Discurso durante a 237ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Criticas ao Governo Federal diante da constatação do aumento da violência e das deficiências nas áreas de educação e saúde. Comentários sobre a gestão do PT no Piauí, onde os médicos da rede estadual de saúde estão em greve, em defesa de melhores condições de trabalho.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO ESTADUAL, ATUAÇÃO. MOVIMENTO TRABALHISTA. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Criticas ao Governo Federal diante da constatação do aumento da violência e das deficiências nas áreas de educação e saúde. Comentários sobre a gestão do PT no Piauí, onde os médicos da rede estadual de saúde estão em greve, em defesa de melhores condições de trabalho.
Publicação
Publicação no DSF de 03/12/2009 - Página 64855
Assunto
Outros > GOVERNO ESTADUAL, ATUAÇÃO. MOVIMENTO TRABALHISTA. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • ANALISE, IMPORTANCIA, CONTROLE, PODERES CONSTITUCIONAIS, VALORIZAÇÃO, LEGISLATIVO, FUNÇÃO FISCALIZADORA, BENEFICIO, DEMOCRACIA, DENUNCIA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, TENTATIVA, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, PERDA, VIOLENCIA, SAUDE PUBLICA, EDUCAÇÃO.
  • GRAVIDADE, GREVE, MEDICO, ESTADO DO PIAUI (PI), JUSTIÇA, REIVINDICAÇÃO, AUMENTO, SALARIO, CRITICA, GOVERNO ESTADUAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DESRESPEITO, CATEGORIA PROFISSIONAL, EXCESSO, CRIAÇÃO, IMPOSTO ESTADUAL, ALEGAÇÕES, DESTINAÇÃO, MANUTENÇÃO, RODOVIA, SIMULTANEIDADE, AMPLIAÇÃO, GASTOS PUBLICOS, PROPAGANDA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador João Durval, que preside esta reunião de quinta-feira, dia 3 de dezembro, Parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros, aqui no plenário do Senado da República e aqueles que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, o Senado da República existe para isto que vou falar, a sua função é bem definida: a mais importante é fazer leis boas e justas; a segunda, é controlar os outros Poderes.

            A democracia só existe se um Poder ficar olhando para o outro, controlando, freando o outro; e esses Poderes devem ser equipotentes, o que é difícil se compreender, porque, no mundo capitalista, materialista em que vivemos, o dinheiro é muito forte, e quem tem dinheiro é o Poder Executivo. É ele o dono do BNDES. É muito dinheiro, não é, João Durval, o BNDES? É ele o dono do Banco do Brasil, da Caixa Econômica, do Tesouro Nacional; ele pode fazer moedas, é muito forte, e ele nasce da força do povo.

            O Poder Judiciário. A justiça é um poder divino. Deus entregou ao seu líder Moisés as leis. E o filho de Deus, Jesus, disse: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”. Isso era um fato. Ela é uma inspiração divina, mas ela é feita por homens, muitos deles fracos, alguns chegam até a ser corruptos. Mas a justiça deve ser buscada. É um Poder, deve ser melhorada. E ela é muito poderosa no mundo democrático, porque ela tem um poder punitivo. Ela prende, cassa, não sei o quê, ameaça... É um Poder. E nós estamos aqui sem o dinheiro e sem o poder punitivo. Mas o Senado da República, que é o ápice do Poder Legislativo, resiste, porque ele deve ter o poder da sabedoria. Está no Livro de Deus que a sabedoria vale mais do que ouro e prata. E essa é a verdade.

            Nós estamos aqui. Esse homem que está presidindo o Senado e aquele que está mais arriba são exemplos, e ambos baianos, sábios. Aquele é o Rui Barbosa, que simboliza o Senado, pela sua vida, pela sua grandeza, pela sua afirmativa de dizer que só há um caminho e uma salvação, que é a lei e a justiça; que essa lei deve nascer daqui, de uma democracia; e que a Constituição deve nascer daqui. E o João Durval simboliza isso, é a sabedoria. Até a longevidade dele... Está no Livro de Deus que aqueles a quem Deus ama, gosta, escolhe, que lhe são prediletos, Ele lhes dá uma longa vida e permite que, até os seus últimos dias, esteja no exercício de suas ações.

