O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu uso este espaço, neste momento, sem prejuízo da minha fala como orador inscrito, para defender e encaminhar à Mesa um voto de ‘pesar.

            Sr. Presidente Senador Papaléo Paes, Senador Marco Maciel, o Rio Grande do Sul está de luto. Um dos maiores ícones da cultura, da tradição e do regionalismo gaúcho faleceu aos 71 anos de idade, na madrugada deste domingo, vítima de problemas renais.

            O cantor Jader Moreci Teixeira, mais conhecido, eu diria, como nosso amigo Leonardo, estava internado desde o dia 1º de março no Hospital de Viamão. Seu sepultamento ocorreu ontem, no final da tarde.

            Nascido em Bagé, na região da Campanha, próximo à fronteira com o Uruguai, Leonardo começou a trabalhar muito cedo. Sua trajetória artística começou no circo, mas já aos 20 anos, morando em Porto Alegre, fez dupla sertaneja com seu grande amigo. Nos anos 60, voltou-se para o regionalismo, o regionalismo gaúcho, e integrou o grupo Os Três Xirus. A partir de 74, iniciou uma das carreiras solo de maior sucesso do Sul do País.

            Em 1982, acompanhado do grupo Os Serranos, Leonardo ganhou a Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, com a canção Tertúlia, que diz:

É o batismo dos sem nome,

rodeio dos desgarrados

Grito de alerta do pampa,

tribuna de injustiçados

Tertúlia é o canto sonoro,

sem fronteira ou aramado

Onde o violão e o poeta

podem chorar abraçados

            Mas o grande êxito de Leonardo foi, sem dúvida, uma canção escrita em 1978. Ela se tornou uma das mais populares ouvidas e virou símbolo do Rio Grande do Sul. E foi aqui em Brasília, em um churrasco organizado pela Bancada gaúcha em homenagem ao Presidente Lula, que Leonardo fez uma das melhores interpretações desta bela canção que é quase um hino para todos nós. Ela se chama Céu, Sol, Sul, Terra e Cor.

            Diz a letra desta bela canção:

Eu quero andar nas coxilhas

Sentindo as flexilhas das ervas do chão,

Ter os pés roseteados de campo,

Ficar mais trigueiro com o sol de verão.

            Dizia Leonardo:

Fazer versos cantando as belezas

Desta natureza sem par.

E mostrar para quem quiser ver

Um lugar pra viver sem chorar

É o meu Rio Grande do Sul

Céu, sol, sul, terra e cor!

Onde tudo o que se planta cresce

E o que mais floresce é o amor.

Eu quero me banhar nas fontes

E olhar horizontes com Deus,

E sentir que as cantigas nativas

Continuam vivas para os filhos meus.

Ver os campos florindo e

Crianças sorrindo felizes a cantar!

E mostrar para quem quiser ver

Um lugar pra viver sem chorar.

Termina Leonardo, dizendo:

É o meu Rio Grande do Sul

Céu, sol, sul, terra e cor!

Onde tudo o que se planta cresce

E o que mais floresce é o amor.

            Sr. Presidente, tive muitas oportunidades de conversar com Leonardo e de assistir a seus shows, mesmo naquela época em que era permitido ainda um show nos palanques políticos.

            Ele era uma pessoa generosa, amável, solidária e de um forte espírito de justiça, de igualdade e de liberdade. Quem conhecia o Leonardo sabia que ele se indignava contra toda injustiça praticada, seja contra a criança, o jovem, o idoso, a mulher, a natureza, os animais. Enfim, ele era um verdadeiro lutador social e também em defesa do meio ambiente.

            Leonardo foi casado duas vezes, deixou um filho e dois netos. Aos seus familiares enviamos os nossos sentimentos de inestimável perda.

            Sr. Presidente, estou encaminhando à Mesa voto de pesar pelo falecimento do cantor regionalista, nosso amigo, o gaúcho Leonardo.

            Eu sei que, desde domingo, ele está lá nas pradarias do céu, cantando, escrevendo e falando das belas coisas do povo gaúcho e do povo brasileiro.

            Deus esteja contigo, Leonardo.

            Obrigado, Presidente.

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