Discurso durante a 246ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do ex-Prefeito de Luiz Correa, Antonio de Pádua da Costa Lima, ocorrido dia 11 de dezembro, no Piauí. Registro do recebimento da homenagem da Ordem Parlamentar do Brasil, em solenidade ocorrida em São Paulo.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do ex-Prefeito de Luiz Correa, Antonio de Pádua da Costa Lima, ocorrido dia 11 de dezembro, no Piauí. Registro do recebimento da homenagem da Ordem Parlamentar do Brasil, em solenidade ocorrida em São Paulo.
Aparteantes
Sadi Cassol.
Publicação
Publicação no DSF de 15/12/2009 - Página 67285
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, EX PREFEITO, MUNICIPIO, LUIS CORREIA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI), ELOGIO, VIDA PUBLICA, APRESENTAÇÃO, PESAMES, FAMILIA.
  • RECEBIMENTO, ORADOR, HOMENAGEM, ENTIDADE, FUNDAÇÃO, INICIATIVA, ULYSSES GUIMARÃES, EX-DEPUTADO, LIDER, REDEMOCRATIZAÇÃO, REGISTRO, HISTORIA, POLITICA NACIONAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Cumprimento o Sr. Presidente Sadi Cassol, que preside esta sessão de segunda-feira, 14 de dezembro, os Parlamentares na Casa, as brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos acompanham pelo fabuloso sistema de comunicação do Senado - essa beleza de televisão, a TV Senado, a rádio AM, a rádio FM, a rádio de ondas curtas, a Voz do Brasil, o jornal semanário, diário, agência de notícias.

            Está escrito no Livro de Deus, Sadi Cassol - e eu represento aqui o partido do Filho de Deus, de Jesus, o Partido Social Cristão -, está escrito no Livro de Deus o seguinte: “Exultai-vos, alegrai-vos diante dos bons acontecimentos, das vitórias, e chorai quando os irmãos trazem acontecimentos tristes”.

            Venho submeter à Casa um requerimento de pesar nos termos regimentais, conforme a tradição desta Casa. Trata-se da apresentação de condolências à família do Sr. Antônio de Pádua da Costa Lima, cujo falecimento ocorreu de sexta para sábado, 11 de dezembro, no Piauí. Eu estava em São Paulo, onde recebia homenagem da Ordem dos Parlamentares do Brasil; uma fundação que nasceu da inspiração de Ulysses Guimarães em 1976.

            É lógico, Senador Sadi Cassol, que as épocas são outras. Naquele tempo, Ulysses Guimarães teve a coragem - porque, hoje, em seu partido, ninguém a tem - de se lançar candidato à Presidência da República sem a mínima chance. Era um colégio eleitoral, seu partido era minoritário, muito minoritário, mas ele, com a coragem, com o ideal e o sonho, lançou-se anticandidato para ter oportunidade de falar à Nação, Senador Osvaldo Sobrinho, fazendo aquela campanha memorável. No entanto, tudo já havia sido decidido no Congresso - o resultado já era conhecido previamente - e foi eleito Ernesto Geisel.

            Aliás, houve dois discursos históricos de muita valia: o do Ulysses - representando a sua própria candidatura, em que ele termina dizendo: “É preciso navegar; viver não é preciso” - e o de Petrônio Portella - a eleição era parlamentar e ele representava a liderança do Governo, no caso a Arena; também um belo pronunciamento, naquele período de exceção mais o Parlamento. Então, terminada a eleição, Ulysses Guimarães tinha dificuldade em continuar sua mensagem libertadora. Criou, então, esta instituição em 1976: Ordem dos Parlamentares do Brasil. E a intenção dele teve efeito. Foi unir... Hoje é muito fácil. Neste instante, estamos falando para o Brasil, mas temos um sistema de comunicação; ele não tinha. Essa televisão tem 25 anos. Então, a maneira que ele tinha era usar os Parlamentos. E fez essa ordem para reuni-los e poder falar.

