Discurso durante a 226ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a violência no país e, em especial, com os altos índices de violência registrados no Estado do Pará. (como Líder)

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Preocupação com a violência no país e, em especial, com os altos índices de violência registrados no Estado do Pará. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 27/11/2009 - Página 62704
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • DETALHAMENTO, AGRAVAÇÃO, VIOLENCIA, ESTADO DO PARA (PA), COMPARAÇÃO, SITUAÇÃO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), REITERAÇÃO, CRITICA, INCOMPETENCIA, APLICAÇÃO DE RECURSOS, ORIGEM, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), DESTINAÇÃO, SEGURANÇA PUBLICA, REGISTRO, DADOS, AUMENTO, HOMICIDIO, DESPREPARO, POLICIAL, NECESSIDADE, MELHORIA, DELEGACIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, primeiramente, eu quero dizer a V. Exª que fiquei muito feliz em ler um jornal que me parece que é do Piauí. O Jornalista Zózimo - não é isso, Presidente? - faz um comentário da capacidade deste nosso amigo que hoje preside esta sessão, Mão Santa, e mostra as características de sua capacidade, destacando a viabilidade de uma candidatura a Vice-Presidente da República.

            Eu fiquei muito feliz. Sou testemunha da sua popularidade porque em quase 80% das correspondências que recebo, cartas, e-mails, enfim, o nome do Mão Santa está lá citado, todo o mundo parabenizando o seu trabalho, a sua postura, a sua dignidade, o seu saber, a sua inteligência, a sua cabeça com facilidade de gravar, de ler. Enfim, é hoje um homem realmente dos mais populares deste Brasil.

            Por isso, eu quero dizer que eu fiquei muito feliz porque tenho uma profunda admiração por V. Exª e me considero um amigo seu. Parabéns, Senador Mão Santa! Parabenize, se porventura V. Exª o encontrar, o jornalista e diga a ele que eu comungo com tudo o que ele disse naquela reportagem.

            Sr. Presidente, Srs. Senadores, hoje vou falar sobre a violência; violência que tomou conta do País; violência que se transformou num pesadelo no meu Estado. A violência no meu Estado, Senador Mozarildo, é incomparável. Dizem que o Rio e Pernambuco são Estados violentos. É verdade. Mas nem de perto podem ser comparados com o meu Estado. Nem de perto!

            Vou mostrar hoje, aqui, o absurdo do absurdo. Vou mostrar aqui e tenho certeza de que aqueles que me veem pela TV Senado, aqueles que me ouvem através da rádio Senado só vão acreditar porque vou mostrar provas, porque é algo inacreditável.

            A Governadora do Pará ainda inflama. Ao invés de combater a violência, ainda inflama, ainda procura que a violência possa aumentar no nosso Estado. Dá carta branca para que quem quiser, no Estado do Pará, invadir fazendas, mesmo que elas sejam produtivas. Porque quem entra nas fazendas toma conta, queima trator, bate em gente, mata se quiser matar, fica lá, porque ela não reintegra.

            E agora o Tribunal de Justiça do meu Estado pediu a intervenção no meu Estado por vinte votos a um.

            Mão Santa, tu ouvistes eu falar aqui que carteiro, aquele cidadão que entrega cartas nas casas, para entrar numa rua em Belém do Pará, Mozarildo, acredite se quiser, tem que pagar pedágio aos bandidos. Aquele cidadão que marca a conta de luz nos postes, para entrar na rua, para marcar a conta de luz nos postes, tem que pagar pedágio. O oficial de justiça que tem que entrar numa rua tem que pagar pedágio.

            Já mostrei aqui que os bandidos entram nas cidades do interior do meu Estado e tomam a cidade. Eu vou dar apenas alguns nomes de cidades que foram tomadas: Uruará, Nova Ipixuna, Jacundá, São Francisco. Município de Viseu, fevereiro de 2008, maio de 2008, junho de 2008; Viseu, junho de 2008; Santana do Araguaia, junho de 2008; Monte Dourado... E por aí vai.

            Eu cansei de dizer aqui que na grande Belém morrem três pessoas assassinadas a bala por dia. E aqui eu duvidei que tivesse proporcionalmente algum Estado em que morresse tanta gente assassinada igual ao Estado do Pará.

