Discurso durante a 242ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Lançamento hoje do livro Atentai bem! Assim falou Mão Santa, de autoria do jornalista Zózimo Tavares. Leitura de poesia de autoria da mãe de S.Exa., incluída no livro por Zózimo Tavares.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Lançamento hoje do livro Atentai bem! Assim falou Mão Santa, de autoria do jornalista Zózimo Tavares. Leitura de poesia de autoria da mãe de S.Exa., incluída no livro por Zózimo Tavares.
Aparteantes
Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 10/12/2009 - Página 66096
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • ELOGIO, JORNALISTA, INTELECTUAL, ESTADO DO PIAUI (PI), COMENTARIO, LIVRO, ASSUNTO, POLITICA NACIONAL, OBRA LITERARIA, DETALHAMENTO, INDEPENDENCIA, ATUAÇÃO, IMPRENSA, ANUNCIO, LANÇAMENTO, BIOGRAFIA, ORADOR, AGRADECIMENTO, INCLUSÃO, TRECHO, OBRA ARTISTICA, AUTORIA, MÃE.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Sadi Cassol, Parlamentares aqui na Casa, brasileiras e brasileiros que nos assistem aqui no plenário e que nos acompanham pelo sistema de comunicação, é como disse nosso Presidente Sadi Cassol, mas eu só queria corrigir: eu não vou lançar o livro. O livro é escrito por um dos mais fortes intelectuais do Brasil de hoje: Zózimo Tavares. Intelectual mesmo! E o Piauí tem esta característica: todo o País reconhece que o melhor jornalista foi o piauiense Carlos Castelo Branco, a Coluna do Castello, o Castelinho, o mais bravo e competente jornalista. Romeu Tuma se lembra de que, nos tempos da ditadura militar, só ele tinha a coragem, a competência e a sabedoria de levar ao País os anseios libertários da Pátria. E aí ficaram os livros de Carlos Castelo Branco.

            Assis Brasil. O poeta Da Costa e Silva, que fez o nosso hino:

“Piauí, terra querida,

Filha do sol do Equador,

Pertencem-te a nossa vida,

Nosso sonho, nosso amor!”

            Na luta, o teu filho é o primeiro que chega. Ele estava se referindo à única batalha, à primeira batalha sangrenta que houve no Brasil, para que este País fosse uno e grande, quando nós expulsamos os portugueses.

            Aí está César Borges. Eles também tiveram a coragem e a bravura de fazer uma batalha, mas foi em julho. Que dia, César?

            O Sr. César Borges (Bloco/PR - BA. Fora do Microfone.) - Dia 2 de julho de 1823.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Foi em julho, não é? A nossa foi em março, 13 de março. Março é antes de julho. E nós fomos bravos, e seguidos pelos bravos baianos a ter batalha sangrenta. Este País ia ser dividido em dois.

            Então, aí estão os escritores. E esse Zózimo Tavares é um deles. Ele, como Jorge Amado, baiano, que teve vários livros e descreveu muitas personagens, na sua independência cultural, não é qualquer um. É um dos melhores escritores deste País hoje.

            Ele é autor de vários livros; não é o primeiro. Definindo, eu diria que ele é uma mistura de Sebastião Nery com Machado de Assis; isso daria Zózimo. Então, o autor tem já publicado, esgotado: Falem Mal, Mas Falem de Mim, em 1989; Pra Seu Governo, 1991; O Pulo do Gato, 1994; Meus Senhores, Minhas Senhoras, 1997; Filosofia Barata, 1999; O Velho Jequitibá... Era um ex-Governador, João Clímaco d’Almeida. Eu até tenho algo para contar, é uma figura dessa. E eu me lembrei agora o significado disso, Sadi Cassol, e quis Deus estar aqui o Paulo Duque. 

