Discurso durante a 246ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro do recebimento do título de Cidadão Veranopolitano, homenagem prestada a S.Exa. pela Câmara de Vereadores de Veranópolis-RS. Registro da participação de S.Exa. em encontro com lideranças do Partido dos Trabalhadores do Município de Caseiros-RS e outras cidades da região, realizado neste final de semana, onde houve vários questionamentos sobre os escândalos que vêm ocorrendo na vida pública brasileira.

Autor
Sadi Cassol (PT - Partido dos Trabalhadores/TO)
Nome completo: Sadi Cassol
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA. GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF).:
  • Registro do recebimento do título de Cidadão Veranopolitano, homenagem prestada a S.Exa. pela Câmara de Vereadores de Veranópolis-RS. Registro da participação de S.Exa. em encontro com lideranças do Partido dos Trabalhadores do Município de Caseiros-RS e outras cidades da região, realizado neste final de semana, onde houve vários questionamentos sobre os escândalos que vêm ocorrendo na vida pública brasileira.
Aparteantes
Garibaldi Alves Filho, João Pedro, Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 15/12/2009 - Página 67289
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA. GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF).
Indexação
  • QUALIDADE, EX PREFEITO, EX VEREADOR, MUNICIPIO, VERANOPOLIS (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), AGRADECIMENTO, INICIATIVA, CAMARA MUNICIPAL, CONCESSÃO, ORADOR, TITULO, CIDADÃO, PRESENÇA, AUTORIDADE.
  • AGRADECIMENTO, OPORTUNIDADE, VISITA, MUNICIPIO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), REUNIÃO, LIDERANÇA, REGIÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REALIZAÇÃO, CONFERENCIA, REGISTRO, RECEBIMENTO, QUESTIONAMENTO, GRAVIDADE, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, VIDA PUBLICA, POLITICA NACIONAL, FRUSTRAÇÃO, CIDADÃO, PERDA, REPUTAÇÃO, TOTAL, CLASSE POLITICA, CONCLAMAÇÃO, ELEITOR, ATENÇÃO, ESCOLHA, CANDIDATO, REITERAÇÃO, REPUDIO, ORADOR, DESVIO, FUNDOS PUBLICOS.
  • GRAVIDADE, CORRUPÇÃO, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), VIOLENCIA, REPRESSÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, PROTESTO, IMPUNIDADE, TENTATIVA, CRIMINOSO, DESVALORIZAÇÃO, PROVA, GRAVAÇÃO, FILME, ALEGAÇÕES, NECESSIDADE, INVESTIGAÇÃO.
  • COMENTARIO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), INCLUSÃO, CRIME HEDIONDO, COBRANÇA, ORADOR, AMPLIAÇÃO, PUNIÇÃO, ANUNCIO, PROXIMIDADE, CAMPANHA ELEITORAL, ESTADO DO TOCANTINS (TO), PRIORIDADE, COMBATE, CORRUPÇÃO, DEBATE, IRREGULARIDADE, APROPRIAÇÃO, TERRAS, FAVORECIMENTO, POLITICO, PREJUIZO, REFORMA AGRARIA, ESPECIFICAÇÃO, ENTORNO, CAPITAL DE ESTADO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. SADI CASSOL (Bloco/PT - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Osvaldo Sobrinho, demais Senadores e Senadoras, retornei há pouco do Estado do Rio Grande do Sul, onde passei o fim de semana a convite de dois Municípios, dois Prefeitos, duas Câmaras de Vereadores, na cidade de Veranópolis. Lá, tive oportunidade de exercer três mandatos como Vereador, um bom período como Prefeito e, por diversas vezes, fui Secretário daquele Município. A Câmara de Vereadores houve por bem me prestar uma homenagem, concedendo-me o título de Cidadão Veranopolitano. Agradeço aqui, para todo o Brasil, pela bondade e generosidade da Câmara de Vereadores de Veranópolis, que me concedeu um título tão importante. Quero compartilhar essa homenagem com toda a minha família. Vivemos 20 anos naquele Município, e a sociedade veranopolitana houve por bem, agora, prestar-me essa homenagem.

