O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Meu Presidente Marconi Perillo, Parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros aqui no plenário e que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado. Ô, Patrícia, eu represento aqui o Partido Social Cristão, coisa de Deus.

            Muito à vontade, abro o Livro de Deus, que diz, Marconi Perillo, que àqueles bem-aventurados, escolhidos por Deus, Deus dá uma longa vida, e, até os últimos dias de sua vida, eles têm a plenitude do exercício de suas atividades. Esses são os preferidos de Deus.

            E venho fazer uma homenagem. O Senado é uma Casa de reconhecimento. Venho fazer uma homenagem, pois vou entrar com um pedido de requerimento de aplauso a uma das pessoas da minha região, da minha cidade, que serve ao Direito. O requerimento que passo à Casa, Sr. Presidente, no caso, Marconi Perillo, é o seguinte:

            Nos termos do art. 223 do Regimento Interno do Senado Federal, requeiro voto de aplauso ao Dr. Bernardo Lucas Mateus, juiz de Direito aposentado, que completa 80 anos neste 25 de novembro.

            Trata-se de um ilustre cidadão de nosso Piauí que exerceu, com brilhantismo, a magistratura na cidade de Corrente, São Miguel do Tapuio, D. Pedro II, Barra e Picos, desde setembro de 1965, quando ingressou na magistratura por concurso público.

            Supriu a sede de justiça nas comarcas onde atuou no interior do Piauí. Dr. Bernardo Mateus, que ainda hoje reside no interior do Estado, na cidade de Buriti dos Lopes, representa a bravura e a inteligência do autêntico homem piauiense, tendo em toda a sua vida pessoal e profissional se conduzido com ética, dedicação e, acima de tudo, devoção, a servir o nosso Piauí, razão pela qual requeremos a concretização dessa homenagem.

            Então, está aqui o endereço, e eu pediria ao Presidente o encaminhamento desse aplauso a essa extraordinária pessoa. Feliz do homem que, com 80 anos de idade, é homenageado pela cidade toda.

            Eu estou com um documento aqui, escrito, da Presidência do PMDB, secretária da Prefeita Ivana Fortes, Dadaia, colocando e dissertando e descrevendo o significado desse grande homem. Então, servir à justiça, Marconi... Nós temos de entender que a justiça é uma inspiração divina. Quando Deus chamou seu líder mais forte, Moisés, e lhe deu as tábuas da lei, então, mostrou que lei é uma coisa de Deus.

            E o próprio filho de Deus, não tendo uma televisão, como nós temos, aqui no Senado, uma rádio AM, FM, ondas curtas, Hora do Brasil, jornal, ele ia às montanhas e bradava: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles terão o reino do Céu.

            Então justiça é isto: é inspiração divina. Mas ela é feita como homens: alguns fracos, alguns corruptos e alguns grandiosos como este aqui que enalteço. Este aqui, que significa a inspiração de Aristóteles, onde nasceu o saber da humanidade - ele que foi discípulo de Platão - disse: que a coroa da justiça brilhe mais do que a dos reis; que a coroa da justiça esteja mais alta do que os santos.

            Então, este é um homem que fez justiça. Eu, representando o Piauí, venho, em termo de gratidão, àquele que, sem dúvida, entregou ao povo aquilo que Montaigne sintetizou: a justiça é o pão de que mais a humanidade necessita. Esse é um juiz de vergonha; e como é bom, no fim da sua vida, merecer o respeito, admiração e o aplauso da sua cidade.

            Aqui há documentos que mostram todo o currículo dele - e eu serei breve - escrito pela própria sede do Município, a Prefeita Ivana e a sua secretária Dadaia. Ainda tem mais aqui: uma recomendação da Adalgisa. Se eu não lesse isto, eu estaria no pau. São mulheres que sabem reconhecer o valor. A Prefeita ainda está aqui. Conhecem essa personalidade.

            Na história da humanidade, nós, homens, temos sido fracos. Se nós analisarmos o grande drama da humanidade, Marconi Perillo, a crucifixão de Cristo, vamos ver que os homens todos falharam: Anás, Caifás e Pilatos fraquejaram. A mulherzinha de Pilatos: “não faça isso, o homem era bom, era justo, eu o vi pregar”. E ele disse: mas eu tenho que servir ao presidente Herodes. Olhai os homens. E todos fraquejaram. Cadê aqueles seus companheiros, aqueles que com ele se banqueteavam, tomavam vinho, falavam? Nenhum! Pedro, que era o forte, nós sabemos que ele enganou três vezes. E as vezes que nós não sabemos? Isto com relação aos homens: fracos. Foi Verônica que enxugou o rosto de Cristo, mais verdadeira. Na hora da dor, do pega para capar, Paim, só havia mulheres, as três Marias, na hora do desespero, da crucifixão. Homem, só havia dois, mas eram ladrões. Eram os dois ladrões, olha aí. E apareceu um Senador rico que lhe deu um túmulo, como apareceu outro forçado para diminuir e apressar o ato: Cirineu. Apareceu um Senador rico que lhe deu um túmulo. Mas quem foi visitá-lo? Não foi nenhum homem.