            É um homem que teve sua profissão, como todos nós, ligado à saúde. Construiu uma das mais belas famílias, não só da Bahia, mas do Brasil.

            Por isso que nós somos fortes. São homens assim. E é tão importante, porque Rui Barbosa disse que a Pátria é a família amplificada. Ah, se este País tivesse famílias como João Durval e Leda... Lá do nosso interior, da Bahia, Feira de Santana. Árvore boa dá bons frutos; os filhos, todos notáveis.

            Mas o que eu queria dizer era isso. O Senado, a fortaleza é por isso mesmo. Ele é tão forte, tão importante, que o Líder escolhido por Deus quebrou as Tábuas da Lei, quis desistir e ouviu uma voz: “Busque os mais velhos, os mais experimentados e os mais sábios”. Aí, existiu o senado, nasceu a ideia de senado. E este Senado da República existe para isso, para frear. É o item dois.

            Eu daria só um exemplo - um quadro vale por dez mil palavras - de como este Senado é grandioso: existiu um homem aqui, um Senador baiano, que teve a coragem de fazer uma CPI contra o Judiciário. O Judiciário amedronta, pune, mas esse homem fez. Outro baiano. Olhe, diga para o Prefeito João Henrique me dar uma comenda lá porque estou elogiando muito esses baianos.

            Então, CPI do Judiciário. Só um Senador teve coragem de fazê-lo. Um quadro vale por dez mil palavras. Mostrou à Nação os “lalaus” da vida.

            Um Poder tem que equilibrar o outro, frear o outro, e aqui estamos. Outra função do Senado é denunciar. Aqui morreu, Senador Suplicy - e não precisamos buscar os Senados da história -, Teotônio Vilela, lá do nosso Nordeste. Moribundo, com câncer, discursando, para renascer a democracia neste País. Ele dizia: “É preciso o Senador resistir falando e falar resistindo”.

            Podemos dizer o que o povo sofre, o que o povo necessita, as ambições. Nós podemos dizer; a imprensa não pode porque é paga pelo Governo, pelos órgãos do Governo. Ela não pode dizer. Mas nós podemos dizer que este País não vai tão bem. O resto é propaganda, é mentira, é enganação.

            A Itália foi a mãe da democracia representativa. A democracia era direta na Grécia. Seu líder maior, Péricles, chamava o povo e, com o povo na praça, aprovava uma constituição. Se queria botar alguém que cometera qualquer mal, ele levava para a praça e não tinha voto, não tinha urna; então, ele mandava buscar ostra, e, quando o monte estava muito grande de ostras, aquele era expulso da cidade. Daí o termo ostracismo. Esta era a democracia direta: o povo na praça, tudo falando, tudo opinando. Era confuso, mas a Itália melhorou, fazendo-a representativa. Nós somos o povo. Nós somos iguais ao Luiz Inácio, filhos da democracia, do voto e do povo. Aqui tem mais voto do que Luiz Inácio; eu já os somei. Então, lá na Itália, o símbolo dela, Cícero, falava assim: “O Senado e o povo de Roma...” Nós somos o povo. Eu falo: o Senado, o povo do Piauí e o povo do Brasil. Nós representamos o povo.

            E temos que denunciar. Temos que denunciar a mentira que o Governo faz a cada instante, num retrocesso político. O governo que mais mentiu foi o de Hitler, que tinha um chefe de propaganda que se chamava Goebbels; ele deixou um ensinamento para os publicitários: uma mentira repetida várias vezes se torna verdade. Deu no que deu. E Hitler conseguiu, naquele tempo, porque o rádio era dele, ele dizia, estava dito e ninguém desmentia.

