Discurso durante a 243ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos 370 anos da Expedição Amazônica de Pedro Teixeira, desbravador português considerado o "Conquistador da Amazônia".

Autor
Sadi Cassol (PT - Partido dos Trabalhadores/TO)
Nome completo: Sadi Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 370 anos da Expedição Amazônica de Pedro Teixeira, desbravador português considerado o "Conquistador da Amazônia".
Publicação
Publicação no DSF de 11/12/2009 - Página 66495
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • IMPORTANCIA, SESSÃO ESPECIAL, RECONHECIMENTO, BRAVURA, PEDRO TEIXEIRA (MG), MILITAR, PORTUGUES, VITORIA, PIONEIRO, NAVEGAÇÃO, RIO AMAZONAS, MISSÃO, AMPLIAÇÃO, TERRITORIO NACIONAL, CONHECIMENTO, HIDROGRAFIA, HOMENAGEM, ANIVERSARIO, EXPEDIÇÃO, SAUDAÇÃO, LUTA, PRESERVAÇÃO, SOBERANIA NACIONAL, INVASÃO, PAIS ESTRANGEIRO, PAISES BAIXOS, FRANÇA, GRÃ-BRETANHA, REGISTRO, BIOGRAFIA, EXERCICIO, CARGO PUBLICO, GOVERNADOR, CAPITANIA, ESTADO DO PARA (PA).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. SADI CASSOL (Bloco/PT - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Estimado Presidente, Senador Aloizio Mercadante, na pessoa de quem quero cumprimentar toda a Mesa, pelo adiantado da hora. Oficiais da Marinha e do Exército, demais autoridades que vieram prestigiar esta sessão especial, os nossos cumprimentos.

            Quero falar da alegria de ser um sulista, gaúcho, e, hoje, poder representar um Estado da Amazônia Legal. Isso é tão importante na nossa vida quanto poder ter nascido lá. Conforme o nosso Senador Jefferson Praia comentou anteriormente, nós precisamos ser todos da Amazônia, e eu quero me incluir nesse processo da Amazônia Legal.

            Quero fazer uma referência ao homenageado de hoje, o nosso Pedro Teixeira.

            Falar de homens e mulheres que lutaram bravamente pelo engrandecimento da Nação é resgatar fatos marcantes da nossa história. Homenagear heróis que em sua época venceram desafios quase intransponíveis em nome de uma causa, de um governo ou de um povo é uma demonstração, ainda que tardia, de justo reconhecimento.

            A realização deste ato solene, em que se propõe enaltecer a figura de Pedro Teixeira, constitui-se numa das mais felizes iniciativas deste Senado, razão pela qual quero cumprimentar o meu Líder, Aloizio Mercadante, que em muito boa hora apresentou o requerimento de realização desta sessão.

            Comemorar os 370 anos da expedição que o militar português empreendeu pela Amazônia tem um significado muito especial, que transcende a formalidade de uma sessão do Senado.

            Foi somente após a grandiosa expedição de Pedro Teixeira, no ano de 1637, que se abriram as portas da Região Amazônica para a conquista de novos horizontes no Brasil, através da mais importante bandeira fluvial comandada pelo brilhante militar, que assegurou o seu domínio para Portugal.

            A descoberta da Amazônia se deu em 1616, com a fundação da cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará, quando se assinalou o marco inicial da conquista do vasto mundo amazônico pelos portugueses, que ambicionavam conquistar espaços que julgavam lhes pertencer.

            Entretanto, foi a expedição de Pedro Teixeira que possibilitou à Coroa Ibérica avançar sobre o território amazônico até a cidade de Quito, na época pertencente ao Peru, expandindo-a em proporções gigantescas.

            Embora a Coroa Ibérica integrasse os dois reinos numa unidade política desde 1580, Portugal e Espanha continuavam a ser, do ponto de vista territorial e administrativo, entidades perfeitamente distintas. A história documenta os inúmeros conflitos travados entre portugueses e espanhóis, uma vez que os limites eram aqueles que as comunidades entendiam serem vantajosos para si.

            Antes da expedição de Pedro Teixeira, o conhecimento do território amazônico pelos portugueses limitava-se a Gurupá. O restante apresentava-se sombrio e ameaçador, era o deserto das águas, o mar assustador. A descoberta do rio Tapajós descortinou um novo horizonte ao ensejar que suas margens começassem a ser utilizadas pelos bandeirantes e portugueses, que até então não passavam de Gurupá ou Xingu.

