Fala da Presidência durante a Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do Dia Nacional dos Aposentados.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Comemoração do Dia Nacional dos Aposentados.
Publicação
Publicação no DSF de 09/02/2010 - Página 1332
Assunto
Outros > HOMENAGEM. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, DIA NACIONAL, APOSENTADO, SAUDAÇÃO, PRESENÇA, POVO, AUTORIDADE, SENADO, REGISTRO, HISTORIA, LEGISLAÇÃO, DIREITOS, PREVIDENCIA SOCIAL, RETRIBUIÇÃO, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, RECONHECIMENTO, CONTRIBUIÇÃO, IMPORTANCIA, AMBITO, FAMILIA.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Há número regimental. Senado da República do Brasil. Estamos aqui na quinta sessão especial, para comemorar o Dia Nacional do Aposentado, por requerimento do nosso Senador Paulo Paim.

            Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

            Declaro aberta a sessão especial do Senado Federal destinada a homenagear o Dia Nacional do Aposentado, nos termos do Requerimento n º 11, de 2010, do Senador Paulo Paim e outros Srs. Senadores e Srs. Senadoras.

            Convidamos para compor a Mesa de honra o primeiro signatário do requerimento da presente sessão, Exmº Senador Paulo Paim, Senador do Partido dos Trabalhadores, que representa o Rio Grande do Sul e amado por todo o Brasil. Ele é o defensor perpétuo do trabalhador e do aposentado brasileiro. (Palmas.)

            Convidamos o Presidente da Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas - Cobap, Sr. Warley Martins Gonçalles. A vida me proporcionou receber alguns títulos, mas um que eu guardo mais carinhosamente foi o que recebi desta instituição, a Cobap.

            Convidamos o Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria - CNTI, Sr. José Calixto Ramos. (Palmas.)

            Convidamos o Presidente do Instituto do Movimento dos Servidores Aposentados e Pensionistas - Mosap, o Sr. Edison Guilherme Haubert.

            Convidamos o Coordenador Nacional do Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST), Sr. José Augusto da Silva Filho, e o nosso querido Deputado Zonta. (Palmas.)

            Convidamos todos, meus senhores e encantadoras senhoras, a, de pé, cantar o Hino Nacional Brasileiro.

(Procede-se à execução do Hino Nacional.)

 

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Agora, com grande satisfação, sentados, mas vibrando e emocionados, ouviremos o Hino da COPAB, Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas.

(Procede-se à execução do hino da Cobap.)

 

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - É uma satisfação para todos nós ouvir o Hino da Cobap, Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas. Senador Paulo Paim, essa manifestação nos faz pensar no livro de Deus, no encanto e no louvor a Deus, que estão nos Salmos, mostrando-nos a música. O Salmo é uma música. Davi dedilhava a harpa. Por exemplo, ele dizia: “Deus é meu pastor, nada me faltará.” Isso é forte como foi forte o hino.

            Pedimos aos executivos da Mesa que peçam à Polícia Legislativa para permitir que os aposentados entrem, mesmo que fiquem de pé, mas que dê uma demonstração de que esta é a Casa do povo do Brasil. Esse é o sentido da democracia. Nós somos o povo. A democracia não é mais, como na Grécia, direta. Com a evolução do mundo, na Itália, em Roma, ela passou a ser representativa, como é o nosso modelo, importado. O Senador Paim daqueles tempos, o Cícero, dizia: “O Senado e o povo de Roma”. Então, nós temos de dizer: “O Senado e o povo do Brasil”.

            Então, que se permita entrar todo o povo para esta grande festividade.

            As minhas primeiras palavras, meus senhores e minhas encantadoras senhoras, são para agradecer a Deus por estar presidindo esta solenidade muito importante, em que o País, o povo do Brasil, através de nós, nascidos do povo, da força do povo, das liberdades democráticas, do voto, faz esta homenagem de gratidão ao trabalho que realizaram pelo nosso Brasil. Queremos, então, agradecer a Deus por estar representando o Presidente da Casa, Presidente Sarney, nesta festa de gratidão do povo do Brasil aos nossos aposentados, que construíram a nossa amada Pátria.

            A aposentadoria é criação razoavelmente recente na história humana. Podemos lembrar que a ideia surge na segunda metade do século XIX, na Europa, especialmente na Alemanha.

            No Brasil, País onde as desigualdades são muito mais acentuadas do que naquele continente, apenas na década de 1920 surge a primeira lei - conhecida como Eloy Chaves - criadora da caixa de aposentadorias e pensões para os empregados de empresas privadas das estradas de ferro - em 1920, quer dizer, esse é um reconhecimento muito novo, que nós temos, cada vez mais, de aperfeiçoar e fortalecer.

            Posteriormente, o direito à aposentadoria foi sendo ampliado para outras categorias profissionais, atingindo parcelas muito maiores da população a partir do Governo de Getúlio Vargas, gaúcho como o nosso Paulo Paim, até abranger todos aqueles que contribuem para a Previdência Social.

            Apesar do caráter positivo da aposentadoria - afinal de contas, é uma retribuição por serviços prestados -, ela é vista, muitas e muitas vezes, de forma negativa. Para os desinformados, é entendida como a inação, a inatividade, o tédio, o afastamento do mundo, da família e dos amigos.

