O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil que nos assiste pelos meios de comunicação desta Casa, a TV Senado e a Rádio Senado, quero fazer um registro importante, o do meu abraço fraterno às mulheres do Brasil, principalmente àquelas de vida mais difícil que criam seus filhos com maior dificuldade. Embora o Dia Internacional seja dedicado a toda mulher, independentemente de ela ter vida fácil ou difícil, volto meu foco para essas mulheres que têm muito mais dificuldade de manter a casa, de trabalhar fora, de criar os filhos.

            Aproveitando, Sr. Presidente, esta oportunidade, cumprimento as mulheres do Brasil. Eu gostaria muito de ter a Dona Dadá, minha mãe. Eu já não a tenho, mas agradeço a Deus pelos anos que minha mãe viveu, pela vida que viveu, pela sua vida digna, pelo legado que deixou para mim e para os meus irmãos. Minha mãe se foi aos 57 anos de idade, era muito jovem. Minha mãe se foi seis meses após minha eleição para Deputado Estadual no Estado do Espírito Santo.

            Abraço também minha esposa, minhas três filhas. Tenho três filhas, três presentes de Deus. Abraçando minhas filhas, abraço as mulheres filhas de todos; abraçando minha esposa, abraço as mulheres esposas de todos.

            Quero cumprimentar, Sr. Presidente, e abraçar as servidoras deste Senado, desde a mais simples, que, hoje, tem carteira assinada numa empresa prestadora de serviço, que passa pano molhado e faz limpeza nos corredores, desde a mais simples servidora desta Casa, aquela que serve café e água, até as diretoras, as taquigrafas, as técnicas.

            De maneira muito especial, quero abraçar minhas assessoras, aquelas que, de forma abnegada, são mães de família e aquelas que ainda não o são, aquelas que trabalham o dia inteiro e que daqui saem para a faculdade, aquelas que chegam a casa à meia noite ou a uma hora da manhã para estarem de volta aqui no dia seguinte. Abraço aquelas que têm filhos, que criam filhos e que, tão abnegadamente, fazem seu serviço. Sou testemunha ocular dessas que servem no meu gabinete.

            Quero abraçar as mulheres, as mulheres do Brasil, as mulheres desta Casa, aquelas que me ouvem, as mulheres do meu Estado, mulheres de trabalho, mulheres guerreiras, principalmente aquelas que se recusaram e que estiveram na luta quando enfrentamos a grande demanda que nos foi imposta pelo crime organizado no Espírito Santo, no movimento Reage, Espírito Santo. Aliás, o Espírito Santo é a terra de V. Exª, Senador Augusto Botelho, sua terra de nascença.

            O SR. PRESIDENTE (Augusto Botelho. Bloco/PT - RR) - Isso muito me honra.

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - O Espírito Santo também tem muito orgulho de V. Exª, filho daquela terra, nesta Casa.

            Cumprimento as mulheres que fazem vida pública hoje no Estado do Espírito Santo. Quero cumprimentar as mulheres da nossa Bancada Federal: a Deputada Federal Iriny Lopes, que hoje é Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados; e a Deputada Federal Sueli Vidigal, esposa do meu amigo Sérgio Vidigal, grande Prefeito. Ele foi o maior Prefeito da história da Serra, de grande capacidade administrativa, um gestor invejável, um homem de coração e de alma, um homem amado. Para que os números comprovem minha verdade, lembro que Sérgio Vidigal, depois de oito anos, saiu do Governo com 92% de aprovação e voltou agora, com mais 92% de aprovação. Acho que é o único Município do Brasil, nas pesquisas, em que ele tem mais influência do que o Presidente Lula. Abraço meu amigo, abraçando sua esposa.

