Fala da Presidência durante a 247ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do bicentenário de nascimento de Louis Braille, inventor do Sistema Braille de leitura e escrita para cegos.

Autor
José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: José Sarney
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.:
  • Comemoração do bicentenário de nascimento de Louis Braille, inventor do Sistema Braille de leitura e escrita para cegos.
Publicação
Publicação no DSF de 16/12/2009 - Página 68844
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • AGRADECIMENTO, PRESENÇA, ARTISTA, AUTORIDADE, SESSÃO, HOMENAGEM, CENTENARIO, AUTOR, CODIGO BRAILLE, DEPOIMENTO, GESTÃO, ORADOR, QUALIDADE, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRIAÇÃO, PENSÃO ESPECIAL, LEGISLAÇÃO, DEFESA, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, INICIATIVA, PERIODO, EX PRESIDENTE, SENADO, IMPRESSÃO, LIVRO, ATENDIMENTO, CEGO, REITERAÇÃO, COMPROMISSO.

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Quero, ao encerrar esta sessão, agradecer ao Senador Flávio Arns, que foi o autor do requerimento que determinou esta sessão.

            Agradeço, pela presença aqui, ao cartunista Maurício de Sousa, que mostrou ao Brasil inteiro, por meio da nossa Casa, que suas mãos geniais, que produzem esses desenhos tão bonitos e tão penetrantes na alma dos meninos, não são mais geniais do que seu coração. Sabemos agora por que ele tem essas mãos: porque ele tem esse grande coração. (Palmas.)

            Quero agradecer também, pela presença aqui, ao cineasta Ivy Goulart. Pudemos notar, pelo seu entusiasmo, o quanto ele colocou do seu sentimento na obra que realizou.

            Agradeço aos senhores oradores que ocuparam nossa tribuna.

            Agradeço a presença ao Sr. Antônio José do Nascimento Ferreira, que é Presidente da Organização Nacional dos Cegos do Brasil, e à cantora Srª Sandra de Sá.

            Fico emocionado também com o que aqui ouvi e vi, porque, quando aqui cheguei, fui recebido pela Mônica, pela Magali e pelo Cebolinha - eles me receberam quando entrei hoje nesta Casa. E tive o prazer de também cumprimentar seu criador, Maurício de Sousa, e também de achar-me ligado a essa causa dos deficientes durante todo o tempo em que participei dos trabalhos do Congresso Nacional há cinquenta anos.

            A primeira lei que tratou dos deficientes no Brasil, a primeira lei que tratou de ajudá-los, de reconhecer a necessidade deles de serem tratados como cidadãos, foi de autoria do meu Governo, em 1986, antes mesmo da Constituição. A primeira pensão aos deficientes do Brasil foi dada naquele tempo. Depois, fizemos a Lei da Corde, a melhor legislação já feita no Brasil e uma das melhores do mundo em relação aos deficientes.

            Quero lembrar que a impressão em braile no Senado Federal foi feita também na minha primeira Presidência nesta Casa, sensibilizado não somente por uma motivação pessoal, mas também pela causa dos cegos no Brasil. Nós, então, mandamos a Gráfica do Senado adquirir máquinas, e, ao mesmo tempo, como um dado simbólico, pela primeira vez, imprimimos a agenda do dia do Senado Federal. Naquele tempo, não havia agenda eletrônica; havia o boletim, que trazia a pauta da Casa. Essa pauta foi impressa em braile. E devo recordar que a grande batalhadora pela impressão em braile, no Senado, de documentos importantes do Brasil foi a Senadora Heloísa Helena, que sempre falava do assunto no plenário.

            Portanto, hoje, com a maior satisfação, estamos realizando esta sessão em homenagem aos duzentos anos de Braille, que foi um benfeitor da humanidade e que, como tal, recebeu a homenagem de todos os homens e mulheres através desses duzentos anos em que está na memória de todos. Ao mesmo tempo, é venerado no Panthéon, onde repousa para a eternidade.

            Ele teve a infelicidade de, no princípio da sua vida, aos três anos de idade, como aqui ressaltou o Senador Crivella, de ser atingido, na oficina do seu pai, por uma peça que danificou uma de suas vistas, que, logo, foi infeccionada. A infecção passou para a outra vista, e, então, ele se tornou cego. Morreu aos 43 anos de idade de tuberculose, mas deixou, durante todo o tempo em que viveu, sua experiência, com a dificuldade de, sendo cego, descobrir, nas pequenas elevações do papel, como ele construiria um método capaz de dar acesso à leitura para aqueles que não podiam ver.

            Recordo aquilo que disse aqui o Senador Arthur Virgílio, que ouviu de um menino que eles vêem, com os olhos da alma, as cores que podem imaginar nas leituras que fazem.

            Aqui mesmo, no Senado, há um departamento no qual procuramos incentivar a parte artística. Chegamos mesmo a ver trabalhos de pintura de pessoas deficientes visuais, que até mesmo exigiam que, nas flores que eles construíam, nós colocássemos algum perfume.

            Portanto, é esse o sentimento de júbilo da Casa, de agradecimento, de reverência. Este é o compromisso de todos nós: fazermos o máximo possível, por meio da legislação que tivermos de votar, em favor dos deficientes do Brasil.

            Agradeço a todos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/12/2009 - Página 68844