            Eu me lembro, ainda no governo revolucionário, era Governador Lucídio Portela, eu era seu vice-líder. Aí, na antessala do Governador, muitos aguardavam para falar com o Governador Lucídio Portela. Ele era irmão mais velho de Petrônio, governou o Estado, Senador da República, de uma austeridade impressionante. Está ouvindo, Mozarildo? É porque aqui está o livro O Velho Jequitibá. Era esse Joqueira. Um perguntou, indagou na sala: “Governador Joqueira, V. Exª foi duas vezes Governador. Como é isso?”. Eu estava na sala, era Deputado Estadual, eu disse: “Eu vou ser esse negócio de governador, vou ouvir”. Está ouvindo, Heráclito? Aí me apressei. Quis Deus estar o Heráclito Fortes aí. A figura simpática de Joqueira, está ouvindo, Heráclito? Aí eu disse: “Eu vou ser esse diabo de governador, vou ouvir lá o que ele diz”.

            Ele tinha assumido por duas vezes. Isso é raro. Foi Vice-Governador de Petrônio Portella, e Petrônio veio a ser aqui um dos melhores Senadores da história desta República, um dos melhores Presidentes da história, ele, que foi o ícone da redemocratização. Aí perguntaram, ó Heráclito, se ele ainda queria ser Governador de novo. Primeiro, ele respondeu a primeira pergunta, o que achava de ser Governador duas vezes. Ele disse: “Bem, o que eu me lembro de ser Governador é que comi do bom e do melhor e nunca meti a mão no bolso para pagar”. O Velho Jequitibá era assim, irônico. Aí perguntaram, muito atual, Rosalba, V. Exª que vai já ser Governadora, se ele queria ser outra vez. Ele tinha sido duas vezes Vice-Governador e assumira, o que era raro. De Petrônio... Aí ele disse: “Não, isso é para gente mais nova”.

            Aí ele parou assim: “Mas sabe que eu queria, nem que fosse por sete dias, para me vingar de tanta gente que eu ajudei e me traiu?”.

            Daí essa figura, César... César chega levantou ali, o César Borges. Ele retratou essa personalidade, e é querida de todos nós, o Velho Jequitibá, como em todo o Estado.

            Ele também é autor de cordel. Vote lá Que Eu Voto Cá, em 1986; Céu da Terra - Roteiro Turístico do Piauí; Fique lá que eu fico cá. O Voto é Inseticida contra Praga de Ladrão. Olha aí, esse já teve duas edições: 1994 e 2006. Zé da Prata, o Poeta da Sátira, 1995. Sonetos de Cantadores. E tem O Piauí no Século XX - 100 Fatos que Marcaram o Estado entre 1900 e 2000, quatro edições. Um dos livros dele já tem quatro edições. E, em literatura, Sociedade dos Poetas Trágicos, duas edições, 2000.

            Então, ele, como intelectual e jornalista, pegou o personagem. Ele é livre, é independente, é intelectual. Ele faz uma análise. Tem o lado positivo, o negativo, bota adversário, que nós temos, dando as nossas pancadas.

            Zózimo Tavares, 47 anos, é jornalista, licenciado em Letras, pós-graduado em Comunicação e Marketing pela Universidade Federal do Piauí, onde foi professor. Tem pós-graduação também em Linguística. Atua há mais de 25 anos em rádio, jornal, televisão e assessoria de comunicação. Presidiu o Sindicato dos Jornalistas do Piauí. Foi correspondente do Correio Braziliense no Piauí, editor-chefe de O Dia e secretário de comunicação de Teresina em três mandatos de administrações.

            Publicou livros de humor, cordel e jornalismo. É membro da Academia Piauiense de Letras e editor-chefe do jornal Diário do Povo.

            Então, é ele que lança o livro. Quer dizer, não sou eu que tenho que autografá-lo, é o autor; eu sou um personagem, vamos dizer, como Cervantes colocou Dom Quixote, Sancho Pança e descreveu.

