Pronunciamento de Flexa Ribeiro em 10/12/2009
Discurso durante a 243ª Sessão Especial, no Senado Federal
Comemoração dos 370 anos da Expedição Amazônica de Pedro Teixeira, desbravador português considerado o "Conquistador da Amazônia".
- Autor
- Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
- Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- Comemoração dos 370 anos da Expedição Amazônica de Pedro Teixeira, desbravador português considerado o "Conquistador da Amazônia".
- Publicação
- Publicação no DSF de 11/12/2009 - Página 66507
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
-
- SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, PRESENÇA, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, ANIVERSARIO, EXPEDIÇÃO, PEDRO TEIXEIRA (MG), MILITAR, PORTUGUES, DIFICULDADE, NAVEGAÇÃO, RIO AMAZONAS, IMPORTANCIA, ANEXAÇÃO, REGIÃO AMAZONICA, TERRITORIO NACIONAL.
- CONCLAMAÇÃO, COMPLEMENTAÇÃO, DESCOBERTA, REGIÃO AMAZONICA, BENEFICIO, FUTURO, PLANETA TERRA.
- REGISTRO, BIOGRAFIA, VULTO HISTORICO, EXISTENCIA, MONUMENTO, MUNICIPIO, BELEM (PA), ESTADO DO PARA (PA), ELOGIO, CUMPRIMENTO, MISSÃO, PROTEÇÃO, AMPLIAÇÃO, TERRITORIO NACIONAL.
- ELOGIO, INICIATIVA, EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÕES, ABERTURA, ESTAÇÃO, TECNOLOGIA, TELEFONIA, INTERNET, TELEFONE CELULAR, INTERIOR, ESTADO DO PARA (PA), DENOMINAÇÃO, HOMENAGEM, PEDRO TEIXEIRA (MG), VULTO HISTORICO, PATROCINIO, CONCURSO, ESTUDANTE, INCENTIVO, CONHECIMENTO, HISTORIA.
- HOMENAGEM, FORÇAS ARMADAS, CONTRIBUIÇÃO, PRESENÇA, REGIÃO AMAZONICA.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Presidente Senador Aloizio Mercadante, quero também saudá-lo pela feliz iniciativa desta sessão para comemorarmos os 370 anos da expedição amazônica de Pedro Teixeira. Quero saudar o Governador de Roraima Sr. José de Anchieta Júnior; o representante do Almirante de Esquadra Júlio Soares de Moura Neto, Comandante da Marinha, o Contra-Almirante Marcos José de Carvalho Ferreira; o Assessor Especial do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro, General de Divisão Aléssio Ribeiro Souto; o Presidente da Câmara de Cantanhede, cidade portuguesa onde nasceu Pedro Teixeira, Exmº Sr. João Moura; o Presidente da Câmara Brasil-Portugal, Sr. Manoel Tavares de Almeida; o Presidente da Vivo, Sr. Roberto Lima; o Presidente da Portugal Telecom, Sr. Zeinal Bava; Srªs Senadoras, Srs. Senadores, ilustres convidados que prestigiam esta sessão comemorativa, não poderia deixar, Senador Mercadante, de vir à tribuna hoje prestar a minha homenagem a este grande desbravador que foi Pedro Teixeira. Deixei para fazer a saudação ao final à minha conterrânea, à nossa amiga paraense, Anete Costa Ferreira, que está ao seu lado, à mesa, que é historiadora de temas ligados à Amazônia e que dedica boa parte de seus estudos aos feitos de Pedro Teixeira, o motivo desta justa sessão.
As ações dos luso-brasileiros que conduziram à conquista e à manutenção da Amazônia - hoje patrimônio incontestável do povo brasileiro - constituem uma das mais belas páginas de nossa história. Em quase 200 anos, sobraram coragem, determinação, desprendimento e incontáveis sacrifícios. Homens, em sua grande maioria, mas também mulheres e crianças, brancos, negros e, principalmente, índios que, com enormes dificuldades e vencendo desafios, levaram a cabo a tarefa gigantesca de desbravar tão grande quanto desconhecida região.
Eu diria, passados 370 anos, que nós poderíamos repetir a mesma coisa com relação à região amazônica, lamentavelmente tão grande quanto desconhecida, essa região que é, sem sombra de dúvida, o futuro do nosso País e que, com certeza, tem papel importante no futuro do nosso Planeta.
É com uma grande honra que faço, neste momento, uma homenagem a um grande português que, sem dúvida alguma, ajudou a construir o Pará grande e forte que temos hoje e que nos é motivo de tanto orgulho.
O desbravador Pedro Teixeira nasceu em São Pedro de Cantanhede, Coimbra, em 1570. Tinha 37 anos de idade quando foi para o Brasil, em 1607.