            As coisas mudaram, mas ela continua. Eu conheci o seu último presidente. Era o Deputado Federal Jerônimo Serrano. Hoje essa instituição é presidida por seu filho, Dennys Serrano. Ele é suplente de Deputado Federal. Penso que uma instituição como essa, criada por Ulysses Guimarães, deve ser preservada. Mas ela tinha que se atualizar, sobreviver de lá para cá. Então, eles prestam anualmente homenagens a políticos. E me escolheram, como Senador. Da Câmara Federal, escolheram Arnaldo Faria de Sá, um extraordinário Deputado Federal, foi Constituinte. Ele é o Paim da Câmara.

            A cor dele é branca. Está sempre em defesa dos idosos, dos aposentados, dos velhinhos. E foi também escolhido na Câmara Federal. Escolheram um Deputado Estadual, que conheci na solenidade, um Vereador de Guarulhos, gente jovem, e um Prefeito. Ao mesmo tempo, eles atualizaram isso, para manter a instituição.

            Eles prestam homenagem, o que acho muito legítimo, o que é uma ideia muito brilhante, porque os tempos são outros. E penso que a instituição tem de ser preservada, pois foi criada por Ulysses Guimarães, que nos deu muitos e muitos ensinamentos. Este Senado tem de ser revivido. Tive a oportunidade de falar entre os vários homenageados. E relembrei três ensinamentos de Ulysses Guimarães, que está encantado no fundo do mar. E me encanta aquele que todo mundo sabe: quando saiu anticandidato na Bahia, ele sofreu ameaça do Governo, da Arena - a Polícia também o ameaçou, botando os cães em cima dele -, mas, mostrando sua grandeza, ele disse “respeite o candidato das oposições”. Disse isso, mostrando a grandeza de ser oposição.

            Está aí Rui Barbosa. Rui Barbosa, Senador Osvaldo Sobrinho, foi governo e oposição, mas foi muito mais oposição. Isso é que engrandece, aperfeiçoa, é o moderno. Oposição deve evitar a corrupção, com suas denúncias, e não se entregar e, como diz um amigo meu que é Deputado no Piauí, não se “vender por uma boquinha”. Rui Barbosa está aí. Quiseram comprá-lo quando ele achou que deveria fazer oposição porque os militares queriam suceder. Ele disse: “Estou fora!”. Aí foram buscá-lo e disseram que ele seria Ministro da Fazenda de novo. Deram a chave do cofre. Senador Osvaldo Sobrinho, ele disse: “Não troco a trouxa de minhas convicções por um Ministério”. Agora, vemos políticos de partidos - e o povo é que bota a gente no governo e nas oposições - trocarem-se por qualquer “boquinha”, como dizia no Piauí o Juarez Tapety. Eles se trocam por qualquer bicozinho, não é? É isso que desmoraliza o regime.

            Mas eles também homenageiam empresários vitoriosos, pesquisadores, professores, o que acho lícito. São essas instituições que mantêm aquela criada pelo Ulysses.

            Eu estava lá com a Adalgisa. Eu estava sendo homenageado e ia falar. Mas, quando terminou, ela me deu a notícia de que tinha falecido esse por quem venho pedir. Eu estava em São Paulo, mas mudei de ideia. Pensei em passar o fim de semana em São Paulo, que sempre tem seus encantos culturais, mas, cedo, peguei o avião para Brasília. De Brasília, fui para Teresina e, quando cheguei a Teresina, estava sendo velado o corpo dessa pessoa.

            Na política, temos de separar o joio do trigo, como em qualquer profissão. Mas me encheu não a morte, mas o que vi no seu Estado. Esta Casa é que dá credibilidade a este País. Para lá fui e chorei. Os céus choraram quando Jonas Pinheiro morreu, bem como o povo todo. Vi o mesmo acontecer com Ramez Tebet: vi chorar o Mato Grosso do Sul e sua cidade, Três Lagoas. Quando morreu Antonio Carlos Magalhães, na Bahia toda, era muito choro! E o mesmo vi quando faleceu Jefferson Péres.

