Discurso durante a 242ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da falta de coordenação no combate ao tráfico de drogas e armas no Brasil.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Registro da falta de coordenação no combate ao tráfico de drogas e armas no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 10/12/2009 - Página 66465
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • COMENTARIO, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, DESCOBERTA, QUADRILHA, TRAFICO, DROGA, CONTINUAÇÃO, COMANDO, DETENTO, ESTADO DE GOIAS (GO), UTILIZAÇÃO, TELEFONE CELULAR, VINCULAÇÃO, CRIME ORGANIZADO, TRANSPORTE, DISTRIBUIÇÃO, COCAINA, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA, DEFESA, ORADOR, ISOLAMENTO, CRIMINOSO, PRESIDIO, SUPERIORIDADE, SEGURANÇA.
  • GRAVIDADE, NEGLIGENCIA, AUSENCIA, UTILIZAÇÃO, EQUIPAMENTOS, DEPOSITO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), POLICIA RODOVIARIA FEDERAL, PERDA, POSSIBILIDADE, MELHORIA, COMBATE, TRAFICO INTERNACIONAL, RISCOS, DETERIORAÇÃO, COMPROVAÇÃO, FALTA, INTEGRAÇÃO, ORGÃO PUBLICO, COBRANÇA, PROVIDENCIA, INCORPORAÇÃO, ARSENAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, aconteceu no mesmo dia: a Polícia Federal desarticulou uma quadrilha que se dedicava ao tráfico internacional de drogas, comandada por celular por um presidiário que cumpre pena há 7 anos, em Goiás. No Rio, descobriu-se que 55 esteiras de raios X e 4 portais com scanners, essenciais para a repressão ao contrabando de armas e drogas, estão encaixotados há 2 anos, desde sua chegada ao Aeroporto Tom Jobim, no Rio, em 2007.

            São dois fatos, ocorridos na quarta-feira, 28, que desvendam apenas parte da falta de coordenação no combate ao tráfico de drogas e armas no Brasil. É inacreditável que Leonardo Dias Mendonça, um traficante considerado perigoso, há muito conhecido das autoridades, condenado a uma pena de 39 anos de prisão, tenha conseguido, durante tanto tempo, controlar seus negócios diretamente de sua cela.

            De acordo com a polícia, ele trocou de celular pelo menos 50 vezes nos últimos 3 anos, para que não fossem interceptados os contatos com seu braço direito, Emílio Teixeira Campos, encarregado de fazer com que as ordens do chefe fossem cumpridas.

            Mendonça está longe de ser um narcotraficante comum. Era parceiro de Norval Rodrigues, um brasileiro que está na lista dos maiores traficantes do mundo e é procurado pela Interpol no Suriname. Além disso, teria ligações com Fernandinho Beira-Mar e com as Farc, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, o grupo terrorista que hoje tem como atividades principais o tráfico de cocaína, seqüestros e o contrabando de armas.

            De dentro da prisão, Mendonça conseguia comandar um esquema complexo de transporte e distribuição de cocaína. Comprada na Colômbia, ela vinha de avião e era distribuída entre o mercado brasileiro e o internacional. No Brasil, ele abastecia o litoral paulista e o do Nordeste. No Exterior, a Europa e os Estados Unidos, por meio de rotas que incluíam o Estado do Pará e a fronteira com o Suriname.

            Enquanto isso, num galpão na sede da Superintendência da Polícia Rodoviária Federal, na Via Dutra, em Irajá, equipamentos essenciais para revelar se veículos estão transportando drogas e armas, mesmo se camufladas, deterioram-se a cada dia.

            O galpão fica alagado quando chove, pois tem inúmeras goteiras, e alguns dos aparelhos de raios X já estão abertos, sofrendo a ação da água. Nas caixas, ainda há etiquetas de recebimento da Infraero, datadas de 22 de junho de 2007.

            Adquiridos pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, para serem empregados durante a realização dos Jogos Pan-americanos, eles custaram cerca de 90 milhões de reais. As esteiras têm um custo individual de 1 milhão e 200 mil reais, e os pórticos com scanners gigantes custam, cada um, 6 milhões de reais.

            Todo esse equipamento de última geração, tão sensível que detecta metais e também substâncias orgânicas, poderia, desde a época em que foi desembarcado no aeroporto, estar a serviço do combate ao contrabando de drogas e armas.

            São 90 milhões de reais jogados literalmente no lixo, sem contar o fato de que, graças à irresponsabilidade de quem os deixou abandonados num galpão, sabe-se lá quanta cocaína, maconha, armas e munições ingressaram livremente no Rio pelas divisas do Estado.

            Na CPI das Armas, da Câmara dos Deputados, como lembrou um dos coordenadores da ONG Viva Rio, traficantes afirmaram que tinham trânsito livre nas fronteiras e estradas de acesso ao Rio de Janeiro, com armas e drogas, porque “ninguém fiscalizava nada”.

            Antes que se torne irrecuperável, é urgente que esse equipamento seja incorporado ao arsenal da Polícia Rodoviária Federal, para fiscalizar estradas importantes, como a Via Dutra e a BR-101. E que sejam punidos os responsáveis pelo abandono de material tão importante para o reforço da segurança pública.

            Quanto ao traficante Leonardo Mendonça, seu caso encerra a lição de que indivíduos como ele não podem ficar em penitenciárias comuns, mas devem ser encaminhados a presídios de segurança máxima, onde o acesso a celulares e outros meios de comunicação com as quadrilhas que chefiam são ao menos bem mais difíceis.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/12/2009 - Página 66465