Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a qualidade do ensino no Brasil.

Autor
Acir Gurgacz (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RO)
Nome completo: Acir Marcos Gurgacz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Preocupação com a qualidade do ensino no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 11/02/2010 - Página 2196
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • INFERIORIDADE, CLASSIFICAÇÃO, QUALIDADE, ENSINO, BRASIL, COMPARAÇÃO, MUNDO, APREENSÃO, INEFICACIA, PROVIDENCIA, DEBATE, ESPECIALISTA.
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PESQUISA, AUSENCIA, PRETENSÃO, ALUNO, ESCOLHA, CARREIRA, MAGISTERIO, COMENTARIO, EXPERIENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, VALORIZAÇÃO, RESULTADO, CONCESSÃO, BONUS, SALARIO, AMPLIAÇÃO, RESPONSABILIDADE.
  • ANALISE, PRECARIEDADE, SITUAÇÃO, ESTADO DE RONDONIA (RO), AVALIAÇÃO, PROFESSOR, ALUNO, CRITICA, GOVERNO ESTADUAL, AUSENCIA, DISPONIBILIDADE, RECURSOS, INCENTIVO, PARTICIPAÇÃO, CURSOS, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), QUALIFICAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO, REGISTRO, DADOS, PUBLICAÇÃO, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, ANALFABETISMO, MAIORIA, ESTUDANTE.
  • SUGESTÃO, CRIAÇÃO, COMISSÃO MISTA, CONGRESSISTA, MEMBROS, CONSELHO, SECRETARIO, EDUCAÇÃO, ESTADOS, MUNICIPIOS, REPRESENTANTE, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), ESTUDO, APRESENTAÇÃO, PROPOSTA, MELHORIA, QUALIDADE, ENSINO, LEITURA, TRECHO, TEXTO, PAULO FREIRE, SOCIOLOGO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ACIR GURGACZ (PDT - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente, pelas suas palavras como sempre muito gentis, principalmente com relação ao nosso saudoso Leonel Brizola, que realmente faz muita falta para o PDT e, com certeza, faz muita falta para a política brasileira, e que teve uma contribuição muito grande para a democratização do nosso País, do nosso Brasil.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, neste momento desejo tratar brevemente de um tema, embora de relevância nacional por interferir diretamente na vida de todos nós e no desenvolvimento do Brasil: a educação.

            Trata-se, Srs. Senadores, de um tema por demais debatido. Luminares da política nacional têm enfocado o assunto com propriedade, a exemplo do Senador Cristovam Buarque, que merece nosso respeito e nossa consideração pelo devotamento à causa da educação. Nos tempos atuais, não podemos falar em educação sem citar o nome de Cristovam Buarque.

            Em que pese o esforço do Governo Lula, através do Ministério da Educação, em promover reconhecidas melhorias no sistema educacional, notadamente valorizando o magistério com a aprovação do piso salarial dos professores, entre outras medidas, a estatística recente tem demonstrado que estamos em 88º lugar no mundo em qualidade de ensino, estando a nossa frente na América do Sul, Argentina, Paraguai e Bolívia.

            Precisamos envidar esforços para reverter este quadro. Leis sobre o assunto nós temos; seminários e palestras são realizadas à exaustão. Todavia, as mudanças quanto à qualidade do ensino não ocorrem a contento. Necessitamos deixar para as gerações futuras um sistema de ensino que nada fique a dever ao Chile, à Coréia do Sul e quiçá à Finlândia.

            O que fazer?

            Educadores renomados escrevem tratados, falam das peculiaridades do Brasil, da dimensão dos seus costumes, da cultura, do sistema de ensino descentralizado, cada Estado da Federação dispondo, a seu critério, sobre o assunto, respeitada a Lei de Diretrizes e Bases, porém, o avanço não tem ocorrido a contento, causando, Srs. Senadores, um desestímulo total à carreira do magistério.

            Note-se a matéria publicada na revista Veja desta semana, que destaca que os bons alunos não querem mais seguir o magistério ou escolher como profissão o magistério - desastre para o ensino. Uma pesquisa, efetivada pela Fundação Carlos Chagas a pedido da Fundação Victor Civita, identificou que apenas 2% dos estudantes brasileiros pretendem seguir o caminho da educação.

