Discurso durante a 22ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato sobre desempenho de S.Exa., em missão oficial à China, entre os dias 10 e 22 de janeiro, para tratar de cooperação bilateral no setor de transportes, mais especificamente no setor ferroviário.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Relato sobre desempenho de S.Exa., em missão oficial à China, entre os dias 10 e 22 de janeiro, para tratar de cooperação bilateral no setor de transportes, mais especificamente no setor ferroviário.
Publicação
Publicação no DSF de 05/03/2010 - Página 5642
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • DESCRIÇÃO, VIAGEM, ORADOR, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, DISCUSSÃO, COOPERAÇÃO, TRANSPORTE FERROVIARIO, PARTICIPAÇÃO, MISSÃO OFICIAL, DIVERSIDADE, DEPUTADO FEDERAL, DIRETOR GERAL, AGENCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES (ANTT), SECRETARIO, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), SUPERINTENDENTE, BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), VISITA, EMPRESA ESTATAL, CONHECIMENTO, TECNOLOGIA, SUPLANTAÇÃO, OBSTACULO, RECURSOS NATURAIS, REGISTRO, REUNIÃO, PREFEITO, CIDADE, METRO, ELOGIO, QUALIDADE, EFICIENCIA, ENGENHEIRO, EMPENHO, GOVERNO ESTRANGEIRO, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO, FERROVIA.
  • ANALISE, SITUAÇÃO, TRANSPORTE, BRASIL, PRECARIEDADE, SISTEMA VIARIO, IMPORTANCIA, INVESTIMENTO, FERROVIA, SUPERIORIDADE, RENDIMENTO, REDUÇÃO, CUSTO, MANUTENÇÃO, CAPACIDADE, AUMENTO, QUANTIDADE, TRANSPORTE DE CARGA, REGISTRO, CONTRIBUIÇÃO, ORADOR, QUALIDADE, RELATOR, MEDIDA PROVISORIA (MPV), MELHORIA, AMPLIAÇÃO, REDE FERROVIARIA.
  • DEFESA, CRIAÇÃO, FERROVIA, LIGAÇÃO, TERRITORIO NACIONAL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ESTADO DE GOIAS (GO), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ESTADO DE RONDONIA (RO), ESTADO DO ACRE (AC), REGISTRO, APROVAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AMPLIAÇÃO, PROJETO, ACESSO FERROVIARIO, OCEANO ATLANTICO, OCEANO PACIFICO, IMPORTANCIA, PROMOÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO, INTEGRAÇÃO, AMERICA DO SUL, COMENTARIO, INTERESSE, INVESTIMENTO, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, OFERECIMENTO, SERVIÇO, REFERENCIA, CONSTRUÇÃO, METRO, SUPERIORIDADE, VELOCIDADE, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Pela Liderança da Maioria. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Mão Santa, quero parabenizar o belo pronunciamento do Senador Cristovam Buarque, esse mestre em educação, de brilhantes ideias para a educação brasileira, e cumprimentar as Srªs e os Srs. Senadores.

            Sr. Presidente, entre os dias 10 e 22 de janeiro, integrei missão oficial brasileira que esteve na China para tratar de cooperação bilateral no setor de transportes, mais especificamente no setor ferroviário. Ao lado dos Deputados Jaime Martins, Mauro Lopes, Leonardo Quintão, Vanderlei Macris, Wellington Fagundes e Marinha Raupp; do diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo; Dr. Marcelo Perrupato, Secretário do Ministério dos Transportes, representando o Ministro Alfredo Nascimento; do superintende da Área de Estruturação de Projetos do BNDES, Henrique Amarante da Costa Pinto, pudemos empreender uma série de importantes visitas técnicas naquele país.

            Na ocasião, cumprimos extensa agenda visando conhecer o sistema ferroviário chinês. Vale a pena frisar que os chineses detêm valioso know-how na construção de grandes ferrovias. Além disso, sua engenharia desenvolveu soluções para uma topografia bastante diversificada, marcada por irregularidades e afetada por grandes diferenças de clima, solo e altitude. Visitamos, entre outros compromissos, o Centro de Comando do Ministério de Ferrovias, a Estação Ferroviária de Pequim, o sistema de transporte metroviário, fábricas de locomotivas, o sistema de integração modal e o trem de alta velocidade entre Pequim e Tianjin.

            De Tianjin, nós fomos a Guangzhou e, de Guangzhou, a Xangai. Iríamos voltar de trem para Pequim, mas levaríamos dez horas, porque a ferrovia de alta velocidade de Xangai para Pequim ainda não está pronta. Vai ficar pronta no ano que vem: serão mais 1.300 quilômetros de trem-bala. Esse trem vai andar a mais de quatrocentos quilômetros por hora, Sr. Presidente.

            Visitamos empresas estatais chinesas. Tivemos reunião com o Ministro das Ferrovias - lá existe um Ministério que só cuida de ferrovias. Uma dessas empresas estatais que só constrói ferrovias tem duzentos mil funcionários e três mil engenheiros. Eu fui informado de que, na sede do Dnit - órgão que cuida do transporte nacional - aqui em Brasília, só há noventa engenheiros. Uma única empresa da China tem duzentos mil funcionários e três mil engenheiros. E não é a única: há outra um pouco menor, mas com números também bastante exagerados. Tivemos, ainda, reunião com o prefeito de Pequim para discutir o sistema de metrô na capital da China, em Pequim.

            Mas, Srªs e Srs. Senadores, tal como o saudoso Senador Alberto Silva, nosso ex-colega nesta Casa que faleceu há pouco tempo, com quase 90 anos, sou um entusiasta das ferrovias. Sabemos todos que não há país desenvolvido no mundo que não possua sistema ferroviário extenso e eficiente. Por meio dos trilhos é possível deslocar enormes cargas a um custo relativamente baixo.