            Mas a ignorância é audaciosa. Luiz Inácio está rodeado de aloprados e ignorantes. Mentem, mentem, mentem. Mas o mundo mudou. O mundo teve três ondas. A primeira onda é a onda do campo. O homem se fixou para plantar e para criar e morar. Dez mil anos. Quatrocentos anos, a Inglaterra fez a Revolução Industrial, e o mundo buscou as cidades grandes e as capitais onde havia indústria e emprego. Mas, em 1980, um sábio, Alvin Toffler, disse que viria a terceira onda: a desmassificação da comunicação. É essa! Não é só o rádio de Hitler, em que ele dizia “lá vai Hitler com trinta mil soldados” e ia com três mil. O mundo se apavorava e se entregou a Hitler com a mentira.

            Deu no que deu, com os holocaustos...

            Hoje, é muita coragem o sujeito mentir, porque nós estamos vivendo a terceira onda da desmassificação da comunicação. Todo mundo, olhem as rádios comunitárias, olhem o número de jornais pequenos, especializados, olhem os portais, os blogs, o tal do twitter. Então, a informação é de todos. É o que o provérbio já dizia: “É mais fácil você tapar o Sol com uma peneira do que esconder a verdade”. A verdade vinga, e a verdade é que este Governo vai mal.

            Primeiro, é a violência. Um dos melhores Senadores da Itália, Norberto Bobbio - lá na Itália é diferente. Eles dão cinco lugares para os notáveis. Norberto Bobbio disse que o mínimo que um governo tem de dar a seu povo é a segurança, a vida, a liberdade e a propriedade. Eu digo que nós não vivemos em uma sociedade. É uma barbárie no Brasil! A saúde, ninguém melhor do que eu pode falar. Sou médico há 43 anos.

            A Bahia, a Bahia, a Bahia do Senhor do Bonfim está cheia de dengue e meningite. A Bahia. E o resto? O Piauí, o Maranhão e outros? A saúde só está boa para quem tem dinheiro e plano de saúde. E a educação? Piorou. Vocês estão diante de um homem bem educado. Eu me formei em medicina em faculdade pública e fiz pós-graduação em cirurgia em hospital público.

            As coisas funcionavam. O Presidente da República está feliz porque teve a felicidade de estudar numa escola técnica do Senai. As coisas funcionavam. O Luiz Inácio dizer que ele sabe é muita coisa?!... Ele disse que não gosta de ler, não gosta de estudar. Mas isso é problema dele. Mas que ele é sabido é. Ele estudou no Senai. Belas escolas técnicas profissionais. Senai. Quem levou essas instituições para o Piauí foi meu avô. Eu as conheço.

            E eu vou dar o exemplo para que me entendam. Eu sou cirurgião. Eu estudei, mas vi. Você pode ser cirurgião só ficando ao lado do cirurgião e olhando, e vendo, e vendo, e vendo, pedindo para auxiliar, sem abrir nenhum livro.

            O nosso Presidente da República é um homem muito viajado: mais de cem cidades, mais de cem países. Então, ele é como aquele que aprendeu cirurgia olhando na prática. E como ele viu civilizações, sabe porque uns cresceram, uns são pobres e outros são ricos. Então, ele tem essa observação de ver centenas e centenas... Ele tem um conhecimento, um aprendizado, eu não vou dizer porque ele não lê, de maneira nenhuma. Ele tem.

            Mas nós queremos dizer que tudo não vai bem e eu o direi do Piauí. Primeiro: “Médicos param por aumento de salário”. O Piauí... Nós não temos lá nenhum vulcão, nem terremoto, nem maremoto, mas o PT governa o Estado. “Médicos param por aumento de salário”. Está aqui o jornal, está aqui a manchete. “Greve teve 100% de adesão no Piauí”. O Governo do Partido dos Trabalhadores paga a um médico, no Estado do Piauí, R$ 1.010,00.