            Então, quer dizer que somente somos bons mortos, no Senado. Os mortos, não quero mais falar sobre eles. Que ninguém morra aqui! Mas que negócio é esse de dizer que há credibilidade? Não, nós somos acreditados, os Senadores são os pais da Pátria!

            Esse jovem morreu. Peguei um táxi aéreo de Teresina e cheguei ali na hora em que estavam todos na Igreja. O Padre me deu a palavra, e falei. Mas vi o povo chorar. Ele foi prefeito por quatro vezes nessa cidade. O litoral do Piauí é muito pequeno, são só 66 quilômetros; é o menor do Brasil. Mas é como perfume francês: é pequenininho, mas tem os seus encantos, mais do que um vidro grande.

            Nessa cidade do Piauí, não havia praia. Muita gente pergunta por que a capital não está no litoral. Não está, porque foi um prefeito, Firmino de Sousa, que permutou com uma cidade piauiense próxima à serra, Crateus. Então, há as cidades praianas. Depois, Deus me permitiu governar aquele Estado e criar naquele litoral duas novas cidades. Hoje, no litoral do Piauí, há quatro cidades. Há Parnaíba, onde nasci, bem como João Paulo Reis Velloso, Evandro Lins e Silva, Chagas Rodrigues, Luiz Alberto Silva. Chagas Rodrigues foi Vice-Presidente desta Casa, e Alberto Silva foi Senador e Governador também. Fui prefeito de Parnaíba. Há também Morro da Mariana e Bom Princípio, que eram povoados e se transformaram em cidades. Cajueiro da Praia, quando Governador, eu a criei como cidade.

            Mas adentrei lá, e o Padre concedeu-me a palavra. Realmente, já tivemos muitas oportunidades, Senador Osvaldo Sobrinho, de usar da palavra, mas aquela emoção era maior, porque era a casa de Deus, e sou do Partido do Filho de Deus, o Partido Social Cristão. Minha mãe era terceira franciscana, e meu nome é Francisco, nada tem de Mão Santa. Sou filho de mãe santa. Mãos guiadas por Deus salvavam aqui e acolá, numa Santa Casa dos pobres. Mas aí me lembrei - tinha de falar na despedida, cheguei ali na hora, e exigiram lá que eu falasse - da Bíblia. Estudei em colégio de padres, dos irmãos maristas. Senador Osvaldo Sobrinho, lembrei-me da Bíblia, pois eu a leio sempre. Toda a Bíblia nos encanta. A Bíblia é um negócio de inspiração do Divino Espírito Santo. Muitos a escreveram. Só quem não a escreveu mesmo foi Jesus, que, como nós, ficou falando; os outros a escreveram.

            Há uma parte da Bíblia que quero citar neste momento e que explica tudo, e eu a citei lá. Ele diz - e é muito interessante -, Senador Osvaldo Sobrinho: “Eu sou Cohelet. Ninguém tem mais sabedoria do que eu”. Gosto do cara consciente, vaidoso. Isso é bom. É um caro convicto. Ele começa logo: “Ninguém tem mais sabedoria do que eu”. Cohelet, Eclesiastes, o pregador, disse: “Eu sou filho de Salomão, o rei, e neto de Davi”. Ele bota duro, o Cohelet. Disse: “Meu pai Salomão me ensinou, bem como meu avô Davi...”. E teve um bocado de preceptores naquele tempo. “Ninguém sabe mais do que eu.” Gosto da convicção. Convicção é importante.

            Quero dizer o seguinte: tudo na vida é vaidade. Tudo na vida é vaidade. É vaidade sobre vaidade. É querer pegar o vento com a mão. Ele explicava lá: “Tive tudo. Tive castelos, ouro, prata, gado mais do que estrelas no céu, terras que a vista não via, mulheres mil”. Eu só tenho uma mulher, a Adalgisinha, mas eles tinham mil mulheres. Ele conta lá. Mas tudo é vaidade.

