Discurso durante a 12ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do início da vigésimo oitava edição da Festa da Uva. Resumo histórico da cidade de Caxias do Sul, com ênfase na produção da uva. Lembranças dos primeiros anos da vida de S.Exa. naquela cidade.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Registro do início da vigésimo oitava edição da Festa da Uva. Resumo histórico da cidade de Caxias do Sul, com ênfase na produção da uva. Lembranças dos primeiros anos da vida de S.Exa. naquela cidade.
Aparteantes
Mão Santa, Romeu Tuma, Sérgio Zambiasi.
Publicação
Publicação no DSF de 19/02/2010 - Página 3356
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • COMENTARIO, INFANCIA, ORADOR, RESUMO, HISTORIA, VITIVINICULTURA, MUNICIPIO, CAXIAS DO SUL (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ELOGIO, IMPORTANCIA, CIDADE, ECONOMIA NACIONAL.
  • REGISTRO, INICIO, FESTA, UVA, MUNICIPIO, CAXIAS DO SUL (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), LEITURA, MUSICA, TEXTO, ORGANIZAÇÃO, PROMOÇÃO, INTEGRAÇÃO, DESENVOLVIMENTO, VALORIZAÇÃO, ORIGEM, TRADIÇÃO, SAUDAÇÃO, PREFEITO, PRESIDENTE, RESPONSAVEL, REALIZAÇÃO, EXPECTATIVA, PRESENÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador. ) - Muito obrigado, Senador Mão Santa.

            Como disse ontem, estou falando neste momento, mas estou com uma série de aparelhos, para medir a pressão durante 24 horas e ver quando ocorre seu momento de pico, para eu fazer, então, o tratamento que os médicos entenderem mais adequado.

            Sr. Presidente, era para eu estar hoje na minha cidade natal, Caxias do Sul, onde acontece a Festa da Uva. Hoje, exatamente neste horário - a partir das 14 horas -, estamos inaugurando a festa deste ano.

            A Festa da Uva acontece de dois em dois anos. É uma festa magnífica, Sr. Presidente. Naturalmente, não vou compará-la ao carnaval, mas lembro que ela é uma festa também com repercussão internacional. Enfim, quando falo da Festa da Uva da minha terra natal, Caxias do Sul, não deixo de lembrar o carinho que tenho pelo meu querido Estado do Rio Grande do Sul.

            Sempre digo que o Rio Grande do Sul é a morada do meu coração. Todos sabem o acalento, o amor que tenho também não só pelo Estado, mas pela cidade em que eu nasci. Ela me traz as mais belas e doces lembranças, Senador Romeu Tuma: Caxias do Sul. Lá eu vivi momentos inesquecíveis. Talvez uma das partes mais bonitas da história da minha vida, eu sinto como se tivesse sido gravada nas ruas, nos bairros, desde a Sinimbu, Julio de Castilhos, Ribeiro Mendes; mesmo lá na Maestra, enfim, na cidade de Caxias do Sul.

            Foi lá em Caxias, Senador, que já aos oito anos - éramos dez; pai e mãe ganhavam o salário-mínimo - eu estudava num turno e trabalhava na fábrica de vaso da família Bovo. Trabalhei dos oito aos dez anos. Depois, dos dez aos doze anos, fui para feira livre e, felizmente, eu registro aqui, aos doze anos - foi, digamos, o grande momento da minha vida - passei no Senai e fiz um curso técnico. Aí a minha vida mudou. Enfim, quando falo aqui do Senai, lembro porque insisto tanto no Fundo Nacional de Ensino Profissionalizante, do ensino técnico, o Fundep, que pode gerar R$9 bilhões para que a gente alavanque ainda mais o ensino técnico no nosso País.