            Evidentemente, a bandeira desbravadora não foi pacífica. As lutas para a expulsão dos holandeses, franceses e ingleses instalados na selva amazônica foram tão intensas quanto frequentes. Foram elas que marcaram a trajetória desse admirável militar português e nos permitiram a posse desse incalculável tesouro natural.

            O território amazônico sempre despertou a cobiça de outros povos. No século XVI, era o açúcar o produto de grande interesse para os franceses, ingleses e holandeses. A cana-de-açúcar crescia espontaneamente nas várzeas e nas margens baixas dos rios da Amazônia. Bastava instalar os engenhos para moê-la e obter o açúcar, razão das constantes penetrações de estrangeiros na região.

            O primeiro embate liderado por Pedro Teixeira se deu em 1616, quando o comandante recebeu a missão de expulsar intrusos estrangeiros, que se posicionavam à entrada do rio Gurupá, dispostos a estabelecer uma colônia na região.

            O militar organizou várias canoas de guerra, armadas com 20 soldados e muitos índios guerreiros da Tribo Tupinambá. Recebidos de forma hostil, abordaram o navio holandês e atearam fogo na embarcação, causando a morte de todos os tripulantes. Mesmo ferido, o Bandeirante retornou ao local para certificar-se de que o navio iria a pique.

            Após esse duro embate, vários outros se sucederam, sendo que a coragem e o destemor de Pedro Teixeira lhe renderam seguidas promoções de patente, chegando a Capitão-Mor e a General de Estado.

            E foi como Capitão-Mor que ele recebeu a sua mais nobre e difícil missão, a qual lhe foi confiada por suas reconhecidas qualidades de valentia, profundo conhecimento da selva e do rio, além do domínio da Língua Tupi.

            As instruções que recebeu da Coroa consistiam em reconhecer minuciosamente o rio até Quito; verificar os lugares onde se podia levantar fortificações; e velar pela boa conduta dos expedicionários, de modo que o bom trato e a oferta de presentes aos indígenas resultassem em relações de amizade e paz.

            O objetivo principal da viagem era estender os domínios de Portugal até as terras da Perúvia e fundar, perto da Aldeia dos Omáguas, nos terrenos situados entre os rios Napo e Juruá, uma povoação que marcasse o limite, no Amazonas, das terras da Coroa portuguesa.

            Em 28 de outubro de 1637, a histórica bandeira de Pedro Teixeira partia de Gurupá, rio acima, para a viagem que daria ao Brasil a sua mais extensa região - a Amazônia. Formada por dezenas de embarcações e centenas de soldados e índios, a expedição chegava, um ano depois, à cidade de Quito, depois de vencer obstáculos de toda sorte.

            Recebido com pompa pelo vice-rei do Peru, Pedro Teixeira ofereceu-lhe um relato da expedição e um roteiro de viagem, com notáveis conhecimentos etnográficos e geográficos da região.

            No dia 12 de dezembro de 1639, após viajar 27 meses, Pedro Teixeira regressou a Belém do Pará com a sua comitiva. Lá, uma calorosa recepção, preparada por autoridades e pelo povo em geral, o aguardava para celebrar o grande feito. Estava consumada a demarcação entre Quito e Belém do Grão Pará nos dois sentidos, com o vasto território a pertencer a Portugal.

            Em reconhecimento a sua destacada atuação, Pedro Teixeira viria assumir a Capitania do Pará e, posteriormente, seria nomeado Governador . Mais tarde, ainda faria jus à generosa recompensa do Rei Felipe IV, que lhe concedeu a posse de terras e de índios.

            Pedro Teixeira preparava-se para visitar Portugal quando faleceu, no dia 6 de junho de 1641. O insigne Bandeirante foi sepultado na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Graças, Catedral de Belém do Pará, na região que ele tanto amou, defendendo as cores de Portugal.

            Pedro Teixeira recebeu da Coroa Ibérica o merecido reconhecimento por ter empreendido a expedição que resultou no desbravamento da Amazônia.

            Hoje, quase quatro séculos depois da saga por ele protagonizada, temos a oportunidade de fazer-lhe justiça, ainda que de forma muito singela se comparada ao seu extraordinário feito em favor da Amazônia e do Brasil.

            Muito obrigado, senhoras e senhores. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/12/2009 - Página 66495