Pronunciamento de Renato Casagrande em 20/11/2009
Discurso durante a 217ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Defesa dos aposentados. Homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra.
- Autor
- Renato Casagrande (PSB - Partido Socialista Brasileiro/ES)
- Nome completo: José Renato Casagrande
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
PREVIDENCIA SOCIAL.
HOMENAGEM.
DISCRIMINAÇÃO RACIAL.:
- Defesa dos aposentados. Homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra.
- Publicação
- Publicação no DSF de 21/11/2009 - Página 60604
- Assunto
- Outros > PREVIDENCIA SOCIAL. HOMENAGEM. DISCRIMINAÇÃO RACIAL.
- Indexação
-
- DEFESA, BUSCA, GOVERNO FEDERAL, CONGRESSO NACIONAL, SOLUÇÃO, REAJUSTE, SALARIO, APOSENTADO.
- HOMENAGEM, DIA NACIONAL, CONSCIENTIZAÇÃO, NEGRO, OPORTUNIDADE, REPUDIO, MANUTENÇÃO, DISCRIMINAÇÃO RACIAL, BRASIL, SAUDAÇÃO, PAULO PAIM, SENADOR, DEPUTADO ESTADUAL, VEREADOR, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), INICIATIVA, REALIZAÇÃO, AUDIENCIA PUBLICA, DISCUSSÃO, SITUAÇÃO, GRUPO ETNICO.
O SR. RENATO CASAGRANDE (Bloco/PSB - ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Primeiro, o registro de que eu acho importante e fundamental que o Governo brasileiro e o Congresso Nacional encontrem uma saída para o reajuste dos aposentados que ganham mais de um salário mínimo. Eu tenho acompanhado o debate, tenho discutido. Já votamos uma matéria aqui no Senado. A matéria está na Câmara. Nós reconhecemos as dificuldades que o Governo tem, mas também sabemos as dificuldades e os prejuízos que os aposentados têm tido nestes últimos anos com relação à perda do poder de compra de seus salários.
Então, também me somo à necessidade de encontrarmos um caminho, uma saída para que isso possa acontecer.
Mas, hoje, Sr. Presidente e Senadores aqui presentes, eu quero, especialmente, fazer um registro sobre o Dia da Consciência Negra, que comemoramos hoje. A data é em homenagem e lembrança à morte de Zumbi dos Palmares, uma das figuras históricas da luta e da resistência dos negros contra o domínio dos brancos e nos faz questionar se a desigualdade ainda permanece. Desejaria muito acreditar que não. Mas, infelizmente, nos dias de hoje, em pleno século XXI, temos constantes descasos e preconceitos.
Eu acho importante só relatar um fato. Hoje, em uma reportagem da CBN, dois repórteres, Eduardo Compan e Leandro Lacerda - o primeiro negro e o segundo branco -, vestiram-se da mesma maneira, percorrendo diversos locais, como lojas e bancos, e o tratamento foi totalmente diferente. Infelizmente, ainda vimos a discriminação no atendimento a essas pessoas que chegam a lojas, bancos, com todo tipo de menção e de referência. Ainda há muita discriminação presente.
O exemplo dessa reportagem faz refletir que situações assim são mais frequentes no cotidiano do que se imagina. Em várias empresas, não são raros os casos de brancos com salários mais altos do que o dos negros. A pesquisa nacional de emprego, Sr. Presidente, prova isso. No mês de setembro, a remuneração média dos trabalhadores brancos foi 90,7% maior do que a dos profissionais negros e pardos.
Durante a crise econômica, esse índice chegou a 102%, conforme destaca uma reportagem do jornal O Estado de São Paulo, desta sexta-feira.
Qual a razão para que pessoas que realizam a mesma função recebam com uma diferença gritante? O que a cor da pele influencia na capacidade criativa e na competência do cidadão? Não há resposta, além do puro preconceito.
Não vejo motivos para a permanência de desigualdades como estas, principalmente porque a população brasileira é formada pela mistura de índios, brancos e negros. O Brasil, Sr. Presidente, é atrativo mundialmente pela mistura de raças e pela herança que temos de cada povo. Dos negros, herdamos a música, a capoeira, a culinária e algumas práticas religiosas, ou seja, costumes que fazem parte do nosso dia a dia. Não podemos desprezar isso.
Lamento que o preconceito racial ainda exista. Já passou da hora de a sociedade deixar de alimentar a desigualdade entre brancos e negros, prática dos tempos do Brasil Colônia. Portanto, parabéns aos negros do Brasil e do mundo e que realmente passemos a ter mais consciência de que o preconceito favorece o atraso social e cultural do País.
E faço uma homenagem ao Senador Paim, que é um negro e, com muita dignidade, honra toda a população brasileira aqui, no Senado. E faço uma homenagem ao Deputado Estadual Sargento Valter, do Espírito Santo, e ao Vereador Juarez, de Vitória, que ontem fizeram uma bela audiência pública para discutir a situação dos afrodescendentes no Brasil e no Estado do Espírito Santo e para comemorar e protestar no Dia da Consciência Negra.
Obrigado, Sr. Presidente e Senador Pedro Simon, pela oportunidade.