            Mas eu me lembro de Caxias, nas férias do colégio, eu ia para as colônias colher uva nos parreirais que se estendiam pelo alto da serra. Foi lá em Caxias que comecei a fazer política estudantil. Estudei no Grupo Escolar Teodósio de Rocha Neto, no Grupo Escolar Maguari, no Senai, no Ginásio Noturno para Trabalhadores, Ginásio Noturno que se chamava Getúlio Vargas, na Escola Estadual Santa Catarina. Lá eu presidi o grêmio; em outros eu fui presidente em sala de aula; lá eu joguei futebol; lá eu trabalhei na Eberle, na Gethal, na DalSochio & Menegotto. Lá eu brinquei, eu namorei e por que não lembrar do Clube Calhambeque, do Clube Gaúcho e do Misterioso?

            Lembro até hoje da velha e querida casa em que morei: Rua Antônio José Ribeiro Mendes, 2.222. Lá, com certeza, com os meus pais, que já faleceram, eu vivi, aí sim, os melhores momentos da minha vida. E diria como é bom, antes de falar da festa, lembrar daquele tempo, doces anos da nossa juventude.

            O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Quando puder, Senador, eu gostaria de um aparte.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Eu vou lhe dar o aparte. Hoje Caxias do Sul é um grande polo industrial, cultural, político e berço turístico do Rio Grande. A cidade contribui, e muito, para o crescimento econômico e social do nosso Rio Grande do Sul.

            Conforme o IBGE, Caxias do Sul ocupa o 34º lugar no ranking das cem cidades com o maior PIB do País. Entre as cem maiores, ela é a de número 34. Além do mais, eu não quero esquecer aqui da gastronomia da gente caxiense, comidas típicas e maravilhosas. Lembro aqui - e quem está me ouvindo lá na região sabe - da sopa de anholini, tortéi, formaio, da polenta, da radite, do frango assado, da carne Lessa, do bife na chapa, do pão de forno, das tortas e, por que não lembrar, para quem gosta, tudo regado a um excelente vinho, ou suco de uva, que é a marca da região.

            A Festa da Uva, Srs. Senadores, está na sua 28ª edição, celebra a colheita desta fruta, a uva, desde 1931. Tem uma marca muito especial para a cidade, pois traz o reconhecimento político, cultural, industrial de todo o Rio Grande e, naturalmente, que repercute em todo o País.

            Também, Sr. Presidente, é valorosa a história desse povo, que construiu passo a passo, com muito trabalho e dedicação, uma cidade que eu diria belíssima e cheia de encantos.

            Nos quatro eixos desta festa, tão tradicional, eu destaco: a integração, o desenvolvimento, a tradição e as suas origens. Os eixos, juntos, originam o tema da festa, que é: “Nos trilhos da história, a estação da colheita”.

            A música tema, vocês podem entender a alegria que ela demonstra, é o orgulho desse lugar que sempre acolheu os seus visitantes de forma carinhosa, de sua gente que sempre compartilhou da sua cidade como que alguém que dividisse para os turistas a sua própria casa.

            Senador Romeu Tuma, por favor.

            Eu aproveito a paradinha porque o maquinário aqui está pulsando forte, pressionando o braço aqui.

            O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Não pode se emocionar muito, senão o gráfico sobe.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Sobre, mas depois eu tomo nota que eu estava na tribuna nesse horário, 14h15.

            O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Eu estou sentindo que V. Exª está realmente emocionado com a descrição da Festa da Uva, de Caxias do Sul. Mas eu pediria licença a V. Exª, porque há um vínculo espiritual meu muito forte com o Rio Grande do Sul. Meu pai saiu do Oriente com 10 anos de idade. Eles fugiram de navio devido ao domínio otomano dos turcos, que dominaram a região. E o meu avô, infelizmente, foi morto durante a viagem. A minha avó trouxe a família e veio para a América. E foi passando; ninguém falava em América. Falava em Estados Unidos e outros. Quando chegou no Rio Grande do Sul, então, eles foram convidados a descer. “Mas eu paguei passagem para a América”. “Não, aqui é o Rio Grande do Sul, é o final da viagem”. Ela desceu em Porto Alegre com as crianças, inclusive o meu pai. Desculpa estar entrando nesse terreno, mas é que V. Exª mexeu com o meu coração.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Mas tem uma simbologia mesmo essa história.

