Pronunciamento de Geovani Borges em 02/03/2010
Discurso durante a 20ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Reconhecimento da luta travada por deficientes auditivos para participarem do mercado de trabalho, e o registro da aprovação no Legislativo de Macapá do projeto de lei do Deputado Estadual Moisés Souza, que autoriza o governo do Estado à disponibilizar intérpretes de Língua Brasileira de Sinais - Libras em hospitais e prontos-socorros da rede pública estadual.
- Autor
- Geovani Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
- Nome completo: Geovani Pinheiro Borges
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA SOCIAL.:
- Reconhecimento da luta travada por deficientes auditivos para participarem do mercado de trabalho, e o registro da aprovação no Legislativo de Macapá do projeto de lei do Deputado Estadual Moisés Souza, que autoriza o governo do Estado à disponibilizar intérpretes de Língua Brasileira de Sinais - Libras em hospitais e prontos-socorros da rede pública estadual.
- Publicação
- Publicação no DSF de 03/03/2010 - Página 5086
- Assunto
- Outros > POLITICA SOCIAL.
- Indexação
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- ELOGIO, GRUPO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, MOBILIZAÇÃO, INCLUSÃO, SURDO, MERCADO DE TRABALHO, CIDADANIA, BUSCA, RESGATE, LINGUAGEM.
- IMPORTANCIA, LEI ESTADUAL, ESTADO DO AMAPA (AP), AUTORIZAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, DISPONIBILIDADE, ESPECIALISTA, LINGUAGEM, SINALIZAÇÃO, ATUAÇÃO, HOSPITAL, PRONTO SOCORRO, MELHORIA, ATENDIMENTO, ACESSO, SURDO, FACILITAÇÃO, INFORMAÇÃO, MEDICO.
- DEFESA, PEDAGOGIA, INCLUSÃO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA, SOCIALIZAÇÃO, AMBITO, ENSINO, APRENDIZAGEM.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
O SR. GEOVANI BORGES (PMDB - AP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna registrar uma palavra de reconhecimento e louvor a um grupo de brasileiros que luta com bravura para definir o seu espaço de atuação e ver respeitado seu direito ao desenvolvimento, à participação no mercado de trabalho, às ações de cidadania. Estou me referindo aos deficientes auditivos.
Ainda jovem, eu ouvia a consagração da expressão surdo-mudo. Hoje já se sabe que essa é, provavelmente, a mais antiga e incorreta denominação atribuída aos surdos e ainda utilizada em certas áreas e divulgada nos meios de comunicação, principalmente televisão, jornais e rádio.
O fato de uma pessoa ser surda não significa que ela seja muda. A mudez é uma outra deficiência, sem conexão com a surdez. Aliás, são minoria os surdos que também são mudos.
Fato é a total possibilidade de um surdo falar através de exercícios fonoaudiológicos, aos quais chamamos de surdos oralizados. Também é possível um surdo nunca ter falado, sem que seja mudo, mas apenas por falta de exercício.
Por essa razão, o surdo só será também mudo se, e somente se, for constatada clinicamente deficiência na sua oralização, impedindo-o de emitir sons.
O termo surdo-mudo tem sido encarado, pela cultura surda, como um erro social, dado ao fato de que o surdo viveria num silêncio, rotulado pela própria sociedade, por falta de conhecimento do real significado das duas palavras.
Dentro desse contexto, gostaria de aqui mencionar a aprovação, no legislativo local, lá em Macapá, do projeto de lei do nosso querido Deputado Estadual Moisés Souza, que autoriza o governo do Estado à disponibilização de intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) em hospitais e prontos-socorros da rede pública estadual.
De acordo com a justificativa do Deputado Moisés, Senador Papaléo, o projeto quer facilitar e humanizar o atendimento aos portadores de deficiência auditiva quando eles procurarem atendimento médico, bem como facilitar a comunicação médico/paciente para posterior diagnóstico.
Ainda segundo a proposição do parlamentar, essa falta de comunicação é um problema grave, mas de solução relativamente simples. O direito dos deficientes auditivos está previsto na nossa Constituição Federal. Mas, na prática, a realidade é outra. Quando o deficiente procura atendimento, na maioria das vezes encontra dificuldades para se comunicar com quem está prestando esse atendimento. Isso resulta em dificuldade para o diagnóstico. Hoje, existem mais de dez mil deficientes auditivos no Amapá que serão beneficiados pela lei. O que significa inclusão e acessibilidade, e isso merece aplausos e reconhecimento.
A bem da verdade, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tudo o que for feito para melhorar a qualidade do atendimento na saúde pública precisa ser louvado e reconhecido; daí minhas referências elogiosas.
Existe uma incoerência não justificada dentro dessa realidade. Trabalha-se muito o sinal de Libras na educação e nos meios de comunicação. No entanto, a Libras não se aplica em outras áreas, como na saúde pública. Para suprir essa lacuna, vem a calhar a proposição do Deputado Estadual do meu Estado Moisés Souza, objeto do nosso registro hoje.
Os deficientes auditivos dependem de estratégias linguísticas que realmente satisfaçam sua demanda comunicativa, educacional e interativa. A barreira de comunicação que existe pode ser transposta ao locar-se o aluno surdo em um espaço educacional onde professores e colegas ouvintes possam aprender e usar novas formas de interação. Daí a defesa de uma escola onde existam salas de surdos e salas de ouvintes e que, em momentos diferenciados e planejados, alunos possam interagir, reservando momentos educacionais distintos para as práticas pedagógicas específicas de cada grupo. Esse é apenas um dos preços pagos pela inclusão escolar dos portadores de deficiência!
Cabe a nós, pais, familiares, profissionais, amigos dos portadores de deficiência e, evidentemente, aos próprios portadores de deficiência adultos, cobrá-la dos responsáveis por sua implantação, apresentando, sempre que possível, nossa experiência real, a experiência daqueles que vivenciam a situação.
Era o que tinha a dizer, Srª Presidenta.
Agradeço pela generosidade com relação ao tempo, mas procurei cumprir o Regimento.
Muito obrigado.
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