            A sabedoria que nos encanta, que o próprio Livro de Deus diz que vale mais que ouro e prata - atentai bem! -, tenho visto que, às vezes, ela desaparece. E, aí, eles ficam iguais a um néscio, a um idiota qualquer. Então, mesmo a sabedoria tem valor, mas é efêmera. Era o caduco que hoje a medicina sofisticada chama de Alzheimer, um nome mais bonito. Mas, enfim, até a sabedoria desaparece. Narra isso, porque tinha observado muito.

            O que é bom mesmo, já dizia o Cohelet - quero ensinar e quero dizer que gosto disso, porque ele tem convicção e, por isso, impressiona -, é o que me lembrei na hora de falar lá. Ele diz na Bíblia: “O que é bom mesmo é comer bem, é beber bem, é fazer o bem sem olhar a quem”. Somos pó e viramos pó; barro vira barro. O resto é vaidade. Sadi Cassol, ele diz assim: você vai acreditar no que estou dizendo não numa festa, numa boda, num carnaval; no velório de um amigo, você vai acreditar no que estou dizendo. E era o caso.

            Esse prefeito e eu estudamos juntos. Naquele tempo, terminei o ginásio. Minha família era abastada, meu avô era muito rico, tinha navio. Ele levou uma fábrica do Piauí para o Rio de Janeiro. Era o Sabão da Copa, ele mudou o nome. Era Moraes o nome da família, e ele colocou Gordura de Coco Dunorte, e ganhou da gordura de coco carioca. Mas não tenho riqueza, não. Eu me formei em Medicina, não fui empresário. Fiquei numa Santa Casa operando, como se opera em toda Santa Casa no Brasil afora. Acho que muito mais da metade das pessoas que operei... Mas isso me deu muita gratidão e até voto, porque estou aqui; esse foi um reconhecimento.

            Estudamos juntos no ginásio, eu e esse rapaz. Ele foi presidente do grêmio estudantil de colégio de padre, São Luis Gonzaga, que hoje é diocesano. Naquele tempo... Isso não é de hoje, não! Tenho 67 anos, devo ter terminado o ginásio com 14 anos, e ele devia ter uns 19 anos. Então, ele era o presidente do grêmio, e eu era o vice-presidente. Foi uma amizade muito longa. Mas o interessante é que ele morava nessa praia de Luís Correia.

            Luís Correia é o nome do irmão de um avô meu que era industrial. Nesse negócio de política, Senador Osvaldo, a gente deveria estar mesmo envolvido. Esse Luís Correia foi educado por minha família, no Rio de Janeiro, para ser advogado e enfrentar os adversários, que eram os Vera. Mas ele chegou e, quando se viu, estava namorando com as Vera e não quis se meter nesse rolo da política. Aí, ele foi para o Ceará ser professor de Direito. Trabalhou com Clóvis Beviláqua. Mas olhem o destino: ele foi para lá fugindo da política e, quando viu, estava nela envolvido. A minha família era da política. Os senhores sabem como é essa confusão. Mas o mais interessante é que ele foi para o Ceará e teve duas filhas que fizeram dois Governadores - é a mulher que faz o homem, e essa é mesmo uma verdade. A Luiza Távora é aquela simpática mulher que fez Virgílio Távora - sou primo dela -, e a Nícia é mãe do Flávio Marcílio. Quer dizer, ele foi para o Ceará para fugir da tradição política que tinha.

            Esse moço foi prefeito dessa cidade, que é do meu tio-avô, e a gente tem muita ligação. Meu primeiro trabalho médico foi feito nessa cidade. Passei minha lua-de-mel na casa dos meus avós. Aliás, faremos 41 anos de casados e ainda estamos nessa lua-de-mel. Mas eu estava dizendo que ele é muito ligado a mim. Ele foi prefeito de lá por quatro vezes. O mais importante é que ele tinha um apelido: chamavam-no de “Da Amarração”. Amarração era um povoado no mar. Aquelas embarcações eram amarradas onde se sonhou construir o Porto do Piauí, de Luís Correia, Epitácio Pessoa. Faz quase seis anos, e só fizeram estragar a praia da gente. Botaram umas pedras lá. V. Exª conhece o Piauí, Senador?