            Por isso, quero agradecer ao Prefeito Waldemar De Carli, que estava presente à sessão; ao Vice-Prefeito Paulo Guzzo; ao Presidente da Câmara, Moisés Pertile, e a todos os Vereadores daquela comunidade e às lideranças que estavam presentes. Enfim, a toda a sociedade veranense, meus sinceros agradecimentos.

            Pude matar a saudade de velhos amigos de longa data na política, no comércio, na indústria. Vivi aqueles 20 anos no “Município da longevidade”. Sempre comento, Senador Mão Santa, que vou viver até os 100 em Tocantins e, depois, vou concluir na “terra da longevidade” o restante da minha vida, que é Veranópolis, no Rio Grande do Sul.

            Então, quero agradecer àquela sociedade toda por esse título, que muito, muito nos orgulhou, a mim e a minha família. Estamos muito satisfeitos, muitos felizes com essa homenagem.

            Também no domingo, estive em Caseiros, outro Município do Rio Grande do Sul, a convite do Presidente da Câmara daquele Município. Lá, reuniram-se as lideranças de toda a região, do Partido dos Trabalhadores, e me convidaram para fazer uma palestra para aquelas lideranças todas. Tive oportunidade, depois, de participar de um grandioso churrasco com a comunidade.

            Quero agradecer também a todas aquelas lideranças de Caseiros que participaram do evento, como o Prefeito Marcos Canalli; o Vice-Prefeito Léo Tessaro, Vereadores, lideranças, o Presidente do PT daquele Município, que é o Valdecir Jesus, enfim, a todas as lideranças que lá passaram conosco esse fim de semana. Então, é um agradecimento às lideranças de Caseiros, no Estado do Rio Grande do Sul, e também de Veranópolis. Lá em Caseiros, reuniram-se lideranças de Ibiraiaras, de Lagoa Vermelha e de outros Municípios vizinhos.

            Também, Mão Santa, eu gostaria de fazer alguns comentários nesta oportunidade, nesta segunda-feira. Além da festa, além da beleza das homenagens, além do contentamento de muitas lideranças, de muita coisa boa que vem acontecendo neste País, não faltaram, durante todo o fim de semana, alguns questionamentos por parte das nossas lideranças dessa região - como não é diferente em todo o Brasil - sobre os escândalos e mais escândalos que vêm aparecendo na vida pública, principalmente, e em todas as áreas: temos corrupção no Município, no Estado e temos também em órgãos federais. Isso, com certeza absoluta, deixa qualquer pessoa de bem indignada. Para nós, que atuamos na vida pública e política, o pior é que, quando se fala em corrupção dentro da política, como o caso do último escândalo de Brasília, envolvendo autoridades do governo e do legislativo, a gente coloca todo político na mesma vala; tanto aquele que faz política há 50 anos e que nunca teve um processo quanto aqueles que têm 200 processos para responder e que deveriam estar, grande parte, na cadeia. Então, essas coisas vêm indignando muito a sociedade brasileira.

            O Presidente Lula já está encaminhando uma lei com medidas mais duras, mais severas, mas acredito que, além da legislação, Presidente Mão Santa, acho que o eleitor também precisa parar de eleger aqueles sobre os quais há suspeita de corrupção. A suspeita já é um tanto para se tirar da vida pública e política aquele cidadão envolvido. Se você não fez nada... É aquele velho provérbio: “onde há fumaça, há fogo”.

            Então, precisamos ter muito cuidado na votação. Eu gostaria, se fosse possível - não sei se ainda é possível; vou fazer uma consulta ao TSE -, na próxima eleição, do ano que vem, que se baixasse uma resolução, ou que se mudasse alguma lei - eu não saberia de que forma; vou colocar meus técnicos para ver o que é possível fazer - para...

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Senador Sadi...

            O SR. SADI CASSOL (Bloco/PT - TO) - Pois não.