            A aposentadoria, no entanto, não é isso. Ela é, sim, uma recompensa, um prêmio pelos muitos e muitos anos dedicados a uma atividade profissional. A aposentadoria não representa um fim, um término, uma conclusão.

            Ela é, na verdade, o início de uma nova fase da vida. É um novo início, em que a energia é posta a serviço de outros interesses da pessoa.

            A aposentadoria pode significar inúmeras coisas: a satisfação de estar mais tempo com a família, de poder viajar, fazer novos amigos, aprender coisas novas, realizar um novo curso, participar de atividades voluntárias, eventualmente, iniciar uma nova atividade profissional. Enfim, aposentar-se significa apenas o início de uma nova fase da vida.

            A aposentadoria não é hora de lamentação; é a hora da satisfação pessoal. Lamentação não serve para nada além de atrapalhar a nossa existência. A aposentadoria não é aborrecimento ou sofrimento; é o momento em que a força interior deve ser utilizada para usufruir a vida e aproveitá-la, ao máximo, no que ela oferece de melhor para todos nós.

            Por outro lado, é possível, também, que o medo da aposentadoria esteja ligado ao medo da velhice e da morte.

            Mas a velhice não é um mal em si mesma. Está no Livro de Deus. Deus chama aqueles a quem devota mais amizade, que são os bem-aventurados, e a quem Ele dá uma longa vida, em que, até o fim, os últimos dias, eles têm plenitude para exercitar a vida em busca da felicidade. O Pai nos colocou no mundo para sermos felizes.

            Antes, a velhice é apenas um mero estado da natureza, um estado que todas as criaturas vivas estão destinadas a alcançar, se não tiverem o seu fim abreviado por algum acidente ou doença.

            Atingir uma certa idade não significa que o indivíduo esteja acabado. O acúmulo de anos, na verdade, significa que ele está pronto, enfim, para exercer certas atividades da vida. Basta ver que o Senado é composto, desde a sua origem em Roma, por cidadãos acima de uma determinada idade, cidadãos que, por meio da experiência, obtiveram o conhecimento necessário para poder ter uma atividade de aconselhamento para o resto da sociedade. Nesse sentido, o Senado, posso dizer com orgulho, é uma casa de velhos, não os velhos da inutilidade, mas os velhos da experiência.

            Segundo a história, o grande líder escolhido por Deus para libertar seu povo foi Moisés. Depois de receber as leis para que o mundo fosse melhor, o povo não as compreendeu e desviou-se das leis. Foi em rumo dos bezerros de ouro, das facilidades, e Moisés quis desistir. Contam as Sagradas Escrituras que Deus conversava diretamente com os líderes. Moisés quebrou aqueles leis, as tábuas, quis desistir e ouviu de Deus: “Busque os mais velhos, os mais experimentados e eles te ajudarão a carregar o fardo do povo.” Aí nasceu a ideia de Senado na civilização em que hoje vivemos e que chega até nós.

            Portanto, neste momento em que o Senado da República presta suas justas homenagens aos aposentados brasileiros, eu gostaria de lhes trazer uma palavra de otimismo, de esperança, dizendo que a aposentadoria representa uma vitória na vida, um degrau a ser alcançado - degrau esse que muitos não logram obter.

            Aposentar-se é entrar em um novo período da vida: mais focado na análise, na sabedoria, na experiência. Não é momento de lamentação, mas de satisfação e de crescimento pessoal. Que essa esperança e esse otimismo possam também ser refletidos em termos salariais para todos os aposentados deste País, é o que, sinceramente, desejamos neste momento.

            Por fim, felicito o eminente Senador e companheiro Paulo Paim, pela iniciativa de propor essa sessão especial e por sua incansável luta em prol dos aposentados do Brasil. Quero também dar um quadro real hoje - um quadro vale por dez mil palavras. Surgiu um líder no mundo democrático - o Paim dos Estados Unidos -, e, de repente, a esperança daquele povo o fez presidente da república. Ele escreveu um livro contando a sua história. Atentai bem para a responsabilidade dos aposentados, dos avós! Atentai bem Brasil! Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo para refletirmos o que eles significam em uma sociedade. Atentai bem! Barack Obama diz que ele não é um maconheiro hoje por causa de seus avós. (Palmas.)

            É essa a reflexão.

            Os nossos avós, os nossos aposentados é que vão garantir, pela sua experiência, pelo seu amor, pela sua dedicação, pela sua obstinação, a maior instituição do mundo, que é a família. A família é fortalecida, é assegurada pelos avós.

            Quero dizer aqui que sou melhor avô do que fui pai. Quando pai, eu tinha de trabalhar tanto, operar tanto, por isso me ausentava bastante. A mãe, a mulher, a companheira Adalgisa foi quem educou nossos filhos. Hoje estou mais atento e posso orientar mais os netos.

            Então, que o País veja isso. Por isso essa barbárie, por isso essa violência pela falta de respeito que estamos dando àquele que é o teto, o cobertor do lar e da família.

            Muito obrigado pela presença de todos. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/02/2010 - Página 1332