Discurso durante a 25ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso, hoje, do Dia Internacional da Mulher, destacando a luta e o papel das mulheres na história.

Autor
Papaléo Paes (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AP)
Nome completo: João Bosco Papaléo Paes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. FEMINISMO.:
  • Homenagem pelo transcurso, hoje, do Dia Internacional da Mulher, destacando a luta e o papel das mulheres na história.
Publicação
Publicação no DSF de 09/03/2010 - Página 6162
Assunto
Outros > HOMENAGEM. FEMINISMO.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, CANTOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, SAUDAÇÃO, MULHER, TOTAL, POPULAÇÃO, BRASIL, ESTADO DO AMAPA (AP), ELOGIO, LUTA, IGUALDADE, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO SEXUAL, IMPORTANCIA, AMPLIAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, VIDA PUBLICA, CONTRIBUIÇÃO, FEMINISMO, HISTORIA, AREA, MEDICINA, ENFERMAGEM, POLITICA.
  • HOMENAGEM, RUTH CARDOSO, SOCIOLOGO, CONJUGE, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, TRANSFORMAÇÃO, POLITICA SOCIAL, BRASIL, ZILDA ARNS, MEDICO, ATUAÇÃO, ENTIDADE, IGREJA CATOLICA, PROTEÇÃO, CRIANÇA, REDUÇÃO, MORTALIDADE INFANTIL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Cícero Lucena, Srs. Senadores, antes de iniciar a minha fala, quero também solidarizar-me com o Senador Paulo Paim pela perda de um grande amigo, o cantor e compositor Leonardo, do Rio Grande Sul. Ainda há pouco, o Senador Paim me falava sobre a amizade dos dois e sobre a gratidão que tinha por esse artista gaúcho.

            Quero solidarizar-me com V. Exª e estender à família, juntamente com V. Exª, o voto de pesar.

            Sr. Presidente, vemos, agora, três jovens mulheres aqui no plenário.

            Quero, por meio de vocês, homenagear ou mandar uma mensagem pelo Dia Internacional da Mulher a todas as mulheres brasileiras.

            Hoje é o Dia Internacional da Mulher. Amanhã teremos uma solenidade de homenagem à mulher, ou às mulheres, aqui no nosso plenário. Como, com certeza, o Senador Paim falará sobre o mesmo tema, nós escolhemos fazê-lo no dia de hoje, exatamente por termos mais tempo para falar mais um pouquinho sobre a mulher e para realmente podermos homenageá-la no próprio dia dessa comemoração.

            Mas, Sr. Presidente, Srs. Senadores, a luta das mulheres por igualdade social e econômica é uma luta histórica, permanente, que vem desde tempos remotos, em que o predomínio masculino se baseava na utilização da força física.

            Infelizmente, em pleno século XXI, ainda persistem resquícios, tradições e heranças negativas dessas situações que colocam a mulher em condição de inferioridade ao longo da história. Perduram até os dias atuais as mais diversas formas de discriminação, aberta ou disfarçada, em muitos campos da atividade humana.

            Certamente não podemos aceitar nem admitir essas práticas desumanas nem essas violações de direitos e garantias assegurados pela Constituição, como os princípios da igualdade, da liberdade e da dignidade da pessoa humana mulher.

            O Dia Internacional da Mulher nos oferece uma oportunidade de refletirmos sobre o papel da mulher na história, no trabalho, na vida política e também sobre os direitos humanos e sobre todos os tipos de discriminação existentes contra a dignidade das mulheres.

            Existem algumas divergências no que se refere às origens históricas do Dia Internacional da Mulher, 8 de março, designado pela Organização das Nações Unidas para comemoração do Dia Internacional da Mulher, que já foi comemorado, Senador Paim, em outras datas. Mas isso é menos importante do que o dia representa. O essencial é não perdermos de vista os objetivos maiores de igualdade política e econômica das mulheres, consagrados na Declaração Universal dos Direitos do Homem, que se aplica, igualmente, a homens e mulheres.

            Promover a igualdade de gênero no trabalho, na educação, nas relações econômicas e sociais, na política e no ambiente doméstico é uma obrigação e um dever de todos nós, independentemente da situação pessoal de cada um. Queremos uma verdadeira igualdade de direitos entre homens e mulheres, de todas as raças, de todos os credos, de todas as condições e origens e a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres, principalmente pelas mulheres mais pobres e excluídas.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, podemos dizer que devemos tudo, ou quase tudo, às mulheres, começando com aquela mulher que nos deu a vida: a nossa mãe, assim como nossas primeiras professoras, geralmente mulheres.

            Faço aqui uma homenagem às muitas mulheres brasileiras que se destacaram pelo trabalho, pela abnegação, pelo amor e pela dedicação incansável nos mais diversos campos de atividade humana.

            Sr. Presidente, antes de político, sou médico. No campo da medicina, temos inúmeros exemplos de mulheres, médicas e enfermeiras, que realizam, dia e noite, seu trabalho com carinho, dedicação, afeto, abnegação e amor aos pacientes, salvando muitas e muitas vidas humanas.

            O sorriso e a bondade dessas mulheres contribuem para a saúde do corpo e da alma e faz com que muitos pacientes perseverem na luta e na vontade de viver, mesmo quando tudo parece perdido.