Logo começou a se notabilizar pela sua luta contra os invasores da Pátria. Em 12 de fevereiro de 1614, ainda como alferes, lutou contra os franceses na Batalha de Guaxenduba; em 1615, participou de uma expedição por floresta virgem; e, em 1616, juntamente com Francisco Caldeira Castelo Branco, fundou a minha querida cidade de Belém do Pará.
Ajudou a organizar os primeiros trabalhos, a busca por convívio com os índios e a estabelecer na região a Coroa portuguesa.
Apenas isso, Senador Aloizio Mercadante, já valeria tal homenagem, mas a figura histórica de Pedro Teixeira nos inspira ainda mais.
Ao paraense, pensar na imagem de Pedro Teixeira não é tarefa difícil: existe um monumento do desbravador em frente à entrada da Estação das Docas, no início da subida de uma das nossas avenidas mais importantes, a Avenida Presidente Vargas. Ali, imponente, a estátua de Pedro Teixeira mira e, eu diria, guarda a cidade de Belém, lugar onde travou intensas batalhas e certamente ajudou a instalar e originar o que hoje conhecemos como a capital do nosso querido e imenso Estado do Pará.
Entre 1616 e 1630, liderou inúmeras batalhas para proteger a Amazônia dos invasores. Foi então incumbido de realizar uma tarefa que ainda hoje nos espanta e que, infelizmente, é pouco conhecida: foi Pedro Teixeira o primeiro a abrir uma comunicação terrestre entre o Pará e o Maranhão.
Após dois meses, acompanhado apenas de Antonio da Costa, três soldados pagos e uns poucos índios flecheiros, rasgou a mata, enfrentando toda sorte de obstáculos e o gentio hostil. Fez isto a pé, sem qualquer tipo de instrumentos. Foi uma travessia pelo meio da mata, abrindo a primeira estrada entre as duas cidades que estavam em seu nascedouro.
Pedro Teixeira foi, então, personagem decisivo no objetivo português: dedicar suas energias à América e estabelecer a Coroa em terras amazônicas.
Com São Luís e Belém, a proteção do litoral estava aos poucos sendo consolidada. Porém, pouco era feito em relação ao interior. Exatamente, Pedro Teixeira estava na foz do rio Amazonas, o início da Amazônia, na entrada do rio e precisava conquistar o interior da Amazônia.
Porém, em 1627, Frei Vicente do Salvador, autor da primeira História do Brasil, constatava, com pesar, que a colonização portuguesa arranhava-se pelo nosso litoral tal qual um caranguejo, evitando se aventurar pelo interior do continente.
Tal era a situação da colonização do Brasil que, em 1637, dois frades e seis soldados espanhóis chegaram a Belém, realizando a proeza de ir da nascente até a foz do Amazonas.
Diante de tal fato, o governador do Pará e do Maranhão, Jacome Noronha, equipa uma expedição para fazer o caminho inverso.
Nomeia para a tarefa Pedro Teixeira. Pelos feitos que já citei aqui, não existia pessoa mais capacitada para realizar a grande expedição do que Pedro Teixeira.
Teixeira via os indígenas como aliados, e não como inimigos. Eram eles que conheciam bem o território e sabiam movimentar-se naquelas áreas desconhecidas do europeu. Os nativos eram os guias pela floresta e pelos rios; conduziam as embarcações nas longas expedições fortemente escoltadas, em ambiente hostil e a milhares de quilômetros, pelos cursos emaranhados de água; eram também caçadores, identificando a variada fauna, e eram conhecedores das “drogas do sertão”.
Essa expedição fluvial, considerada por muitos como a maior façanha sertanista de que há memória, teve cerca de 2.500 pessoas embarcadas em meia centena de grandes canoas a vinte remos, onde iam os combatentes, ainda vinte e tantas outras embarcações menores, que transportavam as famílias, munições e provisões.
A expedição se iniciou em outubro de 1637. O regresso a Belém foi concretizado a 12 de dezembro de 1639, há exatos 370 anos, data que comemoramos hoje. Nesta viagem de mais de 10.000 quilômetros, muitas terras foram reivindicadas para a Coroa de Portugal.
Pedro Teixeira e seus homens são os primeiros a realizar o trajeto de ida e de volta da foz do Amazonas até a costa do Pacífico.
Os resultados da expedição foram impressionantes. Foi feito o primeiro mapa do rio Amazonas, e o relato de viagem realizado pelo próprio Pedro Teixeira é bastante representativo da curiosidade que havia pelas novas terras.
Teixeira relata sobre a topografia, a fauna, os índios encontrados pelo caminho, possibilidade de metais preciosos, já naquela altura, há 370 anos, e as características do rio e da região, bem como locais propícios à instalação de fortes para a proteção da nova terra.
Pedro Teixeira e seus homens realizam a obra de trazer para os braços de Portugal as terras do rio Amazonas e seus afluentes, significando um passo decisivo para que um vasto território se tornasse parte do Brasil.