            O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - E aí quando desceu, ela, meio perdida, foi na casa dos imigrantes, lá em Porto Alegre, quando avisaram que tinha um patrício que morava em Pelotas, que provavelmente poderia ajudá-la.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - O tal do doce do Rio Grande.

            O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Então, ele veio a Porto Alegre, pegou minha avó, meu pai, a família, e levou para Pelotas, onde meu pai cresceu e desenvolveu a profissão de sapataria, sapataria de arte, porque Pelotas era conhecida como a cidade de cultura oriunda da Europa. Para lá vinham vários artistas e vários moradores da região; os filhos iam estudar na Europa porque era cidade rica em curtume e em gado, e tinham essa virtude e eles faziam as botas para os artistas, para os atores e aprendeu essa profissão. Então, ele jogou no Brasil Futebol Clube, tanto é que o Senador Sérgio Zambiasi quer que eu vá com ele a Pelotas, porque já descobriram a vinculação por história e quero ver se V. Exª vai com a gente em Pelotas...

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Com certeza. Tenho o maior carinho por Pelotas, como sei que o Zambiasi e o Simon têm também por Caxias; e diga-se que o Simon nasceu também em Caxias.

            O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - E Caxias do Sul... Eu diria que conheço bastantes cidades do Rio Grande do Sul, porque, quando Diretor da Polícia Federal, andei por toda aquela região, principalmente em área de fronteira. Fiquei com uma cidade sem conhecer, o Chuí. Por quê? Porque eu ia com o então Ministro Paulo Brossard ...

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Deve ir visitar, que é uma bela cidade.

            O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Iríamos juntos e acabamos passando a oportunidade, mas gostaria de conhecer o Chuí. Sem dúvida nenhuma, onde tenho ido, e tenho encontrado gaúchos que moram em outras cidades, em outros Estados e em outros países, que dentro do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) mostram a força do sangue gaúcho, do amor que têm pelas suas cidades natais.

            E a sua é, sem dúvida nenhuma, conhecida no Brasil inteiro e no exterior. Em Caxias do Sul, eu gosto de comprar o suco de uva de lá e estou na expectativa de que V. Exª traga a rainha e as princesas da festa, pois todo ano nós temos o prazer de cumprimentá-las aqui. Cumprimento V. Exª e peço desculpa por ter interrompido para fazer uma questão de ordem pessoal, de coração.

(A Srª Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Eu agradeço, Senador Romeu Tuma. Lembrando o centro de tradição, eu mesmo fui muito a centros de tradição e ali eu diria que brancos, índios e negros se encontravam sempre, dançando músicas como a chula e tantas outras.

            Mas, Senador Mão Santa, antes de passar a palavra a V. Exª - sei que é um momento histórico e sei que a Presidente da sessão vai entender - ... até porque alguns jornais no dia de hoje estavam lamentando a não presença do Presidente Lula e da Ministra Dilma na cidade, pela importância da festa, aqui eu justifico e adianto que, provavelmente, como a festa só termina no dia 7 de março, eles estarão lá em Caxias.

            Mas eu dizia, Senador Mão Santa, que a letra-chave, a letra que é o tema da festa é Nos trilhos da história, a estação da colheita, diz:

            “Embarca em nossa estação

             Que o trem já vai partir

             A viagem é uma canção

             Que a gente canta a sorrir

             Por entre vales e montes

             Videiras olham pro céu

             Nos lábios dos horizontes

             Há sempre um beijo de Deus

             Vem para o alto da Serra [A nossa Caxias]

             Destino de tanta alegria

             Um mundo de encanto te espera

             É a Festa da Uva em Caxias

             Vem para o alto da Serra

             Escuta o teu coração

             A uva rainha te espera

             Também quem ama este chão

             Nos trilhos da nossa História

             O tempo olha pra trás

             A imagem remoça a memória

             De quanto este povo é capaz

             Nos olhos, a Festa brilhante

             O trem precisa chegar

             O sonho do bravo imigrante

             Renasce neste lugar

             O aroma de uva doce

             Recende em toda a estação

             Colheita é como se fosse

             O altar da celebração.”