            E agora, para minha surpresa, Srs. Senadores - para minha surpresa -, o jornal de ontem mostra que esse recorde foi batido. Não são mais três pessoas. TV Senado mostre à Nação, pode ser que o Ministro da Justiça saiba deste meu pronunciamento e tome alguma providência: isto aqui é uma guerra, não são mais três pessoas assassinadas a bala por dia, são 11 agora.

            Qual é a guerra atual que mata 11 pessoas por dia? Citem-me, Senadores, se existe alguma guerra em que morrem 11 pessoas por dia assassinadas dentro de uma cidade chamada Belém do Pará.

            Diz o jornal: onze mortes em 24 horas na Grande Belém. A média de assassinatos por dia, na região metropolitana, acabou indo para o espaço ontem. Agora são 11 execuções por dia.

            Onde acontece isso? Onde se vê isso? Onde há isso? Onde há essa brutalidade, essa imoralidade? Ô Governadorazinha ruim! Esta Governadora é ruim!

            Quando falo aqui que ela gosta de dançar carimbó, quando falo aqui que ela gosta de beber em bar: “O, você está falando das mulheres deste Brasil. Não faça isso, Senador. Não fale das mulheres do Brasil.” Não é da mulher Ana Júlia, mas da Governadora Ana Júlia, da postura de uma Governadora que vê o seu povo tombar nas ruas assassinado. Ora, senhores, isto que vou mostrar agora é inacreditável.

            Paraenses, olhem o ponto a que chegamos senhores e senhoras do meu querido Estado do Pará, da minha terra querida de Nazaré! Senador Mão Santa, Senador Mozarildo, V. Exªs já viram comentários em jornais de que o ladrão assaltou uma casa, isso é comum. “Casa de amigo meu foi assaltada”, isso é comum. Agora, o que vou mostrar aqui, Senador Mozarildo, é algo inacreditável.

            V. Exª só vai acreditar, porque vou mostrar o jornal. Vou mostrar fotos, vou mostrar a matéria. Hoje, Senador, o defunto tem de contratar segurança, antes de morrer. Sabe por quê? Porque os ladrões vão lá assaltar. Já li, em jornais aqui, que assaltaram defunto, padre. Estão assaltando padre, na igreja, rezando a missa. Na cidade de Viseu, o padre foi assaltado dentro da igreja.

            Falar em roubo... Já roubaram uma casa, é normal. Agora, V. Exª nunca ouviu na sua vida um negócio como este aqui. Eu duvido, Senador, que V. Exª já tenha visto o que vou falar agora, o que vou mostrar agora, neste jornal. V. Exª já percebeu... V. Exª conhece Salinas? Salinas é uma cidade, Brasil, a 270 quilômetros da capital Belém, uma cidade turística, praiana, uma bela cidade. Lá o paraense constrói as suas casas, para passar férias, final de semana.

            Calcule V. Exª: ir de carro para Salinas, com sua família, para passar o final de semana, dobrar a esquina, chegar a sua casa e não encontrá-la. “Cadê a minha casa? Eu estou errado?” Aí bate na criança do lado, de 14 anos: “Filha, eu estou bem, estou normal, a minha aparência está normal? “Está, papai, por quê?” “Porque não estou vendo a nossa casa.” Olha para a mulher e diz assim: “Mulher, acho que estou tendo alguma coisa, mulher. Estou sonhando, estou acordado? Bate em mim e vê se estou acordado: cadê a nossa casa?” Não estava lá a casa. Levaram a casa toda. Levaram a casa toda. Pegaram a casa, arrancaram a casa toda. Fizeram um consórcio de ladrões.

            Pará, chegamos ao absurdo, Pará? Está aqui. Mostre, TV Senado! Olhe a casa do homem. O homem fez uma casa de dois andares: aqui embaixo deixou uma área de estar e a parte de cômodos em cima. Olhe o que deixaram da casa, só o terreno. Em uma semana em que o homem não foi lá, levaram a casa inteira. Eu nunca vi isso na minha vida. O cara pensou que tinha morrido, depois pensou que estava sonhando. Olhe a sensação desse cidadão! Olhe a sensação desse cidadão! Sabe por que os vizinhos não denunciaram, enquanto os ladrões arrancavam a casa do homem? Porque quem denuncia morre. Ninguém denuncia ninguém no Estado do Pará: quem denuncia morre.