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Espero V. Exª terminar o raciocínio, mas gostaria de fazer um aparte.

            O SR. SADI CASSOL (Bloco/PT - TO) - Sim, com o maior prazer.

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Posso?

            O SR. SADI CASSOL (Bloco/PT - TO) - Pode.

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - V. Exª faz uma reflexão sobre corrupção, e essa chaga já vem de muito na nossa história, principalmente na história republicana. V. Exª acaba de mencionar: o eleitor tem que votar com mais rigor, com mais atenção. Concordo com V. Exª e sei que V. Exª não falou com esse sentido, mas essa via tem duas mãos: a do eleitor, que tem que ser exigente, que tem que votar no currículo político, no currículo do candidato ou da candidata... Mas o homem público tem que ter seu padrão de responsabilidade. Os partidos políticos...

            O SR. SADI CASSOL (Bloco/PT - TO) - Era aí que eu ia concluir o meu raciocínio!

            O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Acho que V. Exª deveria seguir. Primeira questão: homem público não tem que ser vereador, deputado, prefeito, senador, deputado estadual, federal, presidente, para ser rico. Não pode ser essa a concepção. Ele tem que servir à causa pública. Homem público não tem que achar que vai entrar para ter um mandato de quatro anos, ter um segundo mandato, e achar que se abriu um mundo para ele, um mundo de negócios, para ficar rico - a não ser os que já são ricos, que são empresários, a Constituição permite. Mas ninguém pode fazer negócio! É inconcebível! Macula não a vida do prefeito ou de quem está envolvido, mas macula a democracia, faz mal para o País, para a cidade, para o Estado. Eu penso que as pessoas sérias, todas, ficam envergonhadas. Todas ficam envergonhadas, porque não é com elas, mas elas votaram. São milhares de pessoas que votam no cidadão para ele dirigir a cidade, o Estado, para ter um mandato. Então, a Justiça tem de ser rigorosa, a Justiça tem de ser célere. O eleitor tem de ser exigente. E o homem público que ganha um mandato tem de saber que o mandato não é para enriquecer, não é para fazer negócios, que existe uma lei, existem regras. Então, quanto ao que aconteceu com o Governador do Distrito Federal, todas as pessoas de Brasília, todas, estão envergonhadas, porque é Brasília, é o Governo. O Governo não tem dono. O dono é o cidadão, é a cidadã que paga os impostos, que trabalha. Então, são esses aspectos que precisamos analisar, e destacar, neste aparte - e V. Exª poderia refletir -, a ausência no Brasil da reforma política. Enquanto não trabalharmos, não formos a fundo na questão do financiamento de campanha, as lacunas estarão abertas, bem como as brechas para a corrupção, para o comprometimento do homem público, do mandatário, de quem recebe o mandato oriundo das eleições. Então, a reforma política, os partidos... Aqui, muda-se de partido como se muda de blusa. Não pode ser assim. O partido político tem um projeto, o partido político é nacional, o partido político tem um ideário, tem um programa, tem uma ideologia. Não existe partido sem um projeto ideológico. Então, precisamos elevar isso, esse debate. A ausência, no Brasil, da reforma política permite esses comportamentos, que a sociedade brasileira condena. Se a Justiça tarda, a opinião pública é contundente na condenação a esse tipo de comportamento, como esse de Brasília, que envolveu não só o Governador, mas Secretários e Deputados. Então, quero parabenizá-lo pelo pronunciamento.

            O SR. SADI CASSOL (Bloco/PT - TO) - Agradeço a V. Exª, Senador João Pedro, que, como sempre, defende a moralidade na Administração Pública.