            Srª Presidente, nos primeiros 35 anos da imigração italiana a produção agrícola foi baseada no trabalho braçal. Há uma intensa adaptação do homem ao local que submete a natureza e a domina...

            Nesse período são plantados os vinhedos, e estes geram o grão que se transforma, pelo trabalho, em vinho. O trabalho em torno do vinho foi a primeira indústria em Caxias e também da região. Num primeiro momento, foi essa indústria que fez a região crescer.

            A integração viria a se desenvolver com o escoamento do produto de maneira mais ágil, quando da chegada do trem em 1º de julho de 1910. A vila, então, é elevada à categoria de cidade no mesmo dia. O trem vem ligar Caxias a Montenegro e a Porto Alegre, passando, assim, por toda a região.

            As cantinas têm como escoar o produto e os tanoeiros dessas cantinas começam a fabricar, em escala, um sem número de pipas de madeira, que, por sua vez, são transportadas de trem para Porto Alegre e seguem de navio para São Paulo.

            Com o afluxo de pessoas e de mercadorias transportadas pelos vagões dos trens, as linhas de comércio se cruzam, o crescimento se faz notar pela abertura de casas de comércio e pequenas indústrias, fortalecendo a metalurgia.

            Assim, iniciada há alguns anos, esboça um crescimento real e duradouro. A economia avança. O trem é acelerado. O ritmo da vida da pequena cidade cresce e se multiplica.

            Por fim, Srª Presidente, vou ler só uma página que foi escrita nesse momento pelos organizadores da festa. Disseram eles:

            “As origens nos remetem à simplicidade e ao despojamento na forma de tudo quanto passava pela mão do homem, quer seja na artesania, na construção das casas, quer seja na forma habitual dos costumes, na roupa dos colonos e em seus gestos.

            A simplicidade volta como valor e o despojamento é a marca desse época. O colono que construiu a cidade com seu trabalho poupava o quanto pudesse e, neste sentido, vivia para o sacrifício do trabalho, no sentido religioso do termo, e para crescer, seja no número da família, seja na compra da terra ou na compra de uma casa de comércio, etc., como forma de afirmar a vida em torno dos bens tangíveis, uma vez que os bens intangíveis era a preocupação espiritual delegada à Igreja.

            Nos trilhos da vida, as linhas se entrecruzaram de diversos modos entre todas as famílias e os tempos exigem o mesmo paciente trabalho daquela época e a mesma esperança. A colheita virá, sabemos que virá, mas para haver colheita é preciso o plantio, a poda e o cuidado, o trabalho e a esperança permanentes.”

            Srª Presidente, só podemos olhar para o passado com o olhar de contemplação. Se a memória do vivido nos leva ao crescimento, como afirma o tema da Festa da Uva, temos de lembrar aqui: Nos trilhos da história, a estação da colheita.

(A Srª Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Srª Presidente, permita que eu conclua, dizendo que...

            O Sr. Sérgio Zambiasi (PTB - RS) - Senador Paim.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Vou passar a palavra a V. Exª. Senador Zambiasi, eu citava que V. Exª é um dos apaixonados por Caxias e só não está lá hoje, porque tínhamos de estar aqui, como conversávamos ontem aqui. Eu justificava a não presença do Presidente e, então, permita-me que eu coloque essa parte.

            É bem provável que o Presidente Lula e a Ministra Dilma ainda se façam presentes na Festa da Uva, pois, há duas semanas, quando estávamos na comitiva oficial que foi ao Rio Grande do Sul, tanto a Ministra Dilma como o Presidente Lula receberam a comitiva no aeroporto e disseram que fariam de tudo para estar na festa durante o período da mesma. A festa se inicia hoje, mas termina no dia 7 de março. Acredito que o Presidente Lula e a Ministra Dilma - ou pelo menos um dos dois - estarão em Caxias.

(A Srª Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Se não estiveram na abertura, poderão estar durante a festa ou no seu encerramento, que é no dia 7 de março. Eu farei de tudo para também estar lá durante esse período.

            Senador Mão Santa, e concluo com o Senador Zambiasi, que é meio filho da região, que nem o Senador Simon. Senador Mão Santa, por favor.