            Então, o apelido dele era ‘Da Amarração”, quando a gente estava na Parnaíba, mas ele foi prefeito quatro vezes. Deus me permitiu governar o Piauí por seis anos, dez meses e seis dias, e ele era professor de História, foi subssecretário de Educação e, depois, como aquela é uma cidade turística, ele foi diretor da empresa do governo. Então, há essa ligação. E o filho foi prefeito. Quer dizer, é muita tradição política.

            Mas vi um povo chorar, como com Jonas Pinheiro. V. Exª estava lá, Osvaldo?

            A política tem isso ainda; nela, há os bons. Vi os pobres chorarem, os pobres terem saudade por causa de uma pessoa dessas. Quero dar o testemunho de que não é assim, de que não se deve generalizar. É verdade que há um bocado de político corrupto - acho até que devia voltar a forca para enforcá-los -, mas há também pessoas como ele, que, por quatro vezes, foi prefeito, que trabalhou em governo, que era professor e que terminou a vida com muita modéstia. A gente vê isso na classe política. Mas, com esse capital de amizade e de admiração, isso é extraordinário! Vi a cidade chorar. E foi um pronunciamento meu diferente, por ter sido feito na Casa de Deus.

            Então, eu queria deixar aqui este pedido. É o requerimento que faço para que esta Casa mande os votos de pesar para Luís Correia, no Centro. Ele deixa um filho, Antônio José dos Santos Lima, que foi Prefeito; quatro filhas mulheres, Suzane Maria dos Santos Lima, Josiane dos Santos Lima, Taciane dos Santos Lima e Catiane dos Santos Lima; e a viúva, Francisca das Chagas dos Santos Lima, a Ditinha. Parece-me que ele tinha 48 anos de casado.

            Digo que tenho inveja do Roberto Carlos, o Rei. Acho que aquela música dele “Irmão Camarada”, se eu soubesse cantá-la, eu a cantaria aqui para o Antônio de Pádua, o ex-Prefeito de Luís Correia, que nos deixa.

            Sadi Cassol, concedo-lhe o aparte.

            O Sr. Sadi Cassol (Bloco/PT - TO) - Senador Mão Santa, V. Exª falou muito bem quando disse que o povo chora, às vezes, a perda de um grande amigo. E, na política, isso também não é diferente, desde que sejam políticos respeitados pela sociedade. Quem não tem saudade de Getúlio Vargas, quem não chorou por ele? Quem não tem saudade de Juscelino Kubitschek, de Leonel Brizola e de muitos outros grandes líderes que já se foram, em cujas despedidas as multidões correram aplaudindo?

É claro que, tanto na política como em qualquer outro segmento, nós temos aqueles que, às vezes, com todo o respeito ao ser humano - jamais eu faria uma colocação nesse sentido, de antecipar -, já que eles não morrem tão cedo, principalmente esses corruptos que andam no País, deveriam ir ao menos para a cadeia, sair um pouco fora da sociedade civil organizada, que, certamente, iam atrapalhar menos o dia a dia daqueles que querem um País cada vez melhor. Então, como há na política, há em todos os segmentos aqueles que realmente são o verdadeiro joio, mas também a sociedade sabe reconhecer e chora, sim, no momento em que falta um e que é o verdadeiro trigo. Parabéns pelo seu pronunciamento. Acho que, cada vez que a gente consegue levar essa mensagem adiante, de que é preciso mudar, é preciso fazer cada vez melhor, cada um na sua profissão, nós estamos contribuindo para um País cada vez melhor. Parabéns, Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Lá os familiares me disseram que, no fim da vida, ele teve uma insuficiência renal, aquelas hemodiálises, não tinha mais a liderança e a vitalidade de outrora, mas que ele ouvia essa TV Senado, uma hora dessas da tarde. Os familiares disseram isso.

