Pronunciamento de Renan Calheiros em 02/12/2009
Discurso durante a 237ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal
Cumprimentos ao Senado Federal pela aprovação de matéria relativa aos precatórios.
- Autor
- Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
- Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.:
- Cumprimentos ao Senado Federal pela aprovação de matéria relativa aos precatórios.
- Publicação
- Publicação no DSF de 03/12/2009 - Página 64924
- Assunto
- Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
- Indexação
-
- ELOGIO, SENADO, APROVAÇÃO, MATERIA, REFERENCIA, PRECATORIO, APRESENTAÇÃO, DADOS, VOLUME, DIVIDA, SETOR, CONCENTRAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, ANTERIORIDADE, SITUAÇÃO, IMPUNIDADE, INADIMPLENCIA, SAUDAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO, LEGISLAÇÃO, OBRIGATORIEDADE, PREVISÃO, PERCENTAGEM, DOTAÇÃO ORÇAMENTARIA, GARANTIA, PAGAMENTO, COMBATE, AGIOTAGEM.
O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL. Sem
apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e
Srs. Senadores,
Gostaria de parabenizar o Senado Federal pela
sessão de ontem, onde este plenário teve a altivez e
coragem de enfrentar um poderoso loby financeiro
homiziado atrás do debate sobre os precatórios. Mais
do que desafiar o loby, congratulo o Senado também
pela celeridade com a qual ofereceu uma solução para
um problema que mofava no esquecimento.
Esquecimento que significou prosperidade de
muitos escritórios de agiotagem que vinha faturando
alto em cima de pessoas desvalidas.
O estoque de precatórios hoje no Brasil gravita
em torno de 100 bilhões de reais. Boa parte da dívida
- 73% é de estados e o restante de municípios e
União. Os recordistas, como se sabe, são o Governo
de São Paulo, a prefeitura da capital paulista e o Estado
do Espírito Santo. Pelo ritmo do pagamento até
agora, São Paulo levaria 45 anos para honrar suas
dívidas e no Espírito Santo, relevem o trocadilho, a situação
era um inferno. Seriam necessários 140 anos
para pagar as dúvidas.
A perversidade do modelo vigente até aqui era
de apostar na morte das pessoas para não pagar. Em
São Paulo mais de 60 mil pessoas faleceram sem ver
a cor do dinheiro ao qual tinham direito.
Ao contrário do que tentaram vender para sociedade,
o calote generalizado já estava acontecendo. E
quem diz isso não sou eu. Recebi uma cartilha da Fiesp,
entidade contrária a PEC, onde ela diz textualmente:
“Para os créditos alimentares não existem penalidades
efetivas pelo não pagamento; então o calote é generalizado.
Quanto aos não alimentares, o STF decidiu
anos atrás que se o ente devedor provar que não tem
condições de pagar, o precatório ficará aguardando o
pagamento em ordem cronológica”.
A situação era a seguinte: A Justiça determinava
o pagamento de uma pensão, de uma indenização, um
direito trabalhista ou um crédito alimentar. O devedor
não pagava e, pelo calote, não havia nenhuma punição.
Estados, União e municípios incluíam valores simbólicos
para pagar precatórios e nada acontecia se os
débitos não fossem honrados, a não ser, ameaças de
intervenção. Agora, estados e municípios serão obrigados
a incluir em seus orçamentos anuais percentuais
mínimos para quitar suas dívidas.
Serão priorizados os mais humildes, os credores
doentes e aqueles acima de 60 anos. Ao contrário do
que propalaram por aí, a nova modalidade vai estabelecer
uma segurança jurídica e a certeza de recebimento
diretamente do devedor.
Municípios reservarão entre 1 e 1,5% de suas
receitas líquidas para o pagamento. Já os Estados
disponibilizarão receitas entre 1,5 e 2%. Metade dos
recursos vai para o pagamento de precatórios do menor
para o maior valor e o pagamento será a vista.
Outros 50% das receitas irão para honrar precatórios
em leilões e o credor que oferecer o maior desconto
terá preferência.
Reitero que o leilão é uma alternativa e não uma
imposição. De outro lado, estados e municípios poderão
programar melhor suas despesas sem os sustos
de intervenção ou bloqueio de valores.
O que aconteceu a partir do calote generalizado?
Primeiro as decisões da Justiça entraram, na prática,
numa moratória jurídica. Depois, grassou uma indústria
de agiotas inescrupulosos que atuavam muito desinibidos
comprando precatórios com deságio de até
90%, explorando especialmente os mais necessitados.
Essa usura proporcionou lucros que estes escritórios
jamais teriam em suas atividades originais.
Estes agiotas, que agora vão perder a boquinha,
falaram verdadeiros absurdos e agora, derrotados,
poderão ter de enfrentar uma CPI que eu estou
disposto a buscar assinaturas para investigar a ação
criminosa deles.
Para encerrar, gostaria de agradecer o intenso
trabalho do Senador Valdir Raupp, da Senadora Kátia
Abreu, aos líderes, as contribuições da Câmara dos
Deputados e dizer que a responsabilidade deste Senado,
mais uma vez, está oferecendo uma saída para
o problema dos precatórios no Brasil. Agora sim, você
que é credor, que tem um precatório, tenha a certeza
que irá recebê-lo integralmente e não terá de submeter
aos achaques desta sarjeta que atuava no submundo
dos precatórios.
Muito obrigado.