            Mas eu gostaria de fazer um pequeno chamamento, através da TV Senado e dos outros meios de comunicação que temos aqui, no Congresso Nacional, que transmitem os nossos pronunciamentos para todo o País, e dizer a esses que costumam colocar a mão no dinheiro público, através de desvios de todas as formas, em que um escândalo abafa o outro, e assim vamos indo, eu gostaria de fazer um convite a esses corruptos: amanhã de manhã, esses que estão me ouvindo, ao levantarem da cama e irem lavar o rosto com as mãos sujas, imundas da roubalheira, com as mãos que praticaram esses atos, que olhem para o espelho e, vendo-se do outro lado, digam: “Você, que está aí do outro lado (que é ele), é um ladrão da saúde, você é um ladrão da segurança pública, você é um ladrão dos recursos dos asilos, você é um ladrão da educação, você é um ladrão de todas as verbas necessárias para este País dar qualidade de vida ao nosso povo”. Mas grite bem alto. Olhe para a sua imagem no espelho e grite: “Eu sou um ladrão! Eu deveria ter vergonha de estar na face da terra, prejudicando tantas e tantas famílias”. Se ninguém o ouvir gritando no seu banheiro amanhã de manhã, saia de lá, suba no alto da montanha e grite para quem puder ouvir: “Eu estou roubando dinheiro público. Eu estou prejudicando um País todo. Eu não sou digno de viver na sociedade civil organizada”. Se de lá de cima da montanha também ninguém o ouvir, desça, vá a uma delegacia, peça para ser algemado e vá para o presídio. Lá, você vai parar de incomodar a população brasileira; você vai parar de tirar a merenda escolar; você vai parar de roubar os uniformes das crianças; você vai parar de tirar os remédios dos hospitais; você vai parar de roubar tanto em benefício seu, deixando a comunidade abandonada.

            Então, eu quero, sempre que possível, ser uma voz, mesmo que de pouca ressonância, Senador Paim, por ser um suplente de Senador de um Estado pobre do País, e quero cumprir essa missão no Senado, enquanto eu estiver aqui, em sua plenitude. Eu quero usar de toda a força que tenho para me dedicar 24 horas em benefício da população brasileira, do meu Estado do Tocantins, do meu Rio Grande do Sul e de todo o País.

            Eu não vou permitir, eu não vou ficar calado enquanto esses corruptos continuarem roubando dinheiro público, ficando soltos e usando esses recursos em benefício próprio.

            Eu gostaria de fazer mais uma reflexão sobre o que aconteceu na semana passada em Brasília, onde se inverteram todos os valores imagináveis. Mandaram desocuparem as ruas os inocentes, que estavam protestando com legitimidade, os acadêmicos, a população, as organizações de Brasília, e deixaram os corruptos intocáveis.

            Eles estão lá. Aí, se diz: “Não, vamos averiguar”. Mas se um pai de família entra num supermercado, desesperado, porque a criança está morrendo de fome na sua residência, e pega uma coxa de galinha, o crime é tão grave quanto roubar um avião. Concordo com isso, e não seria eu, aqui, a estimular qualquer tipo de coisa nesse sentido, mas, por roubar essa coxinha, se as câmaras internas do supermercado flagrarem aquele pai de família, na saída da porta ele será algemado e irá para a cadeia, sim. E é justo que vá, não estamos defendendo que não o seja. Agora, as imagens mostram dinheiro na meia, dinheiro na cueca, dinheiro no bolso, dinheiro em toda parte e têm de averiguar o quê? Essas imagens não são suficientes para dizer que esse é um corrupto, é um ladrão e que tem de ir para a cadeia? Precisam averiguar o quê? Aí, só se fala: “Não, mas agora a Justiça vai averiguar”. Só se pegarmos aquelas imagens e dissermos que não são verdadeiras. Mas, primeiro, coloca-se na cadeia e, depois, vai-se averiguar, porque a sociedade não acredita mais, a sociedade não consegue conviver mais, a sociedade está revoltada com essa corrupção.

            O Governo Lula está baixando uma medida provisória endurecendo um pouco.

            Presidente Lula, acho que, além de crime hediondo, essa medida provisória precisava de mais um pouco: que se colocasse, lá, que se começará a decepar um dedo de corrupto, de ladrão; ou a marcar na testa, a deixar uma marca para o resto da vida.

