Discurso durante a 229ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre o Projeto de Decreto Legislativo 52, de 2009, aprovado hoje, que prevê a realização de plebiscito para a criação do Estado de Carajás, tendo S.Exa. assinalado suas vantagens econômicas para a região.

Autor
Valter Pereira (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Valter Pereira de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DIVISÃO TERRITORIAL.:
  • Comentários sobre o Projeto de Decreto Legislativo 52, de 2009, aprovado hoje, que prevê a realização de plebiscito para a criação do Estado de Carajás, tendo S.Exa. assinalado suas vantagens econômicas para a região.
Aparteantes
Osvaldo Sobrinho, Valdir Raupp.
Publicação
Publicação no DSF de 02/12/2009 - Página 64086
Assunto
Outros > DIVISÃO TERRITORIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, APROVAÇÃO, SENADO, PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO, REALIZAÇÃO, PLEBISCITO, CRIAÇÃO, ESTADOS, REGIÃO NORTE, DEFESA, DESMEMBRAMENTO, ESTADO DO PARA (PA), INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, COMPARAÇÃO, DIVISÃO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), BENEFICIO, POPULAÇÃO, EXPECTATIVA, VOTAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. VALTER PEREIRA (PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna para fazer um breve comentário sobre o Projeto de Decreto Legislativo que aprovamos hoje, que teve o número 52 e que prevê a realização de plebiscito para a criação do Estado de Carajás. A região sul e sudeste do Pará vai dar ensejo ao desmembramento, caso seja aprovada também na Câmara dos Deputados a iniciativa que recebeu hoje o crisma desta Casa do Congresso Nacional. E eu não poderia deixar de fazer um comentário sobre este assunto, porque há uma inquietação, geralmente, nessas circunstâncias, com relação à região que remanesce de um desmembramento.

            Mato Grosso do Sul nasceu de um processo semelhante a este. O Estado que represento nesta Casa, na década de 70, passou por idêntico processo. Foi diferente quanto à sua deflagração, já que, naquele momento, quem tomava a iniciativa era o regime militar. Através da proposta da Lei Complementar nº 31, o Estado de Mato Grosso perdia a região sul, na década de 70, no ano de 1977, e dava ensejo à criação do Mato Grosso do Sul.

            A área remanescente inquietava-se, com receio de perda de receita e de freio no seu desenvolvimento. E todos nós sustentávamos, à época, que ambas as regiões seriam beneficiadas com a criação do Estado do Mato Grosso do Sul.

            Pois bem. O sul, sempre alvissareiro, e o norte, deprimido com a iniciativa do regime militar, que foi uma proposta do Presidente Ernesto Geisel, mas, no decorrer da história, o que restou provado é que a divisão de Mato Grosso se fazia necessária para garantir a expansão das duas regiões.

            Mato Grosso do Sul possuía, na época, 55 municípios. No desmembramento, o velho Mato Grosso, do Senador Osvaldo Sobrinho, possuía 55 municípios - não é isso, Osvaldo? Pois bem, hoje, o Mato Grosso do Sul conta com 78 municípios e sua população cresceu 71% desde a criação, atingindo a marca de 2 milhões e 400 mil habitantes, no final de 2008.

            Já no Mato Grosso, de 38 municípios na data em que foi desmembrado, sua população cresceu 114%, e hoje alcança a marca de 3 milhões de habitantes. Portanto, o Estado de Mato Grosso, que se inquietava, que tinha uma grande insegurança com relação à divisão, hoje mostrou uma exuberância extraordinária.

            Honra-me o Senador Raupp; em seguida, passo o aparte a V. Exª, Senador Osvaldo Sobrinho.

            O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - V. Exª tem absoluta razão, Senador Valter Pereira, quando cita casos de sucesso de criação de Estados e de Municípios. Ficou muito provado, muito claro, quando desmembrou o Mato Grosso do Sul do Mato Grosso - não é Mato Grosso do Norte, ficou só Mato Grosso, mas poderia ser Mato Grosso do Norte -, e os dois cresceram.

            O SR. VALTER PEREIRA (PMDB - MS) - Os dois cresceram.

            O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - Os dois. Tanto o Mato Grosso do Sul disparou, aquela região, quanto o Mato Grosso também, cuja a capital é Cuiabá, também disparou no seu crescimento.

            O SR. VALTER PEREIRA (PMDB - MS) - E eu até diria a V. Exª que...

            (Interrupção do som.)

            O SR. VALTER PEREIRA (PMDB - MS) - Eu até diria a V. Exª que Mato Grosso do Sul cresceu. O que disparou mesmo foi o Estado de Mato Grosso, era o que mais tinha receio.

