Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Contestação de discurso da oposição, que afirmou o recrudescimento da pobreza no Brasil, a qual contrapõe-se a resultado de pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea.

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL. SENADO. TRIBUTOS.:
  • Contestação de discurso da oposição, que afirmou o recrudescimento da pobreza no Brasil, a qual contrapõe-se a resultado de pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 10/02/2010 - Página 1802
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL. SENADO. TRIBUTOS.
Indexação
  • CONTESTAÇÃO, ALEGAÇÕES, SENADOR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), AUMENTO, POBREZA, BRASIL, REGISTRO, PESQUISA, INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA (IPEA), DEMONSTRAÇÃO, REDUÇÃO, NUMERO, POPULAÇÃO, ESTADO DE POBREZA, ESPECIFICAÇÃO, MUNICIPIO, RECIFE (PE), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), SALVADOR (BA), ESTADO DA BAHIA (BA), BELO HORIZONTE (MG), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), SÃO PAULO (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PORTO ALEGRE (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • DENUNCIA, FALTA, RELEVANCIA, DISCURSO, SENADO, PRIORIDADE, ELEIÇÕES, NEGLIGENCIA, VOTAÇÃO, COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, PROJETO DE LEI, AUTORIA, PAULO PAIM, SENADOR, PROPOSIÇÃO, CRIAÇÃO, COBRANÇA, IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS, REPUDIO, ORADOR, REJEIÇÃO, PROPOSTA, CONTRIBUIÇÃO, REDUÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, eu estava com discurso escrito para falar sobre outro assunto, inteiramente diferente daquele sobre o qual vou pronunciar-me agora.

            Depois de quase duas horas em um debate acalorado, que se transformou em verdadeiro palanque eleitoral... Preferi não interferir nesse debate, até para não contribuir com alguma crítica que poderia ser feita ao Senado Federal, no sentido de que estaríamos fazendo campanha antecipada, usando a TV Senado. Mas fiquei observando, e alguns dados me chamaram a atenção, como por exemplo... Somente sobre esse dado vai constar algum comentário neste meu pronunciamento. Alguns dados, como disse, chamaram-me a atenção, mas um deles, principalmente, porque se refere à pobreza no Brasil. Aqui foi dito que houve um recrudescimento da pobreza em nosso País.

            O Ipea fez uma pesquisa, entre os anos de 2002 e 2008, cujo resultado foi divulgado em 2009, que mostrou, de forma cabal, a afirmação econômica do Brasil no que diz respeito à queda da pobreza em nosso País. Foi feito um estudo em grandes capitais, a começar de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, que revelou que, em vez do crescimento da pobreza, como aqui foi dito, houve uma reversão, ou seja, o contrário, pois passou de 18,5 milhões o número de pessoas consideradas pobres em 2002 para 14,5 milhões em 2008. Isso significa dizer que houve uma redução aproximada de 27% da pobreza em nosso País, mesmo com a crise econômica que se abateu sobre as nações subdesenvolvidas ou sobre as nações em desenvolvimento, como aconteceu com o Brasil, quando o Governo foi obrigado a tomar medidas sensíveis de renúncia fiscal, para evitar o desemprego e, consequentemente, o desencadeamento da pobreza nas regiões metropolitanas, principalmente.

            Portanto, Sr. Presidente, fiquei realmente impressionado: o Senado Federal hoje falando dos predicados de Fernando Henrique Cardoso e os defeitos de Dilma. Eu quase pensava que os adeptos de Fernando Henrique Cardoso, em vez de quererem o Serra, estavam querendo Fernando Henrique voltando ao Governo Federal, como candidato a Presidente da República. Longe de mim pensar que o PSDB não deseja essa aproximação de Fernando Henrique Cardoso de novo com o Governo, mas estou desconfiado de que já estão dando Serra como Governador de São Paulo - continuando Governador de São Paulo - e de que, agora, a tábua de salvação é Fernando Henrique Cardoso para Presidente.

            Só faltava colocar aqui esta bandeirinha no palanque: “FHC para Presidente”.

            Por outro lado, Sr. Presidente, pude verificar - ainda existem oradores inscritos? (Assentimento da Presidência). Eu já vou terminar, Sr. Presidente.

            Mas pude verificar, sem a menor dúvida, que o Presidente Lula é um Presidente que chama a atenção do Brasil. E ele chamou a atenção do Senado Federal durante quase duas horas - ele e Dilma Rousseff. Isso traduz, certamente, uma preocupação imanente que está incrustada na cabeça de cada um daqueles que falaram hoje à tarde: a de que com Lula e Dilma ninguém pode. E olhem que não estou falando em candidaturas. Eu estou falando em pessoas públicas, o Presidente da República e uma Ministra de Estado, que foram objeto de preocupação.

            Enquanto isso, Sr. Presidente, lamentavelmente, eu estava na Comissão de Agricultura, participando de uma audiência pública, na qual sou o autor do Estatuto do Produtor Rural e não pude comparecer na hora da votação do imposto das grandes fortunas. Derrubaram o imposto das grandes fortunas, e ninguém passou, aqui, duas horas, lamentando esse acontecido no Senado Federal.

            Se a pobreza aumentou no nosso País, isso se deve justamente à desigualdade social, à concentração de renda. E o Senado deveria ter dado hoje, na Comissão de Assuntos Econômicos, o exemplo. Ao invés de derrubar, deveria ter aprovado; ao invés de rejeitar, como fez, a proposta do Senador Paulo Paim, que criava o imposto das grandes fortunas. Quero fazer justiça ao Senador Suplicy, que votou favoravelmente à proposta do Senador Paulo Paim. Portanto, vejam como as coisas acontecem no País. Houve uma inflação de discursos hoje para atacar a Dilma e o Presidente Lula e uma só palavra não houve de condenação a essa decisão, que considero estapafúrdia e injusta, da Comissão de Assuntos Econômicos, rejeitando o projeto que criava um imposto para as grandes fortunas, para os milionários, para os mais ricos.

            Concedo um aparte, se V. Exª permitir, ao Senador Suplicy, que foi citado no meu discurso.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Antonio Carlos Valadares, eu gostaria de ressaltar que V. Exª tem razão. Constitui um fato, que não foi suficientemente ressaltado pelo Senador José Agripino Maia e pelo próprio Senador Tasso Jereissati, que de 2002 para 2003, para 2004, para 2005, para 2006, para 2007 e 2008, ...

            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE) - Mesmo durante a crise.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) -... ano a ano, todos os anos se registrou uma diminuição do Coeficiente de Gini de desigualdade. É fato que o Brasil ainda é um dos países com maior desigualdade. Já não é tanto quanto o era nos anos 80, nos anos 90 e no início da década de 2000, mas houve progresso consistente ano a ano, ainda que gradual. E falta muito, mas isso, sem dúvida, resultou da forma consistente com que o Governo do Presidente Lula procurou compatibilizar o desenvolvimento com a melhoria da distribuição da renda e da erradicação da pobreza. Ainda falta muito, sim, e a Ministra Dilma vai prosseguir com esses objetivos, aperfeiçoando a política econômica e social.

            O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE) - Com as palavras de V. Exª, encerro o meu discurso, e agradeço a V. Exª, Sr. Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Jefferson Praia. PDT - AM) - Muito obrigado, Srªs e Srs. Senadores.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/02/2010 - Página 1802