            Eu vou fazer a campanha, ano que vem, no Tocantins, Senador Paim, e esta será a bandeira de todos os meus discursos: a corrupção, além do que for necessário para o Tocantins. Corrupção não é só roubar e desviar dinheiro de obras, não. Corrupção é tirar aqueles pequenos proprietários de terras à força, como aconteceu em Tocantins, e dar a terra para figurões políticos. Essa é uma corrupção também.

            Senador Paim, é sobre isso tudo que precisamos chamar para o debate. Precisamos chamar as sociedades tocantinense e brasileira para o debate, porque, digo mais: se o Governo Federal buscasse de volta o patrimônio das terras que foram desviadas a qualquer preço, ou nem pagas, de milhares, milhões de hectares neste País, não ia ser preciso desapropriar mais de ninguém para a reforma agrária. Absolutamente de ninguém! Haveria terras de sobra. É só buscar de volta aquilo que nos roubaram. É patrimônio nosso, patrimônio brasileiro, patrimônio de quem paga impostos, porque as terras do Estado, as terras da União não são de propriedade do Governador de nenhum Estado, nem do Presidente da República, são de propriedade dos brasileiros que vivem aqui e que pagam seus impostos. Então, ao ser desviado um patrimônio, queremos chamar para o debate no Tocantins; queremos chamar para o debate o entorno de Palmas. Onde foram parar tantas e tantas chácaras? Queremos chamar para o debate os responsáveis pelos terrenos urbanos da nossa capital. Onde foram parar tantos e tantos terrenos? Queremos chamar para o debate Campos Lindos, no Tocantins, com aquelas terras em que há muitas dúvidas sobre tudo que aconteceu. Nós não vamos parar. Vamos conversar com o nosso tocantinense todo dia. Vamos falar com o nosso povo todo dia. Vamos levar para a discussão. Por isso, eu quero poder ser uma voz em benefício desse povo que paga muito caro, às vezes, porque não tem vez, nem voz.

            Concedo o aparte a V. Exª, Senador Paim.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Cassol, ao olhar para este plenário hoje e ouvir a fala de V. Exª, depois de ter ouvido a fala do Senador João Pedro e a do Senador Roberto Cavalcanti, aqui, ao meu lado... V. Exªs, se continuarem assim, vão fazer com que eu mude de opinião em relação à história do suplente. V. Exª, Senador Cassol - Senador João Pedro e Senador Roberto Cavalcanti - tem na tribuna e no diálogo, nas comissões e aqui no plenário, dado, eu diria, aula a muitos Senadores que estão aqui há 5, 10, 15 anos - sem nenhum demérito. V. Exª faz agora um discurso que impressiona toda a Casa. Um discurso firme, convicto. Fala, sim, do ladrão de galinha ou do ladrão de bicicleta, mas fala também daqueles que roubam a terra para não permitir que os mais pobres tenham o direito de nela trabalhar e produzir. V. Exª fez uma figuração com um espelho que foi muito, muito clara para mim e para todos que ouviram a sua fala. Quero, neste aparte, cumprimentá-lo. Tenho a certeza de que o Estado de Tocantins vai reconduzi-lo a esta Casa como Senador, com uma grande votação. V. Exª tem, inclusive, me auxiliado em alguns temas mais ligados à área rural, à área da produção, inclusive me orientado. Eu quero, aqui, dar este depoimento. O Senador Roberto Cavalcanti, aqui, ao meu lado, em muitos temas do mundo do trabalho tem também contribuído para a minha orientação, ao dizer: “Paim, eu acho que está avançando muito nisso. Quem sabe, se fizermos um meio-campo aqui...”. Eu tenho ouvido muito V. Exªs.

(Interrupção do som.)

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Portanto, nesta segunda-feira, com a tolerância que V. Exª pode ter para com o Senador Sadi Cassol, quero dar-lhe os meus cumprimentos. Eu estava - confesso - no 22º andar e, claro, ouvindo V. Exª falar. Não resisti e vim aqui para lhe dizer: Parabéns! V. Exª é um grande Senador da República.

