Discurso durante a 230ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da realização, esta semana, em Belém/PA, da VI Conferência Internacional para a Educação de Adultos - Confintea.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Registro da realização, esta semana, em Belém/PA, da VI Conferência Internacional para a Educação de Adultos - Confintea.
Publicação
Publicação no DSF de 03/12/2009 - Página 64453
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO PARA (PA), CONFERENCIA INTERNACIONAL, DEBATE, EDUCAÇÃO, ADULTO, CRISE, ANALFABETISMO, MUNDO, PRESENÇA, MINISTRO DE ESTADO, PAIS ESTRANGEIRO, AUTORIDADE, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), EX PRESIDENTE, PAIS, CONTINENTE, AFRICA, MARINA SILVA, SENADOR, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, ABERTURA, IMPORTANCIA, ALFABETIZAÇÃO, DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL.
  • COMENTARIO, ANUNCIO, PROXIMIDADE, CONFERENCIA INTERNACIONAL, CLIMA, ANALISE, ORADOR, NECESSIDADE, VINCULAÇÃO, DEBATE, MEIO AMBIENTE, EDUCAÇÃO, BUSCA, ALTERAÇÃO, MODELO, DESENVOLVIMENTO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, apesar da tentação de falar sobre esses problemas angustiantes locais, da cidade onde sou Senador, cujo assunto já falei aqui esta semana, quero falar aqui de outra questão, que não fica presa especificamente à cidade que represento, sobre a qual tenho falado permanentemente, mas numa dimensão muito maior dos problemas que enfrentam os diversos países do mundo e a humanidade. Venho falar de uma reunião que se está realizando neste momento na cidade de Belém, que tem o nome de Confintea, a sexta, que é feita no mundo, e que quer dizer Conferência Internacional para a Educação de Adultos.

            Em Belém, neste momento, à beira do Amazonas, estão reunidos 93 Ministros da Educação do mundo, representantes de 156 países, de governos desses países, sociedade civil, discutindo a crise do analfabetismo no mundo e a crise da educação atrasada de milhões de jovens e adultos que não conseguiram ter educação na data certa.

            Ontem, tivemos a oportunidade de participar da abertura buscando a aventura da erradicação do analfabetismo no mundo inteiro, atendendo a 770 milhões de adultos que não aprenderam a ler, mesmo chegando na idade adulta. E mais talvez dois milhões de adultos no mundo que não tiveram o Ensino Médio concluído.

            A reunião que se realiza aqui no Brasil, contou com a presença do Ministro Fernando Haddad fazendo a abertura; também esteve presente uma Princesa da Holanda, que é a Embaixadora das Nações Unidas para a Educação de Adultos; esteve presente também um ex-Presidente do Mali, que fez um imponente discurso, um impactante discurso sobre a crise na África, deixando claro que na África a saída está na educação; e em um discurso emocionante para todos, a nossa colega, Ministra Marina Silva, mostrando como foi sair de um seringal aos 16 anos para aprender a ler e como foi esse seu gesto de libertação das condições em que vivia.

            Essa reunião, que é a sexta que se realiza no mundo ao longo dos últimos 50 anos, ou seja, é uma reunião que se realiza a cada 12 anos, está trazendo o que me parece o verdadeiro grito que vem de Belém. Não dá para dizer que é da selva, porque Belém é uma metrópole, mas um grito que vem de Belém para o mundo inteiro, um grito da comunidade internacional preocupada com os aspectos da educação de jovens e adultos, especialmente a alfabetização de adultos.

            É interessante que esse grito de Belém acontece a poucos dias de um outro grito internacional que virá de Copenhague; é interessante que de Copenhague virá um grito pelo fim das emissões de dióxido de carbono, pela busca de parar a tragédia do aquecimento global, de buscar um novo modelo de desenvolvimento, enquanto que de Belém vem a idéia de que a educação pode ser o caminho para esse novo modelo de desenvolvimento, porque não vamos conseguir enfrentar a crise ecológica com uma população que não mude a sua maneira de ver o futuro, que não redefina o próprio conceito de riqueza, que não saia da prisão do Produto Interno Bruto conforme ele é definido hoje pelos produtos de hoje e a matriz energética de hoje.

            A educação é o caminho para que Copenhague traga algum resultado.

            Além disso, de que adianta um meio ambiente equilibrado se apenas uma pequena parte da população é capaz de usufruir dos benefícios de viver, nesta Terra, em uma civilização. E viver, nesta Terra, em uma civilização implica, necessariamente, uma revolução educacional.

            A revolução ecológica de buscar um progresso equilibrado com a natureza e a revolução educacional de buscar cada pessoa deste Planeta, podendo ler as coisas do mundo, não apenas pelo que está escrito, mas também pelo entendimento dessas coisas escritas, esses dois pilares são aqueles que formam a revolução do futuro.

            A revolução entre socialismo e capitalismo dentro do mesmo modelo de civilização industrial não mudará o futuro da humanidade. A disputa, hoje, não é mais entre socialismo e capitalismo, mas entre um desenvolvimento que respeite a natureza ou um desenvolvimento que aqueça o Planeta, entre um desenvolvimento que chegue apenas a poucos ou um desenvolvimento que chegue a todos. E, por trás disso tudo, está o esforço que a gente está ouvindo, nesses dias, até sexta-feira, em Belém, esse grito pela educação dos povos do mundo inteiro.

            O Brasil está sendo a sede do encontro que se refere à revolução na educação, uma revolução planetária. Copenhague, Dinamarca, aí estará a sede da revolução da busca de um desenvolvimento equilibrado.

            Nós esperamos que os dois se encontrem e que esses dois gritos ressoem ao invés de se aniquilarem. Que esses dois gritos ressoem como um grande canto, e não mais dois gritos, na busca de um projeto diferente para o desenvolvimento em toda a humanidade. E que os dois pilares fundamentais, o pilar da educação de qualidade para todos e o pilar da natureza garantida para todas as gerações futuras, juntem-se e permitam que nossa geração deixe às futuras gerações um canto de esperança e não um Planeta superaquecido onde convivem pessoas com educação elevada e pessoas sem acesso à boa educação.

            Vamos olhar para Belém durante esta semana e vamos esperar Copenhague na próxima semana. Saberemos se será possível unir essas duas cidades em uma esperança para o futuro do Mundo inteiro.

            Sr. Presidente, apesar de toda a minha tentação de falar das coisas específicas da minha província, senti-me no direito de falar dessa esperança para o mundo inteiro. Continuarei falando, sim, da minha posição clara a respeito do que acontece aqui no Distrito Federal, como venho falando, inclusive nos próximos dias.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/12/2009 - Página 64453