            Meus cumprimentos especiais a todas as mulheres dedicadas à medicina e à enfermagem e a todas as profissões que contribuem diretamente para a promoção da saúde humana. Sem elas, o mundo seria mais pobre, mais triste, um verdadeiro “vale de lágrimas”. Com elas, com essas mulheres destemidas, corajosas, que nos lembram Verônica, aquela mulher sem medo que enxugou as lágrimas de Jesus flagelado com sua toalhinha humilde, com elas o mundo nos dá mais esperança de um futuro e nos faz acreditar em dias melhores.

            A galeria de mulheres brasileiras que ajudaram a construir nossa história é imensa e ultrapassaria os limites deste meu modesto pronunciamento. Citaria apenas algumas grandes e corajosas mulheres, mesmo correndo o risco de não mencionar muitas outras, igualmente merecedores de homenagem especial.

            Francisca de Sande, a primeira enfermeira do Brasil, cuidou dos doentes de febre amarela, na Bahia, entre os anos 1670 e 1702.

            Maria Augusta Generosa Estrella foi a primeira doutora brasileira em Medicina: saiu do Brasil, em 1874, com apenas 14 anos de idade, para estudar Medicina nos Estados Unidos, formando-se em 1881.

            Joana de Gusmão levou vida de profeta e mensageira da fé na antiga Província de Santa Catarina.

            Bárbara Heliodora é a primeira mulher em nossa história a participar de uma insurreição republicana.

            Ana Néri, viúva do Capitão de Fragata Isidoro Antônio Néri, aos 50 anos de idade, participou da guerra do Paraguai como enfermeira.

            Anita Garibaldi, heroína brasileira nascida em Santa Catarina em 1821 e falecida em Ravena, na Itália, em 04 de agosto de 1849, foi companheira de Giuseppe Garibaldi, “herói de dois mundos” e construtora da unificação italiana.

            Anésia Pinheiro Machado, aos 18 anos, realizou sozinha o primeiro vôo entre Rio e São Paulo num pequeno avião.

            Chiquinha Gonzaga, pianista e compositora, foi a primeira maestrina do Brasil.

            Nise da Silveira revolucionou a psiquiatria, humanizando o tratamento de doentes mentais no Brasil.

            Bertha Lutz foi líder do movimento pelo voto feminino no Brasil.

            Maria Quitéria de Jesus foi a primeira mulher a ingressar numa unidade militar: disfarçada de homem, lutou contra os portugueses pelo reconhecimento da Independência do Brasil.

            Gostaria de destacar também duas mulheres excepcionais que plantaram sementes importantes na área social para a construção do Brasil do futuro. Refiro-me, Senador Cícero Lucena, a Ruth Cardoso e Zilda Arns.

            Durante os dois mandatos do Presidente Fernando Henrique Cardoso, a ex-Primeira Dama Ruth Cardoso não interferia no governo, mas influenciava as políticas públicas. Não aceitou ser a repetidora de políticas assistencialistas e mudou o rumo das políticas sociais. Conservava sua independência de pensamento e não provocava polêmicas. Deixou o legado de programas sociais extremamente importantes como o Comunidade Solidária e o Alfabetização Solidária.

            Já a Drª Zilda Arns, certamente um dos pilares da Pastoral da Criança, foi responsável pela redução da mortalidade infantil no Brasil sempre atuando, de forma missionária, nos bolsões de pobreza de nosso País.

            Finalmente, gostaria de homenagear as muitas mulheres anônimas, essas muitas mulheres pobres e desconhecidas que realizam tantos trabalhos considerados de pouca importância por uma sociedade preocupada muito com luxo, riqueza e vaidade. Essas mulheres, cujos nomes sequer são lembrados, realizam as tarefas invisíveis, mas imprescindíveis para que o mundo vá girando e caminhando para frente.

            A todas elas, e de forma muito especial às mulheres do Estado do Amapá, as minhas homenagens e os agradecimentos por todo o bem que realizam e continuarão a realizar.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Papaléo Paes, permita-me cumprimentar V. Exª. Entendo que V. Exª foi muito feliz. Eu falarei na mesma linha. V. Exª, como primeiro orador inscrito, abriu os trabalhos, a fala dos oradores inscritos, falando sobre a história, a vida e o dia a dia das mulheres do nosso País e do mundo. Hoje é dia 8 de março, mas, como V. Exª disse e falávamos ali embaixo, todo dia é Dia da Mulher. Eu quero me somar a V. Exª. Eu falarei, em seguida, sobre o mesmo tema.

            Quero dizer a V. Exª também que, enquanto V. Exª falava, tive a satisfação de falar ao telefone com o filho do Leonardo, aquele de quem encaminhei voto de pesar, que é o Jader Moreci Teixeira. Ele ouviu tanto o pronunciamento deste Senador como a solidariedade de V. Exª e do Senador Marco Maciel. Ele mandou um abraço a todos. Ele perdeu o Leonardo, que era um líder do povo gaúcho, mas, com certeza, a sua família e todos aqueles que trilham pelo mesmo caminho levarão as bandeiras da liberdade, da igualdade, da justiça, da cultura, da voz do Leonardo, porque ela vai continuar pelos campos do Rio Grande, homenageando os homens e - por que não dizer no dia de hoje? - as mulheres.

            Parabéns a V. Exª.

            O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP) - Muito obrigado, Excelência.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/03/2010 - Página 6162