            O SR. SADI CASSOL (Bloco/PT - TO) - Muito obrigado, Senador Paulo Paim.

            Sr. Presidente Mão Santa, eu gostaria que V. Exª, por favor, tivesse a bondade de me conceder cinco minutos para eu encerrar o meu pronunciamento. (Pausa.)

            Eu gostaria, então, para encerrar este meu pronunciamento, de pedir, também, mais uma vez, além do espelho, pedir aos corruptos para que, hoje à noite, olhassem bem para o rosto da esposa, dos filhos, do vovô, da vovó, das crianças, do netinho, da netinha, e dissessem assim: “Ô meu neto, eu sou um ladrão”. “Ô meu pai, você que está com 80 ou 90 anos, eu tenho 50, eu sou um ladrão”. Eu quero que esses corruptos digam isso, Senador Mão Santa. Que eles digam isso para os seus familiares. Eu quero que esses corruptos digam para as suas esposas, hoje à noite, no momento em que colocarem a cabeça no travesseiro: “Ô meu bem, eu sou um ladrão; eu sou um vagabundo”.

            É assim que precisam proceder. Por que não o fazem? Por que tiram só da sociedade? Por que não põem na família também essa responsabilidade, essa indignação, essa vergonha? Por que não o fazem?

            Ao encerrar, Senador Mão Santa, agradeço-lhe por esses minutos a mais...

            O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Senador Sadi Cassol, permita-me um pequeno aparte.

            O SR. SADI CASSOL (Bloco/PT - TO) - Pois não. Com prazer, Senador Garibaldi Alves.

            O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Eu não tive a oportunidade de ouvir todo o discurso de V. Exª, mas, pelo que eu ouvi, já na conclusão, V. Exª, é claro, declara-se um lutador contra a corrupção existente no País, contra isso que acometeu principalmente a chamada - nem gosto de chamá-la assim - classe política. Assim, quero prestar a minha solidariedade a V. Exª e dizer que, na verdade, V. Exª está muito bem-intencionado, querendo acreditar na regeneração dessas figuras que estão envergonhando o País. Deus queira que o apelo de V. Exª possa ecoar junto a eles, que me parecem ser insensíveis a esse apelo! Mas a minha solidariedade leva-me agora a dizer a V. Exª que considerasse que uma reforma política poderia até dar uma boa colaboração nesse sentido, uma reforma política que tivesse a preocupação de fechar essas torneiras que alimentam a corrupção e, ao mesmo tempo, punir com maior severidade, porque me parece que as punições até agora não foram suficientes. Agradeço ao Presidente Mão Santa e aproveito para solicitar-lhe a oportunidade de fazer um registro - não é um discurso -, ainda na tarde de hoje, aqui, da tribuna. Solidarizo-me e parabenizo V. Exª;

            O SR. SADI CASSOL (Bloco/PT - TO) - Muito obrigado, Senador Garibaldi.

            Ao concluir, quero também deixar bem claro aqui, para todo o País que está nos acompanhando e nos ouvindo neste momento, que, lá no fundo, não tenham descrença nos discursos proferidos pelos políticos, achando que no fundo são todos iguais. Eu não admito ser incluído nesse time de ladrão. Eu não admito ser da mesma vala comum. Então, para que o País saiba dos meus 45 anos de vida pública e política, podem anotar o meu CPF. Vou passar o número do meu CPF para todo o Brasil, neste momento, para buscarem a minha vida pública e política. O meu CPF é: 057 770 970 - 49. Busquem-no em todos os tribunais, em todos os órgãos públicos, nos meus 45 anos de vida pública e política. Estou fazendo este desabafo porque não aguento mais ver dinheiro público andar pelos ralos.

            Para encerrar, Senador, quero dizer que a corrupção tira o brilho das instituições e dos políticos. A corrupção é a morte dos políticos e da política. Tudo fica mais negro, mais podre, mais sujo e mais imundo.

            Muito obrigado pela tolerância.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/12/2009 - Página 67289