Pronunciamento de Geovani Borges em 17/02/2010
Discurso durante a 11ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Reflexão sobre o período da Quaresma. Análise da credibilidade das instituições brasileiras.
- Autor
- Geovani Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
- Nome completo: Geovani Pinheiro Borges
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
IGREJA CATOLICA.
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
- Reflexão sobre o período da Quaresma. Análise da credibilidade das instituições brasileiras.
- Publicação
- Publicação no DSF de 18/02/2010 - Página 3124
- Assunto
- Outros > IGREJA CATOLICA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
- Indexação
-
- ANALISE, PERIODO, IGREJA CATOLICA, POSTERIORIDADE, CARNAVAL, MENSAGEM (MSG), PAPA, IMPORTANCIA, JUSTIÇA, REGISTRO, RESULTADO, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, INDICE, CONFIANÇA, PERSONAGEM ILUSTRE, ENTIDADE, PERDA, REPUTAÇÃO, PARTIDO POLITICO, LEGISLATIVO, EFEITO, IMPUNIDADE, CORRUPÇÃO, SUGESTÃO, ORADOR, INCENTIVO, DEBATE, ELEIÇÕES, NECESSIDADE, ATENÇÃO, CODIGO DE ETICA, ATENDIMENTO, INTERESSE PUBLICO.
- REGISTRO, VISITA, ORADOR, AGRADECIMENTO, RECEPÇÃO, PREFEITO, VEREADOR, MUNICIPIO, CALÇOENE (AP), ESTADO DO AMAPA (AP).
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
O SR. GEOVANI BORGES (PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador João Pedro, Srªs e Srs. Senadores, espectadores e ouvintes da TV e da Rádio Senado, hoje é quarta-feira, Quarta-Feira de Cinzas, dia que marca o início da Quaresma para a sociedade cristã.
Neste dia, as cinzas simbólicas representam o que fica da queima ou da corrupção das coisas e das pessoas. Este é um dos ritos mais representativos do sinais e gestos simbólicos da cristandade.
Na Quaresma, que começa nesta Quarta-Feira de Cinzas e termina na quinta-feira da Semana Santa, os católicos realizam a preparação para a Páscoa.
O período é reservado para a reflexão, para a conversão espiritual. Ou seja, o católico deve se aproximar de Deus visando ao crescimento espiritual.
Os cristãos, portanto, são convidados a fazer uma comparação entre suas vidas e a mensagem expressa nos Evangelhos.
Essa comparação silenciosa, pessoal, única e indivisível significa um recomeço, o renascimento para as questões espirituais e de crescimento pessoal.
Em tese, o período que ora se inicia sugere que o cristão deve intensificar a prática dos princípios essenciais de sua fé com o objetivo de ser uma pessoa melhor e de proporcionar o bem para os demais.
Essencialmente, o período é um retiro espiritual voltado à reflexão, em que os cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para acolhida do Cristo Vivo, ressuscitado no Domingo de Páscoa.
Assim, retomando questões espirituais dogmáticas, simbolicamente, o cristão renasce, como Cristo renasceu.
A palavra Quaresma vem do latim (quadragésima) e é utilizada para designar o período de quarenta dias (na verdade, sete domingos) que antecedem a festa ápice do cristianismo: a ressurreição de Cristo, comemorada no Domingo de Páscoa.
As cinzas, humildemente, nos lembram que após a morte prestaremos conta de todos os nossos atos e de todas as graças que recebemos de Deus nesta vida, a começar pela própria vida, pelo tempo, pela saúde, pelos afetos.
A História registra que, cerca de duzentos anos após o nascimento de Cristo, os cristãos começaram a preparar a festa da Páscoa com três dias de oração, meditação e jejum. Por volta do ano 350 d.C., a Igreja aumentou o tempo de preparação para quarenta dias. Isso porque, na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o tempo de nossa vida na Terra, suas provações e dificuldades. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia.
Nela são relatadas as passagens dos 40 dias do dilúvio, dos 40 anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos 40 dias de Moisés e de Elias na montanha, dos 40 dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou o exílio dos judeus no Egito.
Quaresma é tempo de rever a vida. É preciso dirigir o coração para algo que vai acontecer. E é sobre isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, espectadores e ouvintes da TV e Rádio Senado, que eu quero lhes falar.
Num Estado laico, nada justificaria que eu subisse a esta tribuna no dia de hoje para pregar a favor dessa ou daquela religião.
(Interrupção do som.)
O SR. GEOVANI BORGES - Essa é a função das igrejas, catedrais, oratórios e templos. Logo, não estou aqui para falar de engajamento religioso, mas, sim, de valores fundamentais para homens e mulheres de qualquer credo, fé, esperança e justiça.
Estamos em ano de eleições por todo o País. Alianças são trocadas, namoros políticos evoluem para casamentos, traições políticas são urdidas em nome de interesses vis, e a sociedade civil dá reiteradas provas de descrença na práxis política.
Pesquisa do Instituto DataFolha, divulgada mês passado, aponta as 27 personalidades mais confiáveis do País. O Presidente Lula lidera o ranking - o Senador Suplicy acabou de me cumprimentar -, o que não constitui surpresa, tendo em vista o Governo que faz e os índices de aprovação e popularidade que exibe.