            Quanto a um item basilar, como o consumo de combustível, as estradas de ferro têm o triplo da eficiência energética do transporte rodoviário.

            Convém, ainda, lembrar que a tecnologia empregada na construção de locomotivas tem-se aprimorado ao longo dos anos. Há cálculos que estimam, por exemplo, a melhoria de sua eficiência energética. Desde 1980, houve 72% de incremento. A capacidade média dos vagões de carga também subiu, em quase 20% nas últimas duas décadas.

            O aumento da velocidade: hoje um trem de alta velocidade pode andar a mais de quatrocentos quilômetros por hora. Os trens de carga na China estão sendo reformados, as ferrovias estão sendo modernizadas, os trens de carga já andam a duzentos quilômetros por hora. As nossas locomotivas, os nossos trens, andam a quarenta quilômetros por hora, no máximo a sessenta quilômetros por hora. Tínhamos aproximadamente trinta mil quilômetros de ferrovias, mas hoje só temos dez mil quilômetros em operação, em funcionamento. Enquanto isso, a China está estendendo ferrovias pelo país inteiro. Barack Obama esteve recentemente na China e, vendo aquela revolução na área do transporte ferroviário, disse que a China está fazendo uma revolução no transporte ferroviário que o mundo ainda não conhece, Senador Paulo Duque. A China está no topo do mundo hoje na área do transporte ferroviário.

            Infelizmente, no entanto, no Brasil há uma hipertrofia do sistema rodoviário, com repercussões negativas para o desenvolvimento de outros modais. A falta de investimentos perdurou por muitos anos, conduzindo nossa malha ferroviária à obsolescência. Repito: isso aconteceu por absoluta falta de investimentos nessa área.

            Esse é um problema que tem me preocupado sobremaneira. Fui relator-revisor da Medida Provisória nº 427, de 2008, que versava sobre o sistema ferroviário nacional, e pude contribuir para a melhoria e ampliação do seu escopo.

            Sr. Presidente, além do aprofundamento das discussões sobre o sistema de alta velocidade, outros assuntos de interesse brasileiro foram tratados pela comitiva, como a construção da Ferrovia Tanscontinental, que sai lá do norte fluminense, da Baixada Fluminense, passa por Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e entra em Rondônia.

            Sr. Presidente, a Ferrovia Transcontinental é uma obra de elevada importância econômica e estratégica que irá singrar praticamente todo o território pátrio, ligando os portos brasileiros aos peruanos, o oceano Atlântico ao oceano Pacífico, gerando enorme economia em fretes internacionais. Saindo do norte fluminense, os trilhos cortarão os Estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre.

            Quando chegou aqui, essa medida provisória só tratava dessa ferrovia até Vilhena, na entrada do meu Estado, Rondônia. Eu ampliei esse projeto, e o Presidente Lula o sancionou da forma como o relatamos: passando por Vilhena, por todas as cidades ao longo da BR-364, em Rondônia, chegando a Porto Velho, indo a Rio Branco, Cruzeiro do Sul e interligando as ferrovias peruanas para fazer essa ligação do oceano Atlântico ao oceano Pacífico.

            Senhoras e Senhores, os resultados obtidos pela missão foram mais do que positivos. Os chineses demonstraram grande interesse no projeto - e não é para menos: somos um grande produtor de commodities agrícolas e minério de ferro, e a China é hoje o grande importador mundial desses produtos brasileiros; aliás, é o número um do mundo em importação de soja e minério de ferro. Em complemento, o país asiático dispõe de capitais e de recursos tecnológicos mais do que suficientes para levar a cabo o projeto em associação com os brasileiros. As autoridades chinesas chegaram, inclusive, a propor o desafio de fazer essas obras em um prazo recorde de apenas dois anos. Eles estão tratando também, neste momento - deve haver uns trinta engenheiros técnicos chineses no Brasil -, do projeto do trem-bala, do trem de alta velocidade do Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas. Essa ferrovia, deveria ficar pronta até a Copa do Mundo, em 2014, mas nós já sabemos que será praticamente impossível isso acontecer, a não ser que os chineses peguem, com a vontade que eles estão, e construam isso em apenas dois anos. Acho, porém, pouco provável que isso aconteça. Mas em 2016, com certeza absoluta, a ferrovia de alta velocidade do Rio de Janeiro, São Paulo, e Campinas deverá estar pronta.

            Havendo interesse e boa vontade de ambas as partes, creio existirem possibilidades reais de acordo em um curto prazo. Essa é, também, a opinião do Diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres, Bernardo Figueiredo: “O projeto dessa ferrovia já está sendo executado e vejo com muito entusiasmo a concretização desse negócio entre Brasil e China ainda este ano”.

            Claro que empresas de outros países estão interessadas em construir ferrovias no Brasil, como a Alemanha, o Japão e outros, mas, neste momento, é preciso levar em consideração que a China desenvolveu tecnologias avançadas e que constrói rapidamente essas ferrovias.

            Srªs e Srs. Senadores, a Ferrovia Transcontinental é uma obra capaz de aprimorar a logística de transporte no País, desafogando o tráfego de caminhões em muitas estradas brasileiras, unindo diversos Estados da Federação, aproximando-nos das grandes rotas marítimas internacionais e favorecendo, ainda, a integração sul-americana. Pela relevância do tema, Sr. Presidente, peço que todos acompanhemos com redobrada atenção o andamento das negociações, das parcerias para a construção dessas ferrovias no Brasil.

            Era o que tinha a relatar a V.Exª, às senhoras e aos senhores. Agradeço pela atenção.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/03/2010 - Página 5642