            O Sr. Mão Santa (PSC - PI) - Senadora Serys, tenha paciência, porque é uma homenagem que o Brasil tem de fazer ao Rio Grande do Sul.

            A SRª PRESIDENTE (Serys Slhessarenko. Bloco/PT - MT) - Que sejam breves.

            O Sr. Mão Santa (PSC - PI) - Isso é histórico. Lá foi a primeira entrada, na unificação da Itália. Eles tiveram muitas dificuldades e vieram lá pelos idos...

            Mas importa dizer o seguinte: nós temos de resgatar o sofrimento do Rio Grande do Sul. Eu sei que eu sou do Nordeste; é difícil... E o orgulho do piauiense é quando se diz: “Eles são os gaúchos do Nordeste”. Nós temos uns costumes: a bacia leiteira, a pecuária, o gado... Disseram até que a bandeira do Piauí era couro, porque tem pecuária e tal. Mas o que eu queria dizer é que aquela Guerra Farroupilha foi por isto, porque o Rio Grande do Sul vivia dificuldades. A carne, que é característica de vocês, do gaúcho, que é o nosso vaqueiro lá do Nordeste, que nós chamamos... Então, a carne, o gado era mais caro, porque o Governo de Pedro II cobrava um imposto muito caro. Por isso nasceu aquela Guerra Farroupilha. E, hoje, aquilo foi depois de 1850, não é? Depois de tanto tempo, eu quero despertar o Rio Grande do Sul que todos nós devemos. Eu acho que a maior obra que eu fiz no Piauí, como Governador, foi trazer pessoas do Sul e fixar no sul do Piauí. Em um dia só eu recebi 300 famílias da Cooperativa Cotrirosa. Hoje, no Piauí, eles se chamam “piúchos”. É piauiense... Eles trabalharam. Eles são trabalhadores. Eles são de boa índole, de boa genética, da Itália, do Renascimento, com gaúcho. Poucas terras, abraçaram, e eu facilitei que se fixassem no Piauí. A Bunge, da soja... E tem este termo: “piúcho”. E eles educaram e desenvolveram o Piauí do sul, principalmente no plantio de soja e outras coisas: algodão e tal, a criação...

            Mas é tão fundamental que eu quero dizer o que vão viver, agora, no carnaval. O vinho gaúcho é espetacular, Romeu Tuma. Então, repete-se aqui aquele prejuízo que o Rio Grande do Sul teve pelo gado. O gado era mais caro porque os impostos eram maiores. Aí, todo mundo ia comprar na Argentina e no Uruguai que, hoje, são pecuaristas. Agora, Zambiasi, é o vinho da Casa Valduga - o Miolo. Eu não estou fazendo comercial - são bons, mas não são competitivos. Os argentinos e chilenos entraram aí - e pode ir no supermercado. São muitos mais baratos porque o imposto é menor. Que o Presidente Luiz Inácio não vá, mas reestude baixar o imposto do vinho. A Argentina e o Chile se “europatizaram”, digamos assim, na produção. São competitivos em todo o mundo e, também, o vinho do Uruguai. E o Rio Grande do Sul, com um vinho de alta qualidade, está prejudicado. Então, que seja uma reflexão. O intercâmbio é tão grande - eu quero dizer que fiz residência médica no Rio de Janeiro e eu tinha dois colegas. Eram os melhores colegas que eu tive. Eram médicos residentes. Um é Moridon Felipe e o outro é o Jayme Pietra. Então, a gente gaúcha é gente boa e, aqui, nós temos o exemplo, três figuras extraordinárias que enriquecem o Senado e a democracia: Pedro Simon, Zambiasi e V. Exª - então, são os nossos aplausos. E eu estou com a felicidade por ter uma filha estudando lá - fazendo residência em dermatologia.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Na Santa Casa...

            O Sr. Mão Santa (PSC - PI) - Pois ela fez a prova aí - depois dos testes, tem uma entrevista. Aí, ele viu o sotaque e perguntou: “Mas menina,você é de onde?”