            Mas quero dizer que eu o estou lendo aqui, estou justamente na página 127. Já ri muito. O autor é muito bom, é ímpar, é excepcional, extraordinário. Apenas ele descreve. Ele colocou logo o nome, Zózimo Tavares: ”Atentai Bem! Assim Falou Mão Santa”. É um homem intelectual. Todos sabem que o filósofo Nietzsche escreveu Assim Falou Zaratustra, uma coisa assim. Eu sei que ele é intelectual. Está aqui.

            Mas, no Senado, quase todos são fulgurantes, são personagens, porque ele me retrata como Senador da República, como Governador do Estado do Piauí e quando Prefeito lá na minha cidade.

            Então, é interessantíssimo! Não tem conversa não, porque ele é que o bom! Eu não sou o bom não, é como um jornalista fazer... Jorge Amado não fez tantos livros, com tantos personagens? O Assis Brasil, do Piauí?

            Então, com a morte desses, de Machado de Assis, é um dos melhores escritores do País!

            Agora, o que me comoveu, e eu ia apenas reproduzir o que ele escreveu, a parte que mais me toca. Mãe. Mãe é coisa... Não é, Tuma? Mãe. Lembrem-se das mães de vocês. Quem ainda tem mãe aqui? Olhe, eu dou um conselho: vá curtir a sua mãe, o seu pai, quem ainda os tem. Então, ele coloca dois versos de minha mãe. A minha mãe... Eu sempre disse e digo: eu não sou mão santa - mãos de cirurgião, que Deus guiava, salvava um aqui, um acolá numa Santa Casa do Piauí -, mas sou filho de mãe santa.

            Outro dia, o Presidente Sarney perguntou e disse: “Mão Santa, por que você não escreve? Quem fala e discursa como você pode parar e escrever”. Eu digo: “Não, eu não escrevo por complexo, porque vão me comparar com a minha mãe”. E ela é laureada também. Ela tem um livro, publicado em espanhol, A Vida, um Hino de Amor, pela Vozes, editora católica. Então eu digo: eu serei sempre comparado, ela é melhor, então eu fico só nessa conversa que vocês já conhecem.

            Olhem como ele começa o livro aqui, o “Atentai Bem!”. É interessante. Ele começa assim:

“Atentai bem, ó Luiz Inácio! Atentai bem, ó Sarney!. Atentai bem, ó Pedro Simon! Papaléo, Papaléo, atentai bem! Atentai bem, ó Paim! Atentai bem, ó Tião! É Mão Santa quem vos fala”.

            Ele nos analisa como Senador, como Governador. Mas o que me comoveu, que estou lendo, foi que ele foi buscar da minha mãe esses versos, um pequeno e um de antes de ela morrer.

            No mais, eu convido a todos, às 18 horas e 30 minutos, para prestigiar não a mim - eu sei que é uma honra para mim - mas ao escritor. É uma figura ímpar, extraordinária e rara.

            Além de ser intelectual, é homem de bom caráter, é uma figura rara hoje em decência e respeitado - e o Heráclito está ali para dizer as mesmas palavras. Mas ele pegou o que minha mãe escreveu, eu, menino. Quem tem mãe sabe, é coisa de mãe, eu não tenho essas qualificações, mas minha mãe, Jeanete escreveu assim:

            “Filho! Tu és o enlevo e o amor de minha vida.

            Dos sonhos que sonhei, tu és a realidade!

            És a visão formosa e abençoada, descida

            do céu para aumentar minha felicidade!

            [Isso é coisa de mãe]

            Estreitando-te ao colo, em preces entretida,

            peço a Deus que te faça um anjo de piedade,

            pois a vida só vale a pena ser vivida

            por quem sabe visar da alma a imortalidade!

            Como linda avezinha a esvoaçar contente,

            qual borboleta azul trêfega e buliçosa

            vives tu, filho, a rir e a saltar sorridente...

            Às vezes a ralhar, repreendo-te, queixosa:

            “Tu és feliz demais!” E depois, mais paciente:

            “Tu és um querubim nadando em mar de rosa!”

