Discurso durante a 221ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da decisão do governo do Amapá de investir na melhoria de suas escolas e na qualificação de professores. Anúncio dos valores de verbas já destinadas à área de saúde no Estado

Autor
Gilvam Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Gilvam Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO. ORÇAMENTO.:
  • Registro da decisão do governo do Amapá de investir na melhoria de suas escolas e na qualificação de professores. Anúncio dos valores de verbas já destinadas à área de saúde no Estado
Publicação
Publicação no DSF de 26/11/2009 - Página 61815
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO. ORÇAMENTO.
Indexação
  • CONTINUAÇÃO, PRONUNCIAMENTO, DETALHAMENTO, PLANO, MELHORIA, EDUCAÇÃO, ESTADO DO AMAPA (AP), BUSCA, COMPENSAÇÃO, ATRASO, BRASIL, SETOR, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, REGISTRO, DADOS.
  • ANUNCIO, LIBERAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, PREFEITURA, MUNICIPIO, MACAPA (AP), ESTADO DO AMAPA (AP), DESTINAÇÃO, ESTRUTURAÇÃO, SERVIÇO, SAUDE PUBLICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP. Sem revisão do orador.) Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como vinha discorrendo sobre esse tema fascinante e decisivo para o sucesso de uma sociedade, acreditamos que, em relação a todos os valores que possam ser forjados e herdados, também dos valores genéticos e familiares, somente o esforço conjunto de uma sociedade poderá imprimir uma revolução na formação desse novo homem que todos desejamos; o novo homem que terá livros na mão, informações na Internet e condição de se aprofundar na busca dos conhecimentos.

            Nós, Congressistas, deveremos reagir; e reagir de forma contundente. Temos um instrumento, e este instrumento é a disposição da Câmara e do Senado, as duas Casas que formam o Congresso Nacional. O Orçamento Federal, sem dúvida, é esse instrumento.

            E entendemos que, pela educação, haveremos de dar essa nova performance. Homens qualificados, homens doutrinados, sempre na busca do conhecimento, sem dúvida, poderão fazer uma grande evolução neste País fantástico.

            Dos nossos teóricos, cito Paulo Freire. Reporto-me a Paulo Freire porque ele sempre foi um teórico exemplar, mas o que o diferenciava dos outros era que Paulo Freire tinha uma visão realista, pragmática. Além doutrinador, era um homem que conseguia extrair da realidade seus pensamentos e sua filosofia. E isso nos traz sempre ânimo de ver, ouvir, sentir e aprender com aqueles que trilharam o caminho da educação.

            Todos os países, sem exceção, que conseguiram... Como o filósofo John dizia, a mente do homem faz matéria, mas a matéria só é feita a partir de um desejo, e esse desejo é a própria fé e a coragem de poder mudar. E nós podemos mudar. 

            Lá, na Amazônia, estamos cansados de ver nossas crianças suando dentro das salas de aula. Estamos cansados de ver, a exemplo de outros países mais ricos, a maioria dos nossos adolescentes e crianças sem acesso a um computador.

            A sociedade mudou, e precisamos mudar e avançar muito. E lá, no Amapá, começamos. Passei mais de dez dias junto com professores, alunos, colaboradores, e, segunda-feira, estaremos com nossa escola completamente climatizada. É pouco, mas é um passo.

            Até julho do ano que vem, por determinação do prefeito Roberto Góes, estaremos juntos novamente, e todas as salas de aula terão cadeiras; e cada aluno, um computador. Até julho do ano que vem, todos os nossos professores terão notebook e acesso a cursos intensivos de preparação e de qualificação, para que possamos nos inserir neste mundo cibernético, neste mundo da Internet. Com um clique, você pode adentrar as principais bibliotecas do mundo; com um clique, você pode ter informações sobre todas as matérias, sobre todos os estudos do conhecimento humano, das ciências exatas, das ciências biológicas, das ciências humanas. E, assim, deveremos marchar.

            Tomamos essa consciência porque os discursos são muitos; os nossos especialistas são muitos. As nossas universidades trabalham dia e noite, mas temos nesta augusta Casa parlamentares brilhantes, vivamente preocupados com o tema “educação”. É natural, previsível e até necessário que seja assim.

            A importância da escola é tão-somente preparar os cidadãos para o mercado de trabalho. Na verdade, só a escola é capaz de construir uma nação de verdade. Já dizia Olavo Bilac: “Uma nação se faz com homens, com livros, com conhecimento.” Essa era a síntese do pensamento de Olavo Bilac. Leonardo da Vinci, o gênio do século XX, dizia que “aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”.

            Ora, se tivéssemos o conhecimento da natureza das mulheres, e se as mulheres tivessem o conhecimento da natureza dos homens, milhares de separações não teriam ocorrido, milhares de assassinatos não teriam ocorrido. Se tivéssemos conhecimentos básicos do trânsito pela educação, milhares e milhares de acidentes teriam sido evitados. Se tivéssemos o conhecimento e a compreensão da inter-relação, estaríamos mais preparados para a vida.

            Isso tudo nós aprendemos na primeira escola, que são as nossas casas, com as nossas famílias, mas a nossa segunda escola é uma escola que precisa de uma ação intensa, de oportunizar e de qualificar. Nós precisamos ter a prioridade de instrumentalizar tanto professores, na sua valorização, como nossos alunos, para nos tornarmos um País vencedor, um País do primeiro mundo. É claro que somos crianças, ainda, em relação aos países da Europa, como Inglaterra e França, que têm uma história, uma vivência e séculos e séculos de experiências acumuladas. Somos um País jovem e este País jovem precisa se reerguer.