            E ela respondeu que era do Piauí. Mas como? E ela disse: Olha, o Piauí está cheio de gaúchos buscando terra. E eu vim buscar saber, aprender com os gaúchos. Então, o Rio Grande do Sul tem essa tradição. Aquela festa pequenina, do vinho, da uva, trazida da Itália, hoje é uma festa nacional. Meus parabéns. O Rio Grande do Sul engrandece toda a sua história. Eu me lembro de que, quando eu estudava com o Léo Gomes e o Jayme Pietra, eles me gozavam, dizendo que eles já deram muitos presidentes para o País. Tem muitos Presidentes da República. Quantos são gaúchos, Zambiasi? São muitos. Estamos preparando um para presidente do mundo. E eu digo: está aí o Paim, vamos botar, que ele é o nosso Mandela.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Essa frase ele usou para o Nelson Mandela. Neste momento, ele jogou para mim.

            Passo a palavra de imediato, por causa do tempo, ao Senador Zambiasi, porque sei que ele é um fã de toda a região e dessa festa também. Por favor, Senador Zambiasi.

            O Sr. Sérgio Zambiasi (PTB - RS) - Obrigado, Senador Paim. Peço à Senadora Serys que, também na condição de gaúcha, seja generosa conosco para que a gente possa também ocupar esse privilegiado espaço da manifestação do Senador Paim em relação ao Rio Grande do Sul e à Festa da Uva...

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - V. Exª pode usar o art. 14, porque eu já o citei três vezes.

            O Sr. Sérgio Zambiasi (PTB - RS) - E a Festa da Uva, que abre hoje. A região da Serra Gaúcha está em festa, mas acho que é o Brasil inteiro, porque hoje, felizmente para o Rio Grande do Sul, não somos o único Estado que produz uvas. Hoje, já temos uma boa presença em Santa Catarina, temos uma presença razoável no Paraná, em São Paulo, na Bahia, em Pernambuco, em Mato Grosso também, Senadora Serys.

            A Senadora Serys deve ter levado umas mudas do Rio Grande para o Mato Grosso.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Acho que você ganhou mais cinco minutos dela, agora, ao dizer que foi ela que levou a uva para lá.

            O Sr. Sérgio Zambiasi (PTB - RS) - Mas ainda não é suficiente, porque ainda assim o Rio Grande do Sul produz cerca 90% de toda a produção vitivinícola. Do ponto de vista do orgulho gaúcho, seria interessante, mas, do ponto de vista da produção, não, porque, por ser um produto com origem local, às vezes, fica prejudicado dentro da discussão nacional. É difícil para alguém que não seja da Região Sul entender todas as angústias, todas as agruras pelas quais passam os produtores da vitivinicultura gaúcha. Por isso a importância da Festa da Uva, que abre hoje em Caixas do Sul, a terra do nosso Senador Simão, que está aqui conosco, a terra do ex-Governador Germano Rigotto, a sua terra, Senador Paim. Quer dizer, uma terra que produz grandes lideranças, uma terra que se destaca pela sua capacidade empreendedora, a terra do Prefeito José Ivo Sartori, que foi Deputado Estadual, Presidente da Assembleia Legislativa, Deputado Federal, Prefeito reeleito de Caxias do Sul, e eu acompanhei, como o Senador Paim, como o Senador Simon e como a bancada gaúcha, todas as lutas para que esta festa fosse melhor que a de dois anos atrás, porque esta é uma festa que ocorre a cada dois anos, e que a próxima, em 2012, seja ainda melhor do que esta, que foi elaborada com tanto esmero pela equipe do Prefeito José Ivo Sartori. Mas é sempre importante também chamar a atenção para as dificuldades que essa base de produção tem para enfrentar a concorrência.