            O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - É, mas os dois. Da mesma forma, o desmembramento de Tocantins de Goiás. Goiás continuou crescendo cada vez mais e Tocantins também se consolidou, se desenvolveu. Eu cito o caso de Rondônia, dos Territórios. Se tivessem continuado territórios, seriam territórios pobres. Hoje, o Estado de Rondônia é um Estado pujante, com mais de 1 milhão e meio de habitantes, e cresce acima da média nacional, com muitos investimentos. Com os Estados de Roraima e do Amapá também não foi diferente, e os municípios também desmembraram. Eu fui prefeito, por dois mandatos, de um ex-Distrito, a cidade de Cacoal, que hoje tem mais de 50 mil habitantes, um município com muitas indústrias. Quer dizer, a cidade se organiza. Então, todo distrito, se ficar sendo distrito, vai ficar pobre. Da mesma forma, uma região de um Estado como essa... É uma pena que haja aqueles que acham que não se pode mais criar Estados. Os Estados Unidos da América são um pouco maiores do que o Brasil e têm não sei se 58 Estados, todos desenvolvidos. Então, não vejo por que não desmembrar. Desde que isso não venha afetar o meio ambiente, está provado que o desmembramento, a emancipação é benéfica para aquela população da área que está sendo desmembrada. Era isso, Sr. Senador.

            O SR. VALTER PEREIRA (PMDB - MS) - Obrigado, Senador Raupp. V. Exª tem toda razão no enfoque que dá ao problema.

            Senador Osvaldo Sobrinho.

            O Sr. Osvaldo Sobrinho (PTB - MT) - Serei bastante rápido porque sei que seu tempo urge. Mas quero dizer, Senador, que, realmente, é uma constatação exata que V. Exª faz. Lembro-me bem de que, no tempo em que nós dois fomos Constituintes, tivemos a oportunidade de participar daquele processo de criação de novos Estados e o quanto foi bom para o Brasil. E tivemos, anteriormente, já o exemplo de Mato Grosso, quando nós estávamos lá - V. Exª era Deputado e eu era Delegado de Educação e Cultura do Estado -, e tivemos a oportunidade de participar. Nós, de Mato Grosso, da parte norte, éramos contrários, totalmente, à divisão. E V. Exª, em Mato Grosso do Sul, lutando e brigando pela divisão. Hoje, se nós não tivéssemos criado, seria a pior coisa que teria acontecido para o meu Estado. Hoje, nós temos 143 municípios. É um Estado que cresceu e se desenvolveu, e quantas cidades novas foram criadas depois da divisão. E hoje nós somos, graças a Deus, um Estado potente, forte; a economia é robusta. Mato Grosso é realmente um Estado que hoje é uma constelação viva no cenário do Brasil. Portanto, valeu a pena. Eu me congratulei, me regozijei com o pessoal que trouxe aqui essa proposta que foi aprovada pelo Senado hoje. O Brasil precisa, na verdade, fazer como fizeram os Estados Unidos, que criaram mais estados, para que haja mais desenvolvimento, mais oportunidade, para termos condições de viabilizar a economia. Olha, acredito que uma redivisão territorial para o Brasil seria...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Osvaldo Sobrinho (PTB - MT) - ... a V. Exª por isso.

            O SR. VALTER PEREIRA (PMDB - MS) - V. Exª tem razão. Veja que o Estado do Mato Grosso do Sul dobrou o número de Municípios, assim como a economia se expandiu mais rapidamente. Na verdade, quando V. Exª fala, quando aborda essa questão da redivisão territorial, é preciso lembrar que a Escola Superior de Guerra desenvolveu um estudo, lá pela década de 70, prevendo exatamente a redivisão territorial do País para tornar os Estados brasileiros mais homogêneos e desenvolver a economia de cada uma dessas regiões, que é geralmente travada em razão da logística que os grandes Estados acabam tendo dificuldade de oferecer à atividade econômica. Portanto, hoje demos um passo significativo nesse projeto de redivisão territorial. E veja o seguinte, o Estado do Pará, com essa divisão, vai abranger cerca de 38 Municípios, numa área de 285 mil quilômetros quadrados, alcançando uma população de 1 milhão e 300 mil habitantes.

            Então, Sr. Presidente, neste momento em que comunico esses dados importantes para o Pará e para o Brasil, eu quero, na verdade, tranqüilizar a área remanescente, que, em vez de perder uma significativa região, vai, na verdade, ajudar a construir um novo Estado para que os dois consigam alavancar o seu desenvolvimento.

            Parabéns ao Estado do Pará, parabéns a todos que lutaram por esse ideal.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/12/2009 - Página 64086