            Osvaldo Sobrinho, essas homenagens são tão importantes... Eu formei em 1966, tenho 43 anos de médico, e um dos médicos mais importantes que eu conheci foi o Dr. Odival Coelho de Rezende. Eu não pude ir, pois tinha afazeres aqui - nesse eu fui, no sábado, peguei o avião -, mas fui à Missa de Sétimo Dia e fiz uma despedida para Odival Coelho de Rezende, um dos melhores cirurgiões que eu vi. Nunca trabalhei diretamente com ele, porque ele tinha um hospital privado na minha cidade, muito bom e moderno, e eu me dedicava à Santa Casa. Se eu saísse de lá, a Santa Casa ia ter dificuldades. Mas era uma pessoa adorável. Eu fiz, mais ou menos, isso em respeito às atividades. Isso é tão importante, Osvaldo Sobrinho! Eu fui à Missa de Sétimo Dia do Dr. Odival Coelho de Rezende, cirurgião, homem de muita visão - perdeu-se muito -, entrava na pecuária, tinha capacidade, visão de futuro, um homem adorável. Ele era médico, um pouco mais velho do que eu, cirurgião. Mas eu fui à Missa de Sétimo Dia - está ouvindo, Osvaldo Sobrinho? Chegando lá, entrei na igreja, em uma Missa de Sétimo Dia de outra pessoa importante - está vendo, Sadi, como isso é importante? - e aí fui dar os pêsames aos familiares. Eu estava contando quem era Odival Rezende: a luz, homem de visão, de futuro, construiu o melhor hospital, com participação na pecuária, inteligente, inseminação.

            Eu sei que ele fez a primeira exposição agropecuária lá porque, além de Medicina, ele tinha essa visão. Quando eu era governador de Estado, uma vaca de um filho dele, na primeira exposição - ele as media por garrafa, dezessete - já dava sessenta e tantos litros. Quer dizer, na eugenia da pecuária. Então, falava da grandeza de Odival Rezende, quando chegou, cirurgião. Quando fui dar os pêsames aos filhos dele...

(Interrupção de som.)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Os filhos dele me abraçaram e disseram assim: “Nós não conhecíamos nosso pai”. Não conhecem. Os filhos da gente não conheceram a luta, antes. E disseram: “Passamos a conhecer nosso pai por um pronunciamento que você fez no Senado”. Então, dessa mesma maneira quero falar de Antônio Pádua, o homem, o líder estudantil que foi. Fui o seu vice. Jogava futebol; era um Bellini, era da defesa, aquela figura simpática se tornou um grande prefeito. O sujeito ser eleito prefeito é difícil, quem dirá quatro vezes, não é, Sobrinho? Então, como V. Exª sabe, depois participou do governo.

            Essas são as palavras que traduzem o sentimento da minha geração.

            As palavras finais: que as ondas sonoras dessa televisão, AM, FM e ondas-curtas da rádio que temos aqui, transformem minhas palavras para que elas cheguem aos céus em forma e reza, em forma de súplica. Oh, Deus, receba Antônio de Pádua! Lembro-me de Tiago, o Apóstolo - e sou do partido de Jesus -, que disse o seguinte: “Fé sem obra já nasce morta”.

            A natureza de Luiz Correia foi Deus que fez: o céu, o vento que nos acaricia, o sol que nos tosta, os verdes mares bravios, os rios que nos abraçam, dezenas de lagoas. Mas as estruturas físicas quase todas foram Antônio de Pádua, direta ou indiretamente. Nunca vi...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - ...É como diz o livro de Deus: “Fé sem obra já nasce morta.” A fé de Antônio de Pádua mostrou-se nas obras, e, hoje, Luiz Correia é uma das mais agradáveis cidades. Eu mesmo tenho casa de veraneio em Coqueiro. Sinto o céu e muitas das estruturas construídas pelo homem; esse homem foi São Vicente de Paulo, que, tenho certeza, Deus o recebe. 


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/12/2009 - Página 67285