Discurso durante a 24ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do lançamento da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2010, cujo tema será Economia e Vida.

Autor
Marco Maciel (DEM - Democratas/PE)
Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
RELIGIÃO. POLITICA SOCIO ECONOMICA.:
  • Comemoração do lançamento da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2010, cujo tema será Economia e Vida.
Publicação
Publicação no DSF de 09/03/2010 - Página 6058
Assunto
Outros > RELIGIÃO. POLITICA SOCIO ECONOMICA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, PRESENÇA, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, LANÇAMENTO, CAMPANHA DA FRATERNIDADE, PARCERIA, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), CONSELHO, IGREJA, CRISTÃO, OPORTUNIDADE, ESCOLHA, DEBATE, RELEVANCIA, SOCIEDADE, ESPECIFICAÇÃO, ECONOMIA, SERVIÇO, VIDA, LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, ARCEBISPO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DEFESA, ETICA, ATIVIDADE ECONOMICA, COMBATE, EXCLUSÃO, ATENÇÃO, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, COMENTARIO, ENCICLICA, PAPA.
  • IMPORTANCIA, CAMPANHA DA FRATERNIDADE, SUBSIDIOS, DEBATE, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Exmo. Sr. Senador Marconi Perillo, 1º Vice-Presidente da Mesa do Senado Federal e autor do requerimento que convocou a presente sessão em comemoração ao lançamento da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2010, cujo tema será Economia e Vida; Exmº Revmo Dom Maurício José Araújo de Andrade, Bispo Primaz da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e Diocesano da Diocese Anglicana de Brasília; Srª Maria de Lourdes Abreu, Procuradora da Justiça do Ministério Público da União e do Distrito Federal; Revmo . Pastor Sinodal Carlos Augusto Möller, Presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil; Revmo Padre Nelito Dornelas, membro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Revmo . Luiz Alberto Barbosa, Secretário Executivo do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil - Conic; Srª Mariane Kirst, Coordenadora da Ação Ecumênica de Mulheres,.

            Sr. Presidente, Senador Marconi Perillo, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de iniciar, lembrando que a Igreja Católica Apostólica Romana vem, ao longo desses últimos 40 anos, realizando, no período quaresmal, essas Campanhas da Fraternidade. A maioria delas feitas especificamente sob a coordenação da CNBB; outras, como as ocorridas em 2000 e 2005, de caráter ecumênico, associando, assim, muitas outras confissões religiosas. Não podemos deixar de mencionar aqui, por oportuno, como já o fez o Senador Marconi Perillo, a Igreja Católica e Apostólica, pois fundamentada em Jesus Cristo, sobre o alicerce dos Apóstolos, e, consequentemente, integrando o Conic. Além disso, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), com sede em Porto Alegre, que tem seu fundamento em Jesus Cristo e na fé apostólica; a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB); a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU); e, por fim, a Igreja Síria Ortodoxa de Antioquia (ISOA), uma das Igrejas Orientais que tem suas raízes, como nós sabemos, na comunidade de Antioquia, fundada sobre o alicerce dos Apóstolos. “Foi em Antioquia, a lembrança da CNBB, que pela primeira vez os discípulos foram designados com o nome de cristãos” (Atos dos Apóstolos 11,26).

            Julgo ser importante lembrar que durante as campanhas que a CNBB promove nesse período da Quaresma, que é um período de modificação, mas também um período de grande apelo para a conversão, a Igreja Católica tem se esmerado em tratar de assuntos considerados relevantes para a vida social de nosso País.

            Enfim, é um exercício de reflexão crítica para que possamos dar um encaminhamento correto às grandes aspirações do nosso povo.

            Dom Odilo Scherer, Cardeal Arcebispo de São Paulo, recordou, em um dos seus artigos, que o lema da Campanha deste ano, “Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24), “tem inegável pertinência e atualidade”, sendo a atividade econômica um dos âmbitos fundamentais “para a promoção e o exercício da fraternidade”.

            O Arcebispo considera que a recente crise financeira - como a isto também aludiu o Senador Marconi Perillo - de caráter mundial demonstrou mais uma vez que a economia sem critérios éticos, ou com critérios equivocados, não tem bases sólidas e suas consequências são a pobreza e o sofrimento de muitas pessoas, grupos e nações.

A atividade econômica, que tem como objetivo supremo, em vez do suprimento das necessidades básicas do ser humano, o lucro a qualquer preço e o acúmulo sempre maior de bens, gera multidões de famintos, deixados à margem do grande giro econômico, e, portanto, excluídos do bem comum.

            Além disso, prossegue o Arcebispo, a lógica econômica que “privilegia a produção e o consumo de supérfluos também se torna uma grave ameaça à sustentabilidade da vida do planeta Terra”. E, de fato, os últimos acontecimentos que temos presenciado, tsunamis, terremotos, maremotos, etc., são fatos que não podem deixar de merecer uma reflexão de nossa parte e buscar, quem sabe, um desenvolvimento caracterizado pela sustentabilidade. Pena que a reunião de Estocolmo não tenha avançado nesse campo tão importante e tão agudo para a vida da nossa civilização.

            O Arcebispo de São Paulo recorda ainda que o Papa Bento XVI, na encíclica Caritas in veritate, assinala que o progresso dos povos só será autêntico se tiver em conta o bem de todas as pessoas e da pessoa toda, enfim, de todo o homem e do homem todo.

            “O amor servil ao dinheiro” - diz Dom Odilo - chama-se “avareza e pode transformar-se em verdadeira idolatria, levando o homem a sacrificar tudo, mesmo os valores éticos, a saúde e a própria dignidade, para acumular bens”.

            Neste ano, já se referiu o Senador Marconi Perillo, Vice-Presidente do Senado Federal, a Campanha da Fraternidade nos convida a aprofundar, durante a Quaresma, o tema “Economia e Vida”, e o lema “Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.

            A situação social e econômica do nosso tempo nos desafia, cristãos e não cristãos, a nos colocar seriamente diante do problema: se as atividades econômicas pessoais da sociedade como um todo e as do Estado estão, de fato, a serviço da fraternidade e da vida ou estão sendo campo de profundas injustiças, de dor e de morte?

            De fato, muitas vezes, essas atividades tornam difícil e até sufocam a vida de tantas pessoas, amplas camadas sociais e de povos inteiros, que continuam na pobreza, à margem do desenvolvimento verdadeiro e privados dos bens necessários à vida digna. Aliás, sobre esse assunto, é bom lembrar que encíclica do Papa Bento XVI feriu com muita profundidade essa questão.

            Sr. Presidente, antes de encerrar minhas palavras para que possamos ouvir outros oradores, desejo expressar, mais do que a convicção, a certeza de que a Campanha da Fraternidade deste ano vem fertilizar o debate em torno de políticas de desenvolvimento nacional.

            Enfim, o verdadeiro desenvolvimento é aquele que está atento à sociedade como um todo, capaz de atender às suas demandas não somente no campo econômico, mas também no campo social, político e cultural, para que tenhamos uma Nação atenta ao que o homem precisa: pão, justiça e liberdade.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/03/2010 - Página 6058