Discurso durante a 15ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do falecimento do líder sindical Luis Tenório de Lima, o Tenorinho, ocorrido em 23 de janeiro, relatando sua vida de luta e enviando voto de pesar aos familiares e ao Movimento Sindical.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Registro do falecimento do líder sindical Luis Tenório de Lima, o Tenorinho, ocorrido em 23 de janeiro, relatando sua vida de luta e enviando voto de pesar aos familiares e ao Movimento Sindical.
Publicação
Publicação no DSF de 24/02/2010 - Página 4068
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LIDER, SINDICATO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), COMENTARIO, AMIZADE, ORADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA, LUTA, GARANTIA, DIREITOS, TRABALHADOR, EMPENHO, MANIFESTAÇÃO, EXTINÇÃO, FATOR, PREVIDENCIA SOCIAL, EQUIPARAÇÃO, SALARIO MINIMO, BENEFICIO, APOSENTADO, REDUÇÃO, JORNADA DE TRABALHO, APRESENTAÇÃO, PESAMES, FAMILIA, MOVIMENTO TRABALHISTA.
  • SOLICITAÇÃO, MOVIMENTO TRABALHISTA, HOMENAGEM, LIDER, SINDICATO, COMEMORAÇÃO, DIA, TRABALHADOR.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Mão Santa, Senadoras e Senadores, Senador Suplicy, Senador Arthur Virgílio, Senador Flávio Arns e Senador Jayme Campos, fiz questão de participar desta sessão que se inicia às 20 horas e 30 minutos, depois da emocionante sessão de homenagem a todos os brasileiros que faleceram no Haiti.

            Sr. Presidente, é que hoje completa um mês do falecimento daquele que, para mim, Senador Eduardo Suplicy, foi, nas últimas décadas, um dos maiores líderes sindicais da história do nosso País. Estou falando do líder sindical Luis Tenório de Lima, o Tenorinho, que faleceu no dia 23 de janeiro, época em que estávamos em recesso. Tenorinho tinha 93 anos e morava em São Paulo.

            O Tenorinho era meu amigo pessoal, daqueles que, como diz a música de Fernando Brant e Milton Nascimento, “amigo é coisa prá se guardar do lado esquerdo do peito”. Esse é um homem que guardarei eternamente no meu coração. Tenorinho, com 93 anos, era um ativista, um líder, mais que um amigo, era um irmão das causas populares.

            Tenorinho sempre esteve à frente nas batalhas em defesa dos direitos dos trabalhadores, do movimento sindical e de todos os aposentados e pensionistas.

            Recentemente, esteve aqui, com 93 anos, no Congresso Nacional, participando de manifestações pelo fim do fator, pelo reajuste dos aposentados, no combate aos preconceitos e na luta pela redução de jornada para 40 horas semanais - todos projetos que apresentei, tanto na Câmara, como no Senado, e estão sendo debatidos.

            Sr. Presidente, conforme o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Luís Tenório de Lima era, de fato, um grande combatente. Pernambucano de Palmares, aos 17 anos foi para São Paulo trabalhar numa destilaria do Vale do Jequitinhonha. Tornou-se, então, Presidente do Sindicato de Laticínios de São Paulo, da Federação dos Trabalhadores da Alimentação de São Paulo, Diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria, um dos fundadores do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da Nova Central Sindical dos Trabalhadores.

            Sr. Presidente, em 1953 - nessa data, eu tinha somente três anos -, Tenorinho liderou a chamada Greve dos 700 mil trabalhadores.

            Tenorinho foi eleito, em 1962, líder do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro. Infelizmente, com o golpe de 1964, foi destituído de todos os seus cargos sindicais e políticos e teve seus direitos cassados por dez anos.

            Após militar na clandestinidade, exilou-se em Praga e passou a atuar na Federação Sindical Mundial (FSM).

            Em fins de 1979, com Gregório Bezerra, Hércules Corrêa dos Reis e Lyndolpho Sylva, ele retorna ao Brasil, sendo recepcionado por uma enorme multidão no aeroporto do Rio de Janeiro.

            Tenorinho, então, fixa residência em São Paulo e passa a editar, a partir do ano seguinte, o Correio Sindical de Unidade, que teve vida efêmera. Tenorinho sempre pregou a unidade como forma de avanço do nosso povo.

            Tenorinho se submeteu ao voto popular e conquistou cadeira na Câmara Municipal de São Paulo, em 1984, cumprindo o mandato com uma relação direta com os movimentos sociais, sindicais e de bairros.

            No ano de 2000, reproduziu a ideia que havia tido com o Correio Sindical sob a forma de um programa de rádio que teve uma enorme audiência. Depois disso, manteve um programa semanal na Rádio Imprensa de São Paulo, onde comandava, como apresentador, o programa “Bom Dia, Companheiro”. Por várias vezes, fui entrevistado por ele.

            Recentemente, eu, ele e o Presidente da Central Sindical, José Calixto Ramos, estivemos com o Ministro Carlos Lupi no II Congresso da Nova Central Sindical.

            Sr. Presidente, lembro-me como se fosse hoje, da garra, da fibra de Tenorinho. No último encontro que tive com ele, com a presença de mais de 700 líderes sindicais, ele foi ao microfone e fez um apelo para que os sindicalistas fossem com ele ao Rio Grande do Sul, em 2010, para caminhar ao lado da nossa gente.

            Tenorinho me chamava, de forma carinhosa, de Senador dos trabalhadores, dos aposentados e de todos os discriminados.

            Luís Tenório deixou um legado de vida e de luta para o Brasil. As novas e as futuras gerações terão que lembrar sempre de Tenorinho como exemplo a ser seguido.

            Luís Tenório, 93 anos. Sua vida foi pautada na causa dos trabalhadores e dos idosos. Ele é daqueles homens que nunca morrem, pois seus ideais estarão sempre vivos entre nós.

            Sr. Presidente, concluo, dizendo que encaminho neste momento à Mesa um requerimento de voto de pesar pela perda desse jovem guerreiro - repito, jovem guerreiro - de 93 anos. Peço que este voto seja encaminhado aos seus familiares e ao Movimento Sindical. Aproveito e peço também ao Movimento Sindical que, no próximo dia 1º de maio, Dia do Trabalhador, sejam feitas as justas homenagens em todo o País ao nosso querido Tenorinho. Eu farei uma homenagem aqui do plenário.

            Sr. Presidente, Luiz Tenório de Lima, um líder, um guerreiro, mesmo aos 93 anos. A sua voz era forte, era um brado, sempre à frente das causas do nosso povo. Vivam eternamente os ideais de Luís Tenório de Lima!

            Termino, Presidente, encaminhando a V. Exª o requerimento de voto de pesar.

            Muito obrigado, Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/02/2010 - Página 4068