            O País não vai bem, ó Durval. Nós, aqui, num esforço tremendo... Cristovam Buarque, enlouquecido, defendendo a educação... Conseguimos e fizemos uma lei para um piso das professorinhas do Brasil. Serys, V. Exª é Senadora, mas um piso de R$960,00, para a professora... Nasceu aqui a lei; a Justiça impediu e as professoras não ganham isso. Milhares, milhares, milhares e milhares de professorinhas ganham menos que isso. Não aconteceu. Este é o País.

            Os médicos do Piauí, governado pelo PT... Está aqui o Dr. Leonardo Eulálio: “A classe médica é desrespeitada e recebe um piso vergonhoso”. O Governo do Estado paga R$ 1.010,00. Eu sou médico há 43 anos. Plantão, facada, de noite, urgência: R$1.010,00! Esse é o Governo do PT no Estado do Piauí. Estão em greve.

            Eles estão em greve. Quando governei o Estado por seis anos e dez meses eu nunca vi greve de funcionário algum, nem de médico. Médico é gente boa. Médico é a única profissão... Augusto Botelho, você é médico. No Piauí, o seu Partido paga R$1.010,00. Eles estão em greve. Está aqui: R$1.010,00, Augusto Botelho.

            Atentai bem! “Governo cria imposto para propaganda em beira de estrada.” Isso ele sabe. PT é partido do tributo. São 76 impostos, e criaram mais um, João Durval. V. Exª também está enfrentando agora... O Senhor do Bonfim se esqueceu um pouco de protegê-los no Governo do PT. Criaram mais um imposto no Piauí para propaganda em beira de estrada. Esses outdoors serão pagos agora. E diz o mentiroso Governador do PT - “Dias” de mentira - que os recursos arrecadados serão utilizados para financiar a manutenção das rodovias. Já existe um imposto: a Cide. Nós distribuímos...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Um tempinho. Nós estamos terminando.

            Mais imposto. É o partido do tributo, sim. Criou... “Governo vai dobrar gastos com a propaganda”. Os médicos ganham R$1.010,00.

            E, aqui, o jornal. Fez-se uma licitação e aumentou-se o gasto anual de R$10 milhões para R$18 milhões para a propaganda. É aquela de Goebbels. Dizer que há aeroporto internacional do Piauí - dois - é mentira. Dizer que fez cinco hidrelétricas e faria no rio Parnaíba é mentira; uma em Castelo; que funcionavam e que vinham as ZPEs.

            E haja mentira! Haja mentira! Estamos aqui crentes. Professor Cristovam, V. Exª chega... Gosto muito dos seus livros - aquele que V. Exª fez sobre a Sudene. Professor Cristovam, mas me encanta o do Ernest Hemingway, “O velho e o mar”, a luta. Todos nós lutamos. E o velho, lutando lá, para pescar, enfrentando os mares, diz - ele passou 84 dias sem conseguir pescar um peixe -: “A maior estupidez é perdermos a esperança.” Chega a ser até um pecado perder a esperança. Não quero que a percam. Mas ele diz que o homem, o velho pescador, não é para ser derrotado. Ele pode até ser destruído.

            Falo aqui em nome da esperança do Piauí e do Brasil. Nós garantimos a este povo do Brasil a democracia, a alternância do poder. Fomos nós, só este Senado. Ninguém mais. Senão, estaríamos iguais a Cuba, à Venezuela, ao boy do Equador, ao índio da Bolívia, ao padre reprodutor do Paraguai, e a Ortega, da Nicarágua, num regime que não é a democracia, porque democracia é divisão de poder e alternância. Então, foi só este Senado. Ninguém mais garantiu. Não embarcamos nessa história, porque aqui os pais da Pátria sabem que a nossa é a democracia nascida com Péricles, na Grécia, melhorada na Itália, na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos e trazida para cá por Rui Barbosa. Nós oferecemos ao povo do Brasil essa democracia para que haja uma alternância de governo no Brasil e no meu Piauí, que tanto sofre.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/12/2009 - Página 64855