Discurso durante a 247ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do bicentenário de nascimento de Louis Braille, inventor do Sistema Braille de leitura e escrita para cegos.

Autor
Marcelo Crivella (PRB - REPUBLICANOS/RJ)
Nome completo: Marcelo Bezerra Crivella
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.:
  • Comemoração do bicentenário de nascimento de Louis Braille, inventor do Sistema Braille de leitura e escrita para cegos.
Publicação
Publicação no DSF de 16/12/2009 - Página 68840
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, AUTOR, CODIGO BRAILLE, REGISTRO, BIOGRAFIA, CEGO, PAIS ESTRANGEIRO, FRANÇA, SUPERIORIDADE, CONTRIBUIÇÃO, AUTONOMIA, APRENDIZAGEM, INFORMAÇÃO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA.
  • ELOGIO, TRABALHO, INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), REFERENCIA, ENSINO, VITIMA, CEGUEIRA.
  • SAUDAÇÃO, SEMANA, VALORIZAÇÃO, IMPORTANCIA, AMPLIAÇÃO, ATUAÇÃO, ESTADO, OBJETIVO, INCLUSÃO, ELOGIO, INICIATIVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AUTORIZAÇÃO, ACESSO, LOGRADOURO PUBLICO, CÃO, ACOMPANHAMENTO, CEGO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhores telespectadores da TV Senado, senhores ilustres convidados que hoje honram o nosso plenário com suas presenças, Srs. membros da Mesa, eu gostaria de, neste dia destinado a comemorar o bicentenário do nascimento de Louis Braille, fazer aqui algumas observações de vulto dessa personalidade e da grande contribuição que ele legou à humanidade.

            É inegável que Braille, apenas menino, com pouco mais de 3 anos, perdeu uma de suas vistas na oficina do pai. Vitimado por infecção subsequente, perdeu a outra vista, gradativamente, nos três anos seguintes. Braille tornou-se então completamente cego com 6 para 7 anos. Estava feito o mal que o aprisionou nas trevas da cegueira pelos poucos 43 anos de vida que teve. Contudo, Srªs e Srs. Senadores, desse terrível mal pessoal, Braille soube tirar um bem incomensurável para a humanidade, em particular para os que, como ele, são vítimas da cegueira. Inventou a escrita que leva seu nome e que libertou os cegos da dependência do aprendizado e da informação apenas pela audição.

            A escrita Braile é, sem dúvida alguma, uma das maiores invenções no campo da liberação do ser humano da dependência visual e é um exemplo de superação e genialidade.

            Braille nasceu em janeiro de 1809, na França, nas cercanias de Paris. Na tentativa de que tivesse uma vida o mais normal possível, os pais e o padre da paróquia matricularam-no na escola local. Pela enorme facilidade em aprender o que ouvia, Braille se destacou na classe, mesmo com a deficiência visual, e, com 10 anos de idade, foi agraciado com uma bolsa de estudos no Instituto Real de Jovens Cegos de Paris, na França. O fundador do Instituto, Valentin Haüy, foi um dos primeiros a criar um programa para ensinar os cegos a ler. As primeiras experiências de Haüy envolviam a gravação em alto-relevo de letras grandes e papel grosso. Embora rudimentares, esses esforços lançaram a base para desenvolvimentos posteriores. Apesar de as crianças aprenderem a ler com esse sistema, não podiam escrever porque a impressão era feita com letras costuradas no papel. Na ocasião, Braille escreveu em seu diário: “Se os meus olhos não me deixam obter informações sobre homens e eventos, sobre ideias e doutrinas, terei de encontrar uma outra forma.”

            A vocação de homem incomum, à frente do seu tempo, estava no destino de Braille. Aos 12 anos, ele conheceu Charles Barbier, militar reformado, que havia desenvolvido um sistema de escrita e leitura no escuro, chamado de “escrita noturna”. Tratava-se de um método de comunicação tátil, que usava pontos em relevo e que tinha aplicações práticas no campo de batalha. Assim, era possível trocar ordens e informações de forma silenciosa. Essa ideia de usar um código para representar palavras em forma fonética foi introduzida no Instituto onde Braille estudava. A partir de então, ele se dedicou de forma entusiástica ao método e passou a fazer-lhe algumas melhorias.

            Assim, nos dois anos seguintes, Braille esforçou-se em simplificar o código, culminando por desenvolver um método eficiente e elegante que se baseava numa célula de apenas três pontos de altura por dois de largura. O sistema apresentado pelo Capitão Barbier era baseado em 12 pontos, ao passo que o de Braille tinha apenas 6 pontos. Braille, em seguida, melhorou o seu próprio sistema, incluindo a notação numérica e musical.

            Com 15 anos, terminou o seu sistema de células com 6 pontos. Pouco depois, logrando provar a eficiência do seu método, ele começou a ensinar no Instituto do qual fora aluno.

            Em 1829, teve publicado seu método exclusivo de comunicação, consagrado no mundo todo com o seu nome. Exceto algumas pequenas melhorias, o sistema permanece basicamente o mesmo.

            Com a evolução da comunicação para outros meios além da escrita manual e da fala, o Método Braile foi sendo sofisticado, apresentando, hoje, três graus: o Grau Um é o sistema como Braille a concebeu; o Grau Dois é uma forma abreviada, muito praticada em outras línguas, distintas do francês; e o Grau Três é extremamente abreviado, especialmente usado no inglês, para comunicações especializadas e altamente técnicas.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a França, berço de grande número das mais importantes descobertas e invenções da humanidade, reconheceu, em 1952, o significado da criação de Louis Braille para a humanidade, ao transferir para o Panteão dos Heróis da Pátria, em Paris, o corpo desse grande francês.

            A solenidade de entronização dos restos mortais de alguém no Panteão parisiense mede diretamente a importância que a Nação francesa dedica à vida e à obra dessa pessoa tão honrada.

            Nessa mesma escala, o Brasil deve honrar a memória de Braille não só por seu feito, mas pelos frutos que gera junto aos nossos concidadãos privados da visão.

            E aqui, Sr. Presidente, eu quero concluir o meu pronunciamento, citando o extraordinário trabalho que é feito no Instituto Benjamin Constant, na Urca, no Rio de Janeiro. Criado apenas dois anos após a morte de Braille, em 1854, é o centro de referência no Brasil para o ensino dos deficientes visuais.

            Neste ano de 2009, transcorre o bicentenário do nascimento de Louis Braille. O Senado Federal não poderia deixar passar sem registro esse acontecimento, de importância fundamental para a inserção das pessoas portadoras de deficiência, sobretudo durante esta Quinta Semana de Valorização da Pessoa com Deficiência, que hoje se inicia, é e dedicada a homenagear esse grupo tão numeroso da nossa população.

            São 20 milhões de brasileiros que possuem alguma deficiência, sendo 1 milhão deles, cegos.

            Eu acho que o Estado, Sr. Presidente, ainda deve muito a esses cidadãos brasileiros na sua inserção profissional, cultural, na sua inserção na vida social. Há muitas medidas que hoje tramitam no Congresso para diminuir as desvantagens de quem hoje não consegue enxergar.

            Eu gostaria de ressaltar uma medida humanitária que foi tomada por iniciativa do nosso Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi o acesso do cão guia a todos os locais públicos no Brasil.

            Assim, Sr. Presidente, eu acho que esta Casa se engrandece quando lembramos, quando comemoramos, quando homenageamos, nesta semana, os brasileiros que são beneficiados pela invenção de Braille, esse grande francês.

            Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/12/2009 - Página 68840