Discurso durante a 228ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Confirmação de presença ao lançamento do livro do escritor amapaense Amiraldo Bezerra. Regozijo pela eleição de José Pepe Mujica, ontem, 29 do corrente, no Uruguai, consolidando a democracia na América do Sul e fortalecendo as relações do Mercosul.

Autor
João Pedro (PT - Partido dos Trabalhadores/AM)
Nome completo: João Pedro Gonçalves da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL. POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA EXTERNA.:
  • Confirmação de presença ao lançamento do livro do escritor amapaense Amiraldo Bezerra. Regozijo pela eleição de José Pepe Mujica, ontem, 29 do corrente, no Uruguai, consolidando a democracia na América do Sul e fortalecendo as relações do Mercosul.
Publicação
Publicação no DSF de 01/12/2009 - Página 63573
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL. POLITICA INTERNACIONAL. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, LANÇAMENTO, LIVRO, ESCRITOR, ESTADO DO AMAPA (AP), IMPORTANCIA, CONTRIBUIÇÃO, ESTUDO, REGIÃO AMAZONICA.
  • SAUDAÇÃO, RESULTADO, ELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PAIS ESTRANGEIRO, URUGUAI, VITORIA, DEMOCRACIA, SUPLANTAÇÃO, PERIODO, DITADURA, SEMELHANÇA, BRASIL, ANALISE, SITUAÇÃO, PAIS, ELOGIO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PROCESSO, COMBATE, POBREZA, ANUNCIO, CANDIDATO ELEITO, APOIO, REFORÇO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL).
  • DEFESA, INGRESSO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, IMPORTANCIA, MELHORIA, RELAÇÕES INTERNACIONAIS, BRASIL, AMERICA DO SUL, INTEGRAÇÃO, ECONOMIA.
  • ANALISE, SITUAÇÃO, ELEIÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, HONDURAS, PRESENÇA, EXERCITO, INTIMIDAÇÃO, POPULAÇÃO, QUESTIONAMENTO, LEGITIMIDADE, POSTERIORIDADE, GOLPE DE ESTADO, PREJUIZO, DEMOCRACIA, AMERICA LATINA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Papaléo, que preside esta sessão, Srªs e Srs. Senadores, quero, nesse início de minha fala, registrar o convite para o lançamento do livro do escritor ampaense Amiraldo Bezerra. Estarei lá, Senador Papaléo, a convite de V. Exª, para prestigiá-lo e para prestigiar uma obra que fala de uma cidade, de uma região bem brasileira, que é o Amapá, região no extremo do nosso País.

         Falar em Amazônia, estudar a Amazônia não podemos fazê-lo sem passar pela importância histórica do Amapá, que compõe a Amazônia brasileira e compõe a Pan-Amazônia. O Amapá faz fronteira com a França - é bom sempre lembrar disso -: o Brasil faz fronteira com a França. Por isso, Sarkozy vem muito aqui discutir a Amazônia, discutir a relação do Brasil com a França. Temos o Amapá, que faz parte dessa geopolítica. Portanto, estarei no lançamento para prestigiar V. Exª, mas também para prestigiar a história da margem esquerda do rio Amazonas, que é este Estado, que é o Amapá e sua capital, Macapá.

            Sr. Presidente, registro ainda, nesta sessão, o resultado da eleição havida no nosso querido país vizinho, o Uruguai, país que compõe a história do Sul do Brasil junto com a Argentina.

            Sr. Presidente, quero, aqui, destacar a eleição ocorrida no Uruguai no dia de ontem, primeiro, para registrar a consolidação das instituições democráticas no Uruguai. Assim como o Brasil, o Uruguai, a Argentina, o Chile passaram por momentos tenebrosos, principalmente no Uruguai, com a implantação da ditadura militar nos anos 70. Sabemos que o Uruguai tem uma população pequena, que não chega a três milhões - parte de sua população vive no exterior -, mas que compõe uma região estratégica na América do Sul.

            Então, quero destacar a eleição e o seu candidato vitorioso José Pepe Mujica, uma liderança de esquerda, uma liderança que aprendeu na luta dura em defesa das liberdades. José Pepe Mujica esteve preso por muitos anos, e hoje é Senador no Uruguai. É uma das lideranças da Frente Ampla, que governa o Uruguai desde 2005. Existem dados muito interessantes no Uruguai: primeiro, a taxa de pobreza no Uruguai, quando a Frente Ampla começou a governar o Uruguai, era de 32% de sua população. Portanto, uma faixa grande, significativa, já que o índice de pobreza era de 32% de sua população. Hoje, o Uruguai conta com uma taxa de pobreza de 20%. Houve uma diminuição de 2005 para cá na taxa de pobreza. Eu não tenho nenhuma dúvida de que essa é a grande obra. Inclusive, aqui, quando reflito sobre as obras do nosso Governo, do Governo do Presidente Lula, eu destaco a diminuição da pobreza. E a diminuição da pobreza é uma das prioridades do novo governo que acaba de sair das urnas, além de incrementar redes sociais no sentido de combater a pobreza, a miséria e fazer do Uruguai um país mais justo.