            Havia lá três mulheres...

            Cumpriu-se. Ele subiu aos céus. E nós acreditamos porque foi mulher. Se fosse homem, Marconi, iriam dizer que ele estava bêbado, que era conversa deles. E nós acreditamos que Jesus ressuscitou.

            Mas aqui três mulheres dão um documento - a Prefeita Ivana Lopes, a Dadaia e Adalgisa - para que eu preste, em nome do povo do Piauí, esta homenagem a esse que foi a imagem e a interpretação do Rei Salomão. Um homem justo, admirado nas suas...

            Então, são essas as nossas palavras de homenagem ao nosso homenageado. E que a Presidência aprove os votos de homenagem e de louvor ao Dr. Bernardo Lucas, Juiz de Buriti dos Lopes, de uma família que construiu, que é um exemplo na cidade do Buriti dos Lopes para todo o Piauí.

            Então, eu só queria a palavra e a estou usando em nome de todo o Piauí agradecido por aquele que nos fez acreditar na Justiça, que hoje analisamos tanto e, às vezes, temos tanta decepção.

            Será justo para uma professora - e aqui é o lugar de fazermos esta reflexão - este Senado da República aprovar um piso de R$960. E não posso dizer como Olavo Bilac declamava: “Criança, não verás nenhum país como este!” Este é o País da mentira. Nós aqui. Ô Alvaro Dias, lembra-se daquela sessão, Cristovam, a luta, as comissões, R$960 para uma professora? É a única profissão que se chama mestre (igual a Cristo), mas no Brasil não se paga. Nós somos culpados, o Executivo e o Poder Judiciário, porque no Judiciário todos nós sabemos quanto ganham, e a professora ganha R$960.

            Ô Tião, isto é que é uma vergonha! Não é o país da Alice das Maravilhas, mas o País da mentira, da injustiça. Rui Barbosa que está ali disse: uma justiça tardia é injustiça manifesta. Ô Tião, não está tarde demais. Nós, do Legislativo, Luiz Inácio, sensível, e o Judiciário, aprovar isso, está obstruído por aí. Essa é a diferença. Pergunto, mesmo reconhecendo, homenageando e aplaudindo um juiz desses que vive na dignidade e dá o exemplo: mas será justo? Será que essa gente tem 50 estômagos e a professorinha só tem um? Tião, nós somos médicos, que fizemos muita autópsia. Isso está errado. Então, nós queremos acreditar ainda... a maior estupidez é perdermos a esperança. Esse é um pensamento de Ernest Hemingway, no seu livro O Velho e o Mar, aquele pescador que tinha esperança. Então, que nós tenhamos a esperança de nos orgulharmos. E, aliás, eu acho que isso tudo está errado, Marconi Perillo? Nós podemos mudar essa coisa. Marconi, esse negócio de dizer que nós somos poder, poder uma ova, poder é o povo que trabalha e nos paga!

            Nós somos, eu entendo até melhor do que Montesquieu, que isso foi um momento de vaidade. Esse negócio de dizer: Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder Judiciário... Nós somos instrumentos da democracia. É isso. Poder é o povo, que é soberano, que trabalha, que paga os impostos e que nos mantém.

            Mas esta Casa na sua altivez, esta Casa... E eu posso falar como Cícero falava e engrandecia a democracia representativa: o Senado e o povo de Roma. Eu posso dizer: o Senado e o povo do Brasil. E o Senado e o povo do Brasil prestam homenagem ao juiz do Piauí; ele, que está aqui escrito, Dr. Bernardo Lucas Mateus, Juiz de Direito aposentado, que completa 80 anos. Será justiça também? Será justiça o aposentado que estamos homenageando ser castrado, ser capado, como se diz no Piauí, ser roubado da sua aposentadoria que pagou, já que fez um contrato e negociou? Eu queria dizer que, infelizmente, não posso dizer como o poeta que vi na mocidade: “Criança, não verás nenhum país como este.” No Brasil tem muita mentira, corrupção e injustiça.

            Essas são as nossas palavras, ao mesmo tempo em que homenageamos o homem que derramou justiça no nosso Piauí.

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