            Senhores e senhoras, chegamos ao cúmulo da estupidez no meu Estado. Mozarildo, aqui clamei, clamei, clamei pela segurança. V. Exª sabe que são dois assuntos em que venho sistematicamente batendo: é a raiva do Lula dos aposentados, de que vou falar para a semana, estou só esperando uma decisão, e a violência no meu Estado.

            Aí o Ministro me ouviu, Senador Mozarildo, e remeteu para o meu Estado uma verba de R$21 milhões para a Governadora aplicar em segurança pública. Fiquei muito satisfeito, porque toda espécie de bandidagem acontece no meu Estado.

            Se morrem 11 por dia, neste momento em que estou falando aqui, um paraense deve estar caindo morto na rua, assassinado à bala. Uma guerra aberta.

            E pensei que essa senhora que foi aos palanques dizer que ia acabar com a violência no meu Estado ia aplicar esses R$20 milhões, comprando carros, armas, pagando melhor ao policial. Sabe o que ela fez, Mozarildo? Tu não vais acreditar. Sabe o que ela fez? A farda da Polícia Militar era azul; ela pegou o dinheiro e mudou a cor da farda dos policiais, passou para amarelo, só! Gastou R$1,7 milhão, mudou a farda da Polícia. E o resto do dinheiro, Mozarildo? Pergunte para mim o que ela fez do resto de dinheiro. Devolveu para o Ministério da Justiça. É, com certeza absoluta, uma desmiolada, uma incapaz, uma incompetente! Devolveu, Mozarildo. Trocou a cor da farda da Polícia Militar e devolveu o resto. E a bandidagem toma conta da minha terra.

            Meu querido Mão Santa, sei que há muitos oradores para falar, não gosto de abusar dos meus Pares, mas preciso aqui externar, Senador Mão Santa, mais uma vez, a minha indignação com o que acontece na minha querida terra, o Estado do Pará. Paraenses, nunca imaginei na minha vida que pudéssemos passar um momento tão difícil como este. A Polícia não dá conta! É uma Polícia mal preparada, uma Polícia que ganha pouco, uma Polícia que não quer colocar o seu peito para receber uma bala por R$ 800 por mês! Oitocentos reais por mês é quanto ganha um policial no Estado do Pará! Delegacias do interior viraram casa de morcegos, não têm a mínima condição estrutural para combater a violência.

            Agora, paraenses, agora que todos nós erramos, só existe uma coisa a fazer, paraenses queridos: pedir à Nossa Senhora de Nazaré que amanhã morram menos, que amanhã não morram 11, que amanhã não morra nenhum. Temos de pedir para o tempo passar rápido, para que essa senhora saia logo e esses ladrões sejam banidos, punidos, saiam do Estado do Pará, uma vez que 90% vieram de outros Estados - eles sabem que, no Pará, é fácil fazer as coisas. No Pará, não pega nada com nada! No Pará, tudo pode: pode-se matar, pode-se invadir terra, pode-se roubar, pode-se assaltar. É assim que está o Estado do Pará. É lamentável, população! É lamentável!

            Vamos pedir a nossa padroeira, a nossa querida Nazaré, para que nossos irmãos sejam protegidos, para que amanhã não caiam mortos nas ruas, como todos os dias está acontecendo; para que não morram mais bebês nos hospitais - 111 bebês, em um mês, morreram na Santa Casa de Misericórdia, uma verdadeira agressão ao povo. Vamos orar, pedir, rezar para que ela nos proteja, para que ela proteja os paraenses, para o Ministro da Justiça dar uma volta em minha terra; para que ele mesmo mande alguém para lá tratar desse assunto, porque a Governadora é incompetente. Ela não faz de jeito nenhum! Pedimos que o Presidente da República, minha Nazaré, perceba essa angústia dos paraenses neste momento.

            Senador Mão Santa, muito obrigado. Mais uma vez, meus parabéns pela reportagem do jornalista Zózimo, da sua terra.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/11/2009 - Página 62704