima quinta-feira, o Presidente Lula tem um encontro com os Presidentes Sarkozi e Hugo Chávez, presidentes de países da Pan-Amazônia. O Presidente Sarkozi, por conta da Guiana Francesa.

            Pois bem, isso é política externa. Isso é política internacional. Isso é uma articulação positiva, construtiva, soberana que o Presidente Lula vem construindo. Então, a política externa do Brasil é uma política séria, estratégica no sentido de não só reconhecer, mas agregar força, evidentemente, ampliando a relação cultural, comercial, econômica com esses países importantes para o Brasil, importantes para a nossa economia, importantes para as nossas universidades, importantes para a sociedade civil, importantes para o Estado brasileiro.

            Eu tenho divergências com a política de Israel. O Presidente de Israel esteve aqui no Senado. Por sinal, eu fiz um pronunciamento questionando o posicionamento do Presidente de Israel quando pregou a paz. Mas eu fiz uma reflexão aqui. Porque o povo palestino não tem paz, vive oprimido, vive cerceado, vive vigiado. Essa é a verdade. Só visita Jerusalém, a capital, o palestino que vive em Jerusalém. O palestino que está fora de Jerusalém não entra em Jerusalém. O palestino que está lá em Hebron, em Ramallah, não entra, Presidente. Não entra porque Israel não permite.

            Um presidente, um representante de um Estado-nação, é bem-vindo, tem que vir ao Brasil, como o Brasil tem que fazer a visita a esses países, o Governo brasileiro, o Presidente Lula. Divergências nós temos, mas a relação internacional entre esses países eu considero da maior importância para o nosso País.

            Há poucos dias, nesse final de semana, tivemos a visita do Presidente da Palestina, Mahmoud Abbas. Então, é muito importante essa relação, não só política. O Brasil tem uma liderança no sentido de construir uma relação que possa fazer com que não só o Brasil, mas também a própria Palestina cresçam na cidadania, na cultura, no comércio. Enfim, que nós possamos ter uma relação soberana, mas, acima de tudo, respeitosa, democrática, civilizada com esses povos.

            Quanto à visita do Presidente do Irã, eu vi na mídia o questionamento e considero isso normal. Mas eu não posso, como membro do Senado, deixar de destacar que é normal, que é importante, que é atual, que é contemporâneo um Presidente de um país mulçumano visitar a América Latina - o Presidente iraniano está visitando outros países da América latina - e construir uma relação da América Latina, dos povos da América Latina, dos países da América Latina com o mundo mulçumano.

            Então, estou fazendo essa reflexão para destacar a importância da política externa brasileira e, também, a participação do Itamaraty, a competência, a seriedade e o profissionalismo dos nossos embaixadores, desses brasileiros que cuidam dos interesses nacionais e que cuidam do Brasil em nível internacional.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/11/2009 - Página 61542