Nas palavras de Evaristo Eduardo de Miranda, doutor e pesquisador da Amazônia, com a viagem de Pedro Teixeira
[...] legitimou-se a posse portuguesa da protuberância amazônica em direção ao Pacífico. O Brasil incorporou mais da metade de seu território atual, a quase totalidade da Bacia Amazônica e um imenso tesouro hídrico, geológico, biológico e cultural.
Senador Aloizio Mercadante, V. Exª é reconhecidamente um dos Senadores que discute com competência todas as matérias, em especial sobre economia. Mas eu não conhecia a sua vertente de historiador, de conhecedor a história de Pedro Teixeira, fundador de Belém do Pará, sendo, como disse - e por isso o homenageio -, o autor desta sessão para que pudéssemos comemorar esses 370 anos da expedição.
E quero também aqui saudar duas companhias de telecomunicações, a Vivo e a Portugal Telecom, cujos presidentes estão à Mesa. E por quê? Porque, agora mesmo, terça-feira, estou indo a Santarém. Vou lá receber, com muita honra para mim, o título de cidadão de Santarém, outorgado pela Câmara de Vereadores - agora, dia 15. E vou a Belterra, que é ao lado de Santarém, onde foi instalada uma Estação de Rádio Base. E as companhias que lá a instalaram tiveram a lembrança de denominá-la Pedro Teixeira. Isso é o reconhecimento que é feito a esse desbravador da Amazônia, fundador de Belém, lá no Forte do Presépio. Quem conhece Belém - e Belém deve ser conhecida por todos os brasileiros por suas belezas, como o Pará em si -, onde Belém foi fundada por Castelo Branco e por Pedro Teixeira, lá está o Forte do Castelo, lá está a Casa das Onze Janelas, que era do Exército brasileiro, permutada com o Governo do Estado; e é um ponto histórico e turístico hoje.
Então, lá, na Amazônia, no coração da Amazônia - porque Santarém fica exatamente no coração da Amazônia, a uma hora de jato de Belém e a cinquenta minutos de jato de Manaus, ou seja, ela está entre as duas maiores cidades da nossa região -, a Vivo e a Portugal Telecom fazem essa homenagem a Pedro Teixeira, dando seu nome a essa Estação de Rádio Base, que vai levar, dentro da tecnologia de terceira geração, banda larga para lá, Senador Mercadante. Todos nós, aqui, no Senado, lutamos para que todos os brasileiros tenham o direito a ter acesso à rede mundial de comunicação pela Internet através da banda larga. É importante também lembrar que essas empresas estão patrocinando um concurso, de tal forma que possam levar estudantes brasileiros a conhecer a terra de Pedro Teixeira em Portugal e trazer estudantes portugueses para conhecerem as terras desbravadas por Pedro Teixeira no meu Estado do Pará, na minha Região Amazônica.
É, sem sombra de dúvida, um momento muito especial para mim, como paraense, como amazônida, estar aqui nesta sessão de homenagem a esta figura tão importante para o nosso País.
A Região Norte foi incorporada ao Brasil com muito sangue e sofrimento. Homens como Pedro Teixeira foram fundamentais para que fosse possível a realização de tal tarefa.
Concluo este pronunciamento, congratulando a realização desta cerimônia, oportunidade única para destacar o papel de Pedro Teixeira na formação do Brasil - eu diria que na formação de mais de 60% do território brasileiro - e deixar a cobrança de um paraense que se orgulha de sua história. Senador Mercadante, os livros de História devem fazer mais justiça a homens como Pedro Teixeira: fortes e bravos que ajudaram a construir a história do Pará, da Amazônia e do Brasil.
Por fim, uma lição. V. Exª já antecipou, ao me conceder a palavra, o que eu iria registrar ao final. Em 28 de fevereiro de 1640, Pedro Teixeira foi nomeado Governador da Província. Nada mais justo; porém, é obrigado a abandonar o cargo por motivo de doença e acaba morrendo, meses mais tarde, exausto por tão ambiciosa aventura. Doou sua vida por uma Amazônia forte, segura e grande.
Aproveito também para registrar aqui as minhas homenagens ao Exército brasileiro, à Marinha brasileira e à Aeronáutica, porque eu sempre digo que a Amazônia, hoje ainda desconhecida, como me referi há pouco, não integrada, lamentavelmente, ao nosso País... E sempre digo que a Amazônia não é problema; a Amazônia é solução para o Brasil, e as Forças Armadas ajudam os Governos da Amazônia a levar apoio àqueles 23 milhões de brasileiros que lá guardam aquela região para o futuro do nosso País, dando, com o seu trabalho na Amazônia, esse apoio necessário a todos os Governos estaduais daquela região.
Encerro, Sr. Presidente, com a frase do General de Exército Rodrigo Octávio Jordão Ramos: “Árdua é a missão de desenvolver e defender a Amazônia. Muito mais difícil, porém, foi a de nossos antepassados de conquistá-la e mantê-la”.
Muito obrigado. (Palmas.)
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