Depois, segundo o DataFolha, aparecem o apresentador do Jornal Nacional, Willian Bonner, o Padre Marcelo Rossi e os cantores Roberto Carlos e Ivete Sangalo.
Já no quesito instituições brasileiras mais confiáveis, o Ibope tem apresentado, desde 1989, uma série histórica de credibilidade das instituições, em que é possível ver o comportamento da população brasileira em relação a elas.
E nós, políticos - é doloroso dizer -, não estamos nada bem na foto. De acordo com a pesquisa, realizada novamente em 2009, partidos políticos têm o pior índice de credibilidade, seguidos pelo Congresso Nacional e sindicatos. Já o sistema eleitoral e o Governo Federal obtiveram pontuações um pouquinho melhores. O Corpo de Bombeiros recebeu a melhor nota, com 88 pontos, seguido das Igrejas, de modo geral, com 76 pontos.
Pois bem, Sr. Presidente, justiça é o tema central da mensagem papal para esta quaresma.
“Converter-se a Cristo” - disse o Sumo Pontífice - “é acreditar no Evangelho, que no fundo significa e possibilita precisamente sair da ilusão...
(Interrupção do som.)
O SR. GEOVANI BORGES (PMDB - AP) - ... da autossuficiência para descobrir (fora do microfone) e aceitar a própria indigência, indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade.”
Vim de um Estado pobre. Fui eleito Vereador de Macapá, capital - à época, Território do Amapá -, Prefeito de Santana, Deputado Federal Constituinte, e “estou” Senador, não pela primeira vez, mas de novo, na qualidade de primeiro suplente do Senador Gilvam Borges, que tenho orgulho de representar nesta Casa.
Não sou candidato a nenhum cargo político, não disputarei nenhuma eleição e, principalmente por isso, considero oportuno valer-me da simbologia cristã do período que se inaugura hoje e sugerir a reflexão da classe política a respeito do descrédito que paira sobre ela.
(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)
O SR. GEOVANI BORGES (PMDB - AP) - Sr. Presidente, estou quase concluindo. Gostaria de contar com a generosidade de V. Exª para que me concedesse mais dois minutos.
Os escândalos políticos não são uma vergonha exclusiva do Brasil; em todo o mundo e em todos os tempos, eles eclodem aqui e ali.
A diferença, todavia, é a sensação de impunidade que a legislação brasileira empresta a esses delitos e que - reconheçamos - vem mudando em nosso País!
Todavia, essa falta de estímulo, esse desencanto estéril por parte da sociedade civil em relação à política e aos políticos, sobretudo presentes entre os jovens, precisam balizar o nosso código de ética e de...
(Interrupção do som.)
O SR. GEOVANI BORGES (PMDB - AP) - ...postura.
É hora de privilegiar o verbo em detrimento da verba. A senha do verdadeira espírito público está na construção coletiva, voltada para a melhoria e para a dignidade humanas.
Repito: a verba não pode se sobrepor ao verbo. E o verbo, nesse contexto, é a ligação entre ideais e realização. Logo, o verbo aqui defendido dispensa palavras bonitas, promessas vãs e juras mentirosas.
Basta de discursos hipócritas, porque, aos ouvidos do eleitor, esses falsos discursos violentam predicados, pervertem complementos, corrompem particípios e destroem as regras que permitem a construção da esperança no coração de cada brasileiro!
O verbo do eleitor exprime a crença em ações políticas que contemplem a sociedade.
É possível que este meu pronunciamento seja considerado poético, ingênuo e até utópico demais. Mas já vivi o bastante para aprender que não vai longe o homem que desiste dos seus sonhos.
Aproveitemos, pois, o período de reflexão que a Quaresma nos sugere para que cada candidato às próximas eleições se conscientize do seu papel de realizar sonhos, cumprir compromissos e não trair a confiança dos seus eleitores.
Esta Quarta-Feira de Cinzas pode ser o marco da reconstrução política nacional. Só depende de nós.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
Muito obrigado pela generosidade e a paciência de V. Exª, que me concedeu tempo para concluir o pronunciamento.
Antes de concluir, gostaria de fazer o registro de que eu estive em meu Estado e fui muito bem recebido pela Prefeita de Calçoene, que me ofereceu um dos melhores açaís do Brasil. Essa cidadezinha fica no interior de meu Estado. Sua Prefeita, Maria Lucimar da Silva, junto com os Vereadores Antônio Peres de Araújo, Enildo do Socorro, Ivanira Silva Alfaia - lá de Lourenço -, João Batista Oliveira, João Benunes Macedo, Maria Neli Nonato - Presidente da Câmara -, Paulo Sérgio da Silva; Raimundo Nonato Martil Piaba - que sempre está aqui conosco em Brasília -, Rozete Vieira da Silva, o Superintendente do Incra no meu Estado, Evandro Gama, e o Diretor do Projeto Luz para Todos, Dr. Paulo.
Muito obrigado por ainda inserir essa parte em meu pronunciamento.
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