            Aí eu abraço as mulheres da Serra, aquelas que fazem vida pública, as que trabalham no comércio, na indústria, as costureiras, as que vendem cachorro-quente, que fritam salgados, aquelas que são do lar. Quero abraçar todas. Abraço as prefeitas do meu Estado: a Prefeita Raquel, de São Gabriel da Palha; Naciene, lá de Ibiraçu; abraço minha amiga e ex-prefeita de Montanha, Ana, uma pessoa muito querida, trabalhadora; a Prefeita de Dores do Rio Preto. Temos algumas prefeitas fazendo um bom trabalho. A Prefeita Jô, uma pessoa queridíssima, uma cabeleireira que virou Prefeita do Município de Sooretama, uma pessoa querida, honrada, uma mulher de Deus. Quero abraçar essas mulheres nesse dia tão importante.

            As mulheres têm uma importância acima de nós e é só por um detalhe - V. Exª, que é médico: mulher tem útero. O útero da mulher faz com ela seja mais corajosa do que o homem, mais justa do que o homem. Aliás, não conheço uma mulher delegada que seja frouxa. Não conheço. Não conheço uma mulher juíza que seja frouxa. Todas têm mão pesada, mão dura, enfrentam, são corajosas. É verdade que toda regra tem exceção, porque aquela delegada de Catanduva, no caso das crianças abusadas, avisou ao cara que iria fazer busca e apreensão na casa dele. Essa não conta. Mas abraço a Delegada Fabiana Maioral, do meu Estado, a Delegada Ancila Zanol, lá de Cachoeiro de Itapemirim. São mulheres determinadas. As juízas. V. Exªs precisam ver as promotoras. Há uma safra! Tenho aqui comigo a Drª Ana, Promotora do Rio de Janeiro, a Drª Catarina, a Drª Karla. São do Ministério Público, assessoram a CPI da Pedofilia. São mulheres determinadas, corajosas. Nessas oitivas violentas para as quais tenho viajado pelo Brasil, elas têm me acompanhado. Inclusive, no Estado de V. Exª, elas estavam lá comigo. Quando nós fomos lá ouvir aquele procurador de araque, abusador de criança, mandrake, bandido, pústula, canalha, abusador de criança, elas estavam lá. Então, eu quero abraçar essas promotoras, abraçando as promotoras, juízas, delegadas.

            Aliás, em pontos nevrálgicos da sociedade devia ter era uma mulher. Acho que todo juiz tinha que ser era mulher. Todo delegado tinha que ser era mulher. Você fala em caso de corrupção, de cada mil homens envolvidos, tem uma mulher no meio. Verdade! Verdade!

            Então, eu quero abraçar as mulheres. As mulheres que são mães adotivas - bacana, não é? -, aquelas que tiveram a coragem de adotar não para fazer bem a uma criança, mas fizeram bem a si mesmas. Aquelas que são da frente da adoção. Eu sou pai adotivo. Aliás, o senhor, que é médico, a adoção é a única chance que o homem tem de dar à luz. E as pessoas que adotaram, Senador Augusto Botelho, são aquelas que descobriram que o coração tem útero. Eu quero abraçar aquelas mulheres que o útero está no coração, que adotaram. E aí a figura mais simbólica para mim é Rosinha Matheus, a Prefeita de Campos, ex-Governadora do Rio: nove filhos adotivos, nove!

            Abraço as mulheres que vivem com a sua vida entregue à vida dos outros, porque este é o bem maior: quando você se entrega de uma forma abnegada, sacerdotal às pessoas. Aí nós acabamos de perder aquela que simboliza isso tudo, que é a nossa querida Zilda Arns, tia do nosso querido Senador Flávio Arns, que se aproxima de V. Exª, que simboliza essa mulher de entrega, de sacerdócio, que entregou sua vida, suas energias, sua potencialidade, os seus dias, a sua própria vida na defesa do ser humano, na defesa da vida.

            Então, hoje eu abraço essas mulheres, abraçando Dona Zilda. As milhares que hoje têm drogados em casa, que têm bêbados em casa, que sacrificaram a geladeira, o sofá de casa, para tirar alguém da rua e devolver-lhe a vida. Dividiram o chuveiro dos filhos com alguém que não sabem nem quem é - apanhado na rua, tirado duma cadeia, apodrecido por não ter tomado banho, um andarilho qualquer - e o colocaram assentado à mesa. Eu quero abraçar essas mulheres. E são centenas no Brasil.