            Nós enfrentamos uma brutal concorrência, uma predatória concorrência dos vinhos estrangeiros, da produção estrangeira. Nós que defendemos tanto o Mercosul, eu e o Senador Simon, que estamos aqui, somos Parlamentares da Comissão do Mercosul, o Senador Paim, o Senador Tuma, que está aqui presente também, que é Parlamentar do Mercosul, e que defendemos e queremos a integração, nós também sabemos o quanto a falta de harmonização das normas do Mercosul prejudicam essas produções, os Estados mais próximos dos países membros do Mercosul, como é o caso da Argentina e do Uruguai em relação ao Rio Grande do Sul, nesta produção, não apenas na produção vitivinícola, na produção leiteira, na produção de carne, na produção de arroz, para citar algumas das áreas nas quais o Rio Grande do Sul é líder nacional ou o maior produtor nacional. Então, a sua manifestação, Senador Paim, chama a atenção do Brasil, primeiro, para uma festa belíssima, uma festa de congraçamento, uma festa da produção, uma festa da produtividade e do empreendedorismo, que é uma característica da serra gaúcha, aquele povo que veio da Europa e transformou aquelas montanhas quase inóspitas em áreas de altíssima produtividade e de alta qualidade, mas, ao mesmo tempo, a dificuldade desse cotidiano que aquele povo enfrenta. Por essa razão, é bom que esta Casa, que o Congresso e que o Governo Federal celebrem conosco este momento bom para o Rio Grande do Sul, Senador Tuma.

            O Senador Tuma tem vínculos com o nosso Estado também a partir de Pelotas, onde o seu pai chegou, vindo lá do Oriente, aportando em Pelotas. Ainda tenho como desafio levar o Senador Romeu Tuma à Fenadoce, quem sabe neste mês de junho, porque agora, em junho, Pelotas estará fazendo a sua Feira Nacional do Doce.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Eu já assumi o compromisso de ir junto com V. Exª e com o Senador Romeu Tuma.

            O Sr. Sérgio Zambiasi (PTB - RS) - Teremos a oportunidade de levá-lo ao estádio Brasil de Pelotas, onde o pai dele, aos 16, 17 anos de idade, aventurou-se num campo de futebol no Brasil. Vejam como a história é rica de oportunidades e de acontecimentos. Enfim, Paim, obrigado pela oportunidade. Senadora Serys, da nossa querida Cruz Alta, onde eu prestei serviço militar, região com a qual tenho uma relação muito especial, quero dizer que este é um momento especial e muito bonito para o Rio Grande do Sul. Estou muito feliz e emocionado com a oportunidade desta manifestação também. Parabéns, Paim, por ter escolhido este dia, esta jornada para homenagear Caxias do Sul e a Festa da Uva.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Meus cumprimentos ao Senador Zambiasi pelo aparte, o qual deu um colorido especial ao meu pronunciamento. V. Exª conhece muito bem a região, a questão da uva e a dificuldade do nosso vinho.

            Srª Presidente, quero terminar, deixando aqui meus cumprimentos à rainha da Festa da Uva, eleita numa disputa com outras tantas jovens, Tatiane Frizzo, e às princesas Aline Galvan Perera e Kátia Pisetta Weber. Também meus cumprimentos ao presidente da Festa da Uva, o Sr. Gelson Luiz Palavro, e ao Prefeito Municipal Ivo Sartori, aqui também lembrado.

            Caxias espera receber em torno de 600 mil pessoas, e eu aqui, da tribuna do Senado, nesta verdadeira homenagem à Festa da Uva, à Caxias e região, quero convidar todo o povo brasileiro a participar desse evento.

            Podem acreditar: é um grande espetáculo, do trabalho, da produção, da agricultura.

            Caxias, enfim, hoje é um grande polo industrial, econômico e social porque abraça todos os filhos do Estado que lá chegam.

            Viva a Festa da Uva!

            Termino, na linha do que o Senador Romeu Tuma colocou - é a última frase -, dizendo que nós faremos um esforço para que o Presidente, o Prefeito, a rainha e as princesas da Festa da Uva possam vir ao Senado e - quem sabe, não é, Senador Zambiasi e Senador Simon? - ir ao Palácio insistir para que o Presidente Lula e a Ministra Dilma possam participar ainda da festa, que termina no dia 7 de março.

            Muito obrigado, Srª Presidente.

            Sei que sua tolerância foi porque a senhora, além de tudo, é também gaúcha.

            Muito obrigado, Senadora.


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