            E também ele colocou o último escrito de minha santa mãe, antes de morrer: “Meu testamento”. É uma das maiores obras, a página de minha mãe, da literatura deste Brasil.

            Quero depois... O Tuma pediu a palavra.

            Então, antes de morrer, minha mãe escreveu “Meu testamento”:

            “Quando percebi que tinha meus dias contados,

            Que minha vida, rapidamente, chegaria ao fim,

            Pensei fazer meu testamento.

            Dei balanço em tudo o que possuía.

            Contei casas, contei dinheiro,

            Meus livros - grande tesouro!

            Meus ricos pertences

            Minhas antiguidades...

            Depois... Somei tudo,

            E vi que tudo era nada!

            Cacarecos sem valor,

            Coisas inúteis e supérfluas,

            Expostas às calamidades,

            Aos riscos dos incêndios

            E dos ladrões.

            Para que testamentar

            Esses bens que se podem acabar

            Que as traças podem roer,

            Ou o fogo devorar,

            Se outros bens imperecíveis

            Eu conseguir amealhar?

            Senhor, tu mesmo que disseste

            Que nenhum copo d’água

            Dado ao menor irmão

            Ficaria sem recompensa

            No Reino do teu Pai!

            Nos celeiros eternos

            Vou procurar guardar

            Outras riquezas.

            Não as da terra!

            Meus filhos não herdarão de mim

            Castelos, nem fazendas,

            Nem ricas propriedades...

            Não deixarei ouro e nem prata,

            Nem dinheiro em caixas-fortes...

            Tudo é vaidade sobre a terra.

            Nada há que sempre dure,

            Tudo, sem valor que me seduza.

            Meu testamento é minha fé,

            É minha esperança,

            É todo o meu amor!

            Que meus filhos possam herdar de mim

            Todo o bem dessa fé.

            Que foi a minha luz,

            Mais clara e mais querida,

            Dessa esperança que foi a minha força,

            Dessa caridade

            Que me fez ver Deus

            Em toda a natureza,

            Em todas as pessoas,

            Em tudo o que existe

            E Dele provém!

            Caridade que é amor,

            Amor que é vida!”

            Então, Romeu Tuma pediu ali um aparte, se for permitido.

            A SRª PRESIDENTE (Serys Slhessarenko. Bloco/PT - MT) - Meio minuto.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Meio minuto.

            O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Nem vou tomar muito tempo, porque já se esgotou o tempo de V. Exª, e V.Exª é um regimentalista confesso e puro aqui, nesta Casa...

            Mas V. Exª citou autores de livros com personagens imaginários. Este autor que escreve sobre V. Exª cita a sua pessoa física, mostrando a sua vivência em família, com a sua querida mãe. Acredito que ele lhe presta uma homenagem justa e correta pelo seu trabalho sempre eficiente (Fora do Microfone.) e presente nesta casa.

(Interrupção do som.)

            O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - V. Exª já leu boa parte do livro da tribuna, mas vou comprá-lo assim mesmo, porque quero ler os espaços que V.Exª não leu, pela admiração que sinto por sua pessoa. Quero cumprimentá-lo e quero cumprimentar o autor, por se lembrar de uma pessoa de bem, que aqui milita com todo o vigor, com toda a vontade, em busca daquilo que melhor serve à sociedade e aos cidadãos do Piauí.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - É um bom presente de Natal que V. Exª vai dar a sua encantadora esposa, a normalista de azul e branco.

            Mas, no fim, ele termina da seguinte forma:

Como comecei, quero terminar, dirigindo-me aos céus e a Deus. Pai, iluminai este Congresso, para que se façam leis boas e justas!

            Então, essas eram as minhas palavras e o convite para, às 18 horas e 30 minutos, na Biblioteca do Senado, prestigiarmos um dos melhores escritores do nosso Brasil, Zózimo Tavares, com a obra Atentai Bem! Assim Falou Mão Santa.


Modelo1 6/29/246:35



Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/12/2009 - Página 66096