Discurso durante a 215ª Sessão Especial, no Senado Federal

Homenagem ao Dia da Bandeira.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao Dia da Bandeira.
Publicação
Publicação no DSF de 20/11/2009 - Página 60559
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, BANDEIRA, REGISTRO, IMPORTANCIA, SIMBOLO, DEFESA, EDUCAÇÃO, COMBATE, ANALFABETISMO, OBJETIVO, PROGRESSO, BRASIL.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Eu

quero, primeiro, parabenizá-lo por, neste último momento

desta sessão, no dia 19 de novembro, lembrar

que hoje é o Dia da Bandeira. Creio que poucos aqui

nos lembramos disso, apesar de que logo cedo houve

uma solenidade com crianças na frente do prédio.

E aproveito para dizer que, de fato, a nossa Bandeira

representa o ouro, o céu, as florestas, mas a gente tem

que se lembrar que essas florestas estão sendo queimadas,

esse ouro foi levado todo para Portugal e que

o nosso céu está coberto de fuligem de um processo

industrial degradador.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - E

não há mais a pureza do branco.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF) -

Então, a gente precisa não é mudar a Bandeira, mas

voltar a fazer o céu azul e aproveitar bem esse novo

ouro que está surgindo, que é o pré-sal - e eu espero

que ninguém tente tirar o amarelo do ouro e colocar

o preto do petróleo, mas usar bem dessa vez, e não

como usamos o ouro, apenas para enriquecer a Inglaterra

através de Portugal.

E que o verde volte a ser verde no Brasil, parando

a degradação de nossas florestas e replantando o

máximo de árvores possível.

Mas, finalmente, não quero deixar de falar de um

outro componente da Bandeira, que é o “Educação é

Progresso”, como eu gostaria de sugerir que fosse,

não na Bandeira, mas na cabeça das pessoas. Mas o

que eu queria é que o “Ordem e Progresso” pudesse

ser lido por todo mundo.

Sinto um certo constrangimento quando vejo a

nossa bela Bandeira, sabendo que ela não é entendida

por todos os brasileiros, porque 14 milhões não sabem

ler. Se eles não sabem ler, não conseguem entender

o “Ordem e Progresso”. Se misturarem aquelas letras,

eles vão achar que continua sendo a Bandeira do Brasil.

Se escreverem em inglês, francês, eles vão continuar

achando que é a Bandeira do Brasil.

A gente precisa colocar na cabeça das pessoas

que o progresso com ordem só virá por meio da educação

e que essa Bandeira que tem um lema escrito

só se justifica plenamente se alfabetizarmos todos os

brasileiros. Enquanto um único adulto brasileiro não for

alfabetizado, essa Bandeira não está completa.

Então, 120 anos faz hoje que essa Bandeira foi

definida como a nossa Bandeira. Cento e vinte anos! É

um longo tempo em um País jovem como o nosso. Mas

em 120 anos, nesse longo tempo, a gente não foi capaz

de fazer com que todos entendessem como ela é.

E mais ainda, Senador Mão Santa: quando essa

Bandeira foi definida, no dia 19 de novembro de 1889,

65% da população brasileira era de analfabetos, mas

65% eram 6 milhões e meio, porque tínhamos 10 milhões.

Agora, são menos de 13%, 11%, vamos dizer.

Mas esses 11% representam 14 milhões. Ou seja, nós

mais do que dobramos o número de brasileiros que

não entendem, não conhecem, não reconhecem a

sua Bandeira nos 120 anos desde que ela foi definida

como a nossa Bandeira.

Esse é um desafio que devemos ter para nós, e

o Dia da Bandeira é um bom momento para fazermos

essa reflexão. A Bandeira tem que ser de todos. Por

isso, já que não vamos eliminar esse lema, vamos

mantê-lo, façamos, pelo menos, com que todos sejam

capazes de ler o lema que está na Bandeira.

Agradeço ao senhor por ter trazido a Bandeira

para a conclusão dessa solenidade, que hoje deveria

ser encerrada ao som do Hino Nacional.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/11/2009 - Página 60559