            E ai do Brasil se elas não existissem, se essas pessoas não existissem onde o poder público não chega por incompetência e até por omissão!

            Eu quero abraçar essas mulheres. Eu quero abraçar as mulheres missionárias, sacerdotisas, freiras, pastoras, médicas...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Ah, eu ficaria a noite inteira falando! Eu ficaria a noite inteira falando! Mas recebam o meu abraço muito fraterno, meu abraço carinhoso neste dia tão importante, tão significativo para a Nação brasileira, para o mundo inteiro: o Dia Internacional da Mulher.

            Nós vamos votar amanhã a convocação de uma mulher muito corajosa, que certamente, havendo tempo hábil, trarei na quinta-feira para que possamos ouvi-la, porque na quinta-feira nós ouviremos o Sr. Flávio, diretor do Flamengo, diretor de arrecadação, acusado de abuso, com um histórico muito ruim. Nós o ouviremos na quinta-feira na CPI da Pedofilia e, como convidado, o Dr. Luiz, que é o delegado do caso, da Vara da Infância, e aquela mulher que fez a denúncia.

            Uma mulher corajosa lá de Coari, uma professora pequenininha, corajosa, destemida, foi à CPI e fez um claro depoimento contra o ex-Prefeito Adail e contra o time dele. Mas todo mundo em Coari sabe quem é aquela baixinha corajosa, que denunciou o abuso da filha, que foi levada para um aborto. Então, abraçando essa mulher, quero abraçar todas as corajosas que têm coragem de denunciar esses pústulas, canalhas, que, em nome da sua tara, da sua realização sexual, da sua lascívia, invadem o emocional e o moral de crianças e das suas famílias.

            Encerro o meu pronunciamento dizendo às mulheres do Espírito Santo que nós vamos brigar até o final na questão dos royalties. Nós não seremos atropelados, como disse o Senador Romero Jucá ao Ministro Lobão. Ninguém vai passar por cima de nós, até porque uma coisa que merece CPI no Brasil são as riquezas minerais, a CPI do subsolo. Investigar esse DNPM, as riquezas que vão embora, tiradas do nosso solo, do nosso subsolo: nosso granito, nosso mármore... Mas nós não seremos atropelados na questão dos royalties do petróleo. Ninguém vai querer desfrutar daquilo que é tirado da nossa terra, onde nós ficamos com o prejuízo ambiental - o passivo já é de muitos anos - em nome de um lucro...

            Dizia bem o Senador Gerson Camata: Deus deu terra fértil para soja a Mato Grosso, e nem por isso Mato Grosso tem que dividir conosco o lucro da soja porque nós todos estamos no Brasil. Se as bacias de petróleo estão no Espírito Santo, no Rio e em São Paulo, não significa também que a divisão tem que ser da mesma forma, porque senão o Pantanal tem que dividir o lucro do gado conosco; e o lucro auferido no verão, no turismo internacional do Nordeste. Porque Deus deu águas quentes ao Nordeste e sol o ano inteiro, esse lucro vai ter que ser dividido conosco também no Espírito Santo.

            Esse desequilíbrio nós não vamos tolerar.

            Falo aqui em meu nome, em nome do Senador Renato Casagrande e do Senador Gerson Camata, autorizado a falar pelos Senadores do Rio. Nós vamos nos juntar.

            No Dia Internacional da Mulher, eu encerro dizendo às mulheres do nosso Estado, às famílias dos nossos Municípios, que têm no seu sustento, na sua manutenção e melhoria, nos seus investimentos, parte dos royalties do petróleo: nós não deixaremos de qualquer maneira que nos atropelem aqui, nesta Casa.

            Obrigado, Sr. Presidente.

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