            O Uruguai joga também um outro papel, porque compõe o Mercosul, e o novo Presidente José Mujica, já levantou esse debate sobre consolidar o Mercosul, ampliar o Mercosul, tratar de forma estratégica a região com o Mercosul. Eu quero, inclusive, aplaudir o novo presidente por conta dessa preocupação com o Mercosul.

            Sr. Presidente, falta ao Senado - quero aqui abordar esse ponto também, já que praticamente estamos finalizando os nossos trabalhos do ano de 2009 - , em seu Plenário - porque já o fizemos na Comissão de Relações Exteriores - debater, com profundidade, sobre o papel e a importância da Venezuela no Mercosul. Então, chamo a atenção desta Casa para o debate, seguido da votação pela adesão da Venezuela ao Mercosul.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, da mesma forma que o novo presidente eleito no Uruguai aponta para a importância de tratarmos o Mercosul, também eu chamo a atenção deste Senado, Casa que representa o Brasil, a sociedade brasileira, e que portanto, deve fazer, aqui neste plenário, uma profunda discussão e votação acerca da adesão da Venezuela ao Mercosul. Vejam o tamanho da nossa responsabilidade! É responsabilidade para uma Casa como o Senado. Quero, inclusive, aproveitando essa reflexão, dizer com o que o Brasil precisa romper: o Brasil, como Estado, precisa romper com essa dificuldade de se relacionar com os países que compõem a América Latina. Precisamos crescer, ampliar, aprofundar a relação latino-americana. O Senado precisa fazer essa reflexão. Em relação à Argentina, Senador Mão Santa, temos facilidade para conversar, assim como com o Uruguai, com o Chile, que não e membro do Mercosul, temos facilidade, temos uma cultura.

            Agora, na relação do Brasil com os países da América do Sul, uma relação estratégica, como montar um bloco cultural, comercial, econômico, com o Mercosul, nós temos dificuldades absurdas, grandes, extensas. Esse debate sobre a Venezuela compor o Mercosul... Nós precisamos construir esse novo momento, abrir essa nova história do Brasil com a Venezuela e, em seguida - por que não? -, do Brasil com o Peru, da relação do Brasil com a Colômbia, que são grandes países, com grandes economias, com populações significativas. Não é por conta de uma pequena população que vamos deixar de ter uma relação estratégica, comercial, econômica, cultural, com os países da América do Sul.

            Então, o significado da eleição no Uruguai, que registro neste momento, vai no sentido primeiro de destacar a democracia recente do Uruguai, mas das instituições que acabam de realizar uma eleição nacional e propiciar, respeitar o resultado das urnas, da sociedade. O Presidente José “Pepe” Mujica, como é conhecido, carinhosamente, é um homem de esquerda, e isso faz com que o registro seja muito importante. É muito difícil homens de esquerda como o Presidente eleito do Uruguai, que pertenceu a grupo conhecido como os Tupamaros, um grupo que bateu de frente com a ditadura... Ele vem dessa militância dura, difícil, assume compromissos democráticos e faz do Uruguai um país com tranquilidade para o presente, mas fundamentalmente para o futuro do Uruguai.

            Quero também, Sr. Presidente, chamar a atenção: se no Uruguai nós temos um resultado que todos vão respeitar, Honduras faz uma eleição com a opinião internacional dividida por conta do reconhecimento dessa eleição. No país, ontem, tinha mais Exército na rua do que a população civil votando para escolher o seu candidato.

            É lamentável que golpes possam ferir a democracia. E a democracia não de Honduras, a democracia na América Latina. Essa é uma experiência muito curta do ponto de vista histórico. Nós precisamos consolidar democracias na América Latina. Eu lamento profundamente que o povo de Honduras, esse país da América Central, possa viver essa dramaticidade. O povo dividido, uns votando, outros não votando, questionando a legitimidade do atual governo, que é um governo golpista, que é um governo que retirou um Presidente eleito, que é o Presidente Zelaya, na madrugada, para deixá-lo num outro país. Zelaya saiu às cinco horas da manhã, cercado por policiais, num avião militar, e foi deixado na Costa Rica.

            Então, a democracia, na América Latina, precisa ser consolidada. E nós não podemos fazer concessões a golpistas. A democracia, nós conquistamos no mundo à custa de muita luta; muitos derramaram sangue, muitos morreram para termos democracia. Não podemos esquecer isso. Essa é uma experiência da sociedade. Honduras está aí. Com um golpe militar, retiram um presidente eleito, faz-se uma eleição e a comunidade internacional se divide em reconhecer a eleição.

            Por isso, faço esse destaque à eleição do Uruguai. Parabéns ao povo do Uruguai. Parabéns às instituições do Uruguai por finalizarem uma eleição e terem um Presidente eleito, saído, produto, resultado do debate interno, das discussões.

            O Uruguai tem organizações políticas antigas. A Frente Ampla é uma referência, o Partido Nacional, o Partido Branco, Senador Cristovam. Os grandes blocos que formam a composição política que representam a pluralidade democrática no Uruguai.

            Então, eu quero nesta sessão fazer este registro e parabenizar este país irmão, país importante na América do Sul, que é o Uruguai, saudando o Presidente eleito, José “Pepe” Mujica, um senador - ele é membro do Senado -, que agora tem a missão de governar o país por quatro anos.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/12/2009 - Página 63573