Discurso durante a 26ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários acerca da matéria de capa da revista Veja desta semana, sobre o escândalo envolvendo a cooperativa Bancoop e o caixa de campanha do Partido dos Trabalhadores, e ainda o uso criminoso das ONGs.

Autor
Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG).:
  • Comentários acerca da matéria de capa da revista Veja desta semana, sobre o escândalo envolvendo a cooperativa Bancoop e o caixa de campanha do Partido dos Trabalhadores, e ainda o uso criminoso das ONGs.
Publicação
Publicação no DSF de 10/03/2010 - Página 6307
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG).
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, IRREGULARIDADE, UTILIZAÇÃO, RECURSOS, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), COOPERATIVA, BANCARIO, FINANCIAMENTO, CAMPANHA ELEITORAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • QUALIDADE, PRESIDENTE, SOLICITAÇÃO, REUNIÃO, MEMBROS, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), EMPENHO, OBTENÇÃO, QUEBRA, SIGILO BANCARIO, COMPROVAÇÃO, FRAUDE, COOPERATIVA, BANCARIO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PREJUIZO, POPULAÇÃO, DEFESA, APURAÇÃO, DENUNCIA.
  • CRITICA, DESVIO, DESTINAÇÃO, RECURSOS, SETOR PUBLICO, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), ESTADO DO PIAUI (PI), BRASIL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a revista Veja desta semana traz, como matéria de capa, um assunto que, inclusive, já foi tema de discursos ontem aqui nesta tribuna. Refiro-me ao escândalo envolvendo a cooperativa Bancoop e caixa de campanha do Partido dos Trabalhadores.

            Vejam os senhores como é a vida, como é o destino! Em primeiro lugar, acho, Senador Paulo Paim, que todos os Partidos que têm problemas internos devem resolvê-los internamente, tomando providências partidárias no seio das agremiações, punindo, se achar que é o caso, ou fechando os olhos, se lhe for conveniente. O que não é certo, por exemplo, é determinado Partido, ao ver os filiados de seu antagônico envolvidos em crise, querer satanizá-los. Nós vimos recentemente a crise que se abateu sobre o Governo de Brasília, quando setores do Partido de V. Exª massificaram aquele episódio, batizando-o de mensalão do DEM e querendo contaminar todo o Partido por causa de um fato isolado.

            O Partido pelo menos tomou as providências necessárias, e de maneira rápida, o que não ocorre agora nesse episódio da Bancoop, que é um caso velho conhecido de todos nós. Os desvios da Bancoop são costumeiros nas páginas dos jornais brasileiros há pelo menos quatro anos.

            O fato é grave. Quem percorre as ruas de São Paulo - já não falo do Estado, mas da Capital - vê, de maneira bem concreta, a insatisfação de milhares e milhares de pessoas que foram lesadas por aquela cooperativa. Está bem claro que o pior caminho a ser adotado é o de se tentar colocar culpa na imprensa por ela fazer a divulgação de um fato, de um episódio que é de domínio público. O trabalho feito pela promotoria deixa bem clara a manipulação, o desvio desses recursos.

            Senador Osmar Dias, o que me estarrece é que, mais uma vez, vem à tona o uso criminoso das ONGs. Sempre as ONGs! E essas ONGs sempre dirigidas por militantes de partidos que nós conhecemos. E não sei por que, Senador Augusto Botelho, apesar de instalada nesta Casa a CPI das ONGs, a base de sustentação do Governo insiste em não permitir que apurações sejam feitas.

            Esse fato de agora mostra que, se as investigações tivessem tido seu curso normal, se o sigilo bancário tivesse sido quebrado no tempo oportuno, talvez o atual tesoureiro do Partido dos Trabalhadores tivesse tido a sua culpa ou a sua inocência apontada, e o Partido estaria livre desse vexame.

            É triste. É triste a persistência com que se tenta jogar para baixo do tapete esses escândalos que viraram rotina nos últimos anos no País. Ninguém tem nenhuma dúvida do uso partidário, do uso político dos recursos das organizações não-governamentais por parte de setores da vida partidária brasileira, que procuram a maneira mais fácil de irrigar as suas movimentações político-partidárias, e sempre recorrem a essas cooperativas ou a esses organismos não-governamentais.

            Faço um apelo, na qualidade de Presidente da CPI das ONGs, para que essa comissão se reúna, porque não é mais possível que se coloque embaixo do tapete essa sujeira, essa imundície que vem debilitando recursos que são carreados, como no caso da cooperativa dos bancários, para resolver o problema da moradia de muitos que tinham, naqueles empreendimentos, a certeza de alcançarem o velho sonho da casa própria. Daí por que, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, faço um apelo aos membros da CPI das ONGs, não importando a que Partido pertençam, se da Base de apoio ao Governo ou não, para que se movimentem no sentido da quebra do sigilo bancário.

            Esse fato da Bancoop, Senador Paim, não é um fato isolado. No Piauí mesmo, meu Estado, temos ONGs ligadas à área de educação que vêm sendo denunciadas há algum tempo, sem que as apurações necessárias sejam feitas, porque os mecanismos procrastinatórios de quem tem maioria e usa essa maioria como rolo compressor não estão permitindo que as apurações sejam feitas. Quem percorrer o Brasil verá que esse expediente e esse mecanismo é usado no Brasil de norte a sul, do Paraná ao Amapá, do Rio Grande do Sul ao Piauí, do Tocantins a São Paulo.

            Não é possível, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que continue a correr frouxo, que continue, Senador Mozarildo Cavalcanti, a funcionar esse “propinoduto” miserável, esse “propinoduto” criminoso que vem desviando recursos, seja por caixa dois, seja pelo desvio pura e simplesmente nas suas contabilidades, trazendo prejuízo a todos nós, brasileiros.

            Faço, portanto, este apelo. Faço, portanto, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esta convocação no sentido de que esses fatos sejam apurados, doa a quem doer, custe a quem custar, porque o Brasil não consegue mais conviver com esses desmandos que estão sendo praticados todo dia com recursos que deveriam ter uma destinação social para atender aos brasileiros que precisam de casa própria, aos brasileiros que precisam de assistência social e que não têm acesso aos seus benefícios porque os recursos são impiedosamente desviados.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/03/2010 - Página 6307