            Vejo que não existem atalhos para a paz e a sabedoria. Existe somente a educação. Nesse quesito, porém, o Brasil se atrasou, historicamente, em relação a outros países que ou já tinham feito o seu dever de casa na matéria há muito tempo - como os Estados Unidos -, ou se dedicaram intensamente à educação nas últimas décadas, com destaque para alguns asiáticos.

            Para verificar essa defasagem, basta lembrar que, no começo da década atual, o número médio de escolaridade da população economicamente ativa dos países de língua inglesa, com destaque para os Estados Unidos, era o dobro em relação ao do Brasil.

            O Brasil reagiu, Sr. Presidente, ninguém há de negar esse fato, mas, apesar dos avanços dos últimos anos, o País ainda fica mal na foto, no tema educação e escolaridade. Enquanto, por exemplo, apenas 30% da população adulta têm ensino médio completo no Brasil, o percentual atinge níveis de 80% a 90% na Alemanha e, também, nos Estados Unidos da América.

            Porém, é no avanço ao longo do tempo que se nota ainda mais nosso atraso relativo, quando se comparam os percentuais daqueles que concluíram o ensino médio entre grupos populacionais específicos.

            Uma técnica utilizada é comparar esse indicador de escolaridade para dois grupos etários: o de 25 a 34 anos e o de 55 a 64 anos. O primeiro indica qual o grau de educação dos jovens, enquanto o segundo mostra a fotografia do grupo que foi jovem três década atrás. É uma forma de medir o progresso de um país entre gerações.

            Dentro dessa metodologia, vejamos o que aconteceu à Espanha: no grupo de 55 a 64 anos, apenas 27% têm ensino médio completo. Entre os mais jovens, porém, o percentual atinge 64%. Não é à toa que a Espanha de hoje é apenas uma pálida lembrança do país dos anos 70.

            No Chile - que experimentou grandes progressos nos últimos 30 anos -, tais percentuais são de 32% e 64%, respectivamente. O que mais impressiona, Sr. Presidente: não apenas os mais idosos da Coréia do Sul têm níveis de educação similares aos dos jovens do Brasil de hoje, mas, pasmem, o percentual de jovens que concluiu o ensino médio na Coréia atingiu 97%.

            Se o esforço dedicado ao tema educação - por méritos compartilhados pelas gestões dos competentes Ministros Paulo Renato de Souza, no Governo de Fernando Henrique, hoje nosso colega na Câmara dos Deputados, e de Fernando Haddad, no Governo Lula - se mantiver, o Brasil, daqui a algumas décadas, poderá ser muito melhor do que o País em que hoje vivemos.

            Faço minhas as palavras do mestre Paulo Freire: “Não há amanhã sem projeto, sem sonho, sem utopia, sem esperança, sem o trabalho de criação e desenvolvimento de possibilidades que viabilizem a sua concretização. É neste sentido que tenho dito em diferentes ocasiões que sou esperançoso não por teimosia, mas por imperativo existencial.”

            Se podemos fazer, nós vamos fazer. Se não temos o suficiente, precisamos espraiar os nossos desejos, para que possam se encontrar com os desejos daqueles que esperam apenas uma oportunidade para participar e colaborar.

            Sr. Presidente, um outro exemplo de país vitorioso são os Estados Unidos, com o Projeto Manhattan. Os homens que pensavam, na América, observavam o grande conflito da Segunda Guerra Mundial e, mesmo antes de terem sido provocados para entrar naquele nefasto conflito mundial, eles já se estavam estruturando. Todos os cérebros, grande parte dos cientistas judeus e alemães, em quaisquer outros países em guerra, receberam um alto trabalho de inteligência por parte da América, onde lhes foram oferecidos passaportes, bons salários e conforto. Aí, a América se projetou a partir de uma estratégia, a estratégia decisiva, transformadora, vencedora, a estratégia da educação, de investir em educação.

            (Interrupção do som.)

            O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Resta esperar que haja...

            Sr. Presidente...

            O SR. PRESIDENTE (Osmar Dias. PDT - PR) - O meu está funcionando, Senador Gilvam Borges.

            O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Só para concluir, eu espero a complacência e a generosidade da Mesa de me conceder mais 20 minutos.

            Resta esperar que haja persistência nesses avanços e, de preferência, que eles se acelerem na próxima década. É isso que estamos fazendo, Sr. Presidente, no Amapá, em gestos singelos, mas em passos seguros.

            Quero registrar a presença do Deputado Antônio Feijão, que, representando a Câmara dos Deputados Federais, hoje nos brinda, trazendo e hipotecando o seu apoio aos investimentos maciços nas escolas estaduais e municipais, para que possamos ter climatização, informatização, reestruturação, valorização dos professores e estratégia de integração, a fim de...

(Interrupção do som.)

            O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - ...superarmos as adversidades e marcharmos para a vitória.

            Para concluir, como não poderia deixar de ser, vamos anunciar dinheiro na conta, o que muita gente acha, inclusive, o mais importante: Prefeitura Municipal de Macapá, Ordem Bancária nº 2009OB800723, Programas do Ministério da Saúde, Banco Caixa Econômica Federal, Agência 0658, conta 66471924.

            Augusto Botelho, o grande Senador de Roraima, se alegra com o seu coirmão Amapá, que avança.

            Dinheiro na conta: R$400 mil, estruturação da rede de serviços de atenção básica de saúde.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Viva a educação! Viva o Amapá! Viva o Brasil!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/11/2009 - Página 61815