            A mesma matéria, da lavra do jornalista Marcelo Bortoloti, elenca:

“(...) Países onde o ensino prima pela excelência, como Coréia do Sul e Finlândia, encontraram bons caminhos para atrair os alunos mais brilhantes às faculdades de pedagogia - experiência que pode ser útil também ao Brasil. Ela indica que elevar o salário dos professores é apenas uma das estratégias eficazes, mas não a de maior impacto. Nesse sentido, distinguir os profissionais de melhor desempenho em sala de aula, com iniciativas como bônus no salário e mais responsabilidade na escola, tem sido, há décadas, um potente motor de atração para a carreira de professor mundo afora. O Brasil precisa aprender a lição”.

            Em Rondônia, conforme a última avaliação do Instituto Nacional de Ensino Básico (Ineb), foi observado que os alunos da rede de ensino do meu Estado não tinham preparo para interpretar textos, escrever e ler, e, pior, nossos professores carecem de capacitação profissional.

            Sr. Presidente, é lamentável que o governo estadual não disponibilize recursos para viabilizar a presença desses professores nos cursos de qualificação e aprimoramento profissional oferecidos pelo Ministério da Educação, a exemplo, o programa PRO Letramento.

            Segundo relato da Drª Márcia, representante do Programa, quando esteve no meu Estado, foi constatado que os professores fizeram o curso com recursos próprios, sem nenhuma ajuda do governo local, arcando com o seu próprio transporte, alimentação e material escolar.

            Diante disso, Sr. Presidente, precisamos reagir, pois um teste aplicado em 338 mil alunos, do segundo ao quinto ano, em 350 municípios brasileiros espalhados por 25 Estados, resultou em uma amostra muito representativa. Nada menos de 70% dos avaliados foram considerados analfabetos, e 50% dos estudantes do quinto ano foram classificados assim, segundo destaque no jornal Folha de S. Paulo, edição de 06 de fevereiro de 2010, B2, “César Benjamin”.

            Disse o editor que tais avaliações mostram que o Brasil ainda recusa à maioria dos seus filhos a possibilidade de participar da potencialidade da civilização contemporânea.

            Assim, Srs. Senadores, conclamo que seja formada uma comissão mista que possa envolver Senadores, deputados, membros do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação e dos Municípios, bem como técnicos do MEC, visando estudo e formulação de propostas que possam, a pequeno e médio prazo, melhorar efetivamente a qualidade de ensino na prática.

            Levando em consideração que melhoria da educação não é apenas acréscimo de vagas em bancos escolares, reformas de escolas ou construção de novas, mas um conjunto de ações que contribuirão para levar o Brasil à condição de país que prepara seus filhos para competir com o ensino dos países em destaque, tal como já dissemos ao Chile, Coréia do Sul, Finlândia e não igualar-se aos menos favorecidos pela educação de qualidade.

            Ao finalizar, Srs. Senadores, Sr. Presidente, quero aproveitar a oportunidade e citar uma reflexão do filósofo e sociólogo Paulo Freire, que tanto nos ensina.

“Eu queria, portanto, deixar aqui para vocês também uma alma cheia de esperanças. Para mim, sem esperança não há como sequer começar a pensar em educação. Inclusive, as matrizes da própria educabilidade do ser, do ser humano. Não é possível ser um ser indeterminado, como nós somos, conscientes dessa inconclusão sem buscar... e a educação é exatamente esse movimento de busca, essa procura permanente”.

            Essas são as nossas colocações, Presidente Jefferson, que vêm de encontro ao que o senhor colocou também há poucos instantes.

Realmente, precisamos cuidar da educação, do ensino no Brasil. Se quisermos realmente que o Brasil chegue ao Primeiro Mundo, é necessário que o Governo brasileiro invista na educação.

            As pessoas no meu Estado, Presidente Jefferson e Senador Mão Santa, questionam-me: “O que fazer? Agora, o senhor está no Senado. Vamos ajudar os nossos professores, vamos ajudar os nossos Estados”. É nesse sentido que pedimos ao Presidente da República que olhe com carinho para as nossas crianças, os nossos jovens e principalmente os nossos professores.

            Era o que eu tinha para dizer.

            Muito